sexta-feira, 29 de setembro de 2017

ELES NOS PRECEDERAM- PE. JOSÉ LOPES FERREIRA CSsR

PE. JOSÉ LOPES FERREIRA CSsR
+29 de SETEMBRO 1940 
Um dos primeiros padres brasileiros da nossa província. Nasceu em Aparecida a 16 de dezembro de 1890. Aos dez anos foi recebido no recémfundado “Colégio Santo Afonso”. Em 1906 fez noviciado sob a direção do Pe. Lourenço Hubbauer, de reconhecida austeridade e não menor rigor. Após a Profissão iniciou seus estudos de Filosofia na Penha, indo depois para a Alemanha. Dedicou-se com afinco ao estudo da Teologia, interessando- se mais pela Ascética, pelo que se tornou profundo conhecedor das obras de Santo Afonso e do nosso Pe. Desurmont. Ainda na Europa, iniciou a tradução de “A Escola da Perfeição” mais tarde publicado pelas “Vozes”. Ordenado sacerdote em 31 de julho de 1913, voltou para o Brasil, iniciando suas atividades na Penha, onde ficou até fins de 1915. Bom orador, e ótimo missionário, trabalhou em Goiás, Araraquara e Penha, não se poupando no trabalho das Missões e Retiros. Em 1935 foi transferido para Aparecida, onde viveu seus últimos anos como redator de “O Santuário”, da “Liga Católica”, dos “Ecos Marianos” e do “Boletim Redentorista”. Filho de Pai português, Pe. Lopes nunca negou seu sangue: bom coração, sabia ser delicado e atencioso; mas quando necessário, era franco e sincero, falando o que sentia, e nada deixava para depois. Isso lhe deu, às vezes, incompreensões e aborrecimentos. Tenho de ser assim — dizia ele — para não ser hipócrita. Era homem que não usava restrições nem subterfúgios. Escrupuloso na observância do regulamento, fazia questão dos exercícios comuns, e seguia rigorosamente um horário para seus trabalhos e práticas de piedade. Amava sinceramente a Congregação, e sentia profundamente qualquer notícia desagradável a respeito de Superiores e confrades. Sua acentuada vida interior apareceu bem nos seus escritos particulares, em suas notas de retiros e o testemunho dos seus penitentes que não eram poucos, e dele diziam: “Exigente, compreensivo e piedoso”. Nunca foi orador de empolgar auditórios; mas foi pregador de exposição clara, comunicativo, que sabia prender seus ouvintes. Era nos retiros que ele se sentia mais à vontade, dirigindo-se à inteligência e reflexão de grupos, já que não se impressionava muito com o entusiasmo fácil das multidões. Como jornalista, era de um estilo todo original. Em suas mãos “O Santuário” foi sempre elogiado, pela ordem, clareza e conteúdo. Foi no dia 24 de agosto de 1937, quando estava ele escrevendo um artigo para o “Ecos Marianos”, que teve, de repente uma congestão cerebral, e foi levado para a Santa Casa de Guaratinguetá. Após dois meses de tratamento, conseguiu melhorar. Voltou para o Convento, e embora com dificuldade, continuou trabalhando na igreja e nos seus escritos. Como não chegou a recuperar bem os seus movimentos, seus três últimos anos foram de grandes sacrifícios. Mesmo assim não se dispensava dos exercícios comuns, andando com dificuldade, ia, todos os dias para o confessionário, e semanalmente fazia, no salão paroquial, a reunião da Congregação Mariana que ele mesmo fundara. Mas em agosto de 1940 começou a piorar sensivelmente. Quase não se alimentava. Tinha o coração inflamado, e complicações renais. Não deixava, porém, de celebrar sua missa e rezar seu Breviário todos os dias. Na véspera de sua morte, sofrendo muito quase sem poder respirar, concordou em ficar na cama. No dia seguinte, 29 de setembro (dia de São Miguel) com muito sacrifício conseguiu celebrar, sendo depois carregado para o seu quarto. Ainda rezou as horas menores do Breviário. Ao meio-dia recebeu a Unção dos Enfermos; a Comunidade foi avisada, e enquanto os confrades rezavam junto ao seu leito, ele fitou longamente o quadro de Santo Afonso, e expirou sem um gemido sequer.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

ELES VIVERAM CONOSCO - PE. ANTÃO (JORGE) HECHENBLAICKNER CSsR

PE. ANTÃO (JORGE) HECHENBLAICKNER CSsR 
+28 de SETEMBRO 1965 
Um confrade que soube elevar muito o nome da Congregação, não somente pela sua virtude, como pelo seu dinamismo. Tirolês austríaco, Pe. Antão nasceu a 5 de junho de 1880. Após seus estudos ginasiais ingressou na C.Ss.R. sendo ordenado em 1904. Saúde de ferro, e com uma extraordinária capacidade de trabalho, achou que na Europa não teria campo suficiente para a sua atividade. Veio, por isso, para o Brasil, logo após sua ordenação. E nunca mais voltou a rever a sua terra natal, tendo renunciado à respectiva licença para tal. Embora nunca o tenha revelado, sua longa vida nos deixou a impressão de que tinha voto de não perder tempo. “Sanctifica te pro Brasilianis, ut et ipsi sanctificentur per te” — esse o lema que o trouxe ao Brasil, escrito logo no cabeçalho do seu diário de viagem. E esse lema ele o viveu intensamente. Como Superior de Campinas (GO) foi de um zelo incansável, nas pregações, no confessionário, na construção do Santuário de Trindade, bem como da igreja de Bela Vista. E como se isso não bastasse, dedicou-se ainda à pregação de Missões e Retiros. Como Vigário da Penha distingui-se pelo seu zelo e caridade no trabalho de socorrer os pobres por ocasião da celebre gripe espanhola (1915-1918). Novamente como vigário em 1924 teve destacada atuação como mediador entre revoltosos e Governo, na revolução desse ano, bem como organizando a assistência aos pobres e necessitados, com a distribuição de gêneros e roupas. Como Superior e Vigário de Aparecida (1927-1932) apesar de todo o trabalho do seu cargo, tomou parte ativa no movimento de 9 de julho de 1932; promoveu o Congresso Mariano de 1929, e trabalhou intensamente para que Nossa Senhora Aparecida fosse declarada Padroeira do Brasil, a 16 de julho de 1930. De 1950 a 1956 foi, pela segunda vez, Superior e Vigário de Aparecida, muito fazendo pela Rádio e construção da nova Basílica. Como Missionário trabalhou em Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul, sempre com seu invejável entusiasmo e extraordinária disposição para o trabalho. Foi ainda diretor espiritual e professor no Seminário Maior de Tietê, participando também da Pastoral da Matriz ou nas Capelas rurais. Rigoroso consigo mesmo, jamais se dispensava do trabalho ou dos exercícios comuns. Com os confrades, ou com os estranhos, era sempre o religioso equilibrado, simples e atencioso com todos. Duramente provado pela idade e pela esclerose que não lhe permitiam qualquer atividade, passou seus últimos anos na Penha. Mesmo assim trabalhou com seu exemplo de conformidade, profundo espírito de fé e de oração. Nunca se dispensou do Breviário, rezando geralmente de joelhos, na Capela da casa; e quando já não podia mais celebrar, fazia questão de assistir a todas as missas que se celebravam na igreja. Somente pela sua grande energia e profundo espírito de fé pôde suportar esses anos de inatividade, sem uma palavra de queixa ou desânimo. Desse calvário, porém, Deus o tirou chamando- o para a glória eterna no dia 28 de setembro de 1965.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR
Foi vigário de Aparecida no tempo em que eu estava no seminário, meu pai, fotógrafo na praça, era muito amigo do padre Antão, certa ocasião autorizou-o com exclusividade a tirar fotos na gruta de Nossa Senhora no sopé do Morro do Cruzeiro, o negócio ia muito bem, mas outros fotógrafos foram ao padre Antão denunciar que meu pai não era devoto de Nossa Senhora e por isso não merecia aquele privilégio, isso o consternou muito, chamou meu pai e fez-lhe uma proposta, pediu que ele entrasse para a congregação mariana para calar a boca dos invejosos, papai não aceitou e deixou o ponto para um dos denunciantes que usava a fita azul.Alexandre Dumas

terça-feira, 26 de setembro de 2017

ELES VIVERAM CONOSCO - PE OSCAR JACOB KRINDGES, CSSR

PE OSCAR JACOB KRINDGES, CSSR
* Porto Alegre 06.07.1916
+ Passo Fundo  26.09.2011 
Nenhum dos 10 filhos do casal Jacob Krindges e Maria Hortência Krindges lhes foi tão querido como o 4º, o nosso Pe. Oscar. Nasceu a 06.07.1916, em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Recebeu o Batismo aos 10 de julho do mesmo ano, em Porto Alegre. Nessa cidade cursou os estudos primários. Aos 27.02.1929 começou o seminário menor no antigo e recém-fundado Clementinum, em Cachoeira do Sul. Dentre os que começaram os estudos no Clementinum, foi o primeiro a ser ordenado padre.  Ele chama a si mesmo ”o primeiro fruto do seminário redentorista gaúcho”. Terminou os estudos secundários em Aparecida SP, aos 20.12.1934. Começou o noviciado em Pindamonhangaba SP aos 02.02.1935. Após intensa preparação, levada a sério, emitiu a primeira profissão religiosa em Tietê SP, aos 19.07.1936, cidade em que já tinha começado o estudo de filosofia no dia 03 de março do mesmo ano. Ainda em Tietê iniciou a teologia em 1938. A emissão da profissão perpétua, aos 09.02.1940, foi a porta de entrada para o diaconato (17.11.1940), conferido por D. José Carlos de Aguirre,  Bispo de Sorocaba. O mesmo prelado lhe conferiu, a 21.12.1940, o sacerdócio, também em Tietê.
Após a ordenação, foi professor no seminário Santo Afonso, em Aparecida SP, até 1942. De 1943 a 1945 derramou suor e preocupação como vigário paroquial na Penha, paróquia da capital paulista.
Em 1945, em Aparecia SP fez o ‘segundo noviciado’ como preparação para a atividade missionária, indo em seguida a Campinas e  Trindade GO,  como missionário e pároco de Palmeiras de Goiás.
Igualmente dedicou-se às missões populares de 1953 a 1955, quando residiu em S. João da Boa Vista SP. As missões populares o ocuparam de 1955 - 1957 em Cachoeira do Sul RS. Nesta cidade, além de reitor da comunidade religiosa redentorista, foi o 1º  pároco da nova paróquia Santo Antônio, da qual tomou posse a 01.01.1958. Voltou às missões populares, agora residindo em Lages SC a partir de 1960.
Como professor no Seminário Instituto Menino Deus em Passo Fundo foi estimado por suas aulas de história e de ciências naturais; foi  reitor da comunidade religiosa a partir de 1964. Montou o Museu do Seminário, pedindo e se interessando por imagens, pedras, antiguidades e animais. Por seu interesse em tudo isso, popularizou-se-lhe o apelido de “Pirata”, pois “salvou” muitas preciosidades para o museu.
Em 1972 foi um dos pioneiros da nova frente missionária que a Província de Porto Alegre teve de assumir na Prelazia – hoje Diocese – e Rubiataba GO, onde, como pároco de Crixás, construiu, entre outras coisas, a matriz local. Doente, cansado, pediu para voltar ao Sul, pois sentia “necessidade da comunidade”.
Residindo novamente em Passo Fundo, já em 1977, pediu para voltar a Goiás, porque
“eu não suporto essa vida de professor... sonho poder trabalhar no meio do povo simples e amigo como em Crixás”. Mas, a determinação do médico que não desejava que ele ficasse num lugar tão retirado de recursos, o fez continuar o tratamento da saúde no Sul. Em 1981 trabalhou na paróquia de Ibiaçá RS, onde terminou, como pároco, a construção do santuário de N. Sra. Consoladora, com torre e tudo o mais a que tem direito um lugar de romarias. Com a entrega dessa paróquia, pela congregação, à diocese de Vacaria (25.02.1984), Pe Oscar  voltou  residir em Passo Fundo. Ali, cuidou do museu, embelezou o seminário.
Em 1987 foi um dos fundadores da casa redentorista de Lontras, diocese de Rio do Sul SC, onde, como vigário paroquial, deixou rastros de amizade, esparramou a alegria na  visita às casas de família, catequizou jovens e  crianças e seus dotes de oratória eram bem apreciados.
Desde  1989 viveu em Passo Fundo, no Instituto Menino Deus, onde cuidava do acervo histórico da Província de Porto Alegre e do museu, cuidava do visual ecológico do terreno adjacente, se deliciava com as orquídeas, bromélias e pássaros, pesquisava a história da Congregação no Sul do Brasil. Cada ano, porém, durante os meses de inverno migrava para o norte do Brasil, especialmente à Bahia, diocese de Juazeiro, onde exercia bom trabalho pastoral nas desobrigas daquelas imensas Paróquias.
Homem de hábitos simples, fala fluente, gostava de enfeitar as conversas com piadas e brincadeiras. Enérgico na defesa de suas idéias, também sabia dialogar. Gostava de viver entre os jovens, já que sua jovialidade era contagiante. Apesar da idade provecta, relacionava-se bem com a juventude. Houve momentos de bom entrosamento; a diferença de idade, contudo, trazia seus conflitos, levados na esportiva por ambos os lados.
Amou a congregação redentorista, à qual serviu como superior nas comunidades,  conselheiro provincial e demais cargos comunitários. Procurou encarnar na vida o espírito de Sto Afonso, o fundador. A Constituição 20 da CSSR serve para um bom retrato falado do confrade: forte na fé, firme na esperança, sempre dado à oração, disponível para  urgências pastorais..... A Província de Porto Alegre lhe deve muito pelas benemerências em trabalhos de resgate da memória histórica.
A coerência é uma das dimensões da fidelidade em viver, sem rupturas, e acordo com o que se crê. A fidelidade deve passar pela prova mais exigente: a prova da duração. Tudo isso transparecia nele por ocasião dos 60 anos de sacerdócio (12.12.2000) e nos 75 anos de  vida religiosa (10.07.2011). Foram datas de duração suficiente para provar a fidelidade. Louvemos ao Senhor.
Faleceu a 26 de setembro de 2011, as 13,00 h, durante a comemoração do Bem-aventurado Gaspar Stanggassinger, enquanto estava internado na UTI em hospital de Passo Fundo, atacado de pneumonia. Contava 95 anos de idade. Paz e alegria ao servo fiel. 
Veja fotos:
Pe Euclides
Sec.prov.
Congregação do Santissimo Redentor
Provincia de Porto Alegre
Barros Cassal, 767 – Bom Fim
90035-030  - Porto Alegre   rs
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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

ELES VIVERAM CONOSCO - PE. LUIZ ÍTALO ZÔMPERO CSsR

PE. LUIZ ÍTALO ZÔMPERO CSsR 
+25 DE SETEMBRO 1981 
Natural de Brotas-SP, nasceu em 23 de dezembro de 1934. Em 1942 sua família já estava residindo na vizinha cidade de Pederneiras-SP onde freqüentou a Escola Paroquial. Ingressando no Seminário Santo Afonso em 1944, recebeu o hábito em 1952 e fez os estudos superiores em nosso Seminário de Tietê, onde foi ordenado a 1º de julho de 1958. Durante alguns anos Pe. Zômpero trabalhou como professor e vice-diretor do S. R. S. A.(*) Posteriormente esteve como cooperador na Penha, e em São João da Boa Vista como missionário, ocupando-se também com os cursilhos. Daqui seguiu para o nosso Seminário em Goiás, e em 1978 foi vigário da nossa paróquia em Goiânia. Deixando o cargo de vigário, assumiu a direção da Rádio Difusora, tornando-se bastante conhecido através dos seus programas, sempre apreciados; e durante esses anos colaborou também no “Santuário de Aparecida”. De Goiás, Pe. Zômpero veio trabalhar na Rádio Aparecida. E foi a serviço da R. A. que, no dia 25 de setembro (1981) foi encontrar a morte, na estrada São Paulo-Curitiba. Capotando por duas vezes o carro em que viajava ao lado do motorista, fraturou ele diversas costelas, com grave lesão na coluna. Levado às pressas para Curitiba, faleceu ao dar entrada no hospital. Foi sepultado em Aparecida. Sua morte, repentina e violenta, foi muito sentida, principalmente pelos seus confrades que, nele viam um grande companheiro, sempre alegre, ativo, e disposto para qualquer trabalho. Deus o chamou quando tinha ainda muito para dar. (Comunicado do Governo Provincial) 
(*)Pe. Zômpero possuía porte físico excelente e foi exímio futebolista. O esporte, aliado à sua simpatia pessoal, foi o caminho para muitas amizades e para a pastoral entre os jovens. (nota do editor)
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR.

Padre Zômpero, ordenado sacerdote em 1958, iniciou os trabalhos como mestre no SRSA. Como todos podem lembrar-se, aos domingos havia a famosa "festinha" após o jantar, quando treinávamos nossa comunicação de púlpito por meio da oratória e declamação de poesias. Recordo que numa dessas ocasiões, Pe.Zômpero presidiu o evento e coube-me ser um dos oradores. Fiz um discurso com tema da FÉ, ESPERANÇA e CARIDADE tendo como base uma historieta que li de artistas da Ópera de Paris. Padre Zômpero elogiou minha apresentação e solicitou-me cópia para seus futuros sermões (naquele tempo dizíamos "sermões" ao invés das "homilias" de agora!). Saudosa memória! Esteja em paz, padre amigo! Antônio Ierárdi Neto - Tampinha
Amigo Ierardi, padre Zômpero foi também meu professor de música e nestas festinhas que você citou eu tive que fazer um solo. Eu sempre fui muito tímido, mas tive que fazer aquele solo. No palco do auditório, quando todos pararam de cantar eu cantei sozinho o famoso lá lá lá lá, lá lá lá lá lá. Nem sei como consegui, só sei que consegui. tanta gente boa que gostava de cantar, ele foi escolher justamente eu. E me lembro que o Natal teve que cantar uma música (Al di lá...) e ele escreveu na palma da mão para não esquecer e aí eu que tinha que declamar um poema fiz a mesma coisa, escrevi na palma da minha mão para não esquecer a letra. (era sobre a palavra "tempo", onde "tempo" aparecia várias vezes) Mas era um bom amigo e lembro-me que no esporte tinha uma coisa interessante, padre naquela época não podia tirar a batina preta de jeito nenhum (a batina branca ainda estava sendo liberada) então ele arregaçava a batina, prendia no cinto da batina dos redentoristas e era assim que ele jogava bola com agente. Ele nos conquistava através dos esportes. Todos gostavam muito dele. Pena ter morrido tão cedo. Abraços do amigo, Natanael de Jesus Criado.
Zômpero, vulgo "Pirulito" foi de meu tempo, estava ele na quinta série e eu na primeira, convivemos por três anos, nunca nos comunicamos em virtude da separação de turmas, maiores, médios e menores. Eu admirava sempre os mais velhos, eram exemplo de fé e perseverança, dele só me lembro da alegria sempre estampada no rosto e o espírito esportivo. Reencontrei-o posteriormente em Trindade na missa das nove, celebrada pelo padre Alexandre Morais, conversamos após a cerimônia e nos identificamos, ele se propôs a entrevistar-me na rádio onde ia conversar com os romeiros, exatamente como era feito na Rádio Aparecida pelo padre Vitor, recusei pela urgência que tinha em voltar para Morrinhos. Despedi-me e infelizmente só fui reencontrá-lo alguns anos depois enterrado no cemitério de Aparecida próximo ao túmulo de meus pais, os redentoristas têm várias sepulturas naquelas proximidades, coincidentemente ali também se encontrava o padre Alexandre Morais.Alexandre Dumas

ELES NOS PRECEDERAM - PE. LOURENÇO HUBBAUER CSsR

PE. LOURENÇO HUBBAUER CSsR 
+25 de SETEMBRO 1944 
Um dos Redentoristas mais conhecidos da nossa Província pela sua cultura e virtudes. Pe. Lourenço nasceu a 29 de novembro de 1872, em Muntersgrub (Alemanha). Admitido ao noviciado C.Ss.R. em 1888, professou no ano seguinte e veio para o Brasil antes de terminar seus estudos. Aqui chegou com a primeira turma de redentoristas bávaros, em 1894, indo logo iniciar a fundação de Campininhas (GO). No ano seguinte foi ordenado, dedicando-se então ao apostolado missionário. Voltando para São Paulo, foi o primeiro Superior e Vigário da Penha. Pe. Lourenço não se distinguiu como missionário; mas foi um incansável pregador de Retiros para sacerdotes e religiosas. Muito procurado também como Diretor Espiritual, colocava seus dirigidos no célebre dilema: ou progredir, ou desistir, pois ele não podia compreender tibieza ou covardia no serviço de Deus. Durante anos preocupou-se com a catequização dos japoneses no Brasil. Estudou a língua, e trabalhou entre eles em fazendas de Roseira e Pindamonhangaba. Era como um zelo todo particular que atendia os doentes, mesmo que para visitá-los, tivesse que percorrer as maiores distâncias. Em seus últimos anos empenhou-se com muito entusiasmo pela introdução da causa de beatificação da Madre Teodora Voiron, fundadora do Colégio São José, de Itu. Com arteriosclerose, e sofrendo do coração, viu-se ele obrigado, durante quase quinze anos, a passar as noites numa cadeira de balanço, na qual conseguia apenas cochilar um pouco. Nossa Província muito lhe ficou devendo, pelo seu trabalho como Mestre de Noviços, durante anos. Foi ele quem formou nossos primeiros padres brasileiros, com mão firme e segura, na Escola Redentorista de Santo Afonso. Vindo, um dia, de Itu, para São Paulo, Pe. Lourenço parou em Pirapora; e aí, quando subia a escadaria da igreja, sofreu um derrame, com violenta queda sobre os degraus. Trazido imediatamente para São Paulo, e internado num hospital, não reagiu mais, apesar do tratamento. Faleceu aos 72 anos dos quais 49 vividos em intensa atividade. Foi sepultado na Penha, e hoje seus restos mortais estão em Aparecida.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

domingo, 24 de setembro de 2017

ELES NOS PRECEDERAM - PE. LOURENÇO GAHR CSsR

PE. LOURENÇO GAHR CSsR
+24 de SETEMBRO 1905 
Foi o primeiro Superior e Vigário redentorista de Aparecida. Nascido a 25 de março de 1829, teve ótima educação, distinguindo-se desde criança pela sua seriedade e amor aos estudos. Em 1840 foi admitido num Colégio Beneditino em Metten (Alemanha) onde estudou alguns anos, como um dos melhores alunos. A 15 de outubro de 1856 professou na C.Ss.R. terminando seus estudos de Teologia no ano seguinte. E a 6 de maio de 1860 foi ordenado sacerdote. De 1871 a 1873 foi Superior da casa de Helldenstein. Mas sobreveio, por esse tempo, a supressão de todas as casas redentoristas na Alemanha, devido à perseguição religiosa. E, até 1894, Pe. Lourenço teve que sofrer muito, já pela situação político- religiosa, já pelo seu estado de saúde bastante abalado. Mesmo assim ofereceu-se para vir com a primeira turma para o Brasil. Já estava com 64 anos, quando aqui chegou, ficando adscrito à primeira fundação, em Aparecida, como Superior e primeiro Vigário, sendo também Consultor do primeiro Vice- Provincial, Pe. Gebardo, que fora iniciar a segunda fundação, em Campinas, Goiás. No ano seguinte, porém, a sede da Vice- Província foi transferida para Aparecida, onde Pe. Gebardo, assumiu a direção da Casa e da Paróquia, indo Pe. Lourenço para Campinas, então chamada “Campininhas”. Com a idade avançada, quase cego por uma oftalmite que o martirizava, tornando-o impaciente e desconfiado, Pe. Lourenço viu-se bastante provado, fazendo sofrer também seus confrades e seus paroquianos. Em 1898 voltou para Aparecida, devido à situação e a sua cegueira. Passou então a rezar diariamente a Missa de Nossa Senhora, pouco podendo trabalhar na igreja. Foi, porém, um apoio seguro para o Vice-provincial, como Consultor esclarecido e prudente. Agravando-se cada vez mais a sua cegueira, Pe. Lourenço começou a retirar-se de tudo e de todos, passando quase o dia todo na Capela. O Terço não lhe saia das mãos, chegando a rezá-lo quinze a vinte vezes ao dia. Fazia questão de tomar parte de todos os exercícios comuns, mesmo a custa de grandes sacrifícios. Provado interiormente, começou a julgar-se abandonado de todos, e mesmo de Deus, como um homem inútil, indigno da salvação eterna. Somente recobrou a paz e a confiança nos últimos meses de vida. Poucos dias antes de sua morte, arrastandose foi ainda ao quarto do Superior, e lhe pediu bênção “Benedicite” para fazer a sua viagem para a eternidade. Faleceu a 24 de setembro de 1905. E se não pôde dar à Vice-Província grandes realizações, deu-lhe certamente a bênção dos seus longos anos de sofrimento.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

sábado, 23 de setembro de 2017

ELES VIVERAM CONOSCO - PE. NOÉ SOTILLO CSsR

PE. NOÉ SOTILLO CSsR
+23 de SETEMBRO 1996 
Pe. Sotillo nasceu a 13 de março de 1921, em Cerquilho-SP, na Fazenda Estiva. Foram seus pais: Luiz Sotillo e Maria Bellini. Era o décimo primeiro dos dozes filhos do casal. Entrou para o Seminário Santo Afonso, em Aparecida, no dia 31 de março de 1936. Tendo recebido o hábito no dia 01 de fevereiro de 1943, fez o noviciado em Pindamonhangaba-SP. Fez a primeira profissão no dia 02 de fevereiro de 1944 e cursou filosofia e teologia no Seminário Maior Redentorista de Tietê, onde fez a profissão perpétua no dia 12 de fevereiro de 1947. Foi ordenado sacerdote no dia 06 de janeiro de 1949, em Sorocaba-SP. pelas mãos de D. José Carlos de Aguirre e cantou sua primeira missa solene em Porto Feliz-SP no dia 09 de janeiro de 1949. Seu primeiro trabalho pastoral foi como vigário cooperador na Penha em São Paulo de 1950 a 1951, quando foi ser vigário cooperador em Aparecida. No primeiro semestre de 1952 fez o segundo noviciado em Pindamonhangaba e iniciou a pregar as Missões Populares, adscrito sucessivamente às comunidades missionárias de Araraquara, São João da Boa Vista, Penha, Tietê, Araraquara, Jardim Paulistano, percorrendo o Brasil até 1965. Em setembro de 1965 foi nomeado superior da comunidade e pároco na Penha. Lá ficou até dezembro de 1966, quando os Redentoristas deixaram a Paróquia e Santuário de Nossa Senhora da Penha e a entregaram à arquidiocese de São Paulo. No dia 01 de janeiro de 1967 foi nomeado tesoureiro e administrador no Santuário de Aparecida, ao lado de Dom Antônio Macedo que, depois, lhe entregou toda a responsabilidade da administração do Santuário e da construção da nova Basílica. Lá ele ficou até 01 de dezembro de 1989 e realizou uma obra gigantesca. Começando praticamente do nada, foi ele que criou toda a estrutura administrativa e deu nova vida e novo ritmo à construção do grande santuário. Foi uma mudança que fez com que se agilizasse a construção. Creio que, por justiça, se deve reconhecer que, se hoje existe o grande santuário, em grandíssima parte se deve à capacidade e ao trabalho do Pe. Sotillo. Foi ele também que se preocupou em construir toda a infraestrutura para atendimento dos romeiros, que hoje causa admiração a todos os que visitam o Santuário de Aparecida. Ninguém pode imaginar quanto trabalho, quanta preocupação e quanto sofrimento ele teve de enfrentar, sempre guiado por uma grande fé, um grande amor a Nossa Senhora e uma energia de gigante. Desempenhou o cargo de Conselheiro Provincial de 1976 a 1979. Em dezembro de 1989 retirou-se para o Jardim Paulistano, onde ficou como vigário paroquial, sendo também superior da comunidade de 1991 a 1993. Em dezembro de 1995, atingido, sem, nenhum pré-aviso, por insidiosa doença, teve de ser internado no Hospital Sírio-Libanês, por causa de uma obstrução biliar. No dia 19 de dezembro foi operado, mas os médicos verificaram que não havia mais nada que fazer: um tumor no pâncreas muito adiantado, que não possibilitava nenhuma intervenção. Saindo do hospital foi para a casa da família do Sr. Narciso Sotillo e de d. Elisinha que, com muito amor e carinho, lhe deram toda a assistência possível. Os prognósticos dos médicos lhe davam de seis meses a dois anos de vida. Aparentemente ele se recuperava, lutava e tinha esperança de sarar completamente. Continuou indo freqüentemente ao Jardim Paulistano e se interessando por tudo, com seu proverbial bom senso e sua experiência. Celebrava diariamente sua missa e rezava muito... Quantas vezes era encontrado com o terço na mão, caminhando de um lado para o outro. Fez várias visitas para rezar em Aparecida. Todos sabemos que por detrás de modos às vezes bruscos, o coração do Pe. Sotillo era de uma bondade e de uma caridade muito grandes. Isso ele não conseguia esconder sob seus modos enérgicos e diretos: no fim, sempre transparecia seu “coração de ouro”. Era alguém que não guardava rancores, que sabia perdoar e sabia também reconhecer e pedir perdão. Sempre disposto a ajudar os confrades e outras pessoas, mesmo quando recebia ingratidão. No dia 23 de setembro de 1996, mais ou menos às18 horas, Pe. Noé Sotillo voltou à casa do Pai, em Pouso Alegre MG, onde tinha sido hospitalizado após o agravamento repentino de seu estado de saúde. Para lá ele quisera ir em busca de alívio paras as dores que, nos últimos dias, lhe causavam atrozes sofrimentos. Ao sair da casa do Sr. Narciso e de d. Elisinha, ele dizia com alegria e esperança: “Vou buscar minha saúde!”. Não temos dúvida que a Mãe, Nossa Senhora Aparecida, e Santo Afonso, a quem ele amava apaixonadamente, o terão acompanhado aos braços e ao coração do Pai: “Servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor!”. (Do Comunicado Provincial de 27/09/96)
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

Quando o Padre Sotillo esteve na Penha, como vigário cooperador, dirigiu a equipe de acólitos (coroinhas). Nesse período, promoveu alguns passeios para estimular o grupo. Lembro-me de algumas vezes ele trazer guloseimas industrializadas raramente oferecidas aos coroinhas. Isso ficou indelevelmente marcado em minha memória. Zé Morelli

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

ELES VIVERAM CONOSCO - PE. JOSÉ PEREIRA NETO CSsR

PE. JOSÉ PEREIRA NETO CSsR
+22 de SETEMBRO 1986 
Nasceu em Jacareí-SP, à 4 de agosto de 1914. Era o primeiro filho de Antônio Pereira Guedes e Maria Mercadante Pereira. Entrou para o Juvenato de Aparecida no dia 5 de fevereiro de 1926. Fez o noviciado, sozinho, em Pindamonhangaba em 1932, onde professou no dia 2 de fevereiro de 1933. Iniciou seu Seminário Maior na Argentina em Manuel Ocampo e Villa Allende, de 1933 a 1936. Em 1937 veio para o recém-fundado Seminário de Tietê-SP, onde continuou seus estudos. Foi ordenado sacerdote na Igreja Matriz de Tietê, no dia 19 de dezembro de 1937 por Dom José Carlos de Aguirre, bispo de Sorocaba. Sua primeira missa solene foi em Aparecida, no dia de Natal de 1937. A 5 de fevereiro de 1939 deixou o Seminário Maior, sendo transferido para Aparecida, como cooperador na Basílica, sendo ao mesmo tempo professor no Seminário Santo Afonso. De fevereiro de 1940 a janeiro de 1945 foi professor e prefeito do Seminário Santo Afonso. De janeiro de 1945 a abril do mesmo ano foi diretor do Seminário São José em Campinas-Goiânia. De maio de 1945 a fevereiro de 1956 foi professor, diretor e também reitor do Seminário de Santo Afonso. Em 1956 foi transferido para o Chile, como professor em nosso Seminário Redentorista em São Bernardo, onde ficou por um ano. De janeiro de 1957 a março de 1972 esteve no Jardim Paulistano, paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em São Paulo. Nesse período foi: cooperador paroquial, arquivista provincial, cronista e secretário provincial e também reitor da comunidade. Em março de 1972 foi transferido para a Basílica de Aparecida como cooperador. Em janeiro de 1979 foi transferido para Araraquara, como cooperador na Igreja de Santa Cruz. Pe. Pereira foi professor em nossos seminários por 18 anos. Foi arquivista provincial 15 anos, tendo remodelado completamente o arquivo provincial. A matéria predileta do Pe. Pereira: as ciências naturais, principalmente a Botânica, da qual era profundo conhecedor. Era ótimo professor. Era também grande conhecedor dos objetos de arte, principalmente de arte antiga. Foi o Pe. Pereira quem organizou o Museu do Seminário Santo Afonso, como o encontramos hoje. Em Araraquara sua saúde intelectual foi decaindo rapidamente: esclerose. No fim estava completamente esquecido de tudo. Igualmente sua saúde física decaiu: muita anemia. No dia 14 de abril de 1986 foi operado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo: câncer no esôfago. Sua irmã Carmem, esteve junto dele nos últimos meses de vida, tratando dele com todo cuidado e carinho. Pe. Pereira faleceu na Santa Casa de Araraquara, no dia 22 de setembro de 1986, à 15h15. Foi enterrado em Araraquara. “Instantes de enlevo e encantamento assaltam-me todos os dias: preciso ter olhos abertos para vê-los, e alma atenta para senti-los; por isso, ando no meio das coisas bonitas que enfeitam o mundo, imaginando que cada criatura é uma palavra de Deus (e Deus jamais se repetiu!) e atravesso os anos nadando em riquezas, sem possuir um centavo!...” Estava com 72 anos de idade e 49 de sacerdócio. (Comunicado do Governo Provincial)
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR
Padre Pereira era um grande amigo, organizava o museu do Seminário Santo Afonso no meu tempo. Era de Jacareí, cidade de onde fui para o SRSA, fui ao enterro de sua mãe Dona Maria Mercadante, família toda de Jacareí, inclusive o Ministro Mercadante também é de Jacareí. Seus pais foram os primeiros a produzirem os famosos Biscoutos Jacareí. Tenho uma imagem da Imaculada que o Padre Pereira me deu! José Alcides Marton

JOSÉ CARLOS CRIADO , PADRE PEREIRA NETO E OS OVOS

Fazenda do Potim, Guaratinguetá/SP, 1969, ano em que fiz o noviciado, similar à vida monástica, em preparação à formação de padre missionário redentorista, tendo o Pe. Amador Leardini como mestre. No horário, todo cronometrado, era prevista meia hora de cochilo (sesta), após o almoço. Como eu não conseguia cumprir esta atividade e não parava de ficar admirando a rica vida ornitológica ao redor do prédio, especialmente acompanhando desde a construção de ninhos até a saída dos filhotes, comecei a colecionar ovos das aves locais. A vida era tão abundante que, quase todo dia, encontrava no chão, ao lado do prédio, pintado de branco, algum pássaro desmaiado ou morto por bater na parede, talvez pensando que era um espaço vazio. Tsiu, coleirinha, bigodinho, rolinha, galinha d´água, beija flor, canário da terra, entre tantos. Se estava vivo, corria para a cozinha, pegava um pouco de água com açúcar e pingava no bico. Quase sempre funcionava e ficava todo alegre quando saia voando. Durante o horário da sesta, saia para andar pelo pomar e mata vizinha. Quando um ninho começava a ser construído, ficava acompanhando até aparecer o primeiro ovo para a coleção. Com uma agulha, furava ambos os polos e ficava assoprando até sair todo o conteúdo. Colocava em uma caixinha e anotava a data e o nome popular da ave. Assim, montei uma pequena coleção de ovos, nada científica, apenas resultado de um hobby sem maiores pretensões. No início do ano seguinte, após o final do noviciado, já com os votos temporários de três anos quando do recebimento da batina redentorista, com o título de Frater (Fr.) antes do nome, recebemos a visita do Pe. José Pereira Neto, que se mostrou curioso com minha coleção. Dias depois, recebo uma correspondência dele. Eram algumas folhas originais de uma revista francesa, Plaisir de France, de maio de 1948, acompanhadas de um bilhete escrito pelo Pe. Pereira dizendo: “Au Fr. José Carlos Criado, ne pas “galopin” mais “collectionneur” de oeufs”. No artigo da revista, o autor apresentava a foto de uma coleção de ovos, explicando, no início do texto, a diferença entre “galopin” e “collectionner”. Bela forma discreta de chamar minha atenção pelo que havia feito. Na época não entendi bem sua intenção mas, achei interessante a ilustração da revista com ovos de pássaros dispostos de forma a desenhar um lagarto, em uma placa de espuma de nylon. Fui à carpintaria, montei uma caixa, com tampa deslisante de vidro e coloquei no fundo uma placa de espuma, tentando copiar o modelo da revista. Com um ferro aquecido, abria pequenos buracos na espuma para encaixar os ovos, formando a figura de um lagarto. Neste mesmo ano, nossa classe começou com os estudos de Filosofia no IRES – Instituto Redentorista de Estudos Superiores em um prédio enorme construído no km. 20 da Raposo Tavares, São Paulo. Lugar também exuberante de vida ornitológica devido sua localização em meio à mata. Muitos pintassilgos, principalmente, mas nunca consegui encontrar seus ninhos e, assim parei de colecionar ovos. Lugar que hoje se transformou em penitenciária feminina em meio a um novo bairro, quase sem mata, sem aves. Aos poucos elas estão desaparecendo e, em breve, somente poderão ser conhecidas através de livros, fotos, e.... coleções. Quase 45 anos depois, a pequena coleção ainda está comigo. Afinal, o Pe. Pereira recomendou que fosse um colecionador, (ne pas “galopin” mais “collectionneur”) permitindo a outros a oportunidade de apreciar algo interessante. Seguem as fotos. Um grande abraço, José Carlos Criado
PADRE PEREIRA NETO
+22/09/1986


CRIADO, LI E ACHEI FANTÁSTICO. TB GOSTO DA NATUREZA E TENHO FEITO ALGUMAS EXPERIÊNCIAS  MUITO GOSTOSAS COM PLANTAS. PLANTIO DE FRUTAS, DE ORNAMENTAIS, ETC. É MUITO INTERESSANTE DESCOBRIR E ADMIRAR OS MILAGRES DE DEUS N A NATUREZA. ANTONIO CARLOS SACRISTÃO. (+)
Belo resgate, Ierardi. parabéns ao Criado que fez um belo trabalho de estudo dos pássaros da região de Potim e do KM 20 da Raposo, quando lá ainda havia mata preservada. abs. Luiz Silvério
Pe. Pereira que me desculpe, acabei sendo, em ornitologia, um "galopin", um amador aventureiro, admirador da natureza, hehehe. José Carlos Criado

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

ELES VIVERAM CONOSCO - Dom Carlos Carmelo Cardeal de Vasconcelos Motta

Dom Carlos Carmelo Cardeal de Vasconcelos Motta
Nomeado Arcebispo de Aparecida
falecido em 18 de setembro de 1982
Período: 1944 à 1964
Biografia:
Dom Carlos Carmelo Cardeal de Vasconcelos Motta (Bom Jesus do Amparo, 16 de julho de 1890 — Aparecida, 18 de setembro de 1982) foi um sacerdote católico brasileiro; vigésimo quarto bispo do Maranhão e seu segundo arcebispo; décimo quinto bispo de São Paulo, sendo seu terceiro arcebispo e primeiro cardeal. Foi também o primeiro arcebispo de Aparecida .
Era filho de João de Vasconcellos Teixeira da Motta e de Francisca Josina dos Santos Motta.
Estudos:
Realizou seus estudos fundamentais na Fazenda da Prata, na paróquia de Taquaraçu, Caeté, Minas Gerais. Estudou de humanidades no Colégio Matosinhos, dos Irmãos Maristas, em Congonhas do Campo. Em 1904, matriculou-se no seminário menor de Mariana, saindo após breve período. Entre 1910 e 1911 cursou a Faculdade de Direito de Belo Horizonte. Em 1914 matriculou-se no seminário maior.
Presbiterado:
Foi ordenado presbítero no dia 29 de junho de 1918, por Dom Silvério Gomes Pimenta, arcebispo de Mariana. Celebrou sua primeira missa, em Taquaruçu, a 7 de julho de 1918.
Atividades antes do Episcopado:
Após ser ordenado, foi nomeado vigário coadjutor de Taquaruçu, onde permaneceu por seis meses. Depois foi nomeado capelão do Asilo São Luís da Serra da Piedade. Foi depois capelão do Recolhimento das Macaúbas, e trabalhou nas paróquias de Caeté e Sabará. Foi reitor do seminário de Belo Horizonte até 1932.
Episcopado:
Em 29 de julho de 1932 foi eleito bispo titular de Algiza e auxiliar de Diamantina, aos 42 anos. Recebeu a ordenação episcopal , em 30 de outubro de 1932, na igreja matriz de São José, em Belo Horizonte, sendo sagrante principal Dom Antônio dos Santos Cabral, arcebispo de Belo Horizonte, e consagrantes: Dom Ranulfo da Silva Farias, então bispo de Guaxupé, e Dom Antônio Colturato OFM Cap, então bispo de Uberaba. Em 19 de dezembro de 1935 foi nomeado arcebispo do Maranhão, onde permaneceu por oito anos.
Em 13 de agosto de 1944, aos 54 anos, foi nomeado arcebispo de São Paulo, da qual tomou posse por procuração a 7 de setembro do mesmo ano. No dia 16 de novembro fez sua entrada solene na igreja de Santa Ifigênia, então catedral provisória. Em 18 de abril de 1974, aos 73 anos, foi nomeado primeiro arcebispo de Aparecida, cargo que exerceu até sua morte, em 18 de setembro de 1982, aos 92 anos.
Cardinalato:
No Consistório do dia 18 de fevereiro de 1946, presidido pelo Papa Pio XII, na Basílica de São Pedro, Dom Carlos foi criado Cardeal-Presbítero, do título de São Pancrácio. Como cardeal, participou de dois conclaves, o de 1958 e o de 1963.
Brasão e lema:
- Descrição: Escudo eclesiástico, partido: o 1º de sinopla, com cinco flores-de-lis de jalde postas em sautor - Armas dos Motas; o 2º de sable com três faixas veiradas de argente e goles - Armas dos Vasconcelos. O escudo está assente em tarja branca, na qual se encaixa o pálio branco com cruzetas de sable. O conjunto pousado sobre uma cruz trevolada de duas travessas de ouro. O todo encimado pelo chapéu eclesiástico com seus cordões em cada flanco, terminados por quinze borlas cada um, tudo de vermelho. Brocante sob a ponta da cruz um listel de goles com a legenda: IN SINV IESV, em letras de jalde.
- Interpretação: O escudo oval obedece as regras heráldicas para os eclesiásticos. Os campos representam as armas familiares do Cardeal. O Campo de sinopla (verde) representa: esperança, liberdade, abundância, cortesia e amizade. As flores-de-lis simbolizam: candura, castidade, pureza, poder e soberania, sendo de jalde (ouro) traduzem: nobreza, autoridade, premência, generosidade, ardor e descortínio. No 2º, o esmalte sable (negro) do campo simboliza: a sabedoria, a ciência, a honestidade, a firmeza e a obediência ao Sucessor de Pedro; as faixas veiradas representam as pontas de peles variadas que ornavam os mantos da ·nobreza, sendo que pelos seu metal argente (prata) simboliza a inocência, a castidade, a pureza e a eloqüência, virtudes essenciais num sacerdote; e, pela sua cor goles (vermelho), simboliza o fogo da caridade inflamada no coração do Cardeal pelo Divino Espírito Santo, bem como, valor e socorro aos necessitados. O listel tem com lema No Seio (Coração) de Jesus, sendo uma afirmação da confiança do cardeal na promessa de Jesus de que quem nEle espera jamais será confundido.
Atividade e contribuições:
Dom Motta foi administrador da Diocese de Diamantina , de 1933 a 1934. No Maranhão, criou o Colégio Marista de São Luís, orfanatos, hospitais e um leprosário. Instalou diversas congregações religiosas. Promoveu a criação das dioceses de Caxias e Pinheiros, sendo administrador desta última entre 1940 e 1944.
Preocupadíssimo com a formação católica dos universitários, o Cardeal Motta criou em 18 de março de 1946 a Faculdade Paulista de Direito, núcleo inicial da Universidade Católica, que a 10 de maio de 1945 teve seu primeiro reitor nomeado, Dom Gastão Liberal Pinto e foi instalada a 2 de setembro de 1946. Em 1947, o Papa Pio XII, lhe concede o título de Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no antigo convento carmelita, no bairro de Perdizes.
O Cardeal Motta estimulou, em São Paulo o Movimento familiar Cristão e a Ação Católica, que ganhou grande força na década de 50 do século XX. Em 14 de outubro de 1952, foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Empenhou-se muito para concluir as obras da nova catedral, inaugurando-a, a 25 de janeiro de 1954, ainda sem as torres, durante as comemorações do quarto centenário da cidade de São Paulo. A catedral teve seus sinos e o carrilhão abençoados, pelo Cardeal Mota, a 6 de janeiro de 1959.
Em 2 de março de 1956 fundou a Rádio Nove de Julho, em comemoração aos oitenta anos do Papa Pio XII. Preocupado em aumentar o número de sacerdotes, o Cardeal Motta promoveu entre 4 e 9 de novembro de 1957 o Segundo Congresso Nacional da Vocações Sacerdotais. O cardeal procurou implantar e incentivar as reformas do Concílio Vaticano II na arquidiocese.
A Arquidiocese de Aparecida, no Vale do Paraíba, havia sido ereta a 19 de abril de 1958 e o Cardeal Motta era seu Administrador Apostólico, desde então. A 25 de abril de 1964, foi ele nomeado para ser o primeiro arcebispo daquela sede. Em Aparecida, o cardeal assumiu, com grande empenho, a construção do novo santuário nacional da padroeira do Brasil.
Curiosidades:
Seu pai João de Vasconcelos Teixeira da Motta foi deputado durante o Império. Foi o Cardeal Motta quem escolheu pessoalmente o nome de Brasília para ser a nova capital Federal da Nação. Em 3 de maio de 1957, e celebrou a 1ª missa em Brasília.
Foi o primeiro presidente da CNBB, de 1952 a 1958. Foi Arcebispo de São Paulo por 20 anos, criando mais de 100 paróquias. Participou de dois Conclaves: do Papa João XXIII e do Papa Paulo VI.
Bispos ordenados:
O Cardeal Motta foi o principal sagrante dos seguintes bispos:
- Dom Luís Gonzaga Peluso
- Dom Francisco Prada Carrera, C.M.F.
- Dom João Batista Costa
- Dom Antônio Maria Alves de Siqueira
- Dom Manuel Pedro da Cunha Cintra
- Dom Paulo Rolim Loureiro
- Dom Afonso Maria Ungarelli, M.S.C.
- Dom João Resende Costa, S.D.B.
- Dom Romeu Alberti

E foi consagrante de:
- Dom Rodolfo das Mercês de Oliveira Pena
- Dom Filipe Benedito Condurú Pacheco
- Dom Luís Gonzaga da Cunha Marelim, C.M.F.
-Dom Francisco Xavier Elias Pedro Paulo Rey,       T.O.R

domingo, 17 de setembro de 2017

ELES VIVERAM CONOSCO - IR. WENCESLAU (CARLOS PREIS) CSsR

IR. WENCESLAU (CARLOS PREIS) CSsR
+17 de SETEMBRO 1963 
Alemão, nascido em Blaibach a 3 de fevereiro de 1884, professou na C.Ss.R. em 1908, vindo logo para o Brasil. Eletricista, mecânico, e ótimo marceneiro, Irmão Wenceslau trabalhou em Trindade, Campinas (GO) em Cachoeira do Sul, e no Seminário R. Santo Afonso. Dedicado e caprichoso em tudo o que fazia, era um homem de fé. Em meio a certos trabalhos e dificuldades que muito o aborreciam, segundo suas cartas, aceitava humildemente o que Deus lhe mandasse, pois dizia-se nas mãos do Pai. Com quase 81 anos ele trocou este mundo pela eternidade, no dia 17 de setembro de 1963.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

ELES VIVERAM CONOSCO - PE. JOSÉ SEBASTIÃO SCHWARTZMAIER CSsR

PE. JOSÉ SEBASTIÃO SCHWARTZMAIER CSsR
+14 de SETEMBRO 1975 
O patriarca da Província, que chegou aos 96 anos de idade. Natural da Baviera, nasceu a 28 de fevereiro de 1880, ingressando no Juvenato C.Ss.R. em 1894. Ordenado em 1907, trabalhou na Alemanha até 1911. Nunca se interessou em trabalhar no Brasil. Todas as vezes em que o Provincial lhe perguntou se gostaria de vir, sua resposta foi sempre a mesma: 
-“Não!” 
Finalmente o Provincial lhe disse: 
-E se eu o mandar? 
-“Irei por obediência” — disse ele. 
O Provincial mandou, e Pe. Sebastião veio. Chegou a Aparecida em 1911 e aí ficou até 1915 como coadjutor, passando depois a Superior. Em seus longos anos de Brasil, Pe. Sebastião foi Superior e Vigário da Penha, de Aparecida (em dois triênios) de Campinas (GO) e de Pinda. Em Goiás trabalhou durante muitos anos, e era esse seu campo predileto de atividades, principalmente como Missionário pelo sertão afora. Era um confrade que todos estimavam pela sua simplicidade em tudo. Calmo, alegre, até brincalhão, principalmente em seus últimos anos, ele soube desempenhar muito bem o seu papel de patriarca. De ótima saúde, nunca se queixava de dificuldades, incômodos ou privações. Enfrentou com alegria anos e anos de trabalho, percorrendo o sertão goiano, sempre no lombo de burro. Certa vez, numa viagem, perdeu seu burro de estimação. Ele e seu camarada ajudante procuraram a “condução” por toda parte; mas nada de encontrar. Desanimado, Pe. Sebastião acabou chegando a uma fazendola bem distante, e pediu um burro emprestado. O dono da fazenda saiu pelo pasto, pegou um burro, e lhe trouxe. Era o seu burro desgarrado que, finalmente, voltou ao dono. Entomólogo apaixonado, vivia à cata de cobras, aranhas, escorpiões et similia, que mandava para o Butantã. Uma lista sua aponta mais de 2.000 espécies de abelhas, formigas, mosquitos etc. que ele enviou a revistas especializadas, para a devida classificação, já que eram ainda desconhecidas. Picado certa vez por um escorpião, alguém lhe perguntou: 
— Arruinou? 
— Não disse ele — só que o escorpião morreu... 
Que a sua saúde era de ferro, ele o mostrou até aos 90 anos, não dispensando diariamente o seu fortificante predileto: um bom machado, com o qual rachava um metro de lenha que, depois, levava com muito carinho, para a cozinha. Mas depois dos noventa, o velho patriarca foi decaindo aos poucos. Enquanto pôde, continuou celebrando todos os dias, e rezando também o Ofício no seu patriarcal Breviário em latim. Foi com saudade que ele precisou abandonar o seu “elixir de machado”, passando o dia no quarto ou na capela. Somente caiu com o peso dos seus 96 anos, falecendo em Goiânia a 14 de setembro de 1975. Certamente pôde então apresentar ao Pai um ramalhete de 64 anos bem cheios, vividos no Brasil. E por obediência.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR
Foi marcante a presença do redentorista alemão Pe. Sebastião Schwartzmaier em Goiás. Chegou aos 96 anos de idade. Nascido na Baviera, em 1880. Ordenado em 1907, trabalhou na Alemanha até 1911. Não lhe interessava trabalhar no Brasil. Veio por obediência. Ficou alguns anos nas comunidades de São Paulo, mas seu campo predileto de atividades foi Goiás, principalmente como missionário pelo sertão afora. Era um confrade que todos estimavam pela sua simplicidade em tudo. Entomólogo apaixonado, vivia à cata de cobras, aranhas, escorpiões ‘et similia’, que mandava para o Butantã, em SP. De ótima saúde, ele a mostrou até aos 90 anos, não dispensando diariamente o seu fortificante predileto: um bom machado, com o qual rachava um metro de lenha que, depois, levava com muito carinho, para a cozinha. Faleceu em Goiânia a 14 de setembro de 1975. Certamente, com 96 anos, apresentou ao Pai Eterno um ramalhete de 64 anos bem cheios, vividos no Brasil. E por obediência! Setembro/2017