PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+) |
De onde
vêm as estações da Via-Sacra?
Podemos
dizer que o caminho de Jesus para o Calvário foi uma devoção muito cultivada
pela piedade popular, que acentuava a Paixão de Jesus como o ato salvífico e o
extremo amor de Deus por nós. Hoje percebemos que toda a vida de Jesus é um ato
salvífico, e a importância maior tem a ressurreição como base da fé e início da
grande caminhada da Páscoa.
Essa
mudança teológica trouxe a reforma litúrgica da Semana Santa, outrora tão
dolorosa, acentuando os passos de Jesus. A mudança não visava destruir o que
havia de piedoso, mas dar-lhe o devido lugar. Na verdade, certas devoções
acabaram ficando de fora e não mais se estimulou a celebração da Via-Sacra. Na
Pastoral, devemos ter sempre em mente o refrão: “Não tirar, quando não temos o
que colocar no lugar”.
A
Via-Sacra vem de longe, hoje ela tem 14 estações, mas já encontramos em
escritos antigos que já tivemos três dezenas de estações. Hoje, em alguns
lugares, já figuram 15 estações, a última lembrando Jesus Ressuscitado. Fazia
uns 200 anos que foram fixadas as 14 estações. Algumas nasceram de tradições e
costumes antigos, outras foram tiradas das escrituras e outras, ainda, de
lendas antigas, que não ferem a doutrina da Igreja.
Temos de
lembrar que o Evangelho não se preocupa com a exatidão histórica e sim com a
mensagem. Dessa forma, é possível que muita coisa só nos tenha chegado através
da tradição ou através dos livros apócrifos. Assim são as três quedas de Jesus,
a história da Verônica.
No século
X encontrou-se em Roma um lenço com a estampa do rosto de Jesus. Daí até o
século XIV decorreu o tempo suficiente para a formação da história do piedoso
gesto da Verônica, que, ao enxugar a face de Jesus, dele recebera a recompensa:
seu rosto estampado na toalha ou lenço. Não é contra a fé e não prejudica a fé.
Se existiu ou não a diferença que faz é pouca, mas não deixa de ser um gesto
formativo e piedoso.
Ninguém
tem obrigação de percorrer o caminho da Via-Sacra, mas também não podemos
condenar quem tem essa devoção. Até podemos aconselhar que pessoas tenham essa
devoção como um meio de interiorização do amor de Deus derramado de forma tão
abundante sobre nós.
A
meditação da Paixão, tão recomendada por Santo Afonso, ajuda-nos no crescimento
do amor a Deus e nos leva a darmos uma resposta de amor e compromisso. Por
outro lado, sensibiliza-nos e prepara-nos para termos em nós os mesmos
sentimentos de Jesus.
Lembramos
que a paixão do mundo é a paixão de Deus. Jesus continua hoje sua Paixão em
tantos que sofrem e formam a legião dos excluídos de uma sociedade sem Deus.
DO LIVRO:
RELIGIÃO
TAMBÉM SE APRENDE-VOLUME 6
Pe. Hélio
Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br(2009)
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