Neste 22 de maio, rememoramos o dia final neste mundo do PADRE SIQUEIRA, o
redentorista que teve o apelido de DOM CAMILO, por ter a mesma
aparência do ator FERNANDEL que viveu nas telas do cinema o papel
do solerte pároco em constante pugna com o Prefeito Sr.Peppone da Aldeia de
Reggio, na Itália.
Ao
repassar os artigos publicados no Site Zenit, surgiu-me a história, relatada
pela articulista Elizabeth Lev, sobre o livro de contos de Giovannino Guareschi
que nos traz as peripécias dos dois rivais, um, católico e outro, comunista em
uma região onde todos participavam de tudo...Lembrei-me ainda que esse livro
era "deglutido" no silêncio das refeições que fazíamos no seminário....Aproveitem
e relembrem...
SUPERANDO
AS DIFERENÇAS
O
mundo de Don Camillo, de Giovannino Guareschi
ATOR FERNANDEL
|
Por
Elizabeth Lev
ROMA,
quinta-feira, 6 de agosto de 2009 (ZENIT.org).- O poeta romano Horácio
registrou em sua lírica o tempo mágico do “otium”, um período de pacífica
ociosidade e descanso que permite o fortalecimento espiritual para o dia-a-dia.
Pretendo usar este tempo de tranquilidade para a leitura, e, nestas férias de
verão europeu, eu felizmente abri o primeiro livro que despertou minha paixão
pela Itália.
“Don
Camillo e o seu pequeno mundo”, escrito pelo italiano Giovannino Guareschi,
oferece uma refrescante perspectiva da política, religião e amizade em uma
idade em que estes três campos parecem irreconciliáveis. As histórias de
Guareschi, escritas quando as paixões eram fortes e as barreiras eram mais
altas do que hoje, refletem a forma como o direito somado à esperança, à
humanidade e ao humor pode vencer qualquer ideologia.
Guareschi
nasceu na região italiana da Emilia Romagna, no início do século XX. Sua vida
atravessou as duas Guerras Mundiais, assim como a ascensão do comunismo e do
fascismo. Foi um provocador. Suas críticas ao governo Mussolini lhe renderam o
ingresso forçado no exército italiano e três anos em uma prisão polonesa.
Retornou
ao norte da Itália justamente no ápice dos embates entre os comunistas e os
democrata-cristãos pelo controle da Itália. As tensões eram fortes entre as
duas partes, os democrata-cristãos afirmando que os filhos dos comunistas tinha
sido apropriados pelo Estado, enquanto os extremistas da esquerda atacavam os
sacerdotes e proprietários de terra, seus maiores inimigos de classe.
Nesse
clima volátil, Guareschi lançou suas sátiras tanto ao primeiro grupo quanto ao
segundo, expondo os pontos fracos de ambos lados. Com isso, ajudou a diminuir
as tensões entre as violentas oposições. As obras de Guareschi foram vitais
para a derrota do Partido Comunista na histórica eleição de 1948. Essas
histórias se tornaram extremamente populares e beneficiaram ensinamentos como
os do Papa João XXIII, cujo tom pastoral refletia uma presença paternal amorosa
em um mundo repleto de ódio.
As
mais famosas histórias de Guareschi foram as de Don Camillo, um pároco na
pequena aldeia de Reggio, em Emilia Romagna, e seu rival Peppone, o prefeito
comunista da cidade. Este contraste é o ambiente de confrontos políticos e
calorosos momentos de cumplicidade guiados pelo Cristo crucificado que do altar
serve de moderador de consciência para Don Camillo e o tolo Peppone.
Don
Camillo e Peppone formam a profunda fronteira do movimento da resistência
italiana durante a Segunda Guerra. Peppone representa os
"partigiani", enquanto Don Camillo encarna o capelão. O ódio
pós-guerra contra os fascistas (Mussolini foi de Emilia Romagna) empurraram a
região para um triângulo comunista entre Parma, Bolonha e Ferrara. Don Camillo
e Peppone chocam-se constantemente, em confrontos que às vezes escapam do
verbal para o físico. Mas apesar das suas diferenças, quando confrontados com
questões fundamentais como a vida e a morte, o verdadeiro e o falso, eles
acabam ficando do mesmo lado.
Don
Camillo é frequentemente tentado pelo orgulho de permitir que a política possa
ultrapassar o seu dever com as almas, mas, felizmente, Cristo está sempre lá
para chamá-lo de volta ao caminho certo. Em um memorável episódio, Don Camillo
tenta justificar o seu comportamento pecaminoso, usando uma inteligente
retórica familiar com muitos políticos. Cristo o repreende dizendo: "Estas
são as sutilezas dos sofistas... sem você perceber o diabo ganhou vida em ti e
mistura suas palavras com as dele". Um breve período de jejum restaura a
saúde espiritual de Don Camillo.
Minha
história favorita está próxima do final do livro. No Natal que se aproxima, os
comunistas estão-se tornando mais intolerantes com Don Camillo, que acaba de
escapar de um atentado a bala. A frágil fronteira respeitosa entre ambos lados
parece estar prestes a ruir. Na véspera de Natal, um oprimido Peppone, sem
saber para onde se dirigir, acaba por se encaminhar à casa de Don Camillo. Os
dois homens sentam-se em lados opostos da mesa, as fortes mãos ocupadas
ternamente com as figuras do presépio. Esta simples mas eficaz atividade
lentamente cura as feridas entre os dois homens e pacifica os caminhos na
pequena aldeia do rio Pó, trazendo esperança a todos aqueles que seguem o
Príncipe da Paz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário