IR. BONIFÁCIO (JOSÉ KLOFAC) CSsR
+2 de JANEIRO 1950
Uma figura inesquecível do nosso
Juvenato, onde viveu e trabalhou durante
quase cinqüenta anos. Era de Smolov,
na Boêmia, onde nasceu a 30 de março
de 1863. Ingressou na C.Ss.R. em 1894,
e ainda como noviço, veio para o Brasil
em 1897. Embora não fosse bem um
alfaiate, foi esse o seu ofício no Juvenato,
de 1904 até a sua morte.
Irmão Bonifácio nunca chegou a aprender
bem o português, o que não lhe
causou grandes problemas. Foi sempre
um solitário, sem qualquer amizade com
estranhos. Passava seu tempo na alfaiataria, remendando sempre
a roupa dos juvenistas. Quando tinha alguma folga, era ele
um quase fantasma, de batina preta e surrada, em meio às bananeiras
e outras plantas que, naquele tempo cobriam a ribanceira
hoje elegantemente recortada pelo imponente e majestoso
“Escadão”.... Ali colhia um cacho de bananas, outras frutas para
a mesa dos Juvenistas. Tinha, no antigo “Colégio Santo Afonso”
um gosto que ninguém sabia explicar: levava para a alfaiataria
uma ou duas laranjas maduras; colocadas numa mesa, ele esperava
que as laranjas apodrecessem, e, quando já estavam cinza azulada,
ele as comia. Penicilina? penitência? Não se sabe. Aos
domingos costumava ler alguma revista alemã arqui-velha das
que guardava consigo. Certa vez, passando um juvenista pela
porta (aberta) da alfaiataria, viu o Irmão rindo a gargalhadas,
com uma revista nas mãos; e perguntou: Que foi, Irmão? E ele
explicou, mostrando o desenho de um chiste alemão : Se um
cachorro morde um homem, muito bem; mas se um homem morde um cachorro... ôh! que ka-la-mi-ta-te!... e estourou uma
sonora gargalhada. — Por ocasião de uma grave pneumonia que
contraiu, quiseram ministrar-lhe os últimos sacramentos, devido
a sua extrema fraqueza. Ainda não — disse ele — quando chegar
o dia eu aviso. — E em dezembro de 1949 ele achou que o dia
estava chegando; sintoma: “Não sinto mais gosto — última confissão,
recebeu a Unção dos Enfermos. E, enquanto “o dia” não
chegava, recebia sempre sorrindo os confrades que o visitavam,
e eram contínuas as suas jaculatórias, pronunciadas com uma
calma invejável. Com muita simplicidade foi que, naqueles dias,
revelou a alguns confrades: “Certa vez eu vi Nossa Senhora com
o Menino Jesus. Ela pediu a Nosso Senhor que o Irmão Bonifácio
não pecasse mais. Desde aquele dia nunca mais pequei”. A 2 de
janeiro de 1950 ele deixou este mundo, e foi descansar para
sempre, com 87 anos.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade -
Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In
memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR
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