quinta-feira, 30 de setembro de 2021

O QUE O SEMINÁRIO NOS PROPORCIONOU

Engraçada a vida, ela nos proporciona momentos de reflexão, nos traz surpresas, nos leva a caminhos inimagináveis, estabelecemos metas e o imponderável prevalece. Saí do seminário, sem rumo e nem beira, ingressei na primeira opção surgida, Letras Clássicas na USP, péssimo, a São Francisco estava lá, aberta aos conhecedores de latim, português, francês, teria levado de letra, fui mal orientado. Lá na Maria Antónia, a frequência não era controlada, compareci muito pouco às aulas, tirei nota máxima no latim, português e grego. Procurei meios de sobrevivência, trabalhei no Banco Popular do Brasil e na Secretaria da Fazenda. Em 1959, passei no Banco do Brasil, salário excelente, vou-me embora para Goiás, demiti-me do estado. Malas prontas, recebo um recado do Obreton, francês, meu professor de grego. Fora escolhido, se me conviesse, para frequentar Sorbonne e especializar-me na língua grega. Que bela oportunidade para quem não quis ser padre, professor de grego. Fui-me embora para Morrinhos, trilhei uma carreira bem sucedida, fui bancário, gestor, aposentei-se em boa situação. Só para finalizar, formei-me em economia ,fui instrutor de contabilidade em minha empresa, momentos em que me senti professor, não de grego, mas de algo nunca sonhado e aprendido, não em Sorbonne, mas na vida. Alexandre Dumas
Caro Alexandre Dumas Pasin de Menezes, sempre que vejo depoimentos de meus ex-colegas de seminário, me vêm à cabeça milhares de pensamentos, inclusive se deveríamos mesmo ter saído, pois que eu saiba ninguém foi expulso e a maioria saíu por vontade própria como entrou. A verdade que tivemos uma educação direcionada fielmente ao sacerdócio e não a uma carreira publica. E fomos educados para sermos os melhores, e éramos os melhores, então saímos pensando que sendo os melhores iríamos nos dar muito bem na vida mundana. Mas acontece que ninguém nos avisou que fora também existiam pessoas tão melhores como nós, mas até melhores. Então a confusão e ficávamos sempre à espera de algo muito bom que poderia nos acontecer, mas tudo era muito difícil. Conheço ex-colegas que entraram no Banco do Brasil, onde para entrar era uma luta, e depois de alguns meses de trabalho pediram demissão. Era excesso de confiança e saíram à procura de algo melhor. Isso só demostrava insegurança. Eu mesmo tive bons empregos e por nada abandonava e nunca consegui ter algo como definitivo. Meus empregos nunca eram considerados definitivos mas como um meio e ir pra frente e que muitas vezes ia para trás. Penso que deveríamos ter pensado melhor nessa saída e abandonado um ideal que era de criança. Tenho certeza que se tivéssemos continuado, não seríamos medíocres nem acomodados. Abner
Abner Ferraz de Campos , que bom se tivéssemos continuado, a consagração, o sacerdócio, a vida religiosa na comunidade redentorista, a segurança de um futuro garantido pela nossa perseverança, a nossa cela, os nossos pertences, a nossa fé. Que bom vivermos entre irmãos, Deus provê e nos fortalece na esperança. Mas o imponderável acontece, ousamos, optamos por outros caminhos, tenho muitos pesadelos até hoje, volto e me encontro no seminário, quero sair, rompo barreiras, fujo, não quero mais ficar, foi uma lavagem cerebral, a minha fé esmaece, não quero mais acreditar.Alexandre Dumas
Alexandre Dumas Pasin de Menezes, comovente o que você escreve, só quem passou por isso sabe sentir e avaliar. Penso que isso acontece com muitos que passaram pelo mesmo, Você fala em lavagem cerebral, acho que não chega a tanto, e se foi não foi de caso pensado, foi para o melhor para a congregação. e não foi pensado na vida em si de cada um. sendo que uma boa percentagem saía. De minha turma de uns trinta, não me lembro, só ficaram uns cinco, nem sei mais. Mas temos que levar isso até o fim. Abner
Alexandre Dumas Pasin de Menezes e amigo Abner, como sempre compartilho as idéias de ambos e, quando vejo seus textos, até percebo que também segui o melhor caminho na minha vida. Como filho de mãe  operária/faxineira e viúva com dois filhos menores de 5 anos aos 23 anos de idade. Vivi internado por 10 anos, a princípio 4 anos no Instituto Cristóvão Colombo, no Ipiranga-SP, e depois mais 6 anos no Seminário Santo Afonso em Aparecida-SP. Nesse período, recebi as melhores orientações religiosas e culturais. Entrei para o SRSA na oportunidade de deixar minha mãe livre para seguir avante no trabalho de olho no nosso futuro. No SRSA tive salutar acompanhamento vocacional e a conclusão foi a que devia sair e formar uma família. Isso aconteceu letra a letra comigo e hoje tenho o orgulho de dizer que formei 3 famílias pelos meus filhos e outras 4 vêm surgindo pelos meus netos! Acredito que isso tenha ocorrido também com vocês, tirante o número de filhos e netos!... Um abraço! Antônio Ierárdi

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

ELES NOS PRECEDERAM- PE. JOSÉ LOPES FERREIRA CSsR

PE. JOSÉ LOPES FERREIRA CSsR
+29 de SETEMBRO 1940 
Um dos primeiros padres brasileiros da nossa província. Nasceu em Aparecida a 16 de dezembro de 1890. Aos dez anos foi recebido no recémfundado “Colégio Santo Afonso”. Em 1906 fez noviciado sob a direção do Pe. Lourenço Hubbauer, de reconhecida austeridade e não menor rigor. Após a Profissão iniciou seus estudos de Filosofia na Penha, indo depois para a Alemanha. Dedicou-se com afinco ao estudo da Teologia, interessando- se mais pela Ascética, pelo que se tornou profundo conhecedor das obras de Santo Afonso e do nosso Pe. Desurmont. Ainda na Europa, iniciou a tradução de “A Escola da Perfeição” mais tarde publicado pelas “Vozes”. Ordenado sacerdote em 31 de julho de 1913, voltou para o Brasil, iniciando suas atividades na Penha, onde ficou até fins de 1915. Bom orador, e ótimo missionário, trabalhou em Goiás, Araraquara e Penha, não se poupando no trabalho das Missões e Retiros. Em 1935 foi transferido para Aparecida, onde viveu seus últimos anos como redator de “O Santuário”, da “Liga Católica”, dos “Ecos Marianos” e do “Boletim Redentorista”. Filho de Pai português, Pe. Lopes nunca negou seu sangue: bom coração, sabia ser delicado e atencioso; mas quando necessário, era franco e sincero, falando o que sentia, e nada deixava para depois. Isso lhe deu, às vezes, incompreensões e aborrecimentos. Tenho de ser assim — dizia ele — para não ser hipócrita. Era homem que não usava restrições nem subterfúgios. Escrupuloso na observância do regulamento, fazia questão dos exercícios comuns, e seguia rigorosamente um horário para seus trabalhos e práticas de piedade. Amava sinceramente a Congregação, e sentia profundamente qualquer notícia desagradável a respeito de Superiores e confrades. Sua acentuada vida interior apareceu bem nos seus escritos particulares, em suas notas de retiros e o testemunho dos seus penitentes que não eram poucos, e dele diziam: “Exigente, compreensivo e piedoso”. Nunca foi orador de empolgar auditórios; mas foi pregador de exposição clara, comunicativo, que sabia prender seus ouvintes. Era nos retiros que ele se sentia mais à vontade, dirigindo-se à inteligência e reflexão de grupos, já que não se impressionava muito com o entusiasmo fácil das multidões. Como jornalista, era de um estilo todo original. Em suas mãos “O Santuário” foi sempre elogiado, pela ordem, clareza e conteúdo. Foi no dia 24 de agosto de 1937, quando estava ele escrevendo um artigo para o “Ecos Marianos”, que teve, de repente uma congestão cerebral, e foi levado para a Santa Casa de Guaratinguetá. Após dois meses de tratamento, conseguiu melhorar. Voltou para o Convento, e embora com dificuldade, continuou trabalhando na igreja e nos seus escritos. Como não chegou a recuperar bem os seus movimentos, seus três últimos anos foram de grandes sacrifícios. Mesmo assim não se dispensava dos exercícios comuns, andando com dificuldade, ia, todos os dias para o confessionário, e semanalmente fazia, no salão paroquial, a reunião da Congregação Mariana que ele mesmo fundara. Mas em agosto de 1940 começou a piorar sensivelmente. Quase não se alimentava. Tinha o coração inflamado, e complicações renais. Não deixava, porém, de celebrar sua missa e rezar seu Breviário todos os dias. Na véspera de sua morte, sofrendo muito quase sem poder respirar, concordou em ficar na cama. No dia seguinte, 29 de setembro (dia de São Miguel) com muito sacrifício conseguiu celebrar, sendo depois carregado para o seu quarto. Ainda rezou as horas menores do Breviário. Ao meio-dia recebeu a Unção dos Enfermos; a Comunidade foi avisada, e enquanto os confrades rezavam junto ao seu leito, ele fitou longamente o quadro de Santo Afonso, e expirou sem um gemido sequer.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

terça-feira, 28 de setembro de 2021

ELES VIVERAM CONOSCO - PE. ANTÃO (JORGE) HECHENBLAICKNER CSsR

PE. ANTÃO (JORGE) HECHENBLAICKNER CSsR 
+28 de SETEMBRO 1965 
Um confrade que soube elevar muito o nome da Congregação, não somente pela sua virtude, como pelo seu dinamismo. Tirolês austríaco, Pe. Antão nasceu a 5 de junho de 1880. Após seus estudos ginasiais ingressou na C.Ss.R. sendo ordenado em 1904. Saúde de ferro, e com uma extraordinária capacidade de trabalho, achou que na Europa não teria campo suficiente para a sua atividade. Veio, por isso, para o Brasil, logo após sua ordenação. E nunca mais voltou a rever a sua terra natal, tendo renunciado à respectiva licença para tal. Embora nunca o tenha revelado, sua longa vida nos deixou a impressão de que tinha voto de não perder tempo. “Sanctifica te pro Brasilianis, ut et ipsi sanctificentur per te” — esse o lema que o trouxe ao Brasil, escrito logo no cabeçalho do seu diário de viagem. E esse lema ele o viveu intensamente. Como Superior de Campinas (GO) foi de um zelo incansável, nas pregações, no confessionário, na construção do Santuário de Trindade, bem como da igreja de Bela Vista. E como se isso não bastasse, dedicou-se ainda à pregação de Missões e Retiros. Como Vigário da Penha distingui-se pelo seu zelo e caridade no trabalho de socorrer os pobres por ocasião da celebre gripe espanhola (1915-1918). Novamente como vigário em 1924 teve destacada atuação como mediador entre revoltosos e Governo, na revolução desse ano, bem como organizando a assistência aos pobres e necessitados, com a distribuição de gêneros e roupas. Como Superior e Vigário de Aparecida (1927-1932) apesar de todo o trabalho do seu cargo, tomou parte ativa no movimento de 9 de julho de 1932; promoveu o Congresso Mariano de 1929, e trabalhou intensamente para que Nossa Senhora Aparecida fosse declarada Padroeira do Brasil, a 16 de julho de 1930. De 1950 a 1956 foi, pela segunda vez, Superior e Vigário de Aparecida, muito fazendo pela Rádio e construção da nova Basílica. Como Missionário trabalhou em Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul, sempre com seu invejável entusiasmo e extraordinária disposição para o trabalho. Foi ainda diretor espiritual e professor no Seminário Maior de Tietê, participando também da Pastoral da Matriz ou nas Capelas rurais. Rigoroso consigo mesmo, jamais se dispensava do trabalho ou dos exercícios comuns. Com os confrades, ou com os estranhos, era sempre o religioso equilibrado, simples e atencioso com todos. Duramente provado pela idade e pela esclerose que não lhe permitiam qualquer atividade, passou seus últimos anos na Penha. Mesmo assim trabalhou com seu exemplo de conformidade, profundo espírito de fé e de oração. Nunca se dispensou do Breviário, rezando geralmente de joelhos, na Capela da casa; e quando já não podia mais celebrar, fazia questão de assistir a todas as missas que se celebravam na igreja. Somente pela sua grande energia e profundo espírito de fé pôde suportar esses anos de inatividade, sem uma palavra de queixa ou desânimo. Desse calvário, porém, Deus o tirou chamando- o para a glória eterna no dia 28 de setembro de 1965.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR
Foi vigário de Aparecida no tempo em que eu estava no seminário, meu pai, fotógrafo na praça, era muito amigo do padre Antão, certa ocasião autorizou-o com exclusividade a tirar fotos na gruta de Nossa Senhora no sopé do Morro do Cruzeiro, o negócio ia muito bem, mas outros fotógrafos foram ao padre Antão denunciar que meu pai não era devoto de Nossa Senhora e por isso não merecia aquele privilégio, isso o consternou muito, chamou meu pai e fez-lhe uma proposta, pediu que ele entrasse para a congregação mariana para calar a boca dos invejosos, papai não aceitou e deixou o ponto para um dos denunciantes que usava a fita azul.Alexandre Dumas

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

ELES VIVERAM CONOSCO - Pe. ÂNGELO LICATI CSsR

Pe. ÂNGELO LICATI CSsR 
*26 de Janeiro de 1928
+27 de Setembro de 2019
A Província Redentorista de Goiás está em luto pela perda de um de seus membros: Padre Ângelo Licati, de 91 anos(incompletos), não resistiu a uma intervenção cirúrgica, feita na última semana, para o tratamento de uma úlcera. O velório acontece na Basílica Santuário do Divino Pai Eterno em Trindade (GO), a partir do meio-dia.Em nota, o Superior Provincial de Goiás, Padre André Ricardo de Melo, pede que recomendemos a alma de Padre Ângelo em todas as orações nestes dias, especialmente, oferecendo missas em sufrágio. 
Mais sobre Padre Ângelo Licati 
Os números da sua vida são expressivos: mais de 70 anos de vida consagrada e 67 de sacerdócio.Padre Angelo nasceu em 26 de Janeiro de 1928, em Avaré (SP). Entrou para o Seminário em 1938, fez o noviciado em 1947 e foi ordenado sacerdote em 1952. Trabalhou como professor no Seminário Santo Afonso e no Santuário Nacional de Aparecida (SP). Missionário na Igreja da Penha, estudou Teologia Moral em Roma (1967), e dentre tantos outros trabalhos, foi Superior vice-Provincial da então vice-Província de Brasília por cerca de 10 anos.Em Trindade, exerceu o cargo de Reitor e Pároco. Os dois últimos lugares em que atuou foram Campinas e Trindade. Ultimamente, residia na Comunidade da Basílica do Divino Pai Eterno.
91 anos(incompletos) de vida, 72 anos de vida consagrada, e 67 anos de sacerdócio: estes são os números que acompanham o Pe. Ângelo Licati neste ano de 2019. Paulista da cidade de Avaré, filho de imigrantes italianos que vieram para o Brasil trabalhar nas fazendas de café. Em 1938, entrou para o seminário redentorista. Além da formação no Brasil, cursou Teologia Moral na Academia Alfonsiana, em Roma, na Itália. Trabalhou por muitos anos no Santuário Nacional de Aparecida, onde foi Prefeito de Igreja e Reitor. Também acompanhou pastoralmente os operários nas fábricas, na capital paulista. Entre 1961 e 1970, integrou a equipe de missionários itinerantes em Araraquara/SP, e colaborou com o início da Novena “Natal em Família”. Em 1976, foi transferido para Goiás, onde foi missionário itinerante, Superior Vice-Provincial (1985-1988), Reitor do Santuário do Divino Pai Eterno (1988-1994), vigário paroquial na Paróquia/Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Goiânia. Colaborador do Santuário Basílica de Trindade. Pe. Ângelo tinha a paixão pela pescaria e natureza, mas também pela leitura e a escrita. Além do português, estudou latim, espanhol, italiano e um pouco de francês. Devoto de Maria Santíssima, é o autor do livro “A caminho com Maria”, da Editora Santuário; na Scala Editora, é o autor do subsídio “Semana Santa nas Comunidades – Coordenada animada por leigos”.
NOSSO GUIA – FEVEREIRO/2017(atualizado)
Padre Ângelo era um dos meus chegados. ele gostava de jogar futebol quando eu era goleiro, pois todas as bolas que pegava passava para ele. e gostava quando eu dizia, vamos por fogo nisso. A última vez que o vi foi em Trindade, e, 97 ou 98, não me lembro. Um grande seguidor de Cristo.Abner Ferraz de Campos
MINHA NOTA ESPECIAL- Aos domingos, pela REDEVIDA, assistia às missas do Padre Ângelo Licáti. Ele era um perfeccionista do Evangelho! Explicava com segurança e detalhes todos os pontos da celebração. Às vezes até "estourava" o tempo previsto(1:30h), mas demonstrava que o mais importante deveria ser dito com prioridade.Quando benzia as imagens e objetos ressaltava que aquilo era apenas para ter em casa a lembrança do templo do Senhor! Ele agora está na melhor vida pois UMA VEZ REDENTORISTA, REDENTORISTA NO CÉU!!!! Antônio Ierárdi Neto
Padre Ângelo, devo-lhe uma homenagem. Foi meu prefeito, andava em má companhia, apoiava um grupo de má índole, quase todos foram convidados a sair, menos o delator que se tornou padre. Tivemos um atrito, me rebelei, respeitou minha posição. Saí do seminário, minha mãe morreu algum tempo depois, compareceu ao féretro acompanhado de vários seminaristas. Recentemente, nós nos vimos na novena de Nossa Senhora, identifiquei-me, ficou feliz.

domingo, 26 de setembro de 2021

ELES VIVERAM CONOSCO - PE OSCAR JACOB KRINDGES, CSSR

PE OSCAR JACOB KRINDGES, CSSR
* Porto Alegre 06.07.1916
+ Passo Fundo  26.09.2011 
Nenhum dos 10 filhos do casal Jacob Krindges e Maria Hortência Krindges lhes foi tão querido como o 4º, o nosso Pe. Oscar. Nasceu a 06.07.1916, em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Recebeu o Batismo aos 10 de julho do mesmo ano, em Porto Alegre. Nessa cidade cursou os estudos primários. Aos 27.02.1929 começou o seminário menor no antigo e recém-fundado Clementinum, em Cachoeira do Sul. Dentre os que começaram os estudos no Clementinum, foi o primeiro a ser ordenado padre.  Ele chama a si mesmo ”o primeiro fruto do seminário redentorista gaúcho”. Terminou os estudos secundários em Aparecida SP, aos 20.12.1934. Começou o noviciado em Pindamonhangaba SP aos 02.02.1935. Após intensa preparação, levada a sério, emitiu a primeira profissão religiosa em Tietê SP, aos 19.07.1936, cidade em que já tinha começado o estudo de filosofia no dia 03 de março do mesmo ano. Ainda em Tietê iniciou a teologia em 1938. A emissão da profissão perpétua, aos 09.02.1940, foi a porta de entrada para o diaconato (17.11.1940), conferido por D. José Carlos de Aguirre,  Bispo de Sorocaba. O mesmo prelado lhe conferiu, a 21.12.1940, o sacerdócio, também em Tietê.
Após a ordenação, foi professor no seminário Santo Afonso, em Aparecida SP, até 1942. De 1943 a 1945 derramou suor e preocupação como vigário paroquial na Penha, paróquia da capital paulista.
Em 1945, em Aparecia SP fez o ‘segundo noviciado’ como preparação para a atividade missionária, indo em seguida a Campinas e  Trindade GO,  como missionário e pároco de Palmeiras de Goiás.
Igualmente dedicou-se às missões populares de 1953 a 1955, quando residiu em S. João da Boa Vista SP. As missões populares o ocuparam de 1955 - 1957 em Cachoeira do Sul RS. Nesta cidade, além de reitor da comunidade religiosa redentorista, foi o 1º  pároco da nova paróquia Santo Antônio, da qual tomou posse a 01.01.1958. Voltou às missões populares, agora residindo em Lages SC a partir de 1960.
Como professor no Seminário Instituto Menino Deus em Passo Fundo foi estimado por suas aulas de história e de ciências naturais; foi  reitor da comunidade religiosa a partir de 1964. Montou o Museu do Seminário, pedindo e se interessando por imagens, pedras, antiguidades e animais. Por seu interesse em tudo isso, popularizou-se-lhe o apelido de “Pirata”, pois “salvou” muitas preciosidades para o museu.
Em 1972 foi um dos pioneiros da nova frente missionária que a Província de Porto Alegre teve de assumir na Prelazia – hoje Diocese – e Rubiataba GO, onde, como pároco de Crixás, construiu, entre outras coisas, a matriz local. Doente, cansado, pediu para voltar ao Sul, pois sentia “necessidade da comunidade”.
Residindo novamente em Passo Fundo, já em 1977, pediu para voltar a Goiás, porque
“eu não suporto essa vida de professor... sonho poder trabalhar no meio do povo simples e amigo como em Crixás”. Mas, a determinação do médico que não desejava que ele ficasse num lugar tão retirado de recursos, o fez continuar o tratamento da saúde no Sul. Em 1981 trabalhou na paróquia de Ibiaçá RS, onde terminou, como pároco, a construção do santuário de N. Sra. Consoladora, com torre e tudo o mais a que tem direito um lugar de romarias. Com a entrega dessa paróquia, pela congregação, à diocese de Vacaria (25.02.1984), Pe Oscar  voltou  residir em Passo Fundo. Ali, cuidou do museu, embelezou o seminário.
Em 1987 foi um dos fundadores da casa redentorista de Lontras, diocese de Rio do Sul SC, onde, como vigário paroquial, deixou rastros de amizade, esparramou a alegria na  visita às casas de família, catequizou jovens e  crianças e seus dotes de oratória eram bem apreciados.
Desde  1989 viveu em Passo Fundo, no Instituto Menino Deus, onde cuidava do acervo histórico da Província de Porto Alegre e do museu, cuidava do visual ecológico do terreno adjacente, se deliciava com as orquídeas, bromélias e pássaros, pesquisava a história da Congregação no Sul do Brasil. Cada ano, porém, durante os meses de inverno migrava para o norte do Brasil, especialmente à Bahia, diocese de Juazeiro, onde exercia bom trabalho pastoral nas desobrigas daquelas imensas Paróquias.
Homem de hábitos simples, fala fluente, gostava de enfeitar as conversas com piadas e brincadeiras. Enérgico na defesa de suas idéias, também sabia dialogar. Gostava de viver entre os jovens, já que sua jovialidade era contagiante. Apesar da idade provecta, relacionava-se bem com a juventude. Houve momentos de bom entrosamento; a diferença de idade, contudo, trazia seus conflitos, levados na esportiva por ambos os lados.
Amou a congregação redentorista, à qual serviu como superior nas comunidades,  conselheiro provincial e demais cargos comunitários. Procurou encarnar na vida o espírito de Sto Afonso, o fundador. A Constituição 20 da CSSR serve para um bom retrato falado do confrade: forte na fé, firme na esperança, sempre dado à oração, disponível para  urgências pastorais..... A Província de Porto Alegre lhe deve muito pelas benemerências em trabalhos de resgate da memória histórica.
A coerência é uma das dimensões da fidelidade em viver, sem rupturas, e acordo com o que se crê. A fidelidade deve passar pela prova mais exigente: a prova da duração. Tudo isso transparecia nele por ocasião dos 60 anos de sacerdócio (12.12.2000) e nos 75 anos de  vida religiosa (10.07.2011). Foram datas de duração suficiente para provar a fidelidade. Louvemos ao Senhor.
Faleceu a 26 de setembro de 2011, as 13,00 h, durante a comemoração do Bem-aventurado Gaspar Stanggassinger, enquanto estava internado na UTI em hospital de Passo Fundo, atacado de pneumonia. Contava 95 anos de idade. Paz e alegria ao servo fiel. 
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Pe Euclides
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sábado, 25 de setembro de 2021

Ir. José Alves de Almeida, CSSR (+) Autobiografia

Irmão José Alves de Almeida CSsR 
*16 de outubro de 1930
+25 de setembro de 2021 

No dia 16 de outubro de 1930, nascia José Alves de Almeida, filho de Floriano Alves de Almeida e de Etelvina Maria da Conceição, nascido no município de Serra Branca, Paraíba. Éramos em quatorze irmãos, oito deles mulheres e seis homens. Onze deles já estão mortos e três vivos. Fui o primeiro a sair de casa com 22 anos para São Paulo. Em São Paulo trabalhei por oito anos. Ganhava dinheiro e mandava para os meus pais que moravam na Paraíba com os meus irmãos, porque éramos pobres e sem recursos. Durante este período de oito anos fiquei sozinho em São Paulo trabalhando de pintor e dormindo na casa dos outros. Com o passar dos anos, meus irmãos vieram também para São Paulo. Nós morávamos todos juntos em Emerindo Matarazzo. Estávamos indo bem no serviço e logo compramos um terreno onde construímos dois cômodos e lá ficamos nós e os outros que vinham para a nossa companhia. Tive a ideia de todos nós mandarmos dinheiro para os pais. E a vida foi assim: todos trabalhavam e mandavam dinheiro para os pais.

ELES VIVERAM CONOSCO - IRMÃO JOSÉ ALVES CSsR

Irmão José Alves de Almeida CSsR 
*16 de outubro de 1930
+25 de setembro de 2021 
Em 21 de janeiro de 1962, com 32 anos de idade,
 definitivamente no semnário do Potim-SP
Homens que escolheram seguir a vida religiosa podem exercer a vocação de duas formas, sendo padres ou irmãos. São homens que dedicam suas vidas a cuidar da comunidade a que pertencem. O quadro Em Nome da Vida, exibido no Programa Pai Eterno desta quarta-feira, 26, mostro como vive e trabalha o Ir. José Alves de Almeida, Missionário Redentorista, que vive a serviço da Igreja em Trindade (GO). Um chamado não menos importante que o presbitério é o chamado para seguir a vocação de irmão. Com 50 anos de vida religiosa, Ir. José vive na Casa Paroquial de Trindade e conta que tinha 31 anos quando decidiu seguir esse caminho. “Demorou seis meses, mas eu disse que quando eu entrasse, eu não voltaria mais para a vida ativa. Desde 1961, que eu entrei e nunca mais tive vontade de voltar”, lembra. Ir. José ingressou na Congregação em Aparecida do Norte (SP). Ele é paraibano, e está em Trindade desde 1978. Sempre servindo com fé a devoção ao Divino Pai Eterno, a rotina dele é de muito trabalho. Ele ajuda a cuidar da Casa Paroquial, do Santuário, e também auxilia os padres. “Faço compras, levo os doentes na Vila São Cottolengo, trabalho na horta”, comentou. Os irmãos redentoristas assumem os mesmos votos que os padres. São missionários que se colocam inteiramente a serviço da comunidade, junto ao povo. “O sinal é porque precisa. Quando é chamado tem que ir”, declara Ir. José.
Nosso querido Irmão José Alves sintetizou bem a proposta da vida missionária redentorista: - foi um homem de oração totalmente dedicado às coisas de Deus com suas devoções e missa diária; - foi um homem da fraternidade, sendo irmão de fato entre os confrades; - foi um homem da missão no sentido mais amplo e profundo, pois realizava cada tarefa por causa do Reino anunciado por Jesus. Que seu exemplo de reza e trabalho inspire nossos dias na Congregação. E que o Senhor o acolha no convívio dos Santos. Amém.Vicente de Paula Alves
Irmão José fica eternizado como o israelita fiel. É o tipo de personalidade que a Escritura Sagrada chama de "pedra angular"; os clássicos denominam de "coluna" e nós o conhecemos como "esteio"... e José foi o esteio de "aroeira do Sertão". Resistente física, integível, espiritual e emocionalmente. É um "Víto Curzio" que resistiu com sabedoriaa a virada e o pós Concílio. Homem bom; figura ímpar; redentorista forte integralmente. Ir. José, exemplo de redentorista, rogai por nós! Ir. José Mauro Maciel, C.Ss.R.

ELES VIVERAM CONOSCO - PE. LUIZ ÍTALO ZÔMPERO CSsR

PE. LUIZ ÍTALO ZÔMPERO CSsR 
+25 DE SETEMBRO 1981 
Natural de Brotas-SP, nasceu em 23 de dezembro de 1934. Em 1942 sua família já estava residindo na vizinha cidade de Pederneiras-SP onde freqüentou a Escola Paroquial. Ingressando no Seminário Santo Afonso em 1944, recebeu o hábito em 1952 e fez os estudos superiores em nosso Seminário de Tietê, onde foi ordenado a 1º de julho de 1958. Durante alguns anos Pe. Zômpero trabalhou como professor e vice-diretor do S. R. S. A.(*) Posteriormente esteve como cooperador na Penha, e em São João da Boa Vista como missionário, ocupando-se também com os cursilhos. Daqui seguiu para o nosso Seminário em Goiás, e em 1978 foi vigário da nossa paróquia em Goiânia. Deixando o cargo de vigário, assumiu a direção da Rádio Difusora, tornando-se bastante conhecido através dos seus programas, sempre apreciados; e durante esses anos colaborou também no “Santuário de Aparecida”. De Goiás, Pe. Zômpero veio trabalhar na Rádio Aparecida. E foi a serviço da R. A. que, no dia 25 de setembro (1981) foi encontrar a morte, na estrada São Paulo-Curitiba. Capotando por duas vezes o carro em que viajava ao lado do motorista, fraturou ele diversas costelas, com grave lesão na coluna. Levado às pressas para Curitiba, faleceu ao dar entrada no hospital. Foi sepultado em Aparecida. Sua morte, repentina e violenta, foi muito sentida, principalmente pelos seus confrades que, nele viam um grande companheiro, sempre alegre, ativo, e disposto para qualquer trabalho. Deus o chamou quando tinha ainda muito para dar. (Comunicado do Governo Provincial) 
(*)Pe. Zômpero possuía porte físico excelente e foi exímio futebolista. O esporte, aliado à sua simpatia pessoal, foi o caminho para muitas amizades e para a pastoral entre os jovens. (nota do editor)
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR.

Padre Zômpero, ordenado sacerdote em 1958, iniciou os trabalhos como mestre no SRSA. Como todos podem lembrar-se, aos domingos havia a famosa "festinha" após o jantar, quando treinávamos nossa comunicação de púlpito por meio da oratória e declamação de poesias. Recordo que numa dessas ocasiões, Pe.Zômpero presidiu o evento e coube-me ser um dos oradores. Fiz um discurso com tema da FÉ, ESPERANÇA e CARIDADE tendo como base uma historieta que li de artistas da Ópera de Paris. Padre Zômpero elogiou minha apresentação e solicitou-me cópia para seus futuros sermões (naquele tempo dizíamos "sermões" ao invés das "homilias" de agora!). Saudosa memória! Esteja em paz, padre amigo! Antônio Ierárdi Neto - Tampinha
Amigo Ierardi, padre Zômpero foi também meu professor de música e nestas festinhas que você citou eu tive que fazer um solo. Eu sempre fui muito tímido, mas tive que fazer aquele solo. No palco do auditório, quando todos pararam de cantar eu cantei sozinho o famoso lá lá lá lá, lá lá lá lá lá. Nem sei como consegui, só sei que consegui. tanta gente boa que gostava de cantar, ele foi escolher justamente eu. E me lembro que o Natal teve que cantar uma música (Al di lá...) e ele escreveu na palma da mão para não esquecer e aí eu que tinha que declamar um poema fiz a mesma coisa, escrevi na palma da minha mão para não esquecer a letra. (era sobre a palavra "tempo", onde "tempo" aparecia várias vezes) Mas era um bom amigo e lembro-me que no esporte tinha uma coisa interessante, padre naquela época não podia tirar a batina preta de jeito nenhum (a batina branca ainda estava sendo liberada) então ele arregaçava a batina, prendia no cinto da batina dos redentoristas e era assim que ele jogava bola com agente. Ele nos conquistava através dos esportes. Todos gostavam muito dele. Pena ter morrido tão cedo. Abraços do amigo, Natanael de Jesus Criado.
Zômpero, vulgo "Pirulito" foi de meu tempo, estava ele na quinta série e eu na primeira, convivemos por três anos, nunca nos comunicamos em virtude da separação de turmas, maiores, médios e menores. Eu admirava sempre os mais velhos, eram exemplo de fé e perseverança, dele só me lembro da alegria sempre estampada no rosto e o espírito esportivo. Reencontrei-o posteriormente em Trindade na missa das nove, celebrada pelo padre Alexandre Morais, conversamos após a cerimônia e nos identificamos, ele se propôs a entrevistar-me na rádio onde ia conversar com os romeiros, exatamente como era feito na Rádio Aparecida pelo padre Vitor, recusei pela urgência que tinha em voltar para Morrinhos. Despedi-me e infelizmente só fui reencontrá-lo alguns anos depois enterrado no cemitério de Aparecida próximo ao túmulo de meus pais, os redentoristas têm várias sepulturas naquelas proximidades, coincidentemente ali também se encontrava o padre Alexandre Morais.Alexandre Dumas
Foi meu professor. Cuidava de meu caderno financeiro (créditos e débitos). Depois de Aparecida veio para a Rádio Difusora de Goiânia. Tive a oportunidade de lhe fazer uma visita. Olavo Caramori Borges
Meu querido mestre de música e grande tenor. Deus esteja contigo. Vagner Gaspar
Um dos meus grandes mestres lá no SRSA..e jogava bola com a gente....Grande Pe. Zompero! Ivanir Vicari
E jogava bola com a batina levantada na frente e presa no cinto. Natanael de Jesus Criado
Era a compulsoriedade do uso da batina que demonstrava a todo momento a presença do sacerdote ainda que dentro de um campo de futebol participante do jogo....Lembra-me isso a presença do nosso estimado Servo de Deus Padre Vitor Coelho de Almeida, que um dia jogou entre a turma dos maiores...de batina em pontas presas á cintura...e.....fez um gol de cabeça!!!! Comemorou alegre como criança!!! Ierárdi
Tive a honra e privilégio de conhecer a ambos no SRSA..joguei bola com Pe. Zômpero e assisti uma partida do Pe Vitor Coelho...todos com a batina amarrada. Ivanir Vicari

ELES NOS PRECEDERAM - PE. LOURENÇO HUBBAUER CSsR

PE. LOURENÇO HUBBAUER CSsR 
+25 de SETEMBRO 1944 
Um dos Redentoristas mais conhecidos da nossa Província pela sua cultura e virtudes. Pe. Lourenço nasceu a 29 de novembro de 1872, em Muntersgrub (Alemanha). Admitido ao noviciado C.Ss.R. em 1888, professou no ano seguinte e veio para o Brasil antes de terminar seus estudos. Aqui chegou com a primeira turma de redentoristas bávaros, em 1894, indo logo iniciar a fundação de Campininhas (GO). No ano seguinte foi ordenado, dedicando-se então ao apostolado missionário. Voltando para São Paulo, foi o primeiro Superior e Vigário da Penha. Pe. Lourenço não se distinguiu como missionário; mas foi um incansável pregador de Retiros para sacerdotes e religiosas. Muito procurado também como Diretor Espiritual, colocava seus dirigidos no célebre dilema: ou progredir, ou desistir, pois ele não podia compreender tibieza ou covardia no serviço de Deus. Durante anos preocupou-se com a catequização dos japoneses no Brasil. Estudou a língua, e trabalhou entre eles em fazendas de Roseira e Pindamonhangaba. Era como um zelo todo particular que atendia os doentes, mesmo que para visitá-los, tivesse que percorrer as maiores distâncias. Em seus últimos anos empenhou-se com muito entusiasmo pela introdução da causa de beatificação da Madre Teodora Voiron, fundadora do Colégio São José, de Itu. Com arteriosclerose, e sofrendo do coração, viu-se ele obrigado, durante quase quinze anos, a passar as noites numa cadeira de balanço, na qual conseguia apenas cochilar um pouco. Nossa Província muito lhe ficou devendo, pelo seu trabalho como Mestre de Noviços, durante anos. Foi ele quem formou nossos primeiros padres brasileiros, com mão firme e segura, na Escola Redentorista de Santo Afonso. Vindo, um dia, de Itu, para São Paulo, Pe. Lourenço parou em Pirapora; e aí, quando subia a escadaria da igreja, sofreu um derrame, com violenta queda sobre os degraus. Trazido imediatamente para São Paulo, e internado num hospital, não reagiu mais, apesar do tratamento. Faleceu aos 72 anos dos quais 49 vividos em intensa atividade. Foi sepultado na Penha, e hoje seus restos mortais estão em Aparecida.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

ELES NOS PRECEDERAM-JÚLIO MACHADO BRAGA, BATALHADOR INCANSÁVEL, ANTIGO SEMINARISTA E OBLATO REDENTORISTA

Há um provérbio popular que diz que”Elogio, em boca própria é vitupério” Mas o apóstolo São Paulo também afirma que “A verdade também é humildade” Por isso, sinto-me à vontade para, hoje, falar alguma coisa sobre meu pai, para este jornal, principalmente, sendo a pedido de outrem. José Machado Braga, Zezé Braga, Oblato Redentorista 
*01 de julho de 1892
+24 de setembro de 1938

Sorocaba, terra do brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, aclamado governador da então Província de São Paulo, em 1842, foi também o berço de outro ilustre cidadão que, mais tarde, muito ilustrou e engrandeceu o nome desta nobre e leal cidade de Aparecida, a Terra da Padroeira do Brasil. Chamava-se JÚLIO MACHADO BRAGA e nasceu no dia 1º de julho de 1892. Seus pais, Domingos Braga e Mathilde Machado Braga, de origem muito humilde, tiveram nove filhos, que criaram com muito amor e carinho e nos quais incutiram um grande amor para com Deus e uma educação religiosa muito sólida e profunda, que incluía também uma grande e filial devoção a Nossa Senhora. De sua infância, em Sorocaba, quase nada sabemos. De seus pais, recebeu, na alma e no coração, as sementes de sua religiosidade que, em respeito humano e sem esmorecimentos, fez brotar e florescer muitas virtudes durante a sua curta existência. Em 1907, a família BRAGA, deixando Sorocaba, chegou a Aparecida e aqui se fixou, transcorrendo, pois, neste ano da Graça de 2007, cem anos de sua chegada a Aparecida, marcando, com sua vida de virtudes e trabalhos nas mais diversas áreas religiosas e sociais, sua presença dentro da grande família aparecidense. Aos quinze anos de idade, papai entrou para o Seminário Santo Afonso, aqui em Aparecida, onde foi aluno estudioso, esforçado, de gênio alegre e bondoso, de tal sorte que, em pouco tempo, logo granjeou a estima dos mestres e formadores, os severos, mas piedosos padres alemães e a de todos os demais seminaristas. Além de se distinguir nos estudos, também se distinguiu nas apresentações teatrais, notadamente nas comédias, cujos papéis interpretava com humor e naturalidade. Terminado o Curso das Humanidades, como era chamado o que hoje é o ciclo dos primeiro e segundo graus, firme no propósito de ser, um dia, sacerdote e missionário redentorista, santo, recebeu o hábito religioso redentorista, como era de costume na época, e foi fazer seu noviciado, sob a direção do experiente padre Carlos Hildebrand, no Convento de Bom Jesus dos Perdões, cidade que hoje é mais conhecida, simplesmente, pelo nome de Perdões, São Paulo. Embora a cidade e a região fossem de clima excelente e muito salubre, a saúde de Julinho, como meu pai foi carinhosamente chamado e conhecido até o fim de sua vida, não era satisfatória e, como os cuidados recebidos não surtissem efeito, aconselhado pelos superiores, viu-se obrigado a abandonar a carreira eclesiástica e esperar nova oportunidade. “O Espírito estava pronto, mas a carne era fraca”. Sempre muito dedicado aos redentoristas, por algum tempo prestou-lhes serviços no Santuário de Nossa Senhora da Penha, em São Paulo. Regressando a Aparecida, por volta de 1914, manteve a convivência com os padres redentoristas. Durante cerca de dez anos, até a sua morte, Lecionou Latim e Português no Seminário Santo Afonso, sendo professor de muitos seminaristas que se tornaram ótimos missionários, contando-se entre os ainda vivos(*), Dom Pedro Fré, bispo emérito de Barretos(SP), Dom José Rodrigues de Souza, bispo emérito de Juazeiro(BA), padre José Oscar Brandão e alguns outros que ainda trabalham na vinha do Senhor. Dentre os vivos e atuantes, conta-se, ainda, o padre Luiz Inocêncio Pereira, que acaba de completar seus 93 anos de idade e 66 anos de santo sacerdócio. Aliás o padre Inocêncio, até hoje, ainda se orgulha de ter sido aluno de meu pai. Cada vez que se encontra comigo anuncia para todos os circunstantes: “Eu fui aluno do pai desse homem”.(**) No dia 6 de janeiro de 1934, Dia de Reis, recebeu de Roma, do Superior Geral da Congregação Redentorista, na época. Padre Ptritius Murray, o título de “Oblato Redentorista”, honraria essa que encheu sua alma e coração de grande e profunda alegria e de não menor gratidão à Congregação que ele tanto amava e à qual ele tanto sonhou pertencer: afinal, tornava-se membro da Família Redentorista, não como padre ou irmão leigo, mas como cidadão engajado e fiel aos seus ideais missionários, alfonsianos. Diploma esse, todo redigido em Latim, que a Família guarda com toda a veneração, gratidão e respeito. Foi o segundo oblato leigo da Congregação, na Província de São Paulo, sendo precedido apenas pelo ilustre senhor João Maria de Oliveira César, camareiro secreto de Sua Santidade o Papa Leão XIII, digno tesoureiro do Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, também muito amigo e benfeitor da Congregação Redentorista. Com o preparo intelectual e moral que meu pai recebera, fácil lhe foi ocupar lugar de destaque na imprensa local, colaborando no Jornal “Santuário de Aparecida”, do qual foi também gerente. Estimado na sociedade aparecidense, logo descobriu na humilde e modesta professora Marietta Vilela da Costa, também profundamente religiosa, católica praticante, a pessoa que poderia, como esposa, ser a mãe de seus filhos e formar com ele o consórcio perfeito de um lar cristão. Assim é que, diante do trono de Nossa Senhora Aparecida, no dia 27 de dezembro de 1919, casou-se com aquela virtuosa professora, com a qual ficou casado durante 19 anos e a qual lhe deu oito filhos. Estava formado mais um lar essencialmente cristão e a educação que os virtuosos pais deram aos filhos proporcionou a todos um crescimento e um amadurecimento profundamente cristãos e normais. Meu pai, preparado como era, batalhou incansavelmente pela emancipação política de Aparecida. Exclusivamente para isso, jornalista que era, fundou um jornal combativo, “A LIBERDADE”, no qual exercia todas as funções, desde a redação até a revisão e paginação, incluindo, ainda, a faxina da sala de trabalho. Durante quatro anos ele, sozinho, manteve o jornal, escreveu todas as matérias, alimentando na alma do povo o desejo cada vez maior da emancipação da cidade, do vizinho município de Guaratinguetá. A sua luta e seus suores não foram em vão: a sonhada e suspirada independência política de Aparecida aconteceu no dia 17 de dezembro de 1928 para grande regozijo de toda a população que, lembro-me muito bem, saiu às ruas cantando e comemorando a realização de um sonho há bastante tempo acalentado. É claro que essa emancipação política de Aparecida não se deu pelos esforços somente de meu pai, mas houve a conjugação de esforços de um punhado de homens e de mulheres, denodados batalhadores, que queriam o melhor para a cidade de Aparecida. Não foi o resultado dos esforços de qualquer outro, individualmente, mas de uma equipe de emancipadores. Meu pai foi um batalhador desde a primeira hora. Não esmoreceu um só momento, como outros também não esmoreceram. Lutou bravamente. Em 1929, tendo sido convidado, com insistência, para fundar um Colégio na cidade de Lins, São Paulo, para lá se transferiu com toda a família, isto é, com a esposa e com todos os filhos ainda pequenos. Fundou lá o Colégio São Luiz, o qual cresceu, prosperou e, pelo que sei, parece que se transformou em abalizada Faculdade. Lins não era, então, a cidade moderna e progressista que é hoje no Noroeste do Estado de São Paulo e, depois de algum tempo, meu pai compreendeu que o regresso a Aparecida se impunha, ainda mais que os amigos de cá reclamavam a sua presença, os antigos companheiros de lutas lhe acenavam com uma Coletoria Estadual. De mais a mais, o que mais pesou foi o transtorno que ocorreu na saúde dos filhos, dadas as asperezas do clima de lá. Voltou , assumiu a Coletoria, para o que não lhe faltavam competência e honestidade. Mas, também depois de algum tempo, por injunções políticas, essa coletoria passou para outras mãos. Nesse mesmo ano de 1929, seus amigos redentoristas, conhecendo a formação humanística de meu pai, convidaram-no para lecionar Português e Latim para as séries mais adiantadas do Seminário, que eram as que correspondem ao Ensino Médio. Deu aulas até 1938, ano de sua morte. Em 1932 foi nomeado prefeito da cidade pelo Governador de São Paulo, cargo esse que executou com grande dedicação e não menos esforços com probidade e zelo. Calçou muitas vias públicas, remodelou toda a antiga praça Nossa Senhora Aparecida e, se outras fossem as circunstâncias de seus dias de governo, maiores teriam sido, sem dúvida, as suas realizações. Basta dizer que naqueles tempos prefeitos não dispunham de carros do ano, de outras viaturas para os serviços dos diversos setores municipais e lembro-me muito bem de como eu “pegava carona” em algum cavalo que retornava às cocheiras da prefeitura, conduzido por um funcionário municipal. Em qualquer cargo que ocupasse, de prefeito, de coletor estadual, de jornalista ou de professor, a sua consciência jamais fê-lo dobrar-se ante exigências de políticos influentes. Em 1931, quando a verdadeira imagem de Nossa Senhora Aparecida foi levada triunfalmente à capital federal, que ainda era no Rio de Janeiro, para ser proclamada oficialmente pelo presidente da República, a “Rainha e Padroeira do Brasil”, coube também a meu pai, ao lado do comendador Salgado, do professor Chagas Pereira, do Sr.João Barbosa, do Sr.Benedito Barreto, a honrosa incumbência de ser um dos porta-estandartes da gloriosa e venerada imagem. Sempre preocupado também com o lado social da vida dos cidadãos, quando da fundação da Santa Casa de Misericórdia de Aparecida, prestou relevantes serviços a esse empreendimento e foi um ativo membro das primeira “mesa provedora” daquele hospital. De saúde sempre um tanto precária, seu estado agravou-se no segundo semestre de 1938, inclusive por efeito de circunstâncias políticas que não me agradam relembrar agora. Os cuidados e desvelos da família e os recursos da medicina não conseguiram deter o agravamento e a marcha acelerada da enfermidade. A hora de receber o prêmio de uma vida toda consagrada a Deus, à família e à prática do bem, havia chegado. Sempre assistido pelos seus amigos redentoristas, que lhe ministraram os últimos sacramentos, fechou tranquilamente os olhos para esta terra para contemplar Deus e a Virgem Maria no céu. Estava tão lúcido, tranquilo e sereno que ainda teve a preocupação de puxar um pouco para cima o lençol que o cobria para que o sacerdote que o assistia lhe ungisse os pés. Suas últimas palavras foram: “Isso me fará bem”! E partiu, sem agonia. Os carrilhões da Basílica Velha tocavam o Ângelus do meio-dia, do dia 24 de setembro, Dia de Nossa Senhora das Mercês. Era um sábado! Já se passaram 69 anos. As lágrimas derramadas à beira de seu túmulo caíram no esquecimento. Silêncio completo se fez sobre seu nome durante muito tempo. Lembro-me de que em uma das legislaturas municipais de alguns anos atrás, num dia de aniversário da Emancipação Política da cidade, os nobres senhores vereadores de então resolveram fazer uma homenagem aos emancipadores falecidos com uma romaria ao cemitério local. Mas nos seus andares pelo campo santo, não conseguiram descobrir o túmulo de meu pai e, assim, ele ficou sem as sentidas preces dos piedosos romeiros.  
(*) Como este artigo foi publicado em 2007, Dom Pedro Fré CSsR já é falecido desde 3 de abril de 2014 e Dom José Rodrigues de Souza CSsR já é falecido desde 9 de setembro de 2012. 
(**) Padre Luiz Inocêncio Pereira CSsR já é falecido desde 10 de janeiro de 2009 
ALEXANDRE DUMAS PASIN
Ierardi, há tempo, eu queria falar com você sobre uma matéria que tenho em mãos sobre um antigo seminarista, cuja história foi publicada em 15 de julho de 2007 num jornal de Aparecida, história essa contada por seu filho também ex-seminarista e oblato José Machado Braga. Trata-se de Júlio Machado Braga, nascido em 1892, que entrou no seminário em 1907 e teve uma trajetória muito bonita, tornando-se, após sua saída , oblato e professor do seminário. Numa reunião Eneser em 2007, cheguei a propor que ele fosse declarado patrono da Uneser, foi aceito de direito, mas não de fato. Entreguei um exemplar do jornal para o Staliano, mas não sei se ele publicou na Uneserinterativa. Como você coleciona história da vida de ex-seminaristas, poderei lhe ceder um exemplar do jornal, só não sei como fazer para enviá-lo. Alexandre Dumas
ANTÔNIO IERÁRDI NETO
NOTA: Esse texto foi publicado num jornal de Aparecida em 15 de julho de 2007 . Foi-me encaminhado pelo Alexandre Dumas para divulgar. Assim, como mantenho neste blog a publicação da biografia dos SEMPRE redentoristas, sacerdotes, irmãos religiosos e antigos seminaristas, que nos precederam ou que viveram conosco, vamos lembrar a todos os interessados, a cada dia 24 de setembro, a vida desse antigo seminarista que, egresso por motivo de saúde do Seminário Santo Afonso, sempre esteve ao lado da Congregação e de Nossa Senhora Aparecida até o seu passamento. Esse texto, pois, será publicado novamente no dia de sua morte, 24 de setembro e rememorado em todos os anos que nos for possível fazer.

ELES NOS PRECEDERAM - PE. LOURENÇO GAHR CSsR

PE. LOURENÇO GAHR CSsR
+24 de SETEMBRO 1905 
Foi o primeiro Superior e Vigário redentorista de Aparecida. Nascido a 25 de março de 1829, teve ótima educação, distinguindo-se desde criança pela sua seriedade e amor aos estudos. Em 1840 foi admitido num Colégio Beneditino em Metten (Alemanha) onde estudou alguns anos, como um dos melhores alunos. A 15 de outubro de 1856 professou na C.Ss.R. terminando seus estudos de Teologia no ano seguinte. E a 6 de maio de 1860 foi ordenado sacerdote. De 1871 a 1873 foi Superior da casa de Helldenstein. Mas sobreveio, por esse tempo, a supressão de todas as casas redentoristas na Alemanha, devido à perseguição religiosa. E, até 1894, Pe. Lourenço teve que sofrer muito, já pela situação político- religiosa, já pelo seu estado de saúde bastante abalado. Mesmo assim ofereceu-se para vir com a primeira turma para o Brasil. Já estava com 64 anos, quando aqui chegou, ficando adscrito à primeira fundação, em Aparecida, como Superior e primeiro Vigário, sendo também Consultor do primeiro Vice- Provincial, Pe. Gebardo, que fora iniciar a segunda fundação, em Campinas, Goiás. No ano seguinte, porém, a sede da Vice- Província foi transferida para Aparecida, onde Pe. Gebardo, assumiu a direção da Casa e da Paróquia, indo Pe. Lourenço para Campinas, então chamada “Campininhas”. Com a idade avançada, quase cego por uma oftalmite que o martirizava, tornando-o impaciente e desconfiado, Pe. Lourenço viu-se bastante provado, fazendo sofrer também seus confrades e seus paroquianos. Em 1898 voltou para Aparecida, devido à situação e a sua cegueira. Passou então a rezar diariamente a Missa de Nossa Senhora, pouco podendo trabalhar na igreja. Foi, porém, um apoio seguro para o Vice-provincial, como Consultor esclarecido e prudente. Agravando-se cada vez mais a sua cegueira, Pe. Lourenço começou a retirar-se de tudo e de todos, passando quase o dia todo na Capela. O Terço não lhe saia das mãos, chegando a rezá-lo quinze a vinte vezes ao dia. Fazia questão de tomar parte de todos os exercícios comuns, mesmo a custa de grandes sacrifícios. Provado interiormente, começou a julgar-se abandonado de todos, e mesmo de Deus, como um homem inútil, indigno da salvação eterna. Somente recobrou a paz e a confiança nos últimos meses de vida. Poucos dias antes de sua morte, arrastandose foi ainda ao quarto do Superior, e lhe pediu bênção “Benedicite” para fazer a sua viagem para a eternidade. Faleceu a 24 de setembro de 1905. E se não pôde dar à Vice-Província grandes realizações, deu-lhe certamente a bênção dos seus longos anos de sofrimento.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

ELES VIVERAM CONOSCO - PE. NOÉ SOTILLO CSsR

PE. NOÉ SOTILLO CSsR
+23 de SETEMBRO 1996 
Pe. Sotillo nasceu a 13 de março de 1921, em Cerquilho-SP, na Fazenda Estiva. Foram seus pais: Luiz Sotillo e Maria Bellini. Era o décimo primeiro dos dozes filhos do casal. Entrou para o Seminário Santo Afonso, em Aparecida, no dia 31 de março de 1936. Tendo recebido o hábito no dia 01 de fevereiro de 1943, fez o noviciado em Pindamonhangaba-SP. Fez a primeira profissão no dia 02 de fevereiro de 1944 e cursou filosofia e teologia no Seminário Maior Redentorista de Tietê, onde fez a profissão perpétua no dia 12 de fevereiro de 1947. Foi ordenado sacerdote no dia 06 de janeiro de 1949, em Sorocaba-SP. pelas mãos de D. José Carlos de Aguirre e cantou sua primeira missa solene em Porto Feliz-SP no dia 09 de janeiro de 1949. Seu primeiro trabalho pastoral foi como vigário cooperador na Penha em São Paulo de 1950 a 1951, quando foi ser vigário cooperador em Aparecida. No primeiro semestre de 1952 fez o segundo noviciado em Pindamonhangaba e iniciou a pregar as Missões Populares, adscrito sucessivamente às comunidades missionárias de Araraquara, São João da Boa Vista, Penha, Tietê, Araraquara, Jardim Paulistano, percorrendo o Brasil até 1965. Em setembro de 1965 foi nomeado superior da comunidade e pároco na Penha. Lá ficou até dezembro de 1966, quando os Redentoristas deixaram a Paróquia e Santuário de Nossa Senhora da Penha e a entregaram à arquidiocese de São Paulo. No dia 01 de janeiro de 1967 foi nomeado tesoureiro e administrador no Santuário de Aparecida, ao lado de Dom Antônio Macedo que, depois, lhe entregou toda a responsabilidade da administração do Santuário e da construção da nova Basílica. Lá ele ficou até 01 de dezembro de 1989 e realizou uma obra gigantesca. Começando praticamente do nada, foi ele que criou toda a estrutura administrativa e deu nova vida e novo ritmo à construção do grande santuário. Foi uma mudança que fez com que se agilizasse a construção. Creio que, por justiça, se deve reconhecer que, se hoje existe o grande santuário, em grandíssima parte se deve à capacidade e ao trabalho do Pe. Sotillo. Foi ele também que se preocupou em construir toda a infraestrutura para atendimento dos romeiros, que hoje causa admiração a todos os que visitam o Santuário de Aparecida. Ninguém pode imaginar quanto trabalho, quanta preocupação e quanto sofrimento ele teve de enfrentar, sempre guiado por uma grande fé, um grande amor a Nossa Senhora e uma energia de gigante. Desempenhou o cargo de Conselheiro Provincial de 1976 a 1979. Em dezembro de 1989 retirou-se para o Jardim Paulistano, onde ficou como vigário paroquial, sendo também superior da comunidade de 1991 a 1993. Em dezembro de 1995, atingido, sem, nenhum pré-aviso, por insidiosa doença, teve de ser internado no Hospital Sírio-Libanês, por causa de uma obstrução biliar. No dia 19 de dezembro foi operado, mas os médicos verificaram que não havia mais nada que fazer: um tumor no pâncreas muito adiantado, que não possibilitava nenhuma intervenção. Saindo do hospital foi para a casa da família do Sr. Narciso Sotillo e de d. Elisinha que, com muito amor e carinho, lhe deram toda a assistência possível. Os prognósticos dos médicos lhe davam de seis meses a dois anos de vida. Aparentemente ele se recuperava, lutava e tinha esperança de sarar completamente. Continuou indo freqüentemente ao Jardim Paulistano e se interessando por tudo, com seu proverbial bom senso e sua experiência. Celebrava diariamente sua missa e rezava muito... Quantas vezes era encontrado com o terço na mão, caminhando de um lado para o outro. Fez várias visitas para rezar em Aparecida. Todos sabemos que por detrás de modos às vezes bruscos, o coração do Pe. Sotillo era de uma bondade e de uma caridade muito grandes. Isso ele não conseguia esconder sob seus modos enérgicos e diretos: no fim, sempre transparecia seu “coração de ouro”. Era alguém que não guardava rancores, que sabia perdoar e sabia também reconhecer e pedir perdão. Sempre disposto a ajudar os confrades e outras pessoas, mesmo quando recebia ingratidão. No dia 23 de setembro de 1996, mais ou menos às18 horas, Pe. Noé Sotillo voltou à casa do Pai, em Pouso Alegre MG, onde tinha sido hospitalizado após o agravamento repentino de seu estado de saúde. Para lá ele quisera ir em busca de alívio paras as dores que, nos últimos dias, lhe causavam atrozes sofrimentos. Ao sair da casa do Sr. Narciso e de d. Elisinha, ele dizia com alegria e esperança: “Vou buscar minha saúde!”. Não temos dúvida que a Mãe, Nossa Senhora Aparecida, e Santo Afonso, a quem ele amava apaixonadamente, o terão acompanhado aos braços e ao coração do Pai: “Servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor!”. (Do Comunicado Provincial de 27/09/96)
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

Quando o Padre Sotillo esteve na Penha, como vigário cooperador, dirigiu a equipe de acólitos (coroinhas). Nesse período, promoveu alguns passeios para estimular o grupo. Lembro-me de algumas vezes ele trazer guloseimas industrializadas raramente oferecidas aos coroinhas. Isso ficou indelevelmente marcado em minha memória. Zé Morelli