PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+) |
É
possível amar os inimigos?
Há coisas
que assustam os que refletem um pouco. Essa necessidade de amar, que é algo
inerente ao homem, parece ser das coisas mais impossíveis, que cedem sempre aos
interesses pessoais e de grupos. Dizemos velhas fórmulas, mas continuamos a
amar aqueles que nos são simpáticos, cativantes, semelhantes a nós. Não
conseguimos amar os irritantes e não conseguimos pensar bem dos outros e não
deixamos de estar sempre julgando que os outros estão contra nós e são nossos
inimigos.
As
maiores religiões desse planeta falam de amor aos inimigos, mas tudo acaba
ficando sobre nosso critério. É impressionante como o ódio cresce com rapidez
no coração da humanidade e tudo leva facilmente ao ódio, tudo se transforma
numa ameaça constante.
De fato
temos inimigos, é preciso admitir, temos que localizá-los, conhecê-los para saber
como tratá-los. Devemos porém admitir que nós também somos inimigos; há pessoas
que nos temem, não confiam em nós, nos detestam. É tarefa difícil nos vermos
desse lado.
O que é
mais impressionante é que sempre estamos olhando para os outros, encontrando
culpados, apontando os responsáveis, sem olharmos para nós e perguntarmos se,
por acaso, não fomos nós que causamos o estrago ou geramos tal situação.
Há
situações que desencadeiam novas situações cada vez mais violentas, frutos da
mesma árvore. Sempre usamos desculpas para justificar nossas atitudes e sempre
queremos estar com a razão. É chocante ver como as pessoas lutam pela vida,
pelo conforto sem olhar para os outros, se vão perder o que tem ou se vão
passar necessidades. O egoísmo fala muito alto dentro de nós.
Parece
que o fundamental é a análise. Desde que a pessoa perceba a realidade que ele
provocou ou pode provocar, aí está a chave para a solução. Quem não analisa,
não percebe e certamente vai continuar no mesmo caminho e vai achar que está mais
do que certo agir como age.
O segundo
ponto de solução está na escala de valores que usamos. Se a dignidade da pessoa
não conta, mas só conta a luta pela vida, então vamos agir como animais. A
saída está fechada.
O
terceiro ponto está na oração que interioriza os valores, conscientiza sobre
novos valores, abre o coração para nos desarmarmos diante de situações
conflitivas, difíceis e até injustas.
Se não há
mudança de mentalidade, certamente vamos destruir o mundo pela violência
institucionalizada ou pela violência que geramos cada dia. Infelizmente as
lições do mundo atual não estão sendo suficientes para nos convencer que
precisamos procurar o caminho do amor aos inimigos.
Pe. Hélio
Libardi, C.Ss.R.
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