Pe.
João A. Mac Dowell S.J.
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Um crente
me disse que o nosso batismo não vale porque não se entra na água, como Jesus
no rio Jordão. Que devo responder?
Jesus
mandou os seus discípulos batizarem todos os que aceitam com fé a sua mensagem
de salvação. Mas não determinou em concreto como se deve batizar. Por isso, é
possível realizar o batismo de várias maneiras, contanto que se mantenha o que
é essencial no rito instituído por Jesus, quer dizer: lavar a pessoa com água
para significar a purificação dos seus pecados. De fato, falando do batismo,
Paulo diz aos Coríntios: "fostes lavados, fostes santificados e
justificados, em nome do Senhor Jesus Cristo e mediante o Espírito de nosso
Deus" (I 6,11; cfr. At 22,16). E na carta aos Efésios diz que Cristo
santificou a Igreja "purificando-a com o banho de água" (5,25).
Expressões semelhantes são usadas em outras partes do Novo Testamento (At
22,16; Tit 5,5; Heb 10,22).
É verdade
que no tempo de Jesus e dos apóstolos quem era batizado normalmente entrava na
água, como fazem hoje algus grupos evangélicos. A própria palavra
"batizar", em grego significa "mergulhar",
"imergir". Mas tudo indica que o batismo consistia propriamente em
derramar água sobre a cabeça da pessoa que estava dentro dum rio ou tanque
pouco profundo. Por exemplo, o livro dos Atos dos Apóstolos, ao contar o
batismo do eunuco da corte da rainha da Etiópia,diz que Filipe entrou com ele
na água e o batizou (8,38).
Este
sistema foi o mais comum durante muito tempo. Quando os cristãos começaram a
construir suas próprias igrejas, edificaram também ao lado delas um batistério,
i.e. uma sala com uma espécie de piscina rasa no meio, onde a pessoa descia
para ser batizada pelo celebrante, que ficava fora. Mas, em casos especiais,
por exemplo no batismo de crianças ou pessoas doentes, bastava derramar um
pouco de água sobre elas, ou até aspergi-las, isto é, respingá-las com água.
Pouco a
pouco foi prevalecendo na maior parte da Igreja, por razões práticas, o batismo
por infusão, i.e. derramando água na cabeça de quem vai ser batizado, sem
imersão. É outra maneira de tomar banho. Neste caso não é mais necessária a
piscina no batistério. Ela foi substituída por uma grande bacia ou pia
batismal. Mas, ainda hoje, a Igreja admite também o batismo por imersão. Ele é
praticado normalmente pelos católicos de rito oriental: o celebrante mergulha
três vezes a criança na pia batismal.
Portanto,
não podemos criticar nossos irmãos separados quando batizam as pessoas dentro d
água. É a maneira mais antiga e ainda hoje válida de batizar. Mas eles estão
errados quando criticam o nosso batismo. O rito católico também está de acordo
com a ordem dada por Jesus, que deu à Igreja o poder de determinar os
pormenores da cerimônia batismal.
João A. Mac Dowell S.J.
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