domingo, 14 de dezembro de 2014

PERGUNTAS E RESPOSTAS - 12/09/2014

PADRE WALMIR GARCIA DOS SANTOS CSsR
Kelly Cristina: Há um tempo li uma notícia que mostrava o casamento de uma criança com nove anos de idade e uma senhora de 62 anos, já casada. Isso ocorreu na África. Fiquei abismada com este costume tão bizarro. Inclusive a própria comunidade não aprova e estavam pensando em fazer uma manifestação contra. Saberia dizer se a ONU não teria poder para interferir nesse tipo de coisa? Afinal, trata-se de uma criança! 
Eu não saberia dizer se a ONU tem autoridade para interferir na cultura de um povo, a menos que seja algo extremamente absurdo e que vai contra o respeito à vida ou um atentado à humanidade, mas esse tipo de coisa que você cita não faz parte de um perigo à humanidade, mas como você mesma diz, um costume bizarro. Para nós isso é um absurdo, mas pode não ser para eles e, mesmo que não concordemos temos que respeitar a cultura de cada povo. 
Cleusa Marques: Gostaria que falasse sobre o apego, quando uma pessoa é o alicerce da família e morre, tudo desaba. Apego pode ser considerado falta de fé? Falta de maturidade? 
Não digo que apego seja falta de fé, mas sim de maturidade, de compreensão de que tudo é passageiro, inclusive nós e as pessoas que amamos. Nada é eterno e precisamos conscientizar de que tudo e todos passarão. A nossa fé nos diz que somos eternos em espírito e que não devemos nos apegar só ao material, ao carnal. Não devemos confiar só no que vemos e podemos apalpar. 
Lucimara Dias: As constantes tragédias que tomam conta dos nossos jovens tem me preocupado muito. Temos dois filhos menores de dez anos e, por mais que os eduquemos sob todos os aspectos, ainda nos sentimos temerosos por causa da forte influência exercida pelo mundo lá fora. Tragédias emocionais que levam a crimes, drogas em todas as classes sociais. Como lidar com tanta insegurança? Muitos pais fazem a sua parte, mas a parte podre acaba por desmoronar qualquer estrutura familiar, tão dificilmente construída. 
Eu creio que uma família bem estruturada e que transmite valores, não sofre tanto as conseqüências da desestruturação da sociedade. Essa insegurança não é só de hoje, antigamente também tinha e muito. Ninguém pode garantir nada do futuro, temos que saber plantar o futuro, mas não podemos dar garantias de que o que plantamos terá bom resultado. É preciso viver sem esse medo todo que você apresenta. Tenha confiança na educação que você transmite, seja segura nas orientações e firme nas convicções. 
Não identificada: Eu estava passando por uma crise em meu casamento e resolvi procurar uma psicóloga. Acredita que ela me aconselhou a experimentar umas aventuras sexuais fora do casamento? Fiquei chocada, de boca aberta. Como é que uma pessoa desse nível pode exercer uma profissão tão séria como esta? Gostaria de ouvir o seu conselho. 
Concordo com você, acho um absurdo um conselho desse tipo, que não leva à solução de problemas conjugais, pelo contrário, pode piorar muito. Uma profissional dessa deveria ser denunciada ao Conselho de Psicologia por dar orientações que não condizem com uma orientação sadia e eficaz para um problema como o que você estava passando.
Renata Soares: Por que foi abolido o uso do véu na missa? 
Por ter perdido o seu sentido, como tantas coisas foram abolidas dos rituais católicos. Costumes antigos que foram perdendo sua validade ao longo da história. 
Maísa Gonçalves: Muita gente fala que Deus castiga. Uma pessoa me explicou que se trata de um castigo aplicado para a conversão de um pecador. Mas, e quanto a crianças que nascem e que são batizadas, que não cometeram nenhum pecado e nascem com problemas de saúde incuráveis? Como pode um inocente ser castigado? 
Deus não castiga ninguém, ele apenas nos educa e nos chama a atenção em determinados pontos, nos dá alertas. Criança que nasce com problemas de saúde, ou com defeitos físicos não tem nada a ver com castigo, mas por acidente genéticos, ou conseqüências de uma vida não muito saudável dos pais. 
Valdivina Maria: Qual é a sua opinião em relação a essas correntes de orações em que se lê que é “obrigado” a repassá-las para outras pessoas? 
Eu abomino todo tipo de corrente de oração. Isso não tem nenhum valor religioso e nem é aprovado pela Igreja. Tudo o que é obrigado fazer eu coloco um ponto de interrogação, pois religião não é para oprimir ninguém, mas para dar liberdade e vida às pessoas. 
Márcia Rodrigues: Deve ter ouvido falar a respeito de um aposentado que sofreu um infarto no dia de um dos jogos do Brasil na Copa do Mundo e, que também, era dia de seu aniversário. Acha que as pessoas devem ser tão radicais assim? 
Infelizmente têm pessoas que não sabem controlar sua ansiedade, suas emoções e causam sérios danos à sua própria saúde e chegam até o óbito, como vimos acontecer com esse senhor. Não acho que é radicalidade, mas de não saber controlar suas emoções, coisa que não é fácil para ninguém. 
Otacílio da Silveira: A Igreja ainda aprova o uso do silício? Se aprovar, como ele seria aplicado nos dias de hoje? 
Não, a Igreja não aprova mais esse tipo de coisa absurda para os nossos tempos. Já teve o seu valor numa cultura do menosprezo ao corpo para salvar a alma, esse tipo de pensamento foi abolido, graças a Deus. 
Não identificada: Meu ex esposo sempre foi muito ligado à família dele. Enquanto namorávamos, consegui levar esta situação numa boa, pensando que, quando casássemos, ele se dedicaria ao nosso lar, mas isso não aconteceu. Ele queria dar conta das duas coisas. Tentei alertá-lo que isso não daria certo, mas ele não deu ouvido. Após cinco anos de tentativas frustradas, nos separamos. Ainda nos amamos, mas ele não quer abrir mão desse costume. Ainda não divorciamos. Será que devo ter esperanças de que ele mude? 
Eu creio que, se vocês se amam, não deveriam deixar que isso seja empecilho para o relacionamento de vocês. É preciso compreender as fraquezas de cada uma, os costumes, claro que ele poderia abrir mão um pouco desse apego, e você, de sua parte, compreender mais o jeito dele ser. Casamento é esforço de ambas as partes para renunciar a coisas que atrapalham o bom relacionamento. Procurem conversar mais e revejam essa separação. Não se machuquem por coisas secundárias.

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