PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+) |
Existe
agora uma sede de Deus?
No mundo
antigo, tudo o que havia de mais importante estava relacionado com a religião.
Na modernidade tenta-se deixar de lado a transcendência e se quer ficar apenas
com as coisas temporais. É a tentativa de se esquecer de Deus; o que importa é
o que acontece aqui e agora. Não se põe Deus no meio. Um fenômeno da
secularização. Parece que Deus está morto.
Tudo o
que se tem de fazer é se livrar das exigências da religião, da ética da
religião... Os que não chegam a tanto querem o assunto religião bem restrito
aos limites da sacristia. A humanidade pode resolver seus problemas, sem
aceitar os valores da religião.
Os meios
de comunicação se encarregaram de divulgar valores novos e de entulhar a cabeça
do povo com essas idéias. Hoje falar de Deus entra muito na esfera do
particular.
Mas não
se destroem facilmente valores que estão enraigados no coração das pessoas. A
marca da presença de Deus está em cada um, de forma indestrutível. Esse esquema
da morte de Deus não deu certo e hoje o povo se volta à procura do sagrado, do
divino.
Por todos
os lados surgem templos, movimentos, seitas, ondas místicas de interesse
religioso, programas de rádio e TV. Não se prendem a critérios, mas a procura é
muito grande. Por isso mesmo, muitas vezes não se chega a nada.
A
humanidade tem sede de Deus, e quanto mais se tenta afastá-la de Deus, mais ela
busca. Santo Agostinho dizia que nosso coração está inquieto até que descanse
em Deus.
Quanto
mais o homem se refugia dentro de si mesmo, mais sente necessidade de Deus. A
solidão mostra esse caminho. Mas não existe nada que leve o homem até Deus como
a experiência da dor. Quando se esgotam os recursos humanos, só resta um
caminho: admitir aquilo que a gente sempre fugiu.
Em
nenhuma época a procura de Deus é tão intensa como nos dias atuais. Uma procura
desarticulada, porque não se sabe bem onde procurar nem que Deus procurar. A
insatisfação cresce, e cresce também a sede de Deus.
Agora
fazemos a pergunta: É culpa só da modernidade esse pseudo-esquecimento de Deus?
Não seria o nosso modo de mostrar Deus, nossos conceitos sobre Ele, essa
teologia da recompensa e castigo, essa falta de coragem de se ter uma nova
linguagem religiosa, os motivos de chegarmos onde chegamos?
Como é
diferente o Evangelho quando diz: “A vida eterna é esta: que te conheçam a ti e
aquele a quem revelaste...” (Jo 17). Mas continuamos a dizer às crianças que o
céu é lá em cima...
Pe. Hélio
Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br(2009)
EDITORA
SANTUÁRIO
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