terça-feira, 9 de setembro de 2014

ELES VIVERAM CONOSCO - DOM JOSÉ RODRIGUES DE SOUZA CSsR(PADRE RODRIGUES)

DOM JOSÉ RODRIGUES DE SOUZA CSsR 
+9 DE SETEMBRO 2012 
Nasceu a 25.03.1926, em Paraíba do Sul RJ. Eram seus pais: Josino Rodrigues de Souza e Maria Geralda de Souza. Morou também em Serra Azul SP. Entrou para o Seminário Santo Afonso, em Aparecida, a 10.08.1938. Durante o ano de 1945, fez o Noviciado em Pindamonhangaba, onde fez a Profissão Religiosa na CSSR, a 02.02.1946. Estudou Filosofia e Teologia no Seminário Santa Teresinha em Tietê. Aí fez a Profissão Perpétua a 02.02.1949. Foi Ordenado Sacerdote, na Igreja Matriz de Tietê SP, a 27.12.1950, por Dom José Carlos de Aguirre, Bispo de Sorocaba SP. Celebrou sua Primeira Missa Solene, em Cajuru SP, a 07.01.1951. Iniciou sua Vida Apostólica como professor no Seminário Santo Afonso, em Aparecida. Foi também Diretor Espiritual dos seminaristas. De junho de 1967 a junho de 1968, no Instituto «Lumen Vitae», em Bruxelas, na Bélgica, fez curso intensivo de Catequese e Pastoral. Voltando da Europa, em 1969, foi transferido para Goiânia, dedicando-se à pregação das Missões. Em 1970, foi eleito Vice-Provincial da Vice-Província de Brasília. Foi durante seu segundo triênio, como Vice-Provincial, que, a 12.12.1974, o Papa Paulo VI o nomeou Bispo de Juazeiro BA. Foi Sagrado Bispo, na Matriz de Campinas, em Goiânia GO, a 09.02.1975. Tomou posse na Diocese de Juazeiro BA, a 16.02.1975. A 04.06.2003, o Papa João Paulo II aceitou sua renúncia ao governo da Diocese. A seguir, foi residir em Trindade GO, dedicando-se à Pastoral no Santuário do Divino Pai Eterno. Faleceu na manhã do dia 09 de setembro depois de vários dias de internação na UTI, em Goiânia GO. Descanse em Paz
Pe. José Bertanha, C.Ss.R.
Arquivista Provincial
Morreu o profeta do seminário. D. José José Rodrigues foi o homem certo, no lugar certo, na hora certa. Quando chegou a Juazeiro para ser bispo, a barragem de Sobradinho estava em construção. Então, ele assumiu a sorte dos relocados, depois dos pobres em geral e nunca mudou. Chegou em 1975. Aqui era área de segurança nacional, regime militar, ACM governador, prefeitos nomeados pelo presidente da república. Não havia partidos, nem organizações populares. Então, com poucos padres e religiosas, chamou leigos para apoiar os 72 mi relocados. Assim, a diocese foi durante muito tempo o abrigo para cristãos, comunistas, ateus, qualquer um que movido pela justiça assumisse a causa do povo. Depois enfrentou o período das longas secas. Criou pastorais populares. Fez o opção radical pelos pobres e comunidades eclesiais de base. Usava as rádios e seu poder de comunicação para defender os oprimidos pelo peso dos coronéis e do regime militar. Quando um gerente do Banco do Brasil foi seqüestrado, ele aceitou ser trocado. Ficou sob a mira dos revólveres por dias, começando sobre a ponte que liga Juazeiro a Petrolina. Depois visitou seus seqüestradores na cadeia e ainda fez o casamento de um deles. Abrigou na diocese toda convivência com o semiárido, muito lembrado nesses tempos de estiagem. Por isso, quando a ASA fez um de seus encontros nacionais, quis fazê-lo em Juazeiro para homenagear esse profeta do semiárido. Costumava contar que recebeu muitos presentes quando chegou e foi reverenciado pela elite. No terceiro ano ganhou três camisas. No quinto ano ganhou de presente uma única camisa dada por uma prostituta que freqüentava a escola Senhor do Bonfim, trabalho feito junto às prostitutas da cidade. Quando foi embora saiu com toda a mudança que trouxe: uma mala que cabia uma muda de roupas – que ele lavava todas as noites para vestir no dia seguinte – e seu livro de oração. Na celebração de despedida afirmou na catedral: “nunca trai os pobres, nem em época de eleição”. D. José faleceu nessa madrugada, dia 9 de Setembro de 2012, em Goiânia, comunidade redentorista de Trindade, para onde foi depois de 28 anos em Juazeiro. Seu corpo será transladado para Juazeiro na segunda-feira, onde será enterrado. Aqui, sua memória jamais será esquecida por aqueles que com ele conviveram, sobretudo, pelos em situação de pobreza, nos corações dos quais ele reside. Roberto Malvezzi (Gogó)
Obrigado, colega e amigo Malvezzi, por esse retrato vivo dos anos de Dom José Rodrigues em Juazeiro. Alguns fatos eu os conhecia pelas revistas da época: sequestro etc. Como conhecia seu espírito de pobreza, seu desapego das coisas deste mundo. Contaram-me que nem sua gramática de portuiguês, a conhecida e velha Gramática Metódia da Língua Portuguesa, do inesquecével Napoleão Mendes de Almeida, para a qual chegou a contribuir com sugestões que acabaram incorporadas a ela, nem essa gramática carregava mais com ele. De fala e escrita sempre escorreitíssimas, pois o português era a língua que amava e conhecia em profundidade – "Última flor do Lácio, inculta e bela!" – já certamente não tinha mais tempo para a ela se dedicar, tal a entrega total ao povo que lhe fora confiado pela Igreja, por Deus. Ah, meu pequenino e grande professor de português! Hoje, além da língua que sabias e ensinavas com maestria, falas todas as línguas, e, com elas, a língua dos anjos, no louvor eterno ao Criador. Salve Dom José Rodrigues de Souza, pequeno em estatura, gigante em espírito, acolhem-te alegres no céu os desvalidos da sorte que assististe nesta vida. Acolhe-te Afonso, cujo ardor missionário procuraste imitar, na busca dos "cabreiros" mais distantes, mais abandonados. Acolhem-te os irmãos redentoristas com quem conviveste e te precederam na glória. Não te esqueças dos que ficamos, que o admiramos pela garra, força, constância e perseverança no bem que sempre procuraste fazer, como o Jesus do evangelho de hoje: "Tudo ele tem feito bem!" (Mc 7,37). 09/09/2012 A. Bicarato.

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