PE. JOSÉ AFONSO ZARTMANN CSsR
+20 DE ABRIL 1933
Um dos maiores missionários que
a Província já conheceu. Era de Nekarsulm
(Alemanha) e nasceu a 28 de
outubro de 1877. Desde criança foi
de ótima saúde e trasbordante alegria.
Mas não deixava de ser profundamente
piedoso, surpreendendo sua
irmã mais velha com esta pergunta:
“Como é que a gente faz para conversar
com Deus?”
Ainda nos primeiros anos de estudo
começou a pensar em ser padre.
Mais tarde quis resolver esse assunto,
e foi bater à porta dos Beneditinos de Beuron; mas desistiu, diante
da condição de ter de pagar os estudos. Quis ser então
monge cartusiano, mas seus pais se opuseram. Não demorou
muito, ofereceram-lhe todas as facilidades para ser franciscano;
ele, porém, não simpatizou com a idéia. Foi quando um dos seus
professores o aconselhou a procurar os redentoristas. Ficou encantado
com a vida missionária da Congregação e, vencendo a
oposição dos parentes, ingressou no noviciado de Gars em 1898. De temperamento sangüíneo, teve de lutar muito contra a sua
volubilidade, e por pouco as saudades da família não o levavam
a desistir da vida religiosa. Soube, porém, vencer, e após a profissão,
iniciou seus estudos em filosofia. Apesar da respeitável
estatura, era ele um coração delicado, às vezes até sentimental,
sempre querido pelos colegas pela sua exuberante alegria.
Em 1902, ultimo ano Teologia, conseguiu licença para vir
trabalhar no Brasil. Terminou seus estudos em Aparecida, e a 20
de setembro de 1903 foi ordenado por D. Júlio Tonti. Passou então
a lecionar francês, latim e caligrafia no Juvenato. Mas o seu
sonho eram as Missões. Já com o suficiente conhecimento da língua
e do povo iniciou suas andanças missionárias que só terminaram
com sua morte. A principio um tanto tímido, entrou depois
de corpo e alma no trabalho. Soube aliar à sua saúde de
ferro um zelo realmente espantoso, que não conhecia dificuldades
e nem cansaço. Naquele tempo em que as prescrições referentes
a missão não eram de “elástico nem de plástico”, as originalidades
do Pe. Afonso no seu modo de pregar e tratar com o
povo começaram a ser vistas com certa reserva pelos Superiores.
Mas, com o tempo, deram-lhe toda a liberdade, reconhecendo
o resultado do seu zelo que tudo fazia pelas almas. Era ele
um missionário sui generis. Voz de trovão, golpes no peito ressoando
pela igreja, e não era qualquer púlpito que agüentava
seu peso, seus gestos e seus murros. Não sabemos ao certo
quantas missões ele pregou; durante muitos anos andou percorrendo
o Estado de São Paulo, grande parte de Minas e do Rio
Grande do Sul.
Mas um dia sua saúde iria reclamar. Foi durante os trabalhos
de uma visita pastoral na diocese de Rio Preto que a diabete se
manifestou, e já bem adiantada. Os médicos impuseram-lhe um
regime rigoroso. Mas para aquele missionário que nunca tivera
cuidados consigo mesmo, fazer regime era algo pra lá de impossível.
E continuou trabalhando como sempre o fizera. Mas, pouco
tempo depois, enquanto pregava em nossa igreja em Araraquara,
sentiu de repente suas pernas paralisadas. Levado para o
convento constatou-se que a paralisia estava se generalizando
rapidamente. Desse dia em diante o grande missionário estava inutilizado, e para sempre. Aos poucos a paralisia atingiu-lhe o
cérebro; e nos últimos tempos ele se deixou abater, julgando-se
inútil e pesado à Congregação. Transferido para Aparecida a fim
de estar entre os confrades mais antigos e conhecidos, nada melhorou.
Já não podendo mais celebrar, no dia 20 de abril de 1933,
recebeu a comunhão com a piedade que o caracterizava. Sentiuse
tão bem que, após o café, saiu a percorrer a casa, e a visitar
os confrades em seus quartos. Soube depois, que estava no convento
seu grande amigo, o Bispo D. José Homem de Melo. Insistiu
que desejava falar com ele. O Bispo foi até o quarto do enfermo,
com o qual conversou durante algum tempo, dando-lhe
depois a sua bênção. Retirou-se acompanhado pelo enfermeiro
Irmão Carlos. Mas, quando este voltou, logo depois, ao quarto,
Pe. Afonso tinha tido o enfarte que o levou para melhor vida.
Como os gigantes também morrem, ele não foi exceção; e
com apenas cinqüenta e seis anos incompletos.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade -
Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In
memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR
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