PADRE
HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+)
De onde
vêm nossas doenças?
A dor é
uma surpresa sempre. Por mais que se ensine que a dor é inerente à natureza,
quando acontece em nós fazemos um alarde: por que aconteceu isso logo comigo?
Esse “logo comigo” é a expressão do nosso egoísmo, pois se fosse com os outros
a dor não nos incomodaria.
A doença
revela a fragilidade da natureza humana, mostra sua capacidade e seus limites.
A grande luta da ciência está no prolongar a vida, no acabar com a dor, no
extirpar as doenças.
De quem
herdamos nossa natureza humana? Evidentemente herdamos de nossos pais tudo o
que havia de bom e o que havia de ruim, de fraco. Essa é uma das fontes da
doença: uma natureza enfraquecida só pode transmitir fraqueza, a propensão para
certas doenças, os desvios da hereditariedade.
Hoje
vemos como o homem manipula a natureza atrás do lucro. Há ganhos e perdas
irremediáveis: contaminação da atmosfera, destruição da camada de ozônio,
contaminação dos rios, dos alimentos, poluição ambiental, desequilíbrio do
ecossistema... E o nosso corpo é a vítima que não tem como resistir a tantas
agressões. Aparecem as doenças. E doenças cada vez mais enigmáticas e que não
conseguimos combater.
Podemos
falar de força de destruição que essas manipulações criam. Deus não tem nada a
ver com isso. Ele nos dá a vida, a capacidade de gerenciá-la. O que resolvemos
fazer é um problema que nos toca.
Muitas
doenças são criadas pela mente humana em desequilíbrio. O descontrole faz com
que as pessoas somatizem seus problemas, suas insatisfações. A falta de
motivação para viver leva as pessoas a enfrentarem situações dolorosíssimas. A
força da mente descontrolada projeta sobre o organismo a doença, que vem como
uma fuga, uma chamada de atenção sobre si, uma desculpa para viver ou uma
desistência de viver. É a incapacidade de enfrentar os problemas e as situações
imprevistas ou desagradáveis. Uma boa cabeça, um modo mais positivo de encarar
a vida e os problemas evitaria esses transtornos.
A doença
pode-nos levar a reflexões valiosas e ricas e pode-nos conduzir a um
amadurecimento pessoal. Nas doenças o desespero não ajuda. O que pode ajudar é
a solidariedade, a presença fraterna de pessoas abnegadas que se dedicam
caridosamente aos enfermos.
Temos
todo o direito de procurar a cura. Mas, quando devemos enfrentar a doença,
vamo-nos associar aos sofrimentos de Jesus na certeza de que ele continua em
nós sua história de paixão e de morte como caminho de ressurreição. São Paulo
diz: “Eu completo em meu corpo o que falta à Paixão de Cristo”.
Pe. Hélio
Libardi, C.Ss.R.
Editora
Santuário
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