PE.JOÃO A. MAC DOWELL S.J. |
Porque a
Igreja mantém uma posição tão intransigente a respeito do divórcio, não
permitindo que as pessoas encontrem uma nova solução para a sua vida, quando o
primeiro casamento fracassou?
Este
assunto do casamento das pessoas divorciadas é muito complexo. Não posso tratar
agora de todos os seus aspectos. Baste dizer, por enquanto, que não foi a
Igreja que declarou o novo casamento de uma pessoa divorciada contrário à lei
de Deus. Foi o próprio Jesus que deu à Igreja esta orientação, como se lê no
evangelho segundo Marcos: Quem se divorcia da própria mulher e casa com outra,
comete adultério em relação à primeira; e se a mulher se divorciar do seu
marido e se casar com outro, também comete adultério (10,11s).Os homens sempre
reagiram mal diante deste ensinamento de Jesus, a começar dos próprios
apóstolos, que logo lhe retrucaram: Nesse caso é melhor não se casar! Jesus não
desconheceu a dificuldade. Mas também não cedeu, mantendo o seu ensinamento: Nem
todos são capazes de aceitar esta verdade, mas só aqueles a quem Deus deu tal
poder (Mt 19,10s). Este poder é o poder da fé: fé na vida eterna, que
relativiza os bens desta vida, inclusive uma coisa tão importante para a
realização humana como o amor conjugal; mas também fé na misericórdia de Deus,
que tem compaixão de quem pela fraqueza humana não consegue observar
completamente a sua lei.Por isso, a Igreja continua a reafirmar o ensinamento
de Jesus sobre o divórcio, apesar de todas as resistências. Mas, por outro
lado, procura tratar com toda a compreensão seus filhos e filhas que se acham
nesta situação difícil. Ela reconhece os divorciados que se recasaram como
membros da comunidade. Eles estão convidados a tomar parte na sua vida, na sua
liturgia, no seu serviço aos necessitados. A comunidade, por sua vez, deve
acolhê-los com carinho, sem ter a pretensão de julgar o íntimo de sua
consciência. Ninguém tem direito de considerar-se melhor do que o outro diante
de Deus.Entretanto, enquanto permanecem numa situação objetivamente contrária
ao ensinamento do evangelho, eles não podem participar daqueles gestos que
exprimem objetivamente a comunhão com Cristo e com a Igreja, como a eucaristia
e o sacramento da penitência ou reconciliação. A Igreja, com essas medidas, não
pretende humilhar nem punir, mas tão somente ser coerente com a verdade que
recebeu de Cristo. Deus tem outros meios para comunicar-se aos que o buscam de
verdade com um coração sincero.
João A. Mac Dowell S.J
João A. Mac Dowell S.J
EDITORA
SANTUÁRIO
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