PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+) |
Todos
os maus pensamentos são maus?
Os
pensamentos e desejos fazem parte de nossa condição humana. É impossível não
pensar ou não desejar.
Quanto
aos pensamentos e desejos maus, Cristo deixou claro que não só é ilícito um ato
mau como o próprio desejo mau, mostrando que devemos procurar a pureza e
integridade em nosso interior.
Na
medida em que ganhamos em interiorização, a moral dos pensamentos maus se torna
mais exigente. Por outro lado não podemos exagerar no processo de
interiorização, preocupação exagerada com detalhes e distinção numérica dos
maus pensamentos.
Quando
tratamos de questões afetivas não é tão fácil cortar os maus pensamentos e
desejos em um piscar de olhos, como se fossem atos externos.
Precisamos
distinguir entre os verdadeiros desejos de se fazer algo mau e que talvez não
aconteça por falta de ocasião propícia e os desejos meramente imaginativos que
surgem espontaneamente no coração humano. Os desejos maus provocados nos levam
a crer que quem os produz esteja mais para um tratamento clínico do que em estado
mental capaz de gerar a maldade.
O
ensinamento de Jesus: “quem olhou com maldade, já pecou em seu coração”,
mostra-nos bem que o pecado está na maldade que permitimos se aninhe em nosso
coração. Não é preciso nem praticá-la. Mas fica claro que não se trata aqui de
reações espontâneas para as quais não cabe censura. Jesus condenou a maldade.
O
ser humano é uma unidade existencial, não cabe aqui ficar separando o interno
do externo, o que vai qualificar um pensamento ou desejo como mau é exatamente
a capacidade de querer o mal.
Ao
procurar fazer com que a pessoa se liberte de uma doutrina extremamente
moralizante, que produz bloqueios por meio de uma série de censuras e pressões,
não temos o intento de facilitar a libertinagem. Procurar esclarecer e orientar
não é favorecer desmandos.
Não
só deve preocupar-nos extirpar a maldade entre os desejos e pensamentos que nos
surgem, mas lembramos que também é bom nos impor a todo momento certa higiene
mental, dentro do que Jesus falou: “Se teus olhos forem sujos, todo o teu corpo
será sujo”. No fundo se trata de um cuidado e vigilância sobre nossos sentidos
sem cair na obsessão do que poderíamos chamar de “consciência doentia”, que
destrói a si mesma numa preocupação obsessiva em ver se consentiu ou não nos
maus pensamentos.
Não
somos anjos, mas pessoas de carne e osso, e assim como somos é que temos de
colaborar na realização do plano de Deus.
Pe.
Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br(2009)
EDITORA
SANTUÁRIO
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