PE. JOSÉ FRANCISCO WAND CSsR
+4 de JULHO 1937
Foi um dos grandes benfeitores
da Vice-Província, pelo muito que
sofreu e realizou. Único prussiano
entre os Padres bávaros, ele nasceu
em Heiligenstadt, a 1º de dezembro
de 1882. Dos seus 9 irmãos, dois
outros também se tornaram padres:
um secular, e outro franciscano, que
veio trabalhar entre os índios do Xingu.
Entrando no Juvenato de Gars
em 1893, Pe. Francisco professou
em 1902, sendo ordenado a 16 de
junho de 1907. No ano seguinte veio
para o Brasil, iniciando sua vida aqui
como professor no Juvenato, em Aparecida. Estando nos planos
dos Superiores uma fundação em Porto Nacional, para onde já
havia sido nomeado Bispo o nosso Pe. Orlando Morais, Pe. Francisco
foi encarregado de preparar a fundação. Com muito entusiasmo
viajou ele para Porto Nacional, e iniciou seu trabalho. Mas
Pe. Orlando acabou renunciando ao Bispado, e a fundação fracassou.
Pe. Francisco permaneceu então seis anos em Campininhas,
como missionário. De zelo incansável e ótima saúde, ele
percorreu nesses anos quase todo o sul de Goiás, missionando
cidades, povoados e fazendas. Em 1924 foi nomeado Superior e
Vigário de Aparecida; em 1927 Superior de Cachoeira do Sul, e
em 1930 foi nomeado Vice-provincial, cargo que ocupou até
1935, ano em que foi novamente empossado como superior e
vigário de Aparecida. Prussiano como era, Pe. Francisco mostrava-se, às vezes, um
tanto duro e ríspido no trato com estranhos e confrades. Mas sabia
ser também fino, delicado e atencioso. Ele mesmo confessou
que, trabalhando (como ele gostava) entre os caboclos da roça,
aprendeu a ser “manso”, embora após muito “ranger os dentes”.
Como superior de Aparecida sempre foi muito exigente quanto à
ordem e à limpeza da casa. Com seu gosto artístico, soube melhorar
muito à Basílica, dotando-a de riquíssimos paramentos,
castiçais, ostensórios, à altura do nome do Santuário. Obra sua é
também o altar da capela do Santíssimo, e, com muito esforço,
comprou na Alemanha um dos maiores e melhores órgãos para a
Basílica (Inaugurado em 1926). E já estava também em seus
planos a construção de uma nova Basílica, que ele sonhava no
atual Morro do Cruzeiro, o que, naquele tempo não foi possível.
Em meio, porém, a todo esse trabalho de Superior e Vigário,
Pe. Francisco não esquecia o povo simples da roça que, assim
ele o dizia, era a sua predileção. Sempre que podia aceitava para
si algum trabalho desse tipo. De fina e rígida educação prussiana,
era entre os mais humildes que ele se sentia feliz, conhecido
por todos como o “Pe. Chico”. Para ajudar os doentes mais pobres
chegou a compilar num grosso caderno, inúmeras receitas e
fórmulas caseiras, das quais se servia em seus trabalhos na roça.
Ótimo escritor, de estilo elegante e fluente, em alemão, não
se arriscava muito a escrever em português, embora o pudesse
fazer com toda facilidade. Interessou-se, e muito, pela tradução
das obras de Santo Afonso, trabalho que confiou a vários de nossos
confrades; quis também publicar uma edição das poesias e
cânticos do nosso Fundador. A tradução foi feita, as melodias colecionadas,
mas... o trabalho perdeu-se no tempo, após ter ele
deixado o cargo de Vice-provincial.
Equilibrado e prudente, Pe. Francisco foi muitas vezes o intermediário
entre a Nunciatura e o Arcebispo de São Paulo, que
muito o estimava como amigo e conselheiro. Uma das suas ultimas
resoluções como Vice-provincial causo-lhe sérios aborrecimentos
e não poucas incompreensões. Dada a situação políticoreligiosa
pouco favorável na Alemanha (1932 ) Pe. Francisco resolveu não enviar mais para Gars os nossos estudantes. Entrou
em contato com o Provincial de Buenos Aires, cuja Província estava
com a mesma dificuldade, e iniciaram, perto de Buenos Aires,
um Seminário Maior para brasileiros e argentinos. Foi um
passo corajoso que não agradou à Província-mãe, mas serviu
para que a Vice-província despertasse para a construção do Seminário
Maior (inaugurado em Tietê, em 1937).
Nomeado superior de Aparecida em 1933, Pe. Francisco teve
de renunciar em 1936, devido a um mal estranho que lhe enfraqueceu
as pernas. Já não podia andar, nem manter-se em pé.
Os médicos não atinaram com a doença, e o submeteram a um
tratamento tão penoso quanto inútil. A 16 de junho de 1937, trigésimo
aniversario da sua ordenação, disse ele a um confrade:
“Hoje eu gostaria de morrer; sempre pedi a Deus que me desse
trinta anos de apostolado, e depois... dispusesse de mim”. — E
Deus ouviu sua oração. Internado no Hospital Santa Catarina,
sofreu horrivelmente em seus últimos dias; mas sempre com
admirável paciência e resignação. A 4 de julho ele faleceu.
Prefeito e autoridades de Aparecida fizeram questão fosse o
seu corpo transladado para Aparecida, e seu sepultamento foi,
talvez, o mais concorrido que Aparecida já viu. Enquanto baixava
ao túmulo, a Pia União da Filhas de Maria cantou o hino “Eu prometi”
(melodia de Oscar Randolfo Lorena) que ele, em vida, pedira
para essa ocasião.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade -
Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In
memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR
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