Pe. João A.
Mac Dowell S.J.
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Sou
católica, mas acho uma falta de respeito para com meu filho batizá-lo, em vez
de deixar que ele faça a sua escolha quando crescer. Por que a Igreja insiste
em batizar as crianças?
Estou
certo de que a Sra. pretende o melhor para seu filho. Mas me desculpe, acho que
neste ponto está enganada. É uma ilusão pensar que ele vai crescer livre de
qualquer influência. Se os pais não oferecem uma orientação para os filhos, o
vazio será preenchido por outros: as companhias, a escola, a TV e todo o
ambiente que os cerca ao longo de seu desenvolvimento. É muito certo querer que
seu filho decida livremente o próprio destino. Mas é preciso ajudá-lo a fazer
uma boa escolha.
Educar
para a liberdade não significa deixar de indicar um caminho para a realização
pessoal. Significa apenas que os valores e atitudes não são impostos, mas
propostos, à medida que a criança vai-se tornando capaz de tomar verdadeiras
decisões. Tenho certeza que a Sra. deseja que seu filho seja honesto,
trabalhador, alegre, seu amigo, saudável e assim por diante. São valores que
gostaria que se desenvolvessem nele. Certamente toma também medidas para
facilitar este desenvolvimento, sem forçá-lo evidentemente.
Se
a fé cristã tem valor para a Sra., não poderá deixar de desejar transmiti-la a
seu filho. Na verdade, para quem crê de verdade, a fé, a relação pessoal com
Deus, a adesão a Jesus Cristo e a seu Evangelho, a participação na vida da
Igreja, são o que há de mais importante e decisivo na nossa existência. Por
isso, a Igreja insiste no batismo das crianças, para não privá-las dessa
riqueza. Naturalmente este gesto sacramental será incoerente, se não for
acompanhado pela educação cristã. Desde pequena é preciso que a criança se
acostume a gostar de Deus, a gostar de rezar e de fazer o bem aos outros, a
exemplo de Jesus e de tantos discípulos seus.
É
claro que estas atitudes não se despertam tanto com palavras, como com o
testemunho de vida. Não são tanto as explicações como as experiências
significativas que levarão a criança a adotá-las. Mas estes condicionamentos
positivos não eliminam a liberdade das escolhas que ela fará no campo religioso
e, em geral, no conjunto de sua vida. Servirão, porém, para neutralizar o
influxo de muitas outras mensagens, não raro destrutivas, que a bombardearão
continuamente. Se ela aprendeu a refletir e a orientar os seus impulsos
espontâneos de acordo com a verdade, a justiça e a solidariedade, fará a sua
escolha livremente. Esperemos que confirme através da adesão pessoal a Cristo a
fé que recebeu no batismo. A oração confiante, que traduz este desejo, é o mais
que podem fazer os pais diante do mistério da liberdade dos filhos adultos.
DO
LIVRO:
RELIGIÃO
TAMBÉM SE APRENDE
EDITORA
SANTUÁRIO
João
A. Mac Dowell S.J.
http://www.redemptor.com.br(2009)
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