PADRE WALMIR GARCIA DOS SANTOS CSsR |
Matilde Lima: Tenho uma irmã muito difícil de conviver. Ela tem mania de culpar os outros pelas coisas erradas que acontecem em sua vida e quer que tudo ocorra conforme seus desejos. Já foi muito atuante em sua comunidade, mas depois de uma decepção amorosa, desistiu de tudo, culpando Deus por suas derrotas. Como ajudá-la a voltar a ter fé?
Eu vejo que só com muito diálogo e insistência de sua parte em ser presença amorosa na vida dela, pois a decepção a tornou uma pessoa amarga. Agora ela tem que querer ser ajudada, o que não acontece sempre. Se ela quiser ser ajudada indique uma pessoa da confiança dela para conversar, ou ainda indique um acompanhamento psicológico, poderá ajudar muito a superar esses desequilíbrios emocionais.
Pedro Vitório: Tem gente que reza pedindo a Deus que vingue um mal que lhe foi feito. Diz que Deus é grande e que tal pessoa há de pagar a injúria. Deus ouve esse tipo de pedido?
De maneira alguma Deus se submete a este tipo estranho de comportamento. Deus não é vingativo e não aceita esse tipo de sentimento entre nós. Deus é justo e nos devemos ser justos também. Uma “oração” desse tipo jamais é ouvida por Deus.
Maria de Lourdes: Tem uma música que diz: “O meu Deus é o Deus do impossível”. Como esta palavra “impossível” se aplicaria às nossas vidas, quando nem tudo se pode resolver, nem mesmo esperar por um milagre?
Milagres acontecem e eu creio. Por isso que se fala que nosso Deus é o Deus do impossível, milagres são coisas impossíveis de acontecer naturalmente, só com a intervenção divina.
Graça de Paula: Quem pode ser considerado mais culpado aos olhos de Deus a pessoa que tem cultura e pratica maldades, sabendo o que faz ou a pessoa simples e ignorante que age mais por instinto? Seria o caso do bom ladrão que foi crucificado ao lado de Jesus?
Quem tem conhecimento do certo e do errado tem mais culpa do que o ignorante, pois sabe discernir entre o bem e o mal, o que muitas vezes a pessoa ignorante não sabe. Não é o caso do “bom ladrão”, ele sabia que sua vida pregressa estava errada, mas arrependeu e pediu perdão, é um caso diferente.
Carlos Pereira: Gostaria que explicasse esta passagem em ICor 12, 4 que diz: “Ora, há diversidade de dons, mas o espírito é o mesmo”.
Deus distribui seus dons conforme a capacidade de cada um, nem todos possuem os mesmos dons, por isso Paulo fala que há diversidade de dons, dons diferentes, mas todos contribuem para o bem comum. Se você continuar lendo este trecho você verá a explicação muito clara sobre a diversidade de dons.
Lílian de Souza: Gostaria que falasse sobre a Misericórdia de Deus e a comparasse com sua santa Justiça, pois estamos sempre pedindo que Ele tenha pena de nós, mas não temos pena do nosso próximo e cobramos deles muito mais do que eles nos devem.
Em primeiro lugar eu diria que pena não é o mesmo que misericórdia. Uma coisa é eu ter dó, pena, dos outros, outra coisa é eu ser misericordioso. Deus não tem pena de nós, ele tem misericórdia, seu coração, seu desejo está voltado para nós e Ele tem compaixão, nos ajuda a sair do sofrimento. Ter pena é só reconhecer que o outro sofre, mas não se faz nada para ajudar a sair do sofrimento, ter compaixão é diferente, é você sofrer com o outro e ajudá-lo a superar a dor, o sofrimento. Jesus nos ensina: “Sede misericordiosos como vosso Pai do céu é misericordioso” (Lc 6, 36). Se queremos alcançar as graças de Deus devemos amar, perdoar e ser misericordioso.
Tereza de Lima: Todos os dias temos notícias tão cruéis acontecendo que a gente quase perde a fé em um futuro melhor. Quantas brigas no trânsito terminando em morte! Que coisa triste! Em um segundo a vida de toda uma família se transforma num desastre total. Que mundo é esse onde Deus está em todo o lugar e não está no coração das pessoas?
Infelizmente muitas pessoas não buscam viver os ensinamentos de Deus, não colocam em prática aquilo que aprendem nas igrejas. É lamentável ver crescendo entre nós a violência, fruto da ignorância, da falta de sensibilidade, falta de amor. Deus nos dá a liberdade e não deveria ser diferente, nós precisamos usá-la com respeito e amor pelo outro.
Não identificada: A palavra “Amém” tem mais de um significado?
Amém significa que assim seja, eu aceito, eu creio, concordo com o que foi dito.
Não identificada: É quase impossível não criar expectativas com relação às pessoas, porque no fundo, é isso que sempre queremos delas. Existe alguma regra para isso, alguma orientação na Bíblia que possa nos ajudar?
O profeta Jeremias nos adverte dizendo: “Maldito homem que confia no homem” ( Jr 17, 5). Isso não quer dizer que nunca devemos confiar uns nos outros e nem criar certas expectativas, mas saber que o ser humano é falho e nunca devemos colocar toda a nossa confiança nele, sabendo do limite. A confiança plena só em Deus, que jamais falha.
Odete de Castro: Todo mundo passa por problemas de toda espécie. Falando dos mais graves, como doenças incuráveis, perda de entes queridos, ficamos muito desestruturados. Mas se Deus não nos dá fardos mais pesados do que conseguimos carregar, por que nos desesperamos tanto?
Eu vejo que os desafios que nos são apresentados não são dados por Deus, mas Ele nos dá força para enfrentar esses desafios. Deus não é o causador de desgraças em nossas vidas. Eu, particularmente, não gosto desse tipo de consolo falso quando acontece alguma fatalidade as pessoas dizem: “Foi Deus que quis assim”, isso não é consolo, pois reflete um deus perverso e Ele não o é. Fé deve nos ajudar a enfrentar os desafios com naturalidade e serenidade, confiança de que nem tudo está perdido.
Não identificada: O nosso tipo de alimentação mudou muito, levados pela mudança de hábitos, a correria, a qualidade de vida piorou radicalmente. Acha que esse comportamento tem levado muitas pessoas ao pecado da gula, sem ao menos se darem conta disso?
Não digo ao pecado da gula, mas a uma prática nada saudável de se alimentar. Todos precisam buscar o equilíbrio e o respeito ao seu próprio corpo. Uma alimentação saudável não trará tantos problemas de saúde como vemos em nosso meio.
Não identificada: Quem presta atenção mais naquilo que perdeu corre o risco de não viver o que está acontecendo no presente. Gostaria que aconselhasse sobre a importância de cada minuto de vida que temos, pois tenho uma amiga presa a acontecimentos do passado.
Quem vive só no passado perde o presente e não se lança ao futuro. É lamentável ver pessoas que vivem só no passado e se esquecem de valorizar o hoje de sua história. Não podemos desprezar o passado, mas não viver lá e achar que só o passado tem valor. Valorizar a vida é valorizar o hoje, é viver a oportunidade que temos e não que tivemos.
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