sexta-feira, 21 de novembro de 2014

PERGUNTAS E RESPOSTAS - 31/03/2014

PADRE WALMIR GARCIA
DOS SANTOS CSsR
Não identificada: Conheço algumas pessoas da comunidade que frequento e, até hoje, não entendi porque elas frequentam a Igreja. São pessoas de duas caras que na missa vestem a túnica da bondade, mas saiu porta fora, se mostram como realmente são: fingidos, não valorizam as pessoas, suas amizades são restritas à sua maneira de pensar. Podemos considerar essas pessoas cristãs? Será que elas pensam que enganam a Deus? 
Infelizmente em todos os seguimentos sociais: civis, religiosos, militares, existem pessoas incoerentes com o que pregam. É um limite do ser humano. As religiões não pregam isso, pelo contrário, cada uma das Igrejas tenta orientar seus adeptos a uma postura de vida que seja coerente com o que dizem professar. Muitos pensam enganar Deus, mas a Ele ninguém engana.
Ana Abadia: Muitos casamentos acontecem pelas vias normais e, depois de algum tempo, se transformam em agressões verbais, físicas e até mortes. Como a esposa não conseguiu perceber isso antes no caráter do candidato? Será que as pessoas conseguem esconder tão bem sua personalidade? Ou será que a mulher faz de conta que não vê? 
Ninguém conhece plenamente ou outro e nem a si mesmo. Muitas vezes nos pegamos tendo certas reações que jamais teríamos em sã consciência. Todos nós podemos mudar, dependendo das situações em que vivemos e as circunstâncias pelas quais passamos, a vida é um eterno aprendizado, ou “desaprendizado”. Muitos melhoram, outros pioram o seu modo de ser. Eu não digo que as pessoas casam enganadas, mas acontece às vezes de ter o esposo ou a esposa mudando de rumo, de direção de vida influenciados pelo meio em que vivem, ou por ilusões que não sustentam a vida. 
 Não identificada: Minha tia sempre foi uma pessoa muito dedicada à família sempre ajudou todos, mas nem todos reconhecem o que ela faz e, com isso ela fica muito magoada. Como podemos convencê-la a pensar que devemos fazer o bem sem esperar retribuição?
O bem deve ser feito sem esperar recompensa, é o que nossa fé cristã nos ensina. Quem faz o bem interessado em reconhecimento, já está recebendo sua recompensa. Jesus nos fala isso, leia em Mateus, capítulo 5. É preciso fazer o bem sem esperar nada em troca, nisso consiste a humildade e o desinteresse. 
Solange do Amaral: Parece que, de uns tempos para cá, temos vivido a “ditadura da felicidade”. Será que não temos o direito de viver nossas dores, angústias, chorar nossas perdas e inseguranças? 
Claro que todos nós temos o direito de “curtir” nossas perdas e dores, mas o que não temos o direito é de fazer disso o fundamento de nossa vida. As dificuldades, os desafios, as dores e percalços pelos quais passamos não podemos nos tirar o direito de viver a felicidade. Não se fundamenta uma vida em cima de dores. Somos limitados e devemos viver dentro dos limites de nossa vida, sem buscar sofrimentos e dores. Nada pode nos abalar, nada pode nos tirar o direito de ser feliz. 
Não identificada: Minha filha separou-se do marido, porque ele a traiu. Ela ficou extremamente magoada e não faz outra coisa a não ser falar mal dele para os filhos. O mais velho adora o pai e isso tem gerado conflitos entre ele e a mãe. Ela diz que jamais o perdoará. Como poderíamos ajudá-la a amenizar e se harmonizar com esse filho? 
Uma coisa é o relacionamento do casal, que infelizmente não deu certo, outra coisa é o relacionamento do pai para com os filhos. Se não deu certo entre o casal, ela não pode exigir que os filhos se afastem do pai, pois ele é o pai dessas crianças. Ela está fazendo algo muito errado, isso pode virar contra ela, pois os filhos podem revoltar contra ela. O melhor é deixar que os filhos tenham um bom relacionamento com o pai.
Bernadete Guimarães: Recebi um e.mail a seguinte mensagem: “Quando bons para os outros, somos ainda melhores para nós”! Gostaria que comentasse esta frase relacionando com alguma passagem bíblica. 
Só conseguimos ser bons para com os outros quando somos bons para conosco. Ninguém consegue ser para o outro aquilo que não é para si mesmo. Jesus nos ensina que expressamos aquilo que somos, pois ninguém consegue esconder uma realidade, sempre vem a tona o que somos realmente (cf. Mt 10, 26; Mc 4, 22; Lc 8, 17). 
Não identificada: Minha mãe sempre foi uma pessoa muito fechada. Nunca gostou de compartilhar seus problemas nem com a sua melhor amiga. Tenho notado que ela anda um pouco angustiada, mas recusa-se a conversar. Será que a falta de desabafar adoece as pessoas? Minha mãe está sempre rezando, mas não vejo melhoras. Como poderia ajudá-la? 
As pessoas que vivem reprimindo sentimentos podem adoecer sim, pois reprimir sentimentos e emoções pode prejudicar a saúde mental e também a física. Você pode ajudá-la sendo uma presença amiga, amorosa, compreensiva, sem cobranças. Você deve conquistar a confiança dela, demonstrando carinho e compreensão. Isso já ajudará muito. 
Deusilene Xavier: Já sabemos que é preciso arrepender-se dos pecados, mas como dói esse arrependimento! Principalmente quando a gente pensa que poderia ter feito tudo diferente. Existe alguma maneira de se arrepender sem sofrer? 
Mas o arrependimento é exatamente essa “dor” de ter feito algo errado e que poderia ter sido diferente. Apesar de “doer” ele leva a pessoa a voltar atrás, pedir perdão e reconciliar consigo e com a pessoa ofendida. Esse sofrimento não é negativo, pelo contrário é positivo, pois nos ajuda a mudar, a melhorar nosso modo de ser e de agir. 
 Marilda Veloso: Tem gente que não consegue ver nada de bom nos outros, que vive criticando tudo o que acontece e pensam que somente elas é que são donas da verdade. Existe alguma passagem na Bíblia sobre este assunto? É muito complicado conviver com esse tipo de pessoas. 
Jesus sempre ensinou seus discípulos a respeitar os outros, a não usar de maledicência e muito menos de julgamento: “Não julgueis e não sereis julgados” (Lc 6, 37-49). Quem pensa ser o dono da verdade, está julgando, está menosprezando o outro como menor do que a si mesmo. Em outro trecho Jesus diz que o Mestre não é superior ao seu discípulo (cf. Lc 6, 40) e São Paulo nos diz que nunca devemos nos considerar maior do que os outros, mas agir sempre com humildade (cf. Fl 2, 1-4).
Não identificada: A filha da vizinha engravidou com apenas 15 anos, escondido dos pais. A menina ficou tão apavorada com a repressão que iria sofrer que decidiu fazer um aborto e acabou morrendo em decorrência disso. Os pais ficaram desesperados, mas, com certeza, ela estaria em maus lençóis, pois são muito rígidos. Será que os filhos não têm direito de errar? 
Todos nós erramos, pois somos limitados. Uma educação muito rígida, sem diálogo pode gerar esse tipo de reação. Daí ser necessário educar no diálogo, levando os filhos a confiarem nos pais e nunca fazer coisas escondidas, principalmente uma coisa tão grave como esta, que levou a menina à morte. 
Andreia de Castro: Não consigo imaginar a dor das mães cujos filhos desapareceram e nunca são encontrados. Será que, se essas mães adotassem uma criança, suas dores seriam amenizadas? 
Não amenizaria, pois nada e nem ninguém substitui uma perda dessas. A mãe poderá superar essa dor, não com substituição. 
Não identificada: Meu pai faleceu há dois anos. Depois de muito pensar, minha mãe decidiu mudar da casa para um apartamento menor e teve que desfazer de muitas coisas que eu achei que ela jamais abriria mão. Minha irmã mais velha ficou indignada porque achou que a nossa mãe quer esquecer o nosso pai. Será que nossa mãe agiu certo? 
Sua mãe agiu certo, não é guardando coisas que a memória da pessoa falecida é respeitada. O que importa é o que está no coração de sua mãe e vocês, filhos, devem respeitar a decisão que ela tomou. 
Rosely Moraes: Os jovens, quando entram na adolescência, tem muita vontade de experimentar uma liberdade que ainda não estão prontos para enfrentar e, quando o fazem, geralmente se dão muito mal. Seria falta de uma presença maior dos pais na vida dos filhos?
É normal que os adolescentes tomem algumas decisões erradas, impensadas e imaturas e isso faz parte do processo de amadurecimento. A presença amiga dos pais pode ajudar nas decisões certas, quando bem orientados. A educação se faz no diálogo e na liberdade. 
Não identificada: Fui convidada para ser madrinha de uma menina, mas o batizado foi realizado na casa dos pais, porque o padre é muito amigo da família. Esse batizado tem validade? 
Claro que tem validade apesar de o lugar da celebração dos sacramentos seja na Igreja. 
Alana de Souza: Estou muito encantada com o nosso Papa. Ele tem feito colocações muito sábias e, uma das mais recentes foi sobre a exclusão dos idosos que, entre outros fatores, mata mais do que doenças. O que pensa a respeito?
O Papa Francisco tem demonstrado muita sabedoria e sensibilidade para com os graves problemas sociais. Eu concordo plenamente com ele nesse assunto da exclusão dos idosos que os levam à morte por abandono, por sentimento de exclusão. É preciso ser mais sensível para com essa realidade lamentável em nosso meio. Muitas pessoas morrem deprimidas por causa do desprezo na velhice.

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