PE. VICENTE GRILHISL CSsR
+20 de MARÇO 1930
Como Religioso um modelo, e como
missionário um apóstolo, embora,
humanamente falando, pouco dotado
— esse foi o nosso Pe. Vicente Grilhisl.
Nasceu a 31 de dezembro de
1872, perto de Linz na (Áustria). Ainda
garoto começou a aprender com seu
pai o ofício de alfaiate; e, anos mais
tarde foi-lhe proposto um ótimo casamento,
o que ele recusou, porque já
tinha seus planos de ingressar na vida
religiosa. Isto não lhe foi difícil, pois
seu Irmão João Nepomuceno, que já
estava na C.Ss.R. encarregou-se de
lhe conseguir a desejada licença. Noviço redentorista leigo em
1892, recebeu nome de Irmão Floriano, e, após a Profissão, continuou
em Gars, como alfaiate da comunidade.
Em 1894, ao saber da missão que os nossos projetavam iniciar
no Brasil, pediu para vir logo com a primeira turma; e aqui
chegando, foi adscrito à primeira comunidade de Campinas (Goiás).
Numa fundação daquelas, onde tudo faltava, Irmão Floriano,
com a maior boa vontade, quis ser tudo para todos. Um dos problemas
da casa era a falta de um cozinheiro. E o Irmão logo se
prontificou a exercer esse cargo, do qual nada entendia. Resultado:
o primeiro almoço que aprontou foi um absoluto desastre e
o improvisado cozinheiro teve de ser imediatamente deposto...
Mas esses fracassos não desanimavam o Irmão, nem lhe diminuam
a disposição para qualquer trabalho. Muitas vezes era
ele quem lavava as roupas da comunidade. E fora de casa, era quem fazia as compras, e resolvia todos os assuntos, por ter aprendido
o português mais depressa que seus confrades.
Impressionado com a falta de sacerdotes em Goiás, começou
a alimentar um sonho que, anos mais tarde, seria realidade. Manifestou
aos Superiores o desejo de ser ordenado para trabalhar
como Missionário. Conhecedores do seu bom espírito, os superiores
concordaram. Ir. Floriano começou logo a estudar o latim;
graças a sua vontade férrea, em pouco tempo já estava entendendo
o que lia nos manuais de Filosofia e Teologia. Fez um segundo
noviciado, como corista, professando em 1899. E a 27 de
abril de 1900 foi ordenado sacerdote. Trabalhou em Aparecida
até 1904, ano em que fez o noviciado para as Missões, partindo
logo para Goiás. Aí trabalhou até 1909, voltando então para Aparecida.
Mas seu campo predileto de trabalho era Goiás, e para lá
regressou em 1912. Após quase vinte anos, já cansado e com a
saúde abalada, veio em 1921 para a Penha. Mas ali ele também
não soube medir suas forças; como antes, ele estava em todas:
Missões, retiros, trabalhos nas igrejas ou nas paróquias vizinhas.
Em 1924 foi transferido para Araraquara, afim de se cuidar um
pouco. Mas já era tarde. Mesmo viajando para a Europa em 1926
não conseguiu melhorar sua saúde que já começava a falhar.
Incorrigível, porém, no seu zelo, continuou pregando as missões
e retiros, tríduos e novenas por toda a parte. Muito procurado
como confessor, passava horas na igreja, atendendo no confessionário.
Pe. Vicente reconheceu o pouco estudo que fizera, e a reduzida
cultura que possuía. Mas sobravam-lhe dedicação e esforço.
Vivia copiando conferências e sermões, tanto de confrades como
de estranhos. Decorava tudo com perfeição; e ao falar, sabia fazê-
lo com tanta naturalidade, que ninguém suspeitava que estivesse
falando o que havia decorado. Não era orador; mas tinha
lá suas originalidades que, nele, eram verdadeiros recursos oratórios.
Aparentava cansaço, tossia, falava mansinho, para explodir
de repente em exclamações de grande efeito. Tinha um dom
especial para comunicar-se com seu auditório; e era dono de
uma voz invejável, que, com o tempo, as contínuas pregações
acabaram arruinando. Seu campo de trabalho, por excelência, foi sempre Goiás,
que, durante anos, ele percorreu em todas as direções. Dotado
de invejável memória, conhecia todos os caminhos, atalhos, rios,
pontes e fazendas. Sentia-se feliz e realizado em meio do povo
simples e abandonado; por isso, o bispo D. Prudêncio o escolheu
como companheiro inseparável em suas viagens apostólicas.
Em Araraquara (1930) indo de carro sacramentar um doente,
sofreu um desastre que lhe afetou gravemente a espinha. Surgiram
logo outras complicações, principalmente nos rins. E o velho
missionário teve de viver ainda meses de um verdadeiro martírio.
Faleceu aos 20 de março de 1930, querido e invocado como
um santo por aqueles que o haviam conhecido.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade -
Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In
memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR
Nenhum comentário:
Postar um comentário