SOBRE O RETIRO DA PEDRINHA
To: Antonio Ierárdi Neto
Sent: Friday, March
13, 2009 8:47 PM
Subject: Retiro
Pedrinha
Caro colega Ierardi
Dada a avaliação negativa feita a respeito de nossos retiros e a nós
enviada por você, inclusive com o pedido de que a Direção da UNESER tome
providências, sinto-me, na obrigação de responder-lhe, pedindo sua atenção para
alguns esclarecimentos que passo a expor. Antes, é bom lembrar que não espero
apenas avaliações positivas ou elogios de nossas atividades ou iniciativas,
mas, sim, considerações consistentes, justas e construtivas, mesmo que sejam
desagradáveis.
Lembro a você que:
1. É costume em todas as casas da congregação, inclusive as de
formação, constar nos horários “o momento do aperitivo” antes das refeições, o
que acontece em salas reservadas, para onde se pede a presença de todos, no
sentido comunitário, inclusive as visitas. É a hospitalidade, informalidade e
simplicidade redentoristas que encantam muita gente.
2. Os participantes dos dois retiros criticados são pessoas com mais
de 50 anos, casados, pais, avós, aposentados e bem resolvidos psicologicamente,
profissionalmente, onde não cabe a preocupação de que alguém possa ser levado a
adquirir o vício do alcoolismo ou qualquer outro vício. E os amigos, parentes,
esposas e filhos (e até netos!) acompanhantes conhecem bem quem eles são.
3. Na hora dos “arriba,
abajo...” todos ou quase todos participam, uns com bebidas alcoólicas,
outros com refrigerante e até água, pois não querem perder um momento “ímpar”
de pura alegria que o encontro ou reencontro provoca. E sempre a bebida é
acompanhada por tira-gostos nutritivos da melhor qualidade que os participantes
trazem com toda a generosidade. Na verdade o que acontece é uma grande
celebração, em que a amizade, o respeito, o agradecimento, a solidariedade, o
sentimento de pertença (família), a saudade, as lembranças despontam e levam
aos abraços, beijos, risos e lágrimas num ágape dificilmente visto e vivido em
algum grupo fora deste contexto e que, quem tiver a oportunidade de conhecer,
ficaria feliz de fazer parte.
4. Desse grupo já tem saído pessoas que episodicamente participam de
missões. Na maioria, são engajados em alguma pastoral ou ministério em suas
paróquias, portanto cristãos conscientes, que praticam a solidariedade, são de
paz e merecem respeito. Ninguém do grupo, pois, é inconseqüente ou moleque.
5. O grupo esteve por 40 h unido e, descontadas
16 h para o sono, 4 h para recreio, entre as quais 1 hora (entre 15 a 20 min
cada “arriba” em três ocasiões), 20 h foram empregadas para palestras,
interação e celebrações, ou seja, 50% do tempo. Na verdade o tempo todo foi
oração, porque, como diz Paulo em 1 Cor 10,30 “Quer vocês comam, ou bebam, ou
façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.” E ali não
pairava a menor das más intenções, senão o agradecimento, a alegria e o amor.
6. Então porque apenas críticas destrutivas ou provocativas em vez de
ver a alegria, a sinceridade, o respeito, a felicidade de amigos/irmãos de
tantos atrás?!
Finalizando, a providência é que estes retiros vão continuar –a atual
direção garante – porque assim querem os participantes, através das
avaliações...e com muitos “arribas y abajos” , orações, diversões, com toda a
alegria. Há uma multiplicidade de formas de se aproximar de Deus e esta nossa
forma de retiro, talvez pela circunstância do encontro de longo tempo e as
viradas históricas de cada um em sua trajetória, seja algo inédito que atrai o
Espírito para tanta alegria, tanto entusiasmo, tanta conversão. No futuro, quem
sabe, outra modalidade os próprios participantes irão buscar e exigir.
Há um ditado que diz “quem não ajuda, não atrapalhe!” Em julho próximo
– aqui está a oportunidade! - haverá eleição para nova diretoria e gostaria
muito que você fizesse parte de uma chapa e disputasse a fim de levar para a
frente a UNESER como achar que deve.
Um abraço e, com toda a sinceridade, estamos em 2009, devemos acordar
para alguma coisa e como está reportado em nosso último Informativo: devemos
conviver com os “sapos”, não deixarmo-nos engolir por eles.
Manuel Hildegardo de Almeida
Presidente
A propósito, Ierardi,
Você é daqueles que dizem que Jesus usou suco de uva e não vinho na
última ceia? Lembra-se de que, quando acontecia de pegarmos aquelas chuvas
torrenciais em nossos passeios pela Mantiqueira - e éramos pré-adolescentes ou
adolescentes – nossos formadores nos davam uma pequena dose de cachaça para nos
esquentar e não ficarmos resfriados ou gripados? Ou você acha que o barrilzinho
(ou corote) preso no pescoço daqueles cães - sãobernardo – que resgatam pessoas
perdidas ou acidentadas na neve, na Europa, contém “todinho ou nescau
quentinho” em vez de um bom conhaque ou aguardente da pura?
Paulo de Oliveira (Paulinho)
A RESPOSTA
Sr.Manuel!
Agradeço muito a sua deferência em me encaminhar seu parecer!
Segue o ponto de ver mencionado na minha mensagem:
1ª- “Arriba, abaixo, no centro e para dentro” ....e goladas de bebidas
e “até mesmo a pura essência da cana, a pinga” fizeram a festa desse encontro.
Entretanto, sem qualquer preconceito de minha parte, posso considerar isso até
admissível, tendo em vista que Deus nos deu o livre arbítrio e fazemos o que
entendemos ser mais interessante em nossas vidas. O que não está certa é a
nomenclatura desse encontro RETIRO ESPIRITUAL, onde há um período de
contemplação, reflexão e oração! ÁGAPE talvez seja o nome mais indicado....
2ª- A difusão e prática de um vício entre no nosso meio é
inconcebível. As explicações “filosóficas” acomodando a justificativa da bebida
para a prática da religião são simplesmente paradoxais e seriam até melhor
compreendidas em uma conversa de botequim. Não pode ser uma conclusão de um
RETIRO ESPIRITUAL!
Que tal os “diretores” da UNESER ponderarem um pouquinho mais sobre
isso!
O senhor considera esta minha sugestão como crítica destrutível e
desagradável...
Esta sempre é a situação que encontro quando alguém se manifesta
contrariamente ao que se pensa. A resposta que o senhor me manda não é nem
destrutível e nem desagradável. Muito ao contrário, fico satisfeito ao receber
um retorno de sua parte.
Quanto ao conteúdo de meu ponto de vista não concordo que essa reunião
da Pedrinha, nos moldes em que ela é feita, seja convocada como Retiro
Espiritual. Vejo um "retiro" ainda como nos tempos dos anos 50 para
60, quando havia uma reflexão constante, muita oração e até o silêncio em tempo
integral. Claro que não é bem assim em nossos dias, entretanto entendo que esse
evento, cognominado "Retiro Espiritual", poderia ser realizado de
forma um pouco mais mística, com alguma semelhança àqueles tempos. Por outro
lado o evento, na forma atual, é produtivo e alegre e poderia ter o nome de
"ÁGAPE DA PEDRINHA", ao invés de "RETIRO ESPIRITUAL"
No que se refere aos presentes, por favor, não distorça o meu
pensamento sobre a sua seriedade, aliás considero-me também um deles.
No que se refere ao fato de ter contestado a apologia da pinga no
segundo ponto, foi em razão de uma idéia manifestada que tentou fazer do ato de
beber os "aperitivos" uma justificativa salutar na prática religiosa.
Recebi alguns e-mail's favoráveis ao meu pensamento!
Fico triste quando o senhor considera que estou atrapalhando e não
ajudando...
Isso reafirma a minha impressão de que não se pretende diálogo!
Quanto a fazer parte de chapa em eleição, declino da sugestão, mesmo
porque o meu objetivo não é o de eliminar diretores, mas pedir um pouco mais de
diálogo ainda que num debate respeitoso e salutar.
Ao senhor Paulo de Oliveira, essa comparação da Última Ceia com o
"aperitivo" do evento é um tanto apelativa e foge do verdadeiro
sentido dos argumentos!
Para finalizar, este seria um bom tema para um "fórum" entre
todos os colegas.
Poderia ser mais divulgado tanto no Informativo, como no site da
Uneser....
Antônio Ierárdi Neto
«Seja humilde e fiel com a Igreja e a Igreja lhe será fiel».Kiko
Argüello
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