sábado, 17 de setembro de 2016

RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE - BIOÉTICA - 2 -

PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+)
Que dizer da inseminação artificial?
A pessoa humana é um mistério, carrega em si tantas contradições, conseqüências e inconseqüência. Infeliz porque fez e infeliz porque deixou de fazer. A falta de amor para acolher a vida torna o homem sempre insatisfeito. A exigência faz a infelicidade.
Há pessoas que não querem filhos e fazem tudo para evitá-los até mesmo contra princípios éticos e morais. Aqui vale o não querer, a vida é elementar e não vale nada. Há outras que não medem as conseqüências e fazem filhos irresponsavelmente. Há outras que querem e não podem. E aquelas que não medem limites para conseguirem um filho?
Ao lado das pesquisas honestas, a ganância projeta o homem para a procura do progresso além das fronteiras do racional. Hoje nos assusta pensar o que pode nascer de experimentos humanos e da manipulação da genética.
Procurar ter um filho por meios especiais, já que naturalmente não há condições, não é um desejo irresponsável e anti-ético. O que já preocupa é a problemática de embriões guardados em laboratórios. O que fazer com eles? Quem define o momento em que se torna pessoa? Sabemos que há discussões sobre o momento da geração da vida humana, não vamos resolver aqui a questão, mas queremos que tenha consciência do problema quando se opta por usar meios que deixam muitas questões em pé.
Respeitamos a decisão madura de um casal, mas queríamos ver os outros ângulos do problema. Um deles é o custo, que é proibitivo aos pobres. Entra aqui o interesse econômico. E resta o grande problema dos embriões que sobram.
Podemos achar mais que justo o desejo de gerar um filho, contudo não achamos que seja uma violência aconselhar esses casais a olharem para tantas crianças abandonadas buscando um lar onde possam ter uma vida digna, cheia de carinho e afeto. Temos que pensar que algo não se torna bom e moralmente aceitável apenas porque se tem condições para esse querer.
Há um caminho mais curto, assumir um filho que não se gerou, mas que pede carinho, amor e espaço para viver ao nosso lado. Esse é um amor não egoísta também. Devemos pensar que ninguém é pai ou mãe apenas por ter gerado um filho. Quantos assumem filhos de um casamento anterior e acham muito normal. O que importa é a capacidade de elaborar novos laços afetivos; o que a natureza faz nascer em nove meses, o sofrimento, o amor, a dedicação podem gerar ao longo dos dias de convivência.
Os filhos devem ser frutos de nosso amor e de nossa responsabilidade e não apenas semente cultivada por nove meses.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.

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