quarta-feira, 31 de agosto de 2016

QUANDO VEM A CHUVA

Pe. Flávio Cavalca de Castro, redentorista
Há pouco tempo ainda, nossa paisagem tinha pouco verde nos morros, e apenas os ipês a alegravam com suas manchas de ouro. Vinha logo à nossa lembrança as palavras do salmo: “Ó Deus, vós sois meu Deus, desde a aurora vos procuro. De vós tem sede minha alma, ânsia por vós minha carne, como terra deserta, seca e sem água.” (Sl 62,2)
Veio a bênção das chuvas, e o mundo mudou, e a terra sorriu colorida de verde. Não, não é sonho, de fato Deus pode fazer a diferença em nossa vida. Pode fazer renascer em nós a esperança, mesmo quando parece que tudo secou. Pode fazer germinar as sementes de nossos sonhos, explodir as flores em frutos.

Podemos cantar com o salmista: “Eu vos bendirei enquanto viver, em vosso nome erguerei minhas mãos. Eu me saciarei como num farto banquete, e com vozes de alegria vos louvará minha boca ... exulto de alegria à sombra de vossas asas.” (Salmo 62)

RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE - COMPORTAMENTO -17-

PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+)
Já fui católico e agora?
Há muitos assustados com o crescimento de seitas e denominações evangélicas. Sem estatísticas que comprovem, dizem que a Igreja Católica está acabando, porque em todos os lugares se abrem igrejas, salões, igrejolas com os mais variados nomes e tudo “em nome de Jesus". Pessoas qualificadas e desqualificadas se transformam em "Messias provisórios" oferecendo suas curas, proteção, milagres e uma teologia de consumo tipo "just in time" ou "fast food".
É certo que há uma multiplicação de ofertas religiosas, mas também é certo que há uma falta de critérios e de discernimento por parte dos adeptos.
Há uma insensibilidade em relação à verdade, que na hora do aperto pouco importa. No mundo hoje as pessoas têm pressa em resolver os problemas, mas não se procuram as causas. O que importa é livrar-se o mais depressa possível do problema, e de uma forma mais barata; encontrar uma solução, pouco importando de onde venha. Estamos dentro dos dois critérios que gerenciam a vida moderna: a rapidez eficiente e o prazer.
A Igreja católica não faz milagres, outras os fazem, ainda que provisórios. Daí a corrida para essas igrejas que anunciam a solução dos problemas através de milagres e sessões de descarrego. Como não há critérios, também não se pergunta se resolvem mesmo as dificuldades, de uma forma definitiva.
Outro ponto cansativo na Igreja católica é a questão do compromisso. Não é possível uma fé desvinculada do compromisso e descomprometida com a realidade. As pessoas não querem comprometer-se e pagam para que outros resolvam seus problemas.
Estamos voltando ao tempo em que se vendiam as indulgências ou em que se pagava para alguém cumprir a penitência recebida.
Aqui entra a questão dos mal-informados, que não se dão ao trabalho de conhecer o que sua religião ensina, por isso refugam diante do compromisso, do testemunho da fé, do compromisso com a solidariedade na comunidade.
Respeitamos a todos os que procuram a verdade de coração sincero. Repudiamos aqueles que não querem nada mais sério e que brincam com a religião e temos pena dos que ainda não acordaram que se trata de ser religioso e não de ter uma religião. Lamentamos por aqueles que vão e voltam e nos dizem: É tudo a mesma coisa, Deus é um só!"
Ao lado de tantos que borboleteiam de igreja em igreja buscando só e apenas seus interesses, vemos também aqueles que buscam com sinceridade a face de Jesus.Apenas lembramos São Paulo para os distraídos: "Você corre muito bem, mas fora do caminho".
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br(2009)

EDITORA SANTUÁRIO

terça-feira, 30 de agosto de 2016

RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE - COMPORTAMENTO -16-

PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR
Que fazer depois da aposentadoria?
Quantos são os sonhos daquele que sai de casa todos os dias para o trabalho quando começa a vislumbrar a chegada da época de se aposentar.
Duas realidades desfazem a alegria de quem poderia desfrutar dos sabores do sétimo dia. A primeira decepção é verificar para a maioria que a aposentadoria é pequena e até menor do que o salário que recebia. A segunda aparece mais tarde, é a preocupação do dia seguinte: que fazer no dia-a-dia? A grande maioria não consegue arrumar novo emprego.
Para o primeiro caso não há remédio, enquanto o país estiver nas mãos de espertos e permanecer numa sub-cultura. Para a segunda, a solução vem do exercício da criatividade. A vida é um ato criativo constante, onde a mente não pode aposentar-se e deve ser mantida em exercício, evitando o processo de deterioração. Aqui o imperativo categórico é criar, evitando o tempo vazio. Uma mente vazia é uma oficina da depressão; faz a pessoa envelhecer ainda mais, atirando-a diante de um aparelho de televisão ou permitindo que seus instintos e defeitos dominantes ressurjam do passado e tornem sua vida insuportável.
É bem verdade que na velhice a pessoa faz a soma de tudo. Quem foi aberto, agradável, teve uma visão feliz da vida, vai ser um idoso agradável, de fácil convivência; mas quem fez chover desgraças ao seu redor, pela intransigência, pelo mau humor, ranzinice, prepotência, será um velho rabugento, intolerante, insuportável até para os familiares. Imagine agora um desses aposentados, desocupado; que presente da natureza para quem tem de viver com ele.
O voluntariado oferece hoje um imenso campo para uma terapia ocupacional, já que nem sempre o Evangelho é um valor a se considerar. Mas quem nunca olhou para os outros com amor, não sei se terá capacidade de olhar agora.
É necessário encher o dia com atividades gratificantes, como encontro com amigos, ajuda mútua, aprendizado de artesanato, pintura, jardinagem.
Hoje os grupos da Terceira Idade são iniciativas que merecem nosso apoio e louvor.Eles fazem renascer nas pessoas o gosto pela vida, proporcionam amizades, festas, passeios. Sabemos que é difícil para quem nunca se sociabilizou, abrir-se agora para essas atividades comunitárias. Mas quem não quer, vai ter de colher o que plantou pela vida.
O trabalho na comunidade, o atendimento a doentes, o acompanhamento aos idosos nos asilos, também são fontes de nova energia para quem já sente o peso da solidão. A fé é, de todos, o caminho mais gratificante que existe. Feliz de quem a cultivou. Na modernidade temos de ficar espertos, quem confia muito nos filhos pode ir se acostumando com a “friagem do quartinho do fundo”.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br(2009)

EDITORA SANTUÁRIO

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE - COMPORTAMENTO -15-

PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+)
Podemos aceitar e procurar o padrão de beleza imposto pelos meios de comunicação?
Na civilização das imagens não só o aspecto exterior é importante, mas os padrões de beleza criados pela mídia. Ninguém está exigindo que os meios de comunicação não propaguem o belo; podemos, no entanto, pedir ao telespectador ou ao ouvinte que não seja incauto e não se deixe levar só pelas imagens, fotos, figuras de uma beleza estereotipada, criada com fins lucrativos.
Quanta gente gasta rios de dinheiro em clínicas especializadas para se produzir segundo os padrões de beleza. Quantos, não podendo dar-se a esse luxo, vivem descontentes, desvalorizados e automaticamente excluídos até do mercado de trabalho.
Essa beleza estética, padronizada, seduz, obtém conquistas, mas é efêmera. Ela é comercial, venal, com desvantagens enormes, pois pouco se olha para a dignidade da pessoa e para o valor da vida. O corpo acaba sendo oferecido como mercadoria pública e assim avaliado; preço bom para quem não tem nada na cabeça.
O primeiro passo é conscientizar-se de que tudo o que foi feito tem sua beleza de origem. Conscientizar-se dos valores da vida, da pessoa. Há valores dentro de cada um que são projetados para fora tornando a pessoa das mais agradáveis. Não somos uma realidade anatômica, biológica, estética. Somos uma riqueza capaz de amar, o que faz de nosso corpo espelho da vida que está dentro de nós. Somos mais do que um corpo, somos uma expressão da vida. Na medida em que amadurecemos, nos tornamos lindos, expressivos e equilibrados.
O segundo passo é ter em mente a verdadeira imagem de si mesmo, onde se valorizam as potencialidades do ser. Conflitos com o corpo significam que estamos em briga com a parte psíquica ou com acontecimentos e trechos de nossa história de crescimento. Quando a pessoa se aceita e se valoriza, nela nada é feio ou defeituoso. Cada um tem de ser ele mesmo com todos os matizes do humano presente nele. Aceitar-se é deixar de lado a pretensão de ser amado por todos, de ser perfeito, de brilhar como estátua de ouro; é potencializar-se para ser melhor.
Quanta gente tem uma beleza externa vislumbrante, mas sem conteúdo interior. E quantos compram isso a altos custos e depois amarguram a escolha mal feita. Podemos enfeitar o animal com arreios lindos, ele porém não deixará de ser irracional.
Outras vezes criticamos pessoas que se expõem de forma até indecente, mas, pensando bem, se não mostrarem isso, o que sobra para mostrar?
Na verdade é triste ver como é fácil se iludir e como o comércio aproveita da ingenuidade para vender as pessoas. Gritar para que acordem não adianta; só nos resta dizer: tonto é quem embarca nessa.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br(2009)
EDITORA SANTUÁRIO

ELES VIVERAM CONOSCO - PE. FRANCISCO COSTA CSsR(PADRE VIEIRA)

PE. FRANCISCO COSTA CSsR(PADRE VIEIRA)
+29 DE AGOSTO 1995 
Era mineiro de Jacutinga, onde nasceu a 18 de fevereiro de 1927, na Fazenda Bom Café. Eram seus pais David da Costa e Maria Vieira da Costa. Foi batizado em Jacutinga no dia 07 de maio do mesmo ano. Em sua cidade foi aprendiz de alfaiate, de sapateiro e também de mecânico. Nos timos tempos, antes de entrar para o Seminário, foi coroinha e auxiliar de sacristão. Entrou para o Seminário Santo Afonso, em Aparecida, a 16 de junho de 1939. Fez o Noviciado em Pindamonhangaba, durante o ano de 1947, professando dia 2 de fevereiro do ano seguinte. O Seminário Maior foi em Tietê no Seminário Santa Teresinha. A em 1952, fez a Profissão Perpétua. Ordenou-se sacerdote em Tietê a 27 de dezembro de 1952 e cantou sua primeira missa solene em Jacutinga no dia 31 de dezembro. Deixou o seminário maior em janeiro de 1954, começando as atividades apostólicas como professor no Seminário Santo Afonso, em Aparecida. Era também prefeito de disciplina. Desempenhou essa função até 1957, quando, em janeiro de 1958, foi nomeado Diretor de Seminário Santo Afonso, onde ficou por um triênio. Transferido para o Seminário Maior de Santa Teresinha, em Tietê deu aulas de Sagrada Escritura, matéria de que gostava muito, iniciando entre os nossos jovens uma visão mais atualizada da Palavra de Deus. Com a transferência do Seminário Maior para o Alfonsianum, na Via Raposo Tavares, Pe. Costa veio junto como professor. Nos anos que aí morou foi também Prefeito dos estudantes. Tanto lá, como já antes no Seminário Santo Afonso, sua grande bondade e amor aos formandos, espírito alegre e brincalhão, bem como a competência didática sempre conquistaram os corações dos formandos. Em 1971 foi transferido para a Comunidade do Jardim Paulistano, em São Paulo. Nos anos que ali morou foi Vice-Superior Provincial, Consultor Provincial e Superior da Comunidade. Em 1975 e no ano seguinte foi membro da Equipe dos Mestres de Noviços. Em seguida fez parte da comunidade do Alfonsianum, no Ipiranga, em S. Paulo. Foi transferido para a Comunidade das Comunicações, em Aparecida, da qual foi membro até seu falecimento. Foi aí Superior da Comunidade e era da equipe da Editora Santuário. Inicialmente trabalhou na redação do Folheto Litúrgico "Deus Conosco". Em agosto de 1986 foi nomeado Diretor Geral da Editora Santuário, cargo que ocupou ata sua morte. Trabalhou para dar à Editora um porte empresarial. Durante esses anos, em Aparecida, dedicou-se também ao apostolado com os Cursilhos de Cristandade, Equipes de Nossa Senhora, além das atividades pastorais paroquiais. Nunca deixou suas aulas de Sagrada Escritura, seja para seminaristas seja para leigos. Há anos que Pe. Francisco Costa, carinhosamente apelidado de Pe. Chiquinho, não gozava e boa saúde. Fora operado do coração e tinha problemas no baço. E por fim surgiu ainda a leucemia. Era bastante impressionado com as dificuldades de saúde e contava muito com o apoio de seus confrades e de pessoas amigas. Em 1993 seu estado piorou muito, devido a uma prolongada pneumonia. Mas recuperou-se parcialmente. Daí em diante foi vivendo com as cada vez mais freqüentes transfusões de sangue, que no fim quase já não faziam efeito. Em começos de 1995 foi morar no convento da Basílica, para que o enfermeiro Ir. Gercino, pudesse cuidar dele melhor. Ali faleceu no dia 29 de agosto de 1995, no final da tarde. A missa de corpo presente na Basílica Nova teve cerca de 80 concelebrantes. A Editora Santuário estava presente em peso. "Fidelis vocationi suae..." (Pe. Victor Hugo)
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

Meus caros, Eu era um seminarista meio arredio, principalmente com os padres, mas com o Padre Vieira eu me dava muito bem. Foi um grande amigo, como Prefeito, depois como Diretor, foi minha salvação, pois ele entrou no lugar do Padre Ribola, minha cruz. Eu gostava muito dele, me foi um pai, e educador. Ele declamava uma poesia que me lembro até hoje: 
"Por entre as alas de um jardim formoso,
Tendo na mente sonhos e quimeras
Eu caminhava, triste e vagaroso
Numa manhã de plena primavera

Ao ver-me assim, tristonho e desgostoso
Falou-me um florzinha em voz sincera
Porque sofre assim moço inditoso
Quando dentro a alegria nos impera?

Olhei sorrindo a delicada:
Perdão, meu Deus, eu não sabia quanto
Era grande e sublime o seu amor"


Ele dizia que era de um autor desconhecido, mas eu sempre achei que era de sua autoria, embora não seja aquela pérola.
abraços abner 
Eu gostava muito dele. era meu irmão mais velho. seu veio religioso era muito humano...fez-se homem. Obrigado padre vieira por tanto que levo de vc na minha vida. continue a sorrir-me na minha caminhada. Carlos Felício Gerente Administrativo Caelum | Ensino e Inovação SP (11) 5571-2751 RJ (21) 2220-4156 DF (61) 3039-4222 (11) 983358083

MINHA NOTA: Era conhecido e tratado como PADRE VIEIRA. Foi meu segundo diretor no Seminário Santo Afonso. Dele tenho uma lembrança "arrepiante", principalmente na época de provas e exames: Era meu professor de GREGO! Gostava muito dele: Alegre e, quando necessário, sério ao ponto. Estimado e saudoso mestre na minha formação religiosa e cultural. Mais uma nota interessante: Por que PADRE VIEIRA? De acordo com informação do nosso estimado Padre Clóvis Bovo, os religiosos da Congregação Redentorista deveriam ser tratados pelo sobrenome. Como já devesse haver alguém com o sobrenome COSTA, nosso estimado Padre Vieira escolheu esse epíteto em base do sobrenome de sua mãe Da.Maria Vieira da Costa! DESCANSE EM PAZ! Antônio Ierárdi Neto

ELES VIVERAM CONOSCO - PE. OSCAR CHAGAS AZEREDO CSsR

PE. OSCAR CHAGAS AZEREDO CSsR
+29 de AGOSTO 1957 
Foi o primeiro juvenista da nossa Província. Nasceu em São Bento do Sapucaí, em 1888. Aos 10 anos, sua mãe o trouxe para o Juvenato, entregando-o ao Pe. Valentim Riedl. Que o garoto era inteligente prova-o um seu atestado de estudos, acusando suas notas com “Distinção” e “Plenamente aprovado” em todas as matérias (nada menos que doze). Em 1906 iniciou o seu noviciado, com os colegas: Orlando Morais, José Benedito da Silva e José Lopes Ferreira. O mestre, Pe. Lourenço Hubbauer, conhecido pelo seu rigor, quis saber (como o queriam também os Superiores) se brasileiro dava para redentorista. Os quatro foram realmente provados in fornace ignis; e provaram que brasileiro dava para redentorista, e daquele tempo. Após a profissão, Pe. Chagas fez seus estudos superiores na Alemanha. Os alemães aguardavam com muita curiosidade os primeiros brasileiros que iam conhecer. Seriam eles capazes de estudar Filosofia, Teologia, etc.? Os nossos quatro tupiniquíns mostraram que sim. Entre eles destacou-se Fr. Chagas, que logo aprendeu a língua, falando alemão correntemente. E, em matéria de inteligência, nada ficou devendo aos colegas alemães. Em 1913, já ordenado, Pe. Chagas voltou para o Brasil, sendo logo nomeado professor no Juvenato em Aparecida. Depois, iniciou sua vida de missionário, que durou 18 anos. Ótimo orador, prendia sempre o seu auditório, com uma voz clara e invejável memória. Como Superior e Vigário da Penha conseguiu quase o impossível. Com muita habilidade alcançou do Arcebispo licença para uma pequena reforma na igreja; e fez uma reforma total. Em Araraquara construiu o convento; em Campinas (GO) deu início à construção da nova casa; e em Aparecida, muito trabalhou pela Rádio, pelo início da nova Basílica, e construção da Vila Vicentina. Homem que não perdia tempo, dedicou-se ainda ao apostolado da pena, deixando-nos a tradução da Vida de Santo Afonso (Pe. Berthe) das Meditações do Pe. Bronchain, da Regra da C.Ss.R. bem como as biografias de São Clemente, de São Geraldo, Pe. Martinho Forner e Pe. Valentim Riedl. — Como superior ou simples confrade Pe. Chagas era sempre um homem alegre, atencioso, e disposto a uma boa prosa, que ele sabia perfumar com seu infalível cigarro de palha. Seu último reitorado foi em São João da Boa Vista, de onde saiu com a saúde já bastante abalada, para a incipiente comunidade do Jardim Paulistano. Daqui foi transferido para Araraquara, onde viveu até agosto de 1957, piorando sempre mais. Embora não escondesse seu medo pela morte, faleceu na Santa Casa, mostrando muita paz e tranqüilidade, a 29 de agosto de 1957.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

domingo, 28 de agosto de 2016

RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE! COMPORTAMENTO-14-

PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+)
Vingança é doença ou maldade? 
Embora no Antigo Testamento apareça vingança como restabelecimento da justiça, uma vitória sobre o mal, não é esse o modo e conceito que encontramos na práxis de Jesus. Entendemos isso quando vemos que no Antigo Testamento foram criadas leis para a defesa dos membros do clã. Por outro lado a lei da santidade, que atinge a raiz do desejo de vingança, mostra a mudança que estava acontecendo, a suavização das leis de vingança, o início de um processo educativo para o povo. "Não terás em teu coração ódio a teu irmão... Não te vingarás... Amarás teu próximo” (Lv 19,17s). O povo de Israel fez uma caminhada de transformação até chegar a Jesus, a plenitude do amor, do perdão e da misericórdia. Com Ele aprendemos o caminho da fraternidade que ensina a vencer o mal com o bem, a transformar todo ódio em amor. "Amai-vos uns aos outros” é para nós uma nova estrada de felicidade, porque só o amor nos purifica de toda a maldade. A vingança destrói o sentido da vida e a crença em Deus. Surpreende-nos percebermos como as pessoas se enchem de ira e permitem que o desejo de vingança se aninhe em seus corações. Os resultados da vingança aparecem cada dia nas telas dos meios de comunicação. Legitimamos a guerra, como legitimamos o aborto, o consumismo, como legitimamos as pessoas que produzem na sociedade a desigualdade social e a exclusão, que são causas da violência e da vingança. Choramos os mortos do terrorismo e não percebemos as crianças que morrem de fome, as vítimas de uma política social excludente. Os ricos têm rosto, os pobres não o têm. Será que nem a violência nos acordará um dia para combatermos a desigualdade, a fome, a exclusão, fatores que criam essa mesma violência? Quando é que vamos entender a linguagem dos fracos, dos países pobres e explorados? Embora não seja esse o caminho, às vezes só a violência abafa o desejo de vingança que se acumula em muitos corações. Como é difícil perdoar quando o coração está despedaçado pela dor ou quando a vida nos escapa das mãos por culpa de irmãos que não querem repartir e dar aos outros o direito de viver. A vigilância é um dos meios que temos para isso. É preciso descobrir os mecanismos que tentam justificar a vingança e que estão dentro de nós. Descobrir o ninho do desejo de vingança e extirpar de nosso coração essa erva daninha e perniciosa. "Amai-vos uns aos outros" se parece muito com as leis que temos em nosso país, que só valem para alguns.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br(2009)
EDITORA SANTUÁRIO

ELES VIVERAM CONOSCO - PE. SILVÉRIO NEGRI CSsR

PE. SILVÉRIO NEGRI CSsR
+28 de AGOSTO  2003 
Nasceu na Fazenda da Barrinha, em Jacutinga, MG, no dia 20 de junho de 1928. Seus pais eram Ângelo Negri e Josefina Recchia Negri. Entrou para o Seminário S.Afonso, em Aparecida SP, em 14.04.1941, terminando o estudo de humanidades em 1947. Fez o Noviciado em Pindamonhangaba, no ano de 1948, onde fez a Profissão Religiosa na CssR, dia 02.02.1949. O Seminário Maior foi feito em Tietê SP, de 1949 a 1954. Ali fez a Profissão Perpétua dia 02.02.1952. Foi Ordenado Sacerdote no dia 27.12.1953, em Tietê por Dom José Carlos de Aguirre, Bispo de Sorocaba. Celebrou sua Primeira Missa Solene, em Jacutinga, dia 06.01.1954. Em dezembro de 1954, deixou o Seminário Maior, iniciando sua vida apostólica, como Prefeito e Professor no Seminário S.Afonso, em Aparecida. No primeiro semestre de 1956, esteve no Pré Seminário da Pedrinha, como Diretor. No 2º semestre foi transferido para a Basílica, como Vigário cooperador. Trabalhava também na Paróquia. Em 1962 foi nomeado Diretor do Pré Seminário da Pedrinha. Em 1964, foi nomeado Diretor do Seminário Santo Afonso, cargo que ocupou até fins de 1970. Em 1971 foi Mestre de Noviços coristas, em Aparecida, no Seminário S.Afonso. Em dezembro de 1971, foi transferido para a Vice-Província de Brasília, como Pároco da Paróquia de N.S. da Conceição, em Campinas, Goiânia, e Superior da Comunidade, onde ficou até 1975. No 1º semestre de 1976, fez no Rio de Janeiro, o curso do IBRADES. Terminado o curso, retornou a Goiás, como missionário das Missões Populares. Em dezembro de 1976, foi nomeado Diretor do Seminário Redentorista S. José em Goiânia, na Vila Aurora, onde ficou até meados de 1983. Em setembro de 1983, foi nomeado Vigário Cooperador da Paróquia de N.S. da Conceição, Campinas, Goiânia. Em fevereiro de 1984, foi nomeado Superior e Pároco da Paróquia do Divino Pai Eterno, em Trindade GO. Em 1984, pediu a adscrição definitiva à Vice-Província de Brasília. No dia 17.05.1987, foi nomeado Vice-Provincial da Vice-Província de Brasília. Em fins de 1989, terminando seu mandato de Vice- Provincial, foi transferido para a Igreja de N.S. da Guia, no Parque Buriti, periferia de Goiânia. Dia 16.04.1991, Pe. Negri foi operado do coração, na Beneficência Portuguesa, em S. Paulo. Voltando para Goiás, continuou no Parque Buriti, em Goiânia. Em fins de 1995, pediu para retornar à Província de S. Paulo, sendo adscrito à comunidade da Basílica, em Aparecida, onde morou até seu falecimento. Dia 02.02.1999, celebrou seu Jubileu de Ouro de Profissão Religiosa. Faleceu de problemas cardíacos, na noite de 28 de agosto de 2003, na Santa Casa de Guaratinguetá. Sepultado em Aparecida, na tarde do dia 29 de agosto de 2003. Estava com 75 anos de idade, 54 anos de Profissão Religiosa e quase 50 anos de Sacerdócio, que iria celebrar dia 27 de dezembro de 2003.
Com imensa REVERENCIA, tive o orgulho de ser aluno do SANTO AFONSO durante a gestão do PE. SILVERIO NEGRI, ou NEGREIS , como os seminaristas falavam Um exemplo de HUMILDADE e DEDICAÇÃO....não dava instruções para FAZER...FAZIA e puxava a renca de seminaristas para o seu lado. Em circunstancia especial, pegou a enxada e foi carpir sozinho...no que foi seguido. Tive uma experiencia única com PE. NEGRI. Dentro de meus erros, e não foram poucos, proucurei a noite o PE. NEGRI em seu quarto, já mais de meia noite, e pelo que confessei achei que iria mandar-me embora, pois tínhamos viajado a SAO ROQUE e na volta tomei vinho escondido no ônibus...os seminaristas para não deixarem aparecer, me deram banho e fui dormir....Como a consciencia não deixava dormir mesmo assim, levantei e fui ao PE. NEGRI contar tudo....e certo que iria mandar preparar a mala , ou coisa assim, no meu entender.....A SUPERIORIDADE E SANTIDADE DELE era maior. Perguntou-me se eu havia aprendido alguma coisa com esse porre e que rezasse 3 AVE-MARIAS e um PAI NOSSO e fosse dormir. Tomei outro banho, e fui a CAPELA no andar de cima rezar..e qual minha surpresa...passava de uma da MADRUGADA e o PE. NEGRI estava lá embaixo de joelhos diante do SACRÁRIO rezando....Cambaleava um pouco e acordava, e cambaleava outra vez....MEU DEUS, eu estava presenciando no silêncio da noite toda aquela SANTIDADE. OBRIGADO , PE. SILVERIO NEGRI, UM PAI, UM SANTO PAI....PARA MIM, NÃO TENHO DÚVIDAS É SANTO.
Nélson Duarte

sábado, 27 de agosto de 2016

RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE! COMPORTAMENTO-13-

PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+)
Consumismo é doença?
A beleza e o conforto sempre exerceram um fascínio sobre as pessoas. Hoje é muito duro e sofrido ver vitrines entulhadas de encantos e não poder comprar nada ou quase nada.
A propaganda faz as pessoas ferverem de vontade de comprar; ela entra e cria nelas o mundo dos sonhos, das frustrações e acaba convencendo-as a comprar por ou sem necessidade. A propaganda bem feita obscurece a razão e torna o indivíduo um comprador compulsivo. É desse modo que se entra no consumismo desenfreado ou no consumismo regulador do status social.
A necessidade nem sempre verdadeira e muito mais necessidade criada faz com que não se meçam as reais condições e as reais precisões. Quanta gente diz: Comprei porque estava barato. A paixão é despertada por imagens vendendo felicidade, paraísos fictícios ou situações irreais, mas, quando já perdemos a capacidade de raciocinar, ninguém segura.
A crise de energia elétrica por que passamos, quando tivemos de controlar os gastos, demonstrou como tantas coisas consideradas necessárias tiveram de ficar de lado e sem uso. A vida correu tão normal que muitos aprenderam a economizar e viram as vantagens do controle.
Mas é nas áreas do comer e do ter que verificamos mais a compulsão ao consumismo. Uma verdadeira doença que faz comprar mesmo sem condições para pagar, obrigando à renúncia de coisas muito mais importantes ou necessárias.
E o que dizer dos que têm condições econômicas bem favoráveis e podem fazer girar a máquina do consumismo acumulando pares de sapato, aparelhos de TV pela casa inteira, requintes de bebida, alimentos e outros desperdícios em móveis e roupas? O que falar de reformas de casa sem necessidade? Parece que o dinheiro não conta, o que interessa é estar na moda, estar no momento.
Isso tudo é intolerável, pois configura o supérfluo que pertence aos pobres e tem destinação social. É igualmente intolerável nos pobres a mania de grandeza, esse abrir de pernas mais do que as calças permitem.
Às vezes penso que não se trata de mais um pecado novo, pois essas pessoas são doentes, incapazes e psicologicamente desequilibradas.
Que bom se pudéssemos rever nossas compras e conseguíssemos escapar da compulsão por comprar, por possuir. Com muito menos se viveria pra lá de bem e feliz. É bom lembrar o que diz São Paulo: “Tendo o que comer e com que vestir, estejamos contentes".
Atrás de nós há muita gente implorando um gesto de partilha livre e espontânea.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br(2009)

EDITORA SANTUÁRIO

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE! COMPORTAMENTO-12-

PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+)
Que companhias devemos procurar?
É bem acertado o ditado: “Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”; pois a companhia identifica, forma ou deforma as pessoas.
A identificação é o item mais forte num processo de aproximação. Há identificação no nível psicológico, afetivo, temperamental, cultural, religioso etc... Por esses caminhos nos identificamos com pessoas e podemos construir uma vida sadia, em que um ajuda o outro em seu crescimento, nas descobertas de valores, na organização e gerenciamento da própria vida.
Por isso dizemos que a companhia forma as pessoas, pois assimilamos valores éticos e morais que percebemos válidos nos outros. Aqui está o grande valor educativo da fraternidade.
Um colega também dizia o contrário: “os feridentos atraem feridentos”. Essa é uma verdade para psicólogos estudarem a fundo. É impressionante como os problemáticos se acham, se atraem e se identificam com extrema facilidade. Numa comunidade esse fator é o que aglomera pessoas descontentes e insatisfeitas. É uma outra escola que impede o crescimento das pessoas.
Nessa categoria entram os descontentes, os que têm manias, os viciados, os malcomportados, os baderneiros e outros.
Não somos perfeitos, mas temos de procurar sempre a companhia de pessoas que tenham conteúdo e boa vivência e que nos ajudem a crescer na vida. Isso não significa que devamos excluir as pessoas difíceis; temos de saber acolhê-las se tivermos capacidade de ajudá-las. Quantas pessoas, motivadas pelo desejo de ajudar colegas, se afundaram no vício e acabaram perdendo a própria dignidade. Jesus disse: “Um cego guiando outro cego, ambos cairão no buraco”.
Temos de reconhecer os limites e nossa capacidade; caso contrário, em vez de ajudar, estaremos atrapalhando e tirando o lugar de outros que possuem mais capacidade de ajuda do que nós.
A pessoa que quer melhorar tem de procurar ambiente e pessoas que favoreçam sua transformação. Essa transformação nasce da percepção de que tudo pode ser diferente. Isso vai gerar o interesse de procurar ajuda de quem seja capaz de acompanhá-la.
Sem excluir, sem desvalorizar e sem condenar, na observação diária, notamos que, embora o hábito não faça o monge, a companhia revela a pessoa, sua identidade, sua capacidade, seus valores éticos e morais, seu horizonte e sua prática de vida, pois continua sendo verdade o ditado: “Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br(2009)

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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE! COMPORTAMENTO-11-

PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+)
Até onde aceitar a moda?
Temos de admirar sempre a sabedoria dos provérbios que representam a experiência milenar de erros e acertos. Quando falamos “nem tanto ao mar, nem tanto à terra” estamos tentando mostrar que a busca do equilíbrio é o caminho mais razoável para se percorrer qualquer situação.
Há aqueles que preferem o risco e colocam em risco não só a si mesmo, como a família, os amigos, o trabalho etc... Às vezes dá certo, o que não justifica e nem desqualifica o ditado: “Nem tanto ao mar, nem tanto à terra”.
O difícil mesmo é descobrir o fiel da balança, o equilíbrio no pensar valores, no agir. Esse equilíbrio precisa ser buscado, faz parte de quem vive e trabalha tendo sua identidade, sabe por que faz as coisas e sabe aonde quer chegar.
Buscar esse equilíbrio não significa viver como um esquisitão anacrônico e misantropo, mas às vezes implica em ser diferente. E ser diferente não é erro.
Temos de olhar ao redor para não nos isolarmos do mundo e deixarmos de ser solidários no campo da criatividade sustentável. Por outro lado, não podemos patrocinar criações destemperadas e ridículas, apenas para estar na moda. Não podemos impressionar-nos com o que está na moda e, por isso, andarmos e sermos ridículos e esquisitos sem perceber que aquilo não cabe para nós e estamos entrando em conversas de quem não possui o equilíbrio suficiente para discernir as coisas. Aqui temos de seguir o conselho do sábio que diz: “Ver tudo, avaliar e segurar o que for conveniente”.
Esse equilíbrio só alcança aquele que tem identidade e não a renuncia para ser “Maria vai com as outras” só para ser moderno ou porque está na moda.
Sua identidade diz quem é você, o que você quer e aonde você quer chegar, avaliando sempre os meios dentro de um padrão ético, moral e religioso.
É realmente deprimente a pessoa que se esquece de sua idade, sua posição e funções sociais para simplesmente aderir à moda. Nivelar nunca foi o caminho educativo e construtivo. Já vi a reação de moradores de favela, quando padres e freiras quiseram morar no meio deles. Eles diziam: “Nós queremos sair daqui e vocês estão vindo para cá?” Aqui havia uma ideologia, mas não um caminho.
Imagine um juiz de direito com sua toga e com “caminhos de rato” nos cabelos! No misturar tudo, o ético e o moral acabam caindo juntos. Vi uma mãe de família, juntamente com os filhos, com sorvetes dentro da Basílica em Aparecida.
Se “a moda pega”, vamos ter de ressuscitar Willian Shakespeare que dizia: “O que era certo, hoje é louco, e o que era louco, hoje é certo”.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R
http://www.redemptor.com.br(2009)

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ELES VIVERAM CONOSCO - IR. WILIBALDO (THOMAZ MANHART)CSsR

IR. WILIBALDO (THOMAZ MANHART)CSsR
+25 de AGOSTO 1992 
Ir. Wilibaldo, tendo sido o último confrade alemão entre nós, encerrou a meritória presença de missionários vindos da Baviera para a Vice-Província de São Paulo. Nascido em Wasserburg, na Alemanha, dia 01 de janeiro de 1907, emitiu seus votos religiosos em 1925. Ele havia entrado como seminarista menor em Gars, na Baviera, mas foi aconselhado a fazer-se Irmão, por dificuldades nos estudos. Veio para o Brasil em 1928. Começou seus 64 anos de Brasil em Campinas de Goiás. Cozinheiro, hortelão, porteiro, sacristão, prefeito de hóspedes, era homem dos sete instrumentos colocados a serviço dos confrades e do povo. Pindamonhangaba, Araraquara, Penha, Aparecida, Tietê, Cachoeira do Sul, Pinheiro Marcado, Porto Alegre, onde não esteve nosso Irmão? Homem de oração e do trabalho, estava sempre a procurar o que fazer, o que organizar, o que arrumar. Ou, então, na capela da comunidade, em longas presenças diante de Jesus sacramentado. No tempo de Natal era um exímio construtor de presépios, tanto da comunidade como da igreja. Como porteiro em Aparecida foi constantemente atencioso e caridoso com os romeiros. Amável e dedicado também com os confrades, sincero e humilde, foi realmente um homem de Deus entre nós. As anotações de seu diário espiritual traçam os passos místicos que lhe nortearam a existência. Lá estava anotado: “Devo tornar-me um santo, custe o que custar...” E quem com ele conviveu os últimos anos pode tranqüilamente testemunhar que Ir. Wilibaldo era um santo de Deus. Mas ele não foi um santo desencarnado. Seu lado humano de homem de gênio forte e de vontade decidida, marcado ainda pelo seu gosto de viver, era notório. Não admitia que em sua presença se falasse mal de ninguém; fechava a cara, sacudia a cabeça e, se necessário, dava um basta. Mostrava também sua reprovação diante do malfeito, principalmente diante dos omissos e dos relaxados. E sabia nosso irmão curtir o lado bom da convivência em comunidade: cuidava com carinho da sauna da comunidade, da qual era assíduo freqüentador; quando um grupo ia para a praia, lá estava o Wili como o cozinheiro que corria para o mar logo que houvesse uma folga; em casa, depois do dia de trabalho e da oração, tinha seus momentos diante da TV, entretido com as novelas que muito apreciava. Nos últimos anos seu coração foi enfraquecendo, obrigando o Irmão a diminuir o ritmo intenso de atividades. Esse mesmo coração parou repentinamente, por efeito de um edema pulmonar, na manhã do dia 25 de agosto de 1992, na casa da Pedrinha, quando se preparava para mais um dia de retiro com a comunidade. Perdia a Província um santo em suas comunidades para ganhar um confrade no céu! (Pe. Víctor Hugo)
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE! COMPORTAMENTO-10- PADRE LIBÁRDI

PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+)
Podemos dar tudo que a criança quer?
Ter filhos hoje está apavorando muita gente. O problema vai desde a gravidez até o longo processo educativo. Por causa das dificuldades surgem até aqueles que preferem ter animais de estimação aos possíveis filhos.
De fato ter filhos apenas por ter não é um bom caminho. Filhos nascem como fruto do amor e da responsabilidade dos pais. Quem não tem capacidade é melhor não tê-los.
Um erro comum nos pais modernos é querer dar tudo o que o filho quer. Desde pequenino é rodeado de um mundo gracioso de presentes e quando maiores, continuam sendo comprado por meio de novos presentes. Os pais ignoram que esse é o pior caminho para educar alguém.
Esses filhos crescem egoístas, achando-se o centro de tudo, e vão escravizar os pais para o resto da vida. Serão pessoas que não vão perceber nada além de seu umbigo. O mundo tem de ser como eles querem, pois sempre foi assim. Não se criou neles o senso dos valores, da dimensão social do comportamento, da fraternidade; estarão como sempre viveram, pensando que devem ganhar tudo e só eles têm direitos.
Esses filhos viveram um mundo irreal, que não existe fora, por isso têm dificuldades em se sociabilizar, se relacionar com as pessoas e com o mundo real fora da casa deles. Mas a vida é mestra, quando “desmamarem dos pais”, vão pagar e nós todos vamos pagar também o preço social dessas mordomias.
Na verdade as explicações só podem estar na incapacidade dos pais de educarem esses filhos nos valores básicos de uma vida digna e em sociedade. Não deram os valores porque não os possuíam. Isso até sem maldade, pois ninguém pode dar o que não tem.
Há pais que preferem dar de tudo para os filhos porque assim tranqüilizam a própria consciência, face aos problemas que enfrentam no relacionamento marido-mulher e no lar. Não conseguiram criar um ambiente sadio e cheio de amor, então dão aos filhos o que eles pedem e mesmo o que não pedem. Assim, mais tarde, os filhos não poderão reclamar, pois tiveram de tudo.
Esses pais dão de tudo para os filhos, procurando compensar o que não tiveram. Se são frustrados por não saberem lidar com suas carências, não querem que os filhos passem por aquilo que passaram.
Aqueles pais que trabalham e se ausentam necessariamente do lar também dão de tudo para os filhos, para compensarem a ausência e a falta de convívio com eles.
Como seria melhor, embora custoso, se os pais tivessem o hábito de se sentarem com os filhos para mostrar-lhes os valores, a realidade da vida, introduzindo-os num processo educativo para perceberem que “nem tudo o que é lícito e possível é convenientemente necessário”.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
http://www.redemptor.com.br(2009)

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terça-feira, 23 de agosto de 2016

RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE! COMPORTAMENTO-09-

PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+)
Como aprender com os outros?
Um velho adágio dizia: “Errando, aprendemos...” O erro pode ser uma excelente escola para aquele que consegue ver e analisar seu próprio erro e o erro dos outros.
Não é só o erro que ensina. No mundo atual, podemos perceber valores nos acontecimentos, pois a vida é uma mestra e podemos aproveitar todas as lições que ela nos passa dia a dia.
A humanidade não começou a existir ontem; a história está cheia de lições boas e ruins e feliz é quem consegue descobrir pela análise esses valores. Com essa bagagem podemos formar nosso substrato cultural, religioso, político e social.
Lamentavelmente há aqueles que pensam que são os únicos, que tudo sabem e não precisam de ninguém, sua opinião é o definitivo. Não necessitam da experiência de ninguém, não se interessam pelos caminhos já trilhados por outros e não aceitam os valores mais elementares da relação humana. Que nome poderíamos dar a essas pessoas?
É mais feliz quem inteligentemente percebe a idade do mundo, sabe seu próprio tamanho, por isso aproveita a experiência, a sabedoria, o bom senso, os valores que outros tiveram. E mesmo nos erros é possível descobrir a face positiva das situações.
No campo da ciência temos de aceitar o progresso já feito, os caminhos já andados, porque a ciência se impõe matematicamente. Mas no campo dos valores éticos, morais e religiosos, cada um se acha suficiente para elaborar seu próprio código de normas e a relação de valores. Daí nascem os conflitos em que se vive hoje. Essas pessoas não percebem que elas vieram e, como tantas, também vão passar e não são elas que vão ditar normas para a vida do mundo e no mundo. Algumas pessoas existem e existiram, são e foram uma verdadeira bênção para todos, mas algumas são mesmo uma verdadeira desgraça.
Às vezes penso como seria bom se pudéssemos encontrar essas pessoas já na velhice para um bom bate-papo. Será que tiveram capacidade de se transformar ou de perceber como foram ridículas achando-se o “umbigo” do mundo? Será que foram felizes ou simplesmente foram esquisitos e infelizes. O caso é que a história se repete, mudando-se apenas as roupagens.
É muito mais eficiente quem é humilde e aproveita as experiências dos outros para construir sua vida. Certamente vai deixar-nos um rastro luminoso e novas pistas para vivermos também a nossa vida com mais acerto e com mais felicidade. Esse sempre terá o que nos dizer e o que diz possui um valor inestimável.
Mais que os livros, a vida é mestra e nos ensina a não nos repetirmos nos erros dos outros e a não percorrermos caminhos inviáveis. Podemos ser originais, mas não cretinos.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE! COMPORTAMENTO-08-

PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+)
Devo mandar os filhos à Missa?
Todos os sacramentos da Igreja exigem certo grau de conhecimento e consciência do que se faz e por que se faz. Condicionar a salvação à pura participação ou à simples presença em algum sacramento é um dos mais radicais legalismos.
O caminho certo seria a consciente participação nos sacramentos, mas infelizmente não se consegue evangelizar nosso povo de maneira que isso seja um procedimento desejável e normal. Quem trabalha na evangelização e na coordenação de comunidades tem de aceitar os diversos níveis de participação, os diversos níveis de consciência de Igreja.
Aceitar as limitações que são reais é saber acolher e acolher também é evangelizar. Temos de acreditar que participando se aprende. Não temos o direito de nos fechar num rigorismo, pois há pessoas de boa vontade, mas sem formação.
Mas em, a participação tem de ser um ato livre. Não se pode obrigar um adulto a assumir o que ele não entendeu. Podemos convidar, insistir, criar situações que facilitem a participação, mas resposta a Deus dada por meio da participação tem de ser um ato de amor.
Assim é como vemos a questão dos pais mandarem os filhos à missa. Enquanto são crianças o procedimento é o mesmo que se tem em relação a ir ao médico, à escola, à comida; os pais decidem pelos filhos, escolhem o melhor. Quando os filhos se tornam adultos, eles devem decidir, assumir, baseados naquilo que receberam de formação.
Tudo vai depender da formação dada e do exemplo que receberam. Eles devem escolher o caminho confirmando ou não a opção feita pelos pais em seu lugar. Quando foi dada a formação necessária, não há necessidade de ficar martelando a cabeça dos filhos, porque quanto mais se fala, mais reações adversas eles criam.
Os pais devem acreditar na formação que deram e no exemplo de vida e de convicções religiosas que transmitiram e viveram na família. Preocupação deve existir na cabeça de quem não deu formação e muito menos o bom exemplo.
Outra coisa que os pais devem perceber é que, na medida em que os filhos se tornam adultos, sua função paterna e materna não é mais a de decidir, mas simplesmente a de aconselhar. E conselho não é para se dar a toda a hora e de forma que crie conflitos. Se os filhos adultos assumem ou não o problema já é deles e não dos pais. Há uma dificuldade em aceitar e perceber que os filhos se tornaram adultos. Os pais devem, nesse caso, conservar o carinho e tentar levar os filhos para o bom caminho por meio de suas orações, passando-lhes lembretes, conselhos, mas com respeito a sua própria caminhada. Nada melhor que o exemplo vindo de casa desde pequeno. Consertar depois é milagre.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
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domingo, 21 de agosto de 2016

RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE - COMPORTAMENTO -07-

PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR(+)
Construir ou destruir... o que é melhor?
Parece que há um instinto inato em cada pessoa que a leva a destruir. Há alguns prazeres que nos lembram os tempos de criança: atear fogo, destruir casa de abelhas, matar passarinhos, atirar pedras nos telhados. Hoje mais modernos: destruir telefones públicos, quebrar coisas em festas, danificar árvores em passeios públicos etc. Esse instinto sem dúvida cresce dentro de nós na proporção em que nos desenvolvemos e com manifestações funestas, como as brigas em estádios de futebol, as arruaças em festas, os quebra-quebras nas greves. Se procurarmos mais, vamos encontrar ramificações desse instinto no gosto de falar mal dos outros, difamações, o descuido com o bem comum. Não podemos pensar que isso seja normal em quem tem a mente equilibrada. Por outro lado jogar pesado em cima de nossos instintos também não é o caminho; eles não podem ser responsáveis por tudo o que acontece de ruim. Duas explicações cabem aqui: A falta de educação talvez seja o fator mais forte na produção desses fenômenos animalescos. Outro seria a falta de percepção da alteridade. Não perceber que os outros existem e têm direitos produz comportamento indesejável. Educação é toda a formação que o indivíduo recebe e faz agir pensada e responsavelmente. Além de mostrar o que é bom, a educação também desperta no indivíduo a sensibilidade. Quando nos deparamos com pessoa educada, fazemos nossos comentários bons. No caso contrário também os fazemos e nem sempre piedosos.A percepção da alteridade faz-nos perceber que não estamos sozinho no mundo e que o mundo é de todos, por isso o nosso direito termina onde começa o direito do outro. Isso faz com que a pessoa reflita e veja como ela é passageira e o mundo não existe só para ela. Então se completa o ciclo da educação; a partir disso, a pessoa tem de elaborar seus pensamentos, sentimentos e controlar seus instintos. Em qualquer situação, embora seja mais fácil destruir, temos de colocar em nossa cabeça que é melhor construir no respeito; é melhor dar o direito à vida para todos; é melhor limpar nossa mente e procurar no Evangelho o caminho certo do amor. Construir é realizar a vocação de responsável pelo mundo e pelas pessoas; é sentir-se útil; é fazer o bem. Construir vai desde o recolher um papel no chão, até trabalhar nos mais arrojados projetos. Mas o mais desafiante projeto é construir-se como pessoa humana, digna e imagem de Deus. 
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R. 
http://www.redemptor.com.br(2009)
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