Pe.João A. Mac Dowell S.J. |
Como é
possível louvar a Deus, quando sabemos que hoje mesmo milhares de pessoas estão
morrendo, vítimas da fome e da violência?
Todos nós
passamos por momentos de tristeza e sofrimento, mas também por experiências
gratificantes, fonte de verdadeira alegria. A oração não consiste senão em
viver com fé, num diálogo com Deus, estas situações da vida. Nos salmos da
Bíblia, que a Igreja usa ainda hoje como modelos de oração, aparecem todos
estes sentimentos.
Há salmos
de louvor, mas também de lamentação diante da desgraça ou de súplica angustiada
diante do perigo ou no meio da aflição. Por exemplo o salmo 129 começa assim:
"Do fundo de minha fossa eu grito por ti, Senhor; Senhor, escuta a minha
voz". Jesus também na hora de sua paixão suplicou: "Pai, se é
possível, afasta de mim este cálice". Ele chorou de pena ao ver como o
povo de Jerusalém recusava a sua mensagem de salvação. Mas, noutra ocasião, ao
constatar que Deus revelava às pessoas simples os mistérios do Reino de Deus,
exclamou cheio de júbilo: "Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra";
como fez também Maria no seu "Magnificat", louvando a Deus, porque a
escolheu, apesar de tão simples, para através dela dar ao mundo o Salvador
O
sofrimento é uma experiência humana universal, que não podemos banalizar. É
importante sobretudo ser sensível ao sofrimento dos outros, solidarizar-se com
eles e procurar ajudá-los: chorar com os que choram, como diz Paulo aos
Romanos, mas também, regozijar-se com os que estão contentes, como ele
acrescenta. É que, para o cristão, o sofrimento, próprio ou alheio, não pode
levar ao desespero ou ao abatimento. O sofrimento sempre dói; mas não esmaga
quem tem certeza que Deus é bom, quem pede o seu auxílio, e vive na esperança
de que, mais dia, menos dia, chegará a libertação. A experiência de toda a
miséria humana não pode impedir que vejamos tudo o que existe de positivo no
mundo e louvemos a Deus com gratidão e alegria.
Louvar a
Deus é um sinal de fé e amor. Quem gosta de uma pessoa, nota logo as suas
qualidades e não cessa de elogiá-la. Assim também a Igreja, comunidade dos
fiéis, louva o Pai e o Filho, Jesus Cristo, por causa da grandeza do seu amor.
O amor com o qual ele nos dá a vida com todas as suas riquezas. O amor com o
qual ele nos salva do pecado e da morte e nos promete a felicidade eterna; uma
felicidade que já começa a sentir quem, apesar dos sofrimentos da vida, crê,
espera e ama.
João A. Mac Dowell S.J.
http://www.redemptor.com.br(2009)
EDITORA
SANTUÁRIO
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