PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+) |
Que
dizer da inseminação artificial?
A
pessoa humana é um mistério, carrega em si tantas contradições, conseqüências e
inconseqüência. Infeliz porque fez e infeliz porque deixou de fazer. A falta de
amor para acolher a vida torna o homem sempre insatisfeito. A exigência faz a
infelicidade.
Há
pessoas que não querem filhos e fazem tudo para evitá-los até mesmo contra
princípios éticos e morais. Aqui vale o não querer, a vida é elementar e não
vale nada. Há outras que não medem as conseqüências e fazem filhos irresponsavelmente.
Há outras que querem e não podem. E aquelas que não medem limites para
conseguirem um filho?
Ao
lado das pesquisas honestas, a ganância projeta o homem para a procura do
progresso além das fronteiras do racional. Hoje nos assusta pensar o que pode
nascer de experimentos humanos e da manipulação da genética.
Procurar
ter um filho por meios especiais, já que naturalmente não há condições, não é
um desejo irresponsável e anti-ético. O que já preocupa é a problemática de
embriões guardados em laboratórios. O que fazer com eles? Quem define o momento
em que se torna pessoa? Sabemos que há discussões sobre o momento da geração da
vida humana, não vamos resolver aqui a questão, mas queremos que tenha
consciência do problema quando se opta por usar meios que deixam muitas
questões em pé.
Respeitamos
a decisão madura de um casal, mas queríamos ver os outros ângulos do problema.
Um deles é o custo, que é proibitivo aos pobres. Entra aqui o interesse
econômico. E resta o grande problema dos embriões que sobram.
Podemos
achar mais que justo o desejo de gerar um filho, contudo não achamos que seja
uma violência aconselhar esses casais a olharem para tantas crianças
abandonadas buscando um lar onde possam ter uma vida digna, cheia de carinho e
afeto. Temos que pensar que algo não se torna bom e moralmente aceitável apenas
porque se tem condições para esse querer.
Há
um caminho mais curto, assumir um filho que não se gerou, mas que pede carinho,
amor e espaço para viver ao nosso lado. Esse é um amor não egoísta também.
Devemos pensar que ninguém é pai ou mãe apenas por ter gerado um filho. Quantos
assumem filhos de um casamento anterior e acham muito normal. O que importa é a
capacidade de elaborar novos laços afetivos; o que a natureza faz nascer em
nove meses, o sofrimento, o amor, a dedicação podem gerar ao longo dos dias de
convivência.
Os
filhos devem ser frutos de nosso amor e de nossa responsabilidade e não apenas
semente cultivada por nove meses.
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