1-O
começo!
Era 1953...Órfão de
pai há quatro anos, com nove anos de idade, uma irmã de dois anos menos e uma
mãe que iria prosseguir na batalha da vida, agora sozinha, conduzida pela
obrigação maternal de criar os dois filhos, dando-lhes o presente bem melhor
que o passado, na perspectiva do futuro consistente sobre promissor . (....e
ela conseguiu...)
Em contato com sua
chefe, na creche do Lanifício Fileppo, indústria de tecidos no bairro do Belém,
em São Paulo-SP, encontrou um lugar para deixar-me em tempo integral, isto é,
internado. Era o Orfanato ( depois: Instituto ) Cristóvão Colombo, que está no
bairro do Ipiranga, à rua Dr. Mário Vicente.Uma casa de padres carlistas, ordem
cujo patrono é São Carlos Borromeo, que abriga por internato órfãos,
direcionando-os para o caminho da Verdade e Vida!
Ali fiquei por quatro
anos, continuando meus estudos do período primário e começando a aprender um
pouco mais das coisas do Pai. Uma vez por semana, pegava o bonde em seu ponto
inicial, em frente ao Instituto de Cegos Padre Chico, no Ipiranga, e ia até o
seu final à Praça João Mendes, com destino à Igreja de Santo Antônio, na Praça
do Patriarca, onde ajudava, durante o dia nas missas e outros serviços de
sacristia como dar informações, vender velas, recolher o dinheiro deixado nas
imagens e pedir às pessoas que não permanecessem nos degraus da entrada.
Comecei a conhecer
ali que a vida, ainda que, decorrendo de forma precária, pode ser vivida com
muita alegria e dignidade.
Esse modo de vida
aliado à necessidade de liberar minha mãe para o trabalho trouxe-me até
Aparecida-SP, ao Seminário Redentorista de Santo Afonso em 1957.
Foi vocação?
Entendo hoje que não.
Mas a convivência nesta nova casa começou a germinar em mim o ideal
missionário, no nascer de minha juventude: SER PADRE, MISSIONÁRIO,
REDENTORISTA, SANTO!
Em todos os meus
movimentos estava sempre presente em forma falada ou escrita essa aspiração (
ainda agora ressoam essas palavras no timbre da voz do Pe. Brandão em meu
consciente!).
Que coisa bonita! A
vocação religiosa redentorista começava surgir!
Foi-me indicado um
lugar para dormir e guardar minhas roupas e objetos...Mas isso era
temporário....
2- Os dias na
Pedrinha!
Que lembranças tenho
daqueles dias...
Tinha vindo ao seminário para ficar internado, considerando que minha mãe
precisava trabalhar após a morte de meu pai.
Fui para o PRÉSSA,
PRÉ-SEMINÁRIO SANTO AFONSO, na Pedrinha.
A princípio, fiquei muito assustado por não ficar nos cômodos bem instalados do
SSA, SEMINÁRIO SANTO AFONSO, em Aparecida. Temi por não conseguir acostumar-me
viver num local tão isolado da cidade, meio frugal, zona campestre...Vi um
campo de futebol com algumas árvores ao lado e piscina sem azulejos, com ilha de concreto no meio....
Dormitórios muito
simples, poucos banheiros, refeitório escuro...Capela bem diferente....
Era a minha primeira
impressão negativa, após ter conhecido o SSA.
De repente surge o
Pe.Brandão, sisudo, circunspecto e nos fez a primeira preleção...Era o primeiro
e inesquecível diretor!
Tudo designado, lugar
na capela, no refeitório, no dormitório, no salão de estudos...comecei a
ambientar-me...
Fui tomando gosto...A simplicidade de vida começou a fazer parte de meus
sentimentos e o entusiasmo por isso ia brotando...PADRE,MISSIONÁRIO,REDENTORISTA,SANTO!
Era nosso ideal....Era nossa vocação....
Em seguida, conheci
um padre que falava baixinho, óculos pendurados no nariz, cabelos meio
encaracolados... era o confessor e orientador espiritual...o Pe. Antônio Borges....
De repente, surge um outro, um tanto discreto e até meio tímido, a princípio,
seria o professor de matemática, o Pe.Fernandes....
Para completar, também de óculos, meio escuros, com as mangas da batina
arregaçadas e olhar muito penetrante, era o Pe.Furlani, o ecônomo polivalente,
era um “pé de boi”.
Esta equipe de
orientadores daria início à minha formação cristã e cultural, quando estava
saindo do período de infância...Que sorte! Que “time”! Com certeza foi o início
perfeito para quem estava começando a escolher o que ser na vida...Surgia a
vocação religiosa naquela congregação que prima pela disciplina, obediência,
pobreza e objetivo na conquista das almas, pelas missões...
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