PE. VALENTIM VON RIEDL CSsR
+22 de JUNHO 1920
Filho de Fernando Ritter von Riedl,
Pe. Valentim herdou de seu pai
esse título de nobreza. Usou-o raramente,
quando necessário; mas disso
nunca fez alarde, preferindo assinar
sempre: Valentim Riedl.
Nascido a 19 de outubro de 1847,
teve uma longa vida de extraordinária
atividade. Distingui-se nos seus estudos
ginasiais e universitários pela sua
grande inteligência. Tendo feito um
retiro em abril de 1869, dele saiu resolvido
a fazer-se religioso. Em novembro
desse ano ingressou na
C.Ss.R. Para não ser chamado à guerra de 1870 antecipou a sua
Profissão por alguns meses, fazendo seus estudos em Gars.
Mas, logo após a sua ordenação, começou a perseguição religiosa
na Alemanha, e o Pe. Valentim foi obrigado a viver ora
numa, ora noutra paróquia como simples coadjutor. Sentia-se
assim como um peixe fora d’água sempre afastado de seus confrades.
Foi quando o Provincial encarregou-o de organizar uma
escola para a formação de futuros seminaristas, dentre os quais
sairiam, mais tarde, as vocações de que precisava a Província-
Mãe para sobreviver à perseguição.
Em 1888 teve a grande alegria de ver entrar para o Noviciado
redentorista quatro dos seus antigos alunos. Profundamente
piedoso, compreensivo, ao mesmo tempo que firme e exato em
tudo, Pe. Valentim foi o grande educador que deu à Província redentoristas
notáveis pela sua formação e cultura. Em 1894, entusiasmado com a idéia de se fundar uma Vice-Província no Brasil,
esteve para vir para cá com a primeira turma. Adoeceu, porém,
e teve de adiar a realização do seu sonho. Viu partir os
primeiros confrades para o Brasil com uma santa inveja. E, ao
recobrar a saúde, achou que poderia vir também; mas foi colocado
novamente como Diretor do Juvenato. Essa ordem, confessou
mais tarde, foi para ele o maior sacrifício de sua vida.
Em 1895, porém, conseguiu a almejada licença, e partiu para
o Brasil numa segunda turma de redentoristas.
Aqui chegando, logo percebeu que a realidade era bem diferente
do que havia imaginado. Homem que aprendera e dominava
diversas línguas, achou muito difícil o Português. O clima, a
alimentação, os costumes não chegaram a despertar-lhe muito
otimismo. E esteve para desanimar. Mas a sua tenacidade e espírito
de sacrifício acabaram vencendo.
Meses depois já estava trabalhando em Aparecida, e nas paróquias
vizinhas. Planos da Providência: saindo da Alemanha,
pensava Pe. Valentim fugir do magistério, para aqui dedicar-se
inteiramente aos pobres e abandonados. Mas não foi assim. O
Vice-provincial, Pe. Gebardo, começou a ver logo a necessidade
de se fundar um Juvenato que desse à Vice-Província padres
brasileiros, capacitados para trabalhar com o nosso povo, sem os
problemas e dificuldades que encontravam os padres alemães.
Outros superiores religiosos acharam que a idéia não passava
de uma ingênua temeridade. Brasileiro não dava para a Vida
Religiosa! Pe. Gebardo porém, não desistiu de seus planos. Apoiado
na experiência e capacidade do Pe. Valentim, pôs mãos à
obra e, mais tarde, iria despertar a admiração dos muitos superiores
de outras Congregações. A 3 de outubro 1898 já era realidade
o nosso primeiro juvenato, confiado à direção firme e prudente
do nosso Pe. Valentim Riedl. Não foram poucas as dificuldades.
Mas, em 1906, já recebiam o hábito os primeiros juvenistas
brasileiros que logo iniciaram o primeiro Noviciado da Vice-
Província. Quando, alguns anos mais tarde voltaram da Alemanha
seus primeiros ex-alunos, já ordenados, ele os recebeu com
imensa alegria, fruto que eram do seu trabalho e dedicação.
Já com 72 anos, e podendo contar com os primeiros padres brasileiros para o trabalho no Juvenato, Pe. Valentim achou
que podia dar por encerrado o seu trabalho de educador. Sua
saúde, já precária, sua vista arruinada pela catarata, não lhe
permitiam mais trabalhar como o fizera anos antes. Recolheu-se
no convento de Aparecida, onde ainda pregou vários retiros para
sacerdotes e até para Bispos. Sem nunca perder a linha fidalga
da sua educação, era sempre alegre, simples e caridoso com todos.
Apesar de quase cego, não deixava de rezar diariamente o
seu Breviário, o que lhe custava horas de tremendo esforço. Apesar
dos anos e da saúde que lhe ia fugindo sempre mais, dedicava
seu tempo à oração, no quarto ou na capela, fazendo questão
de não omitir qualquer ato comum. Foi assim que ele viu
chegar seu último dia, falecendo em Aparecida, a 22 de junho de
1920, cinco semanas antes de completar seus 50 anos de Profissão
religiosa. Sua biografia está em “Educador e Apostolo” — escrita
pelo nosso Pe. Oscar Chagas, um dos primeiros alunos no
Juvenato.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade -
Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In
memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR
Nenhum comentário:
Postar um comentário