PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR |
Que
pensar dos recasados?
Estamos
hoje diante de um fato: há muitas pessoas que deixaram seu casamento e estão
recasadas. Que pensar sobre essa situação e sobre esse segundo ou terceiro
casamento?
A
Igreja sempre ensinou que o casamento é sagrado, é uma graça que chamamos
sacramento. Essa graça transforma a vida num gesto de salvação e recria o amor
que alimenta e sustenta a fraternidade criada pelo próprio sacramento,
repetindo o gesto salvador de Jesus. Por isso insiste que se casem na Igreja e
permaneçam fiéis um ao outro, vivendo a santidade do sacramento.
Há
situações porém em que não foi possível manter o sacramento, se é que houve. E
agora o que fazer?
Primeiro:
há na Igreja a possibilidade de se fazer um processo canônico e estudar seu
casamento e perceber se foi válido ou não. No caso de não ter acontecido o
sacramento, por diversos motivos, a Igreja declara que seu casamento foi nulo,
sendo possíveis novas núpcias.
Quando
não se conseguir a declaração de nulidade, por tantos motivos, ou mesmo se não
foi possível fazer o processo canônico, dizem que a solução é a pessoa se agüentar
sozinha. Acontece que a vida coloca as pessoas diante de nova possibilidade de
se casar. E de fato acontece de se casarem e de viverem muito melhor que no
primeiro casamento. E agora, que dizer?
De
fato, há uma recomendação de que se vivesse só, procurando uma vida honesta e
correta. E essa recomendação continua. Antigamente os recasados não eram
aceitos na comunidade. E nos sermões se falava que estavam em pecado e que
deveriam separar-se para enfrentar a vida sozinhos. Muitas vezes esse separar-se
deparava com problemas de filho desse novo casamento e outras coisas.
Mas,
felizmente, a Igreja hoje nos orienta de um modo novo. Não podemos condenar
ninguém. Esse trabalho de julgar pertence a cada um no íntimo de sua
consciência. A consciência é um santuário íntimo onde cada um se conhece no
confronto com Deus e com o próximo. É determinante para a consciência a
convicção íntima diante de Deus: um direito inviolável, pois em sua consciência
a pessoa escuta a Deus que fala e lhe responde (Gaudium et Spes, 16).
Hoje
a Igreja nos orienta a acolher os recasados em nossa comunidade e recomenda que
participem naquilo que é possível, para que também eles possam santificar-se.
Sabemos que a Igreja continua afirmando a santidade do matrimônio, mas mostra
no concreto da acolhida o gesto de Jesus que acolheu a todos os que se abriram
para a Boa-Nova.
Assim
nem os recasados nem a comunidade vejam como um problema os que vivem tal
situação. É certo que temos de aprender essa nova prática sem emitir juízos,
como estamos acostumados a fazer. É preciso muito respeito e a percepção de que
nem tudo é feito por maldade ou por desrespeito aos ensinamentos da Igreja.
Oxalá pudéssemos seguir sempre, sem errarmos, as orientações de Jesus. Continua
válido: “atire a primeira pedra, quem não tem pecado”.
Pe.
Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br(2009)
EDITORA
SANTUÁRIO
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