PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+) |
Consumismo é
doença?
A
beleza e o conforto sempre exerceram um fascínio sobre as pessoas. Hoje é muito
duro e sofrido ver vitrines entulhadas de encantos e não poder comprar nada ou
quase nada.
A
propaganda faz as pessoas ferverem de vontade de comprar; ela entra e cria
nelas o mundo dos sonhos, das frustrações e acaba convencendo-as a comprar por
ou sem necessidade. A propaganda bem feita obscurece a razão e torna o
indivíduo um comprador compulsivo. É desse modo que se entra no consumismo
desenfreado ou no consumismo regulador do status social.
A
necessidade nem sempre verdadeira e muito mais necessidade criada faz com que
não se meçam as reais condições e as reais precisões. Quanta gente diz: Comprei
porque estava barato. A paixão é despertada por imagens vendendo felicidade,
paraísos fictícios ou situações irreais, mas, quando já perdemos a capacidade
de raciocinar, ninguém segura.
A
crise de energia elétrica por que passamos, quando tivemos de controlar os
gastos, demonstrou como tantas coisas consideradas necessárias tiveram de ficar
de lado e sem uso. A vida correu tão normal que muitos aprenderam a economizar
e viram as vantagens do controle.
Mas
é nas áreas do comer e do ter que verificamos mais a compulsão ao consumismo.
Uma verdadeira doença que faz comprar mesmo sem condições para pagar, obrigando
à renúncia de coisas muito mais importantes ou necessárias.
E
o que dizer dos que têm condições econômicas bem favoráveis e podem fazer girar
a máquina do consumismo acumulando pares de sapato, aparelhos de TV pela casa
inteira, requintes de bebida, alimentos e outros desperdícios em móveis e
roupas? O que falar de reformas de casa sem necessidade? Parece que o dinheiro
não conta, o que interessa é estar na moda, estar no momento.
Isso
tudo é intolerável, pois configura o supérfluo que pertence aos pobres e tem
destinação social. É igualmente intolerável nos pobres a mania de grandeza,
esse abrir de pernas mais do que as calças permitem.
Às
vezes penso que não se trata de mais um pecado novo, pois essas pessoas são
doentes, incapazes e psicologicamente desequilibradas.
Que
bom se pudéssemos rever nossas compras e conseguíssemos escapar da compulsão
por comprar, por possuir. Com muito menos se viveria pra lá de bem e feliz. É
bom lembrar o que diz São Paulo: “Tendo o que comer e com que vestir, estejamos
contentes".
Atrás
de nós há muita gente implorando um gesto de partilha livre e espontânea.
Pe.
Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br(2009)
EDITORA
SANTUÁRIO
Nenhum comentário:
Postar um comentário