quinta-feira, 22 de setembro de 2016

ACAMPAMENTO DESASTRADO


NERI PEREIRA DA SILVA
Acontecia cada uma...
Alguns filmes na tv faziam a nossa cabeça de adolescentes em 1969...Tarzan, Terra de Gigantes, Nacional Kid, o seriado Cimarrom pela Bandeirantes, e é claro que vez ou outra os padres nos deixavam ir ao cinema em Tietê...Fomos assistir " A volta dos sete homens " um bang bang de peso sem falar nos filmes de Giuliano Gemma. As trilhas no meio do bambuzal eram para nós os atalhos que valentemente percorríamos para pegar os bandidos encurralados lá embaixo no campinho perto do lago...eu e o José Silvio Sartori fabricávamos lanças com os bambús e saíamos atrás de inimigos...nos interessamos sobre os escoteiros e queríamos montar um grupo dentro do seminário...aventurar-se era a ordem do dia até que os padres nos permitiram realizar um acampamento. As barracas de lona de caminhão levaríamos junto na camionete até o local do acampamento. Sairíamos todos num sábado a tarde, armaríamos a barraca, dormiríamos e regressaríamos no domingo...e foi a classe toda...Descemos na altura onde havia pasto de animais próximo a um rio, acho que não era o Rio Tietê...Era uma grande corredeira onde o rio ficava bem largo e ali existiam algumas ilhas. Teríamos que atravessar o rio com as águas na altura dos joelhos, adentrar na ilha e ali armar as barracas...elas pesavam muito, carregávamos em duas pessoas. E foi nessa travessia que os perigos foram surgindo. Alguém pisou sobre um metal e gritou: " Pessoal acho que pisei sobre um revólver !", e abaixou-se descendo a mão até o fundo do rio trouxe o revólver...apontou na direção de um dos companheiros mas, um dos maiores, Ciro Leme de Jesus ou o Alfredo Gonçalves talvez, com rapidez tomou-lhe o revólver e apontando pro alto apertou o gatilho e saiu um estrondo...o menino ficou branco de susto abaixou a cabeça ouvindo uma pequena bronca. Todos ainda assustados continuamos a travessia até subir numa das ilhas e escolhido o local para armar a barraca todos se puseram a trabalhar..a tarde prometia..colocamos em prática o que tínhamos visto sobre os escoteiros....mas o céu foi ajuntando nuvens escuras fechando-se bem sobre as ilhas... Apressamos a montagem pois também já se fazia tarde, teríamos que deixar tudo pronto antes de escurecer... Veio a escuridão e de carona os pingos prometendo uma tempestade daquelas. E foi chovendo cada vez mais, todos se encolhiam dentro das barracas...o tempo havia esfriado e as águas do rio foram subindo, subindo e subindo.. .ouvíamos o barulho delas batendo contra os troncos das árvores até que começaram a invadir as barracas. Em poucos minutos todos já estavam fora das barracas sob a chuva que não parava nunca, pelo contrário se despejava aos montes e todos fomos obrigados a trepar nas árvores próximas e nos acomodar nas primeiras forquilhas mantendo o cobertor na cabeça. O grupo todo trepado parecendo mais um grupo de bugios dependurados e esparramados pela mata enquanto as águas lambiam os troncos arrastando galhos, folhas e tudo que encontrava em seu percurso...Fiquei sentado numa grande forquilha de um pé de angico, joguei o cobertor nas costas, abracei o tronco pra não cair e ali todos passamos a noite até amanhecer e o sol vir nos ajudar a ver os estragos...cada um foi se desarborizando e esticando as pernas doloridas pela posição em que passara a noite...As barracas estavam judiadas e enroscadas nos galhos rentes ao chão...mais trabalhos para lavar e dobrar prá viagem de volta....Hoje me pergunto: " que doideira foi aquela?" Garotos de doze a quinze anos correndo riscos...haja anjos da guarda prá tomar conta de todos nós...mas fica uma interrogação ainda: era o Rio Tietê ou o Rio Sorocaba, se alguém se lembrar dessa aventura vai nos elucidar a memória. Neri
Caro amigo, agradeço antecipadamente pelo meu atrevimento em publicar esse rememorável texto no nosso blog TÁVOLA REDONDA DOS SEMINÁRIOS..Ierárdi
Cara de pau!...pública depois agradece..kkkkk..esquenta não António, somos da mesma família..nem precisava agradecer. Neri
Meu amigo, conheço bem os amigos....principalmente aqueles que tiveram a mesma fonte de instrução que eu tive.....e...."tô" de olho!!!!! Ierárdi
Kkkkk essa fonte será que ainda existe? Neri
Lamentavelmente não....hoje os SEMINÁRIOS MENORES...estão fechados.... tornaram-se pousadas e casas de encontros!!!! Ierárdi
Acho estranho isso e não compreendo quando observo meus vizinhos aqui na serra( os arautos do evangelho) construindo seminários( visitei um deles) com muitos seminaristas na faixa de treze aos vinte amos com as disciplinas que tínhamos ha quarenta anos atras..Neri
Pois é, meu amigo...no meu tempo éramos mais de 200(DUZENTOS)...Todos os lugares da capela e do refeitório eram ocupados por seminaristas.E o que é mais importante...os professores de todas as matérias eram somente padres da congregação redentorista...De repente achou-se que havia grande prejuízo, pois apenas 10% chegavam ao sacerdócio...Lamentavelmente nunca refletiram que dos outros 90% de ex-seminaristas estavam sendo formadas e geradas famílias direcionadas e praticantes da religião católica...além da boa cultura que nosso país passou a receber...Hoje, pós Concílio Vaticano II, quando a permissividade passou a ser bem recebida nos meios eclesiais, essa base de educação também passou ser considerada ultrapassada e até retrógrada.... Entendo que esta seja a grande resposta que ninguém do meio quer ouvir!!! Ierárdi
Caríssimo Ierardi, não era isso que diziam. Eles afirmavam, e isso ouvi da boca do Pe.LIbardi, que a cada cem, um chegava à vida religiosa e 99 eram formados para o mundo. Esse investimento está impresso na UNESER. Adilson Cunha
Meu amigo diácono, sempre defendi a tese que na manutenção dos seminários menores está a maior e melhor obra social da congregação. pois os 99 formados para o mundo fizeram 99 famílias de onde sairão outras 99 famílias e todos com a orientação religiosa e cultural do seminário...assim é o celeiro de fieis católicos...pelo que se pode notar nos encontros patrocinados ou não pela UNESER....Particularmente, saí do seminário por orientação do meu confessor Pe.Azevedo. Formei uma família de onde surgiram mais três famílias e vêm vindo mais dos 4 netos....Ierárdi
Estive nessa aventura. Foi no rio Sorocaba. Muito legal a recordação. Hélio Reis
Pior noite que passei. Neri
Que bom! Coragem e esforço. Foi essa turma que foi para a Foz do Iguaçu nos anos 73 , cuja padre aventureiro era o Escudeiro? Adilson Cunha
Nós mesmos!! Éramos doze, você e o Pe. Escudeiro. Foi no começo de 1973, saímos de Tietê e terminamos a viagem em Aparecida.Ubaldo Bergamim
Fomos em 69.Neri
Começo de 1973 Neri, formamos em 72, foi presente de formatura.Ubaldo
Fomos em 69. Foz do Iguaçú..Ponte da amizade e Divisa c Argentina..Ponta Grossa e Cascavel.Numa perua Kombi. Neri
Isso não foi em 69. Eu estava na filosofia em Lorena. Deve ter sido nos anos 73. Adilson Cunha
Não...em 73 eu ja estava em Aparecida...ah sim...em 69 fomos para a casa dos pais do Marcos Escudeiro...entre 72 e 73 mas férias fomos para essa loucura aí.Neri
Neri Pereira da Silva, na verdade era a casa dos meus avós, pais do meu tio Pe. Roberto Escudeiro. Marcos Escudeiro
Olha, ia dizer exatamente isto, eu tinha 14 anos aí nesta foto, sou grato até hoje pela oportunidade de ter tido este aprendizado e muitos outros. Os calos e calos valeram para a vida toda.Francisco Vitarelli
Meu querido amigo Ierardi Neto toda vez que me deparo com suas pontuais reflexões, percebo que sobre sua ótica, as conclusões positivas superam em muito suas críticas por vezes até com uma dose de fel pouco comum a mentes sadia como a sua. Percebo sem muito esforço seu coração pulsar em reconhecimento e agradecimento ao passado que hoje o orgulha e engrandece sua família. Modestamente penso que se permitir que a balança seja mais propícia aos acertos do que aos desvios humanos e compreensíveis em nossa formação com os redentoristas, não só entenderá as divergências atuais mas também, para nosso deleite, desfrutaremo muito, mas muito mesmo, das riquezas que com certeza sua experiência e reminiscências ainda estão por florescer.Abraços fraternos. Antônio Galvão.
Caro sempre amigo e xará.Desculpe-me por abrir às vezes mais o meu coração do que a mente.Tenho sempre primado em não usar nada negativo na minha vida e , mais do que isso, fazer ofensas às pessoas, especialmente àquelas que conviveram comigo ou viveram onde vivi. Vou desabafar...Sinto-me de vez em quando até um pouco incompreendido. Isso porque hoje estamos em termos de religiosidade, que nos atinge diretamente pela formação que tivemos, em um difícil conflito de gerações...Essa divisão se apresenta quando se consideram aqueles que antecederam o Concílio Vaticano II(1965) e os que o sucederam. Assim, tenho sempre me manifestado no sentido daquela orientação que tive nos anos 1957 a 1962. Sinto muito a ausência de um bom debate, com observações equilibradas, tal como esta sua, quando poderíamos aclarar muita coisa e até apaziguar esse conflito. Quando frequentei os encontros da UNESER, insisti sempre em fóruns que debatessem as diversas incongruências que hoje surgem no âmbito da Igreja e até da própria Congregação Redentorista. Mas isso sempre será inviável pois há o temor de ofender-se a quem está acolhendo. Por outro lado,vou aproveitar esta resposta para dizer que de maneira alguma sou contra a UNESER e que estou lado a lado com a Congregação, divulgando diariamente a missão de confrades como Pe.Luiz Carlos de Oliveira, Pe.Flávio Cavalca de Castro, Pe.Clóvis de Jesus Bovo, Pe.Ângelo Licáti e outros...Um grande abraço!

A vida seminarista não era fácil.Valdir Brito

E tudo era aventura!!!!!Bom dia!!!! Diva Maria Hernandes 
Essa parte de nossas vidas foi maravilhosa. Aprendemos disciplina, responsabilidade ética respeito e liderança. Marcos Escudeiro
Momentos que nunca sairão das nossas memórias! Esse pensamento e essa conduta de vida deixou a Sandra, da NAHA viagens, apaixonada pelo nosso grupo. Essa forma de pensar e agir deixou a Sandra, da NAHA viagens, apaixonada pelo nosso grupo. Antônio CláudioFerreira
Neri, o episódio das barracas aconteceu em Cerquilho, num bairro que se chama Aliança, no rio Sorocaba. Eu me lembro que armamos redes nos galhos das arvores, e acho que foi o Albino, lidava com sua lanterna, e ao apertar as pilhas, a mola soltou, as pilhas pularam fora da lanterna, ele assustou, caiu da rede, dentro do rio!!! Ubaldo
A história é muito longa.Ma nunca vi um revólver molhado dar tiros?! Adilson Cunha
Tá me chamando de mentiroso? Neri
Cada um de nós tem muito para contar sobre a vida que levou no Seminário. Daria para escrever uma coleção de crônicas, relatos, etc e muitos livros. Oswaldo Marques
Mas realmente saiu o tiro, alguém deve ter perdido aquele revolver por aqueles dias, mas que saiu o tiro saiu. Neri
Lembro do juvencio o justiceiro do sertão...kkkkk José Luiz Santos
Isso ainda vai terminar em tiros, quero dizer, risos. rsrsrsrs "É mentira Terta?" Antônio Cláudio Ferreira
Desta da enchante eu não estava. Talvez outra turma...Minha classe era do Pe. Marcos Moser. Me lembro de subir pela margem do rio Tietê até uma grande pedra...mergulhar e descer nadando até a cidade. Uma vez sob chuva e raios. José Antônio Dias Filho
Você era da turma do Marcão? Quarta série ginasial? Turma do Savassa e Pé. Coutinho? Neri
O Savassa e o Pe. Coutinho eram da turma do Pe. Libardi. Minha turma tinha o Mantuanelli, Pedrinho de Patos de Minas e outros. Desse pessoal fui o último a sair...em 1976, depois de terminar a filosofia em Lorena. No colegial as duas classes se uniram em 71.José Antônio Dias Filho
Lembro-me do Mantuanelli Neri
Esse Mantuaneli é Chico? Diva Maria Hernandes
O próprio...que partiu pro Pai Neri
Bem cedo por sinal.Abs Neri.Boa noite Diva Maria Hernandes
Ele estava preparado....por isso foi colhido..Boa noite Diva Maria Hernandes Neri
Voltou um filme na minha cabeça, ehehehehhe mas lembro muito bem eu era o franzinho que pilotava o OSCOVÃO de Itu para lustrar aquele corredor interminável, mas chegando ao fut dava novo gás... mas até hoje não concordo com a distribuição dos trampos.... Reencontro sempre com o Marcos Escudeiro em SP, nós éramos da turma do MARCOS MOOSER.Louvável para O Bispo Salles e O Padre Antônio Deziderio.Luís Antônio Cândido José Antônio Dias Filho, eu sai em 1974, e morei eu Tietê de 70 a 72, você tinha apelido? Lembro de seu nome. Vc não é o Xará? Ubaldo Eu mesmo...Em 66 entrei ou fiquei em Pedrinhas. Mesma época do Ari Cestariolli, Milaré, Mantuanelli e...mais de 100!!! José Antônio Dias Filho

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