PE. JOSÉ SEBASTIÃO
SCHWARTZMAIER CSsR
+14 de SETEMBRO 1975
O patriarca da Província, que chegou
aos 96 anos de idade.
Natural da Baviera, nasceu a 28
de fevereiro de 1880, ingressando no
Juvenato C.Ss.R. em 1894. Ordenado
em 1907, trabalhou na Alemanha até
1911. Nunca se interessou em trabalhar
no Brasil. Todas as vezes em que
o Provincial lhe perguntou se gostaria
de vir, sua resposta foi sempre a
mesma:
-“Não!”
Finalmente o Provincial
lhe disse:
-E se eu o mandar?
-“Irei por obediência” — disse ele.
O
Provincial mandou, e Pe. Sebastião veio. Chegou a Aparecida em
1911 e aí ficou até 1915 como coadjutor, passando depois a Superior.
Em seus longos anos de Brasil, Pe. Sebastião foi Superior
e Vigário da Penha, de Aparecida (em dois triênios) de Campinas
(GO) e de Pinda. Em Goiás trabalhou durante muitos anos, e era
esse seu campo predileto de atividades, principalmente como
Missionário pelo sertão afora.
Era um confrade que todos estimavam pela sua simplicidade
em tudo. Calmo, alegre, até brincalhão, principalmente em seus
últimos anos, ele soube desempenhar muito bem o seu papel de
patriarca. De ótima saúde, nunca se queixava de dificuldades,
incômodos ou privações. Enfrentou com alegria anos e anos de
trabalho, percorrendo o sertão goiano, sempre no lombo de burro.
Certa vez, numa viagem, perdeu seu burro de estimação. Ele e seu camarada ajudante procuraram a “condução” por toda parte;
mas nada de encontrar. Desanimado, Pe. Sebastião acabou
chegando a uma fazendola bem distante, e pediu um burro emprestado.
O dono da fazenda saiu pelo pasto, pegou um burro, e
lhe trouxe. Era o seu burro desgarrado que, finalmente, voltou
ao dono.
Entomólogo apaixonado, vivia à cata de cobras, aranhas, escorpiões
et similia, que mandava para o Butantã. Uma lista sua
aponta mais de 2.000 espécies de abelhas, formigas, mosquitos
etc. que ele enviou a revistas especializadas, para a devida classificação,
já que eram ainda desconhecidas. Picado certa vez por
um escorpião, alguém lhe perguntou:
— Arruinou?
— Não disse
ele — só que o escorpião morreu...
Que a sua saúde era de ferro,
ele o mostrou até aos 90 anos, não dispensando diariamente
o seu fortificante predileto: um bom machado, com o qual rachava
um metro de lenha que, depois, levava com muito carinho,
para a cozinha. Mas depois dos noventa, o velho patriarca
foi decaindo aos poucos. Enquanto pôde, continuou celebrando
todos os dias, e rezando também o Ofício no seu patriarcal Breviário
em latim. Foi com saudade que ele precisou abandonar o
seu “elixir de machado”, passando o dia no quarto ou na capela.
Somente caiu com o peso dos seus 96 anos, falecendo em Goiânia
a 14 de setembro de 1975. Certamente pôde então apresentar
ao Pai um ramalhete de 64 anos bem cheios, vividos no Brasil.
E por obediência.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade -
Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In
memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR
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