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| PADRE WALMIR GARCIA DOS SANTOS |
Aldieres: Como a gente pode sentir a justiça de Deus onde no mundo parece que não há lugar para Ele?
Claro que há lugar para Deus, nem tudo está perdido. Podemos sentir a justiça de Deus na luta pelo bem, nas conquistas de direitos dos oprimidos, na evangelização e propagação do evangelho em meio ao povo oprimido, na crescente espiritualidade. Não se pode desanimar e ficar olhando só o negativo.
Géssica do Prado: É muito difícil amar quem não nos ama, principalmente aqueles que convivem conosco sob o mesmo teto. A Sagrada Escritura ensina que não há mérito em amar os que já nos ama, tratar bem a gente trata, e assim por diante, mas na prática é quase impossível. O que mais nos resta a fazer?
Ainda tem muito que fazer, pois amar não é só esperar retribuição. Jesus nos ensina o amor desinteressado. Amar é respeitar as diferenças, é saber compreender o outro e ajudá-lo a ser melhor dando exemplo de vida diferente, é saber conviver, ainda que o outro não queira. Veja o exemplo de Jesus e siga, esse é o caminho. É desafiador mas não é impossível.
Patrícia Regina: Há na Bíblia alguma advertência a respeito de não nos tornarmos testemunhas de Jeová?
Claro que não! Ser “Testemunha de Jeová” é uma opção que alguns tomam no seguimento de uma determinada seita, não é uma obrigação que deve ser importa. Deus não obriga ninguém a ser de uma determinada religião e/ou igreja. Ele propõe caminho de felicidade, e esse caminho deve ser trilhado na liberdade.
Marina Dias: Jesus Cristo admite os santos como intermediários nossos? Ele não seria o único mediador entre Deus e a humanidade?
Ele é o único intercessor e mediador entre nós, homens, e Deus. Os santos são modelos de pessoas que seguiram fielmente a Jesus Cristo e foram fiéis aos seus ensinamentos. São intercessores entre nós e Jesus, pois sua vida nos ensina a seguir mais de perto o Cristo.
Ana Alice de Souza: Tem algum tipo de roupa que é pecado vestir e algum tipo de música que é pecado dançar? Ou será que o pecado está somente no coração das pessoas?
As roupas devem ser usadas de acordo com a ocasião e o lugar, além disso, as pessoas devem ser decentes, ter decoro, não expor o seu corpo como objeto de prazer e de consumo. Em tudo devemos ter prudência, no modo de vestir, no modo de se comportar. O pecado está na provocação, no excesso de sensualidade, na maneira imoral de se comportar. O cristão deve viver na decência, com isso não estou dizendo que deve viver reclusos e fechados, com roupas extremamente fechadas. São Paulo nos diz: “Tudo posso, mas nem tudo me convêm” (1Cor 6, 12).
Fabiana Nogueira: Os apóstolos descrevem Jesus Cristo como sendo uma pessoa humilde, doce, mas ao mesmo tempo, firme. Gostaria de entender melhor esse tipo de comportamento, porque acho muito difícil conciliar as duas coisas.
Pelo contrário, não é difícil conciliar, pois devemos ser firmes na vivência de valores, no respeito às pessoas, na condução de nossa vida com coerência com a fé e doces, amáveis nos relacionamentos. É preciso ter firmeza sem perder a docilidade, a afabilidade. Humildade e mansidão não significam deixar ser pisado pelos outros, ou ser “bobo da corte”, mas ser acolhedor e amável com todos.
Dulce de Oliveira: Qual o significado dos 153 grandes peixes no evangelho de Jo 21, 11?
Não se tem uma definição exata sobre esse numero de peixes. Isso tem sido objeto de estudo de vários biblistas e teólogos, mas sem uma conclusão sobre o significado exato dessa pesa milagrosa. Uma explicação que já encontrei, entre tantas, é a de que o evangelho tinha se espalhado por 153 povos, ou nações, diferentes, alcançando todos os cantos do mundo, mas essa é apenas uma tentativa de explicar esse número.
Maria Madalena: Doação, oferta, ajuda, colaboração, contribuição, esmola é o mesmo que dízimo?
Não, uma coisa é oferta, que pode ser feita em qualquer ocasião e não ser constante. O dízimo é uma forma de gratidão a Deus pelo que Ele nos dá. Muitos até dizem “devolução do Dízimo”, pois ele não é uma oferta que faço, não é uma doação que dou, mas um agradecimento a Deus, que se traduz em gesto de solidariedade e responsabilidade para com a comunidade Igreja.
Paula Regina: Desde que me entendo por gente nunca gostei de ir a velórios, porque sinto um mal estar muito grande. Não é desculpa, sempre fui uma pessoa muito atenciosa, mas esta dificuldade ainda não consegui vencer. Devo insistir ou respeitar o que sinto e apenas rezar por quem partiu?
Creio que ninguém goste de ir a velórios, mas se você tem uma dificuldade maior do que os outros, não se obrigue a ir, ninguém é obrigado a fazer o que não dá conta. Se for uma dificuldade sua, respeite o seu modo de ser. Você pode manifestar a sua solidariedade para com a família enlutada de outra forma.
Eloíza Elena: Tenho uma filha de cinco anos, mas não mandei batizar ainda. Posso esperar ela crescer para que ela mesma decida se quer ser batizada ou não?
Se você frequenta a Igreja, se é fiel em manifestar a sua fé, deveria oferecer esse presente para a sua filha, não “mandando” batizar, mas oferecendo essa graça de Deus a ela. As pessoas devem ser educadas na fé e não, simplesmente, deixar para decidirem no futuro, isso é comodismo, falta de responsabilidade com a educação da fé.
Rogério Alves: Por que Jesus, ao realizar alguns milagres, pedia às pessoas que não propagassem o fato?
Ele não queria ser conhecido como “milagreiro”, só “fazedor de milagres”. Ele não queria ser “pop star”, como muitos hoje em dia que querem ser mais conhecidos e queridos do que o próprio Jesus que pretendem anunciar. Jesus nunca quis ser famoso, ele queria que as pessoas aderissem ao seu projeto de vida e não por causa de milagres.
Beatriz Bolivar: O que quer dizer “creio na comunhão dos santos”?
Falar da comunhão dos santos significa falar dos santos que estão na terra e dos santos que estão no céu. E se são santos é porque participa da santidade que existe em Deus, o único verdadeiramente Santo. Comunhão dos santos é ter comum união, ou seja, ser e estar unido aos seguidores de Jesus, tanto os vivos, como os que já estão ressuscitados na glória dos céus.
Neusa Teodoro: Acha que a devoção aos santos nos aproxima de Deus ou não tem nada a ver uma coisa com a outra?
Claro que aproxima, pois nos santos vemos a ação de Deus na vida das pessoas. Assim como Deus agiu na vida deles, pode agir na nossa também, pois Ele quer que todos sejamos santos, como Ele é Santo. É preciso purificar nossas devoções dando a elas o devido sentido, ser devoto de um santo é ter amor a Deus que agiu na vida daquele homem ou mulher que se santificou pela fidelidade a Deus.
Maria da Glória: Gostaria que explicasse algumas passagens da Bíblia onde fala que não devemos comer alguns tipos de animais por serem impuros?
Isso era uma orientação do Antigo Testamento (Lv 11), que não serve para nós cristãos. Jesus declarou que todos os alimentos são puros (M 7, 18-23). Claro que ele não está mandando comer de tudo, pois tem animais que não são comestíveis. É bom ler e refletir At 10, 9-23, onde fala de uma visão que Pedro teve, essa citação explica bem sobre o puro e o impuro.
Eleusa Campelo: Muita gente, como às vezes ouço em seu programa, costuma culpar o maligno pelos nossos erros. Eu até concordo que tenha tentações, mas não acha que deveríamos agir como Jesus Cristo e resistir a elas? A decisão de errar ou acertar é somente nossa?
Sim deveríamos agir como Jesus, Ele nos deixou o exemplo de como vencer o mal, as tentações que nos levam a praticar o mal. A decisão é nossa, pois somos dotados de liberdade. O pecado é uma decisão livre e consciente de que estou agindo errado e mesmo assim faço. É muito fácil culpar o outro (no caso o “Maligno”) e se eximir de culpabilidade.
http://www.matrizdecampinas.org.br/
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