IR. NORBERTO
(MIGUEL WAGENLEHNER) CSsR
+3 de ABRIL 1935
Examinando os alicerces da nossa
província S.P. 23, não encontramos
nenhum nome ilustre aos olhos do
mundo. A obra grandiosa que os Fundadores
iniciaram e consolidaram, não
nasceu apoiada em valores humanos;
mas em toda a sua vida brotou de um
imenso e generoso amor à gloria de
Deus. A humildade, a dedicação e os
sacrifícios que fecundaram a nossa
Província, somente a eternidade os
conhece; estão in libro vitae.
Entre os primeiros que iniciaram essa Obra que hoje todos
admiram, está nosso Irmão Norberto. Nascido a 2 de março de
1857, de família muito pobre, desde criança aprendeu a ganhar
seu pão com o suor do seu rosto. Certo dia, ele mesmo o narrou,
enquanto trabalhava, pensou consigo: “Se tivesse que me apresentar
hoje diante de Deus, como estaria eu?” — Esse pensamento
continuou a persegui-lo durante alguns dias, até que ele
resolveu ingressar na vida religiosa. Procurou os redentoristas, e
foi muito bem recebido pela impressão que deu de um homem
muito sincero e bem intencionado. A 25 de março de 1888 professou
em Gars, e em 1894 veio para o Brasil com a primeira
turma, sendo logo designado para a fundação de Goiás. Pertenceu
depois às comunidades de Aparecida, Penha e Araraquara,
conforme as necessidades, exercendo sempre o ofício de cozinheiro.
Era o homem que sempre pensava, e rezava em voz alta,
dirigindo-se a Deus, a Nossa Senhora ou aos Santos com a maior naturalidade. Sempre no seu trabalho, sem qualquer contato
com estranhos, e não chegando a aprender o Português. Certo
dia, em Araraquara, tendo o porteiro que sair, pediu ao Irmão
Norberto que atendesse o telefone, caso alguém chamasse. Com
toda simplicidade o Irmão aceitou o encargo. Logo depois o telefone
tocou. Todo apressado, Irmão Norberto correu para atender.
Postou-se diante do aparelho (que ele desconhecia por
completo) e, sem tirar o fone do gancho, gritou: Não está! —
Virou as costas, e voltou correndo para a cozinha. Foi como cozinheiro
em Araraquara que ele adoeceu: pés inchados, com dores
horríveis. Os exames revelaram mal de Hansen. E o Irmão, já
doente, tinha sido cozinheiro, durante anos, em diversas Comunidades!
O pobre enfermo teve de ser internado em Sant’Angelo.
Não sabendo quase falar em Português, ele viveu seus últimos
anos numa solidão feita de sofrimentos, mas também de união
com Deus. No seu quarto, ou na capela do leprosário, estava
sempre em oração. Aos 78 anos, martirizado, e consumido pela
doença, ele entregou sua alma a Deus, no dia 3 de abril de
1935, sendo sepultado em Sant’Angelo.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade -
Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In
memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR
Nenhum comentário:
Postar um comentário