PE. GEBARDO WIGGERMANN CSsR
+15 de OUTUBRO 1920
Fundador e primeiro Superior da
nossa Vice-Província, Pe. Gebardo
nasceu no Natal, 25 de dezembro de
1844, em Tettnang (Alemanha). Conta-
nos ele no seu “Curriculum”: “aos
dois anos caí num poço perto de minha
casa; uma vizinha viu, e gritou
para que me socorressem. Graças a
Deus fui salvo”. Fazendo seus primeiros
estudos em sua cidade natal, aí
cursou também o latim e o grego.
Mais tarde freqüentou a universidade
de Tübingen, onde precisou enfrentar
o racionalismo dos professores, para não perder a fé. Concluídos
os estudos universitários, ingressou no Seminário de Rotemburg,
cujo Reitor, certa vez, lhe perguntou se não gostaria de entrar
para alguma Ordem Religiosa. Desde esse dia ele começou a
pensar seriamente no assunto. A 10 de agosto de 1868 foi ordenado
sacerdote, e desde então resolveu fazer-se religioso. Ajudado
pela caridade de uns amigos conseguiu pagar uma dívida
que tinha para com o governo, pelos anos de estudo em estabelecimentos
oficiais. Vieram depois as dificuldades por parte da
família.
Os pais, idosos e pobres, viam no filho, futuro pároco, um
apoio que não podiam dispensar. Na mesma situação estava
uma de suas irmãs. Mais tarde o pai iria arrepender-se dessa
oposição, chegando a pedir perdão a seu filho. Gebardo, porém,
não desistiu de seus planos; queria ser redentorista, fossem
quais fossem as dificuldades. Pouco tempo antes de ingressar na Congregação, foi a sua
cidade para pregar numa festa. Ali demorou-se alguns dias e,
embora tudo já estivesse resolvido, nada revelou aos seus. Voltando
de sua cidade, precisou fazer a pé um trecho do caminho.
Com o pensamento de que iria deixar os seus abandonados na
pobreza, sentiu-se tão abatido e angustiado que precisou sentarse
numa pedra, chorando. Pareceu-lhe dura demais a prova. Mas
não se entregou. Pediu a Deus tomasse conta dos seus e os consolasse.
Aliviado e tranqüilo chegou a Altöting, e a 16 de outubro
(1872) iniciou seu noviciado. No ano seguinte professou, permanecendo
em Gars pouco tempo, devido a perseguição religiosa.
Procurou então refugiar-se na Áustria, mas não o conseguiu, pois
o governo austríaco não estava aceitando alemães em seu território.
De 1874 a 1879, Pe. Gebardo dedicou-se, com dois outros
confrades a diversos trabalhos literários, entre os quais a tradução
alemã das obras ascéticas de Santa Teresa. Em 1879, novamente
em Gars, continuou seu trabalho de escritor, até 1894,
ano em que adoeceu gravemente, chegando muitos a temer pela
sua vida. Mas, restabelecido, recebeu com muita alegria a oferta
de vir para o Brasil, iniciar a fundação de uma Vice-Província.
Com seu entusiasmo ganhou logo vários adeptos para o empreendimento
que, naquele tempo, tinha cores simplesmente fantásticas.
Embora já com 50 anos, e com uma saúde que não era
das melhores, Pe. Gebardo chefiou a primeira turma de redentoristas
alemães que chegou a Aparecida em outubro de 1894.
Como Vice-Provincial, acompanhado de alguns Padres e Irmãos,
seguiu após alguns dias para Goiás, a fim de iniciar a fundação
em Campinas (hoje bairro de Goiânia) . Naquele tempo, a viagem
de Uberaba em diante era feita numa condução desconhecida
para os Missionários: a cavalo, e enfrentado o sol, a chuva, o
calor do verão e outras coisinhas mais. Chegando a Campinas,
Pe. Gebardo logo se convenceu de ter aceito um encargo acima
das suas forças, tantas eram as dificuldades. Mas ele não era
homem para desanimar. Com firmeza e prudência foi assentando
os alicerces da primeira Comunidade Redentorista de Goiás, para,
logo depois, iniciar outra fundação em Trindade. Em maio do ano seguinte foi a Aparecida, para aí fazer a
primeira visita canônica. E decidiu, seguindo determinação do
Provincial, mudar a sede da Vice-província para Aparecida. Voltando
a Campinas, encaminhou ainda alguns assuntos, e regressou
a Aparecida, para acumular os cargos de Vice-provincial, Superior
local e Vigário. Aí seu trabalho foi simplesmente notável.
Deu grande impulso ao movimento espiritual do Santuário, às
romarias e à assistência aos romeiros. Dotou a igreja de vários
melhoramentos importantes, entre os quais os quadros da Viasacra
que mandou vir da Alemanha, obra original do nosso Ir.
Max Schmalz.
E apesar das ocupações dos seus cargos, todos os dias passava
horas no confessionário; visitava os doentes com edificante
caridade, indo a pé, sempre que solicitado. Apesar das dificuldades
financeiras, comprou uma casa velha na praça do Santuário,
mandou reformá-la, adaptando-a para o berço do nosso primeiro
Juvenato. Compôs o “Manual do Devoto” cuja primeira edição
saiu em 1904. Nesse ano conseguiu de Roma o privilégio da solene
coroação da Imagem (8 de Setembro), solenidade que repercutiu
por todo o país. É também de sua autoria o “Manual do
Devoto da Santíssima. Trindade”, e diversos folhetos destinados
à piedade popular.
Após treze anos de intensa atividade, sentindo que suas forças
já não o acompanhavam, Pe. Gebardo pediu ao Pe. Geral
que o liberasse de qualquer cargo de responsabilidade. Foi atendido.
Permanecendo em Aparecida continuou trabalhando na igreja,
e pregando retiros aos sacerdotes que iam fazer seus exercícios
em nosso Convento. Teve, em 1918, o consolo de poder
celebrar seu jubileu áureo de sacerdócio. Em princípios de
1920 teve de renunciar ao trabalho. Suas forças definhavam cada
vez mais. Era com muita dificuldade que conseguia celebrar;
mas teve ainda o cuidado de escrever as jaculatórias que o irmão
enfermeiro devia rezar a seus ouvidos, quando ele não o
pudesse mais fazer. A 7 de outubro desse ano celebrou pela última
vez, iniciando então uma novena à Santa Teresa e a São
Geraldo, em preparação para a morte. E avisou a seus confrades:
Santa Teresa e São Geraldo virão me buscar. — Pediu e recebeu com antecedência os últimos Sacramentos, sendo ainda
visitado, dias antes de sua morte, pelo Bispo de Goiás D. Eduardo,
com quem tanto havia trabalhado. À hora da sua agonia, a
comunidade reunida junto de seu leito, rezou preces pelos agonizantes.
E enquanto era rezada a Ladainha do Sagrado Coração,
à invocação: Sagrado Coração, esperança dos que morrem em
Vós — todos notaram que o Pe. Gebardo estava espirando placidamente.
Era o dia de Santa Teresa, 15 de outubro; e no dia seguinte,
festa de São Geraldo, ele foi sepultado. Sua morte foi
chorada por todos que o tinham conhecido, mas principalmente
pelos confrades que nele reconheciam, não somente o homem
que fundara a Vice-Província, mas que colocara também nos
seus alicerces o seu espírito de fé profunda, de inabalável confiança,
e de um zelo a toda prova.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade -
Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In
memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR
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