Padre João A. Mac Dowell S.J. |
O
Evangelho fala dos irmãos e irmãs de Jesus. Por que a Igreja Católica não
aceita, como os crentes, que Maria teve outros filhos, além de Jesus?
A idéia
que Maria teve outros filhos além de Jesus é fruto de um mal-entendido. É
verdade que os evangelhos falam de irmãos e irmãs de Jesus. Por exemplo em Mc
6,3 o povo de Nazaré exclama: "Não é este o carpinteiro, filho de Maria,
irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Suas irmãs não vivem aqui entre
nós?". Mas nas línguas semíticas, como o aramaico, falado por Jesus, o
termo "irmão" pode ser usado num sentido mais amplo, para designar
também os primos e parentes próximos, quer dizer, os membros de sua família.
Por exemplo, no livro do Gênese (14,14) Abraão chama seu sobrinho Lot de irmão
(cf.13,8). E no Primeiro livro das Crônicas os filhos de Quiche são chamados irmãos
das filhas de Eleazar, que eram suas primas (23,21-23).
Nos
evangelhos os irmãos de Jesus nunca são chamados "filhos de Maria",
sua mãe. E nas narrações da infância de Jesus só aparecem José, Maria e seu
filho: sinal que os tais irmãos não pertenciam à família, propriamente dita,
que vai e volta do Egito ou vive na casa de Nazaré. São apenas seus parentes.
Dois dos quatro irmãos de Jesus, citados há pouco, Tiago e José, são filhos de
outra Maria, como dizem expressamente Mateus (27,56.61) e Marcos. Muito
importante também é o fato de que, ao pé da cruz, antes de morrer, Jesus confia
sua mãe a João, filho de Zebedeu, seu amigo e discípulo (Jo 19,26s). Isto seria
impossível, sobretudo para a mentalidade daquele tempo, se Jesus tivesse
verdadeiros irmãos.
Todas
estas indicações dos evangelhos mostram claramente que a Igreja tem razão
quando diz que Maria não teve outros filhos, mas, como o próprio Jesus,
permaneceu virgem toda a sua vida. Isto não quer dizer que teria sido uma
desonra para Maria ter filhos de José, seu esposo. Não há nada de mau e
pecaminoso nas relações entre marido e mulher. Mas no plano de Deus, Maria, mãe
de Jesus, deveria ser virgem, como símbolo e modelo da Igreja, que deve
consagrar todo o seu amor exclusivamente a Cristo, seu esposo. E ela
compreendendo este chamado de Deus foi fiel até o fim à sua vocação.
DO LIVRO:
RELIGIÃO
TAMBÉM SE APRENDE - VOLUMES 1 E 2
EDITORA
SANTUÁRIO
João A.
Mac Dowell S.J.
http://www.redemptor.com.br(2009)
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