terça-feira, 31 de maio de 2016

ELES VIVERAM CONOSCO - PE. ANTONIO LINO RODRIGUES CSsR

PE. ANTONIO LINO RODRIGUES CSsR
+31 DE MAIO 2011
Nasceu em São Paulo, capital, no Bairro da Penha, a 26.09.1927. Eram seus pais: Joaquim Augusto Rodrigues e Carlota dos Anjos Fernandes. Entrou para o Seminário Santo .Afonso, em Aparecida, a 08.08.1938, onde terminou seus estudos em dezembro de 1945. Fez o Noviciado em Pindamonhangaba durante o ano de 1946, onde se consagrou a Deus pelos votos religiosos na Congregação a 02.02.1947. Os estudos de Filosofia e Teologia se realizaram no Seminário Santa Teresinha, em Tietê SP, onde fez a Profissão Perpétua a 02.02.1950. Foi Ordenado Sacerdote, em Tietê SP, a 27.12.1951, por D. José Carlos de Aguirre, Bispo de Sorocaba SP. Em 1953 iniciou seu Apostolado como Vigário Cooperador em Aparecida. Em 1954 foi transferido como Vigário Cooperador, na Paróquia do Divino Pai Eterno, em Trindade GO. No segundo semestre de 1954, foi designado a trabalhar na Paróquia da Imaculada Conceição, em Campinas, Goiânia GO. Em 1958, voltou para a Paróquia da Penha, em São Paulo. No primeiro semestre de 1962, em Pindamonhangaba, fez o IIº Noviciado, preparando-se para as Missões Populares. De 1962 até 1996, dedicou-se à Pastoral das Missões Populares, residindo sucessivamente em nossas comunidades de São João da Boa Vista SP (1962 a 1971); em Campinas GO (1971 a 1972). De 1973 a 1978, voltou a morar em Aparecida, trabalhando na pastoral dos Romeiros na Basílica. Depois prosseguiu sua jornada missionária, residindo em Sacramento MG (1979 e 1980); em Tietê SP (1981 a 1984); Araraquara SP (1985 a 1987); em São João da Boa Vista SP (1988 a 1993); em Tietê SP (1994 a 1996). Em 1996 deixou o trabalho Missionário direto e passou para um trabalho avulso de substituição em Paróquias, de pregação de novenas, tríduos, etc. Em 2008, foi residir no Convento do Santuário, em Aparecida, para tratamento de saúde. Em seus últimos dias, esteve entre a vida e a morte, em conseqüência de uma queda que lhe ocasionou um coágulo no cérebro. Internado no Hospital Frei Galvão, em Guaratinguetá, veio falecer no dia 31 de maio, às 23h30. Descanse em paz!
Pe. José Bertanha, C.Ss.R. 
Arquivista Provincial
Olá Ierardi! Esse meu conterrâneo, foi o único padre que, em toda minha vida, me disse que Deus estava muito contente comigo. Isso me tocou profundamente. Acredito que precisa ouvir aquilo naquele momento. Eu era adolescente e ele me disse após uma confissão que fiz com ele. Morelli

segunda-feira, 30 de maio de 2016

ELES VIVERAM CONOSCO - Pe. HÉLIO DE PESSATO LIBARDI CSsR

Pe. HÉLIO DE PESSATO LIBARDI CSsR
+30 DE MAIO DE 2011
               Nasceu a 09.04.1941, em Tietê SP. Seus pais: João Libardi e Hermínia de Pessato Libardi . Família numerosa: 13 filhos, dos quais dois são Religiosos. É o 8º filho do casal.Foi batizado em Saltinho e crismado em Laranjal Paulista. Entrou para o Seminário Santo Afonso, em Aparecida, a 11.08.1952, onde terminou os estudos em 1959. Em 1960, fez o Noviciado em Pindamonhangaba e aí fez sua Profissão Religiosa na Congregação Redentorista, no dia 02.02.1961. Os estudos de Filosofia e Teologia foram feitos em Tietê e no Alfonsianum, em São Paulo, Capital. Fez a Profissão Perpétua na Congregação em Tietê, no dia: 02.02.1964.Foi Ordenado Sacerdote a 01.01.1967, em Tietê SP, na Igreja de S.Teresinha, por Dom José Melhado Campos, Bispo de Sorocaba SP.Começou sua vida apostólica em 1968, como professor e auxiliar do diretor do Seminário Menor de Santa Teresinha, em Tietê SP. Em dezembro de 1972, foi nomeado Diretor do Seminário, aí ficando até o fim de 1978, quando foi transferido para São João da Boa Vista, como missionário das Missões Populares.Foi Conselheiro Provincial, de 1982 a 1984. Por várias vezes foi membro do Capítulo Provincial. Trabalhou na preparação do Congresso Eucarístico Nacional de Aparecida, em 1985.No 2º semestre de 1987, foi fazer uma reciclagem pastoral em Roma, de onde voltou em julho de 1988. Continuou seu apostolado nas Missões Populares.No dia 08.06.1990 foi eleito Superior Provincial da Província Redentorista de São Paulo.No dia 17 de junho, tomou posse do cargo em solene Eucaristia, na Basílica Nova, em Aparecida.Terminado seu mandato, em 1997, foi transferido para Sacramento MG. m 1998, foi transferido para Araraquara, onde ficou, trabalhando nas Missões Populares.Grande missionário, é também escritor. Era muito procurado para aconselhamento e direção espiritual.Foi co-fundador da UNESER e diretor Espiritual por 15 anos. Internado por uma dissecação da aorta, foi submetido à cirurgia. Com problemas pela dificuldade de cicatrização, sofreu mais duas operações, vindo a falecer durante a operação, dia 30 de maio às 15 h, no hospital S. Lucas de Ribeirão Preto.
Pe. José Bertanha, C.Ss.R
Arquista Provincial
São Paulo, 30.05.2011

domingo, 29 de maio de 2016

DEUS COM CORAÇÃO DE HOMEM

Pe. Flávio Cavalca de Castro, redentorista
Tudo nos fala da bondade de Deus, que é pai e nos ama infinitamente mais do que as mães seriam capazes. É, porém, na pessoa de Jesus que mais clara-mente se manifesta para nós a misericórdia bondosa do Pai. É difícil para nós imaginar a ternura do Pai por nós. Pois ele é tão diferente. O amor de Jesus, nós o podemos compreender um pouco mais. Conhecemos como ama nosso coração, os sentimentos que tomam conta de nós quando amamos alguém. Pois é mais ou menos assim que o Pai nos ama com o cora-ção humano de Jesus, seu filho e nosso irmão. Em Jesus, com seu coração humano, o Pai ama-nos com um amor cálido e vibrante, terno e apaixonado. É todo misericórdia para nós, num amor entra-nhado e comprometido, fiel e incondicional. Em Jesus temos um Deus com coração de homem e de mulher... Que bom.

MISSIONÁRIO NA ETERNIDADE - AUTOBIOGRAFIA

O Pe. Hélio Libardi passou no mês de abril de 2011 por uma cirurgia do coração. Depois de várias tentativas para fechar o corte, com novas internações no hospital e na UTI, ele não resistiu e faleceu à tarde do dia 30 de maio de 2011. Rezemos pelo seu descanso. Que Deus o tenha na Glória!
Estamos publicando abaixo o que tinha escrito sobre sua vida e sua vocação

PE. HELIO DE PESSATO LIBARDI

Nasci em Tietê. SP, no Bairro Pederneiras, aos 06 de abril de 1941. Filho de João Libardi e de Herminia de Pessato Libardi. Somos treze irmãos: 10 mulheres e três homens. Sou o número 08. Nossa família é da roça, depois se mudou para a cidade. Sempre tivemos contato com padres, fomos muito religiosos. Tenho urna irmã freira franciscana. Fui cordígero (franciscaninho) e acabei sendo redentorista. Nossa casa sempre foi um lugar para todos; passaram por lá mais de 6 pessoas que mamãe recolhia para ajudar nos estudos. De nossa família só estudou quem teve coragem de enfrentar sozinho a vida; outros quiseram, mas não puderam estudar por causa do trabalho; mamãe ficou viúva e tinha a criançada em casa para acabar de criar.
Estudei em Aparecida, onde entrei para o seminário com 11 anos. Foi minha primeira viagem sozinho e, primeira vez que fiquei fora de casa: muita saudade, muito choro escondido, muita vontade de largar tudo, mas cheguei até hoje. Tive dificuldades nos estudos, porque moleque de roça não gosta de ler, prefere uma enxada a um livro. Nosso tempo de seminário foi difícil, tradicional, sem ver a família, muita disciplina, mas consegui atravessar.
Minha ordenação foi em Tietê, no dia 0l de janeiro de 1967, depois de fazer filosofia e teologia em Tietê e São Paulo.
Depois fui trabalhar na formação no seminário de Tietê por uns 10 anos. Durante o trabalho na formação trabalhei também com os cursos do TLC, Renovação Carismática, cursos de noivos e nas capelas rurais: foi uma loucura. Isso, porém me ajudou depois nas missões populares.
Fui transferido para as Missões; fiquei Provincial dos redentoristas da Província de São Paulo por dois mandatos, isto é, 06 anos; voltei para as Missões até este momento. Das experiências pastorais nasceram alguns livros que escrevi numa linguagem bem popular: A coleção GENTE PEQUENA e alguns voluminhos na coleção RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE.
Sou feliz em ser redentorista e missionário. Acho que tudo o que custa, traz depois muitas alegrias e firmeza. Sou agradecido a Deus pelo que aconteceu em minha vida. Convido vocês a se consagrarem a Deus e aos outros, vocês serão felizes também!


Caro Irmão Ierárdi, boa tarde. 
Muito grato pela gentilidade e pela preciosidade do vídeo. Ao Pe. Libardi tiramos o Chapéu, e que possa nos olhar de Cima e nos guiar como na Fala que acabamos e ouvir e assistir. Abraços pra Você e Família. José Vicente Naves.

sábado, 28 de maio de 2016

PADRE HÉLIO DE PESSATO LIBÁRDI CSsR

Conheci pessoalmente o Pe.Libárdi(+) em um encontro de ex-seminaristas realizado em julho de 2007, o ENESER 12...
Isso porque foi a minha primeira participação em encontros da UNESER...
De repente, no retiro de fevereiro de 2008, lá estava de volta o Pe.Libárdi com o Pe.Toninho, dois missionários de peso dando uma força espiritual naquele encontro...
No encontro de julho de 2008, o ENESER 13, novamente a presença do Pe.Libárdi e autor:
DEUS É AMOR, JUSTIÇA E PAZ,
MINHA FORÇA E ESPERANÇA!
DEUS É AMOR
MINHA LIBERTAÇÃO,
MINHA ALEGRIA


E MINHA SALVAÇÃO!
E o Pe.Libárdi repetia e repetia esse som , ora soltando a voz, ora murmurando......DEUS É AMOR, JUSTIÇA E PAZ......
No décimo quarto encontro, em julho de 2009, o ENESER XIV, estava lá o Pe.Libárdi. Com São Clemente e o Pe.Vinicius surgia o belo refrão: AGORA VAI...
Retiro de fevereiro de 2010, e o Pe.Libárdi veio com a assiduidade de sempre, pontual, o elo dos antigos seminaristas junto à congregação redentorista, paterno, diretor e confessor espiritual....e lá estava com ele o Pe.Edgar e o tema surpreendente de Jonas...
Encontro em julho de 2010, no ENESER XV....Padre Libárdi agora assumia o programa que, por um forum dos presentes, busca o melhor caminho para a jornada do cristão.... 
No encontro da Pedrinha, em fevereiro deste 2011, juntamente com os acordes harmônicos no violão do Padre Anchieta, seu novo pupilo nas missões, Padre Libárdi, no seu quartinho em frente ao refeitório, aguardava-nos a todos para nossos desabafos e a sua bênção reparadora...Ele me deu orientação importante que buscava há 14 anos....
Que interessante...uma relação tão ditosa, inspirada, UNESER e PADRE LIBÁRDI CSsr...
Que ainda falar?...Autor de tantos livros que evangelizam o povo de toda idade?...Missionário redentorista...o chefe de equipe dedicada?... O provincial da época de formação e início da UNESER?...
Que Santo Afonso, ao lado da padroeira a Virgem de Aparecida, continuem intercedendo a Deus pela continuidade de sua obra...e todos estamos imensamente agradecidos ....
REQUIESCAT , PADRE AMIGO(+30/05/2011)!

sexta-feira, 27 de maio de 2016

ELES VIVERAM CONOSCO - PE. CARLOS HOLLÄNDER CSsR

PE. CARLOS HOLLÄNDER CSsR
+27 de MAIO 1951 
Natural de Godramstein (Alemanha) nasceu a 15 de fevereiro de 1903. A 13 de setembro de 1927 fez sua profissão na C.Ss.R. sendo ordenado a 3 de fevereiro de 1929. Veio para o Brasil em 1934, iniciando seu apostolado como coadjutor na Penha. Logo depois foi para Aparecida, como prefeito do Juvenato, voltando em 1937 para a Penha. Em 1942 foi nomeado Superior de Araraquara, até 1946. Passou depois a trabalhar como coadjutor em Aparecida, indo em 1950 para Campinas (GO). Aqui ficou até maio de 1951, quando veio para São Paulo, onde faleceu aos 48 anos de idade. Pe. Carlos foi sempre ótimo confrade, alegre, caridoso, e disposto para qualquer trabalho. De uma atividade quase elétrica, não parava um momento sequer, como se adivinhasse que não iria viver muito. Foi em 1950 quando, em Goiás, começou a emagrecer rapidamente, experimentando uma acentuada fraqueza. Com suspeita de câncer, veio tratar-se no Hospital Santa Catarina, em São Paulo. Os exames confirmaram: câncer na espinha generalizado. Para o enfermo o sacrifício não podia ser maior, vendo sua vida terminar tão cedo. Aceitou, porém, a vontade de Deus com impressionante paciência, edificando as Irmãs e os confrades pela serenidade com que soube enfrentar a última prova. Poucos dias antes de morrer ele revelou, frisando que não estava dormindo, mas bem acordado, quando viu o Pe. Gaspar Stanggassinger que lhe disse: Deus não quer que você se restabeleça, mas que venha logo ficar conosco. Realmente, a 27 de maio de 1951, foi ele “transferido” para a eterna comunidade dos Anjos e dos Santos.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

quinta-feira, 26 de maio de 2016

ELES VIVERAM CONOSCO - PE.ALEXANDRE MONTEIRO CÉSAR MINÉ CSsR

PE.ALEXANDRE MONTEIRO CÉSAR MINÉ CSsR
+26 de MAIO 1981 
Era de Taubaté - SP, onde nasceu a 25 de agosto de 1904. Em 1916 ingressou no Juvenato de Aparecida, professando a 11 de maio de 1923. Nesse mesmo ano foi para a Baviera (Alemanha) onde fez os estudos superiores, ordenando-se, com dispensa de idade, a 29 de julho de 1928. Voltando para o Brasil, permaneceu na Penha, como cooperador; indo, em 1931 para Campininhas - GO onde trabalhou até 1945, como missionário. Passou então a dirigir a Paróquia de Trindade, lecionando também Moral no Seminário Diocesano, até 1955. Foi por esse tempo que começaram a aparecer os primeiros sintomas da doença que, após 26 anos, o iria levar à morte. Com certa dificuldade para movimentar os braços, voz enfraquecida e aparência de cansaço, em 1956 veio para a Comunidade de São João da Boa Vista. Queria trabalhar, prontificando-se a visitar alguma capela rural, ou a ajudar na igreja. Mas, aos poucos, foi se convencendo de que não tinha mais condições. A doença se agravou, com escrúpulos, alucinações, mania de perseguição que não o deixavam dormir. E os exames acabaram revelando que se tratava de “Mal de Parkinson”. Incurável, a enfermidade foi tolhendo ao pobre enfermo os movimentos dos braços, das pernas, e até mesmo da cabeça. Por felicidade teve sempre a seu lado um confrade extremamente dedicado e paciente, o Irmão Estanislau, que o acompanhava sempre, ajudando-o em tudo. Apesar de praticamente imobilizado em seus últimos anos, Pe. Miné se mostrava alegre com os confrades, e não se queixava de nada. E, o que era edificante: Fazia questão de, sempre que possível, participar dos exercícios comuns, embora apoiando- se com dificuldade no seu “anjo da guarda” o irmão enfermeiro. Em julho de 1978 pôde ainda celebrar seus 50 anos de sacerdócio, concelebrando na Basílica de Aparecida com seus colegas de curso: Dom Macedo, padres Daniel Marti e Artur Bonotti. Missionário zeloso, de voz clara e ótima dicção, bom cavaleiro e exímio atirador em seus tempos de Goiás, ele foi para a Província, um modelo de paciência e conformidade. A 26 de maio (1981) na Casa do Potim, entregou tranqüilamente sua vida terrena ao Pai, para receber a recompensa eterna. (Arquivo Provincial)
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

quarta-feira, 25 de maio de 2016

ELES VIVERAM CONOSCO - PE. GERALDO PIRES DE SOUZA CSsR

PE. GERALDO PIRES DE SOUZA CSsR
+25 de MAIO 1969 
Um confrade ao qual nossa Província muito ficou devendo, como missionário, superior, formador, e dono da pena mais fecunda que a província até hoje conheceu. Era de Guaratinguetá, onde nasceu a 22 de maio de 1895. Ingressou no Juvenato (Aparecida) em 1904, professando em 1911. Estudou, depois na Alemanha, e após a sua ordenação em São Paulo (1917) foi designado professor, e mais tarde, Prefeito do Juvenato. Em 1926 iniciou sua vida de missionário, distinguindo-se como exímio pregador de Retiros. No triênio 1947-1950 foi Vice e depois Provincial.P 1 P Deixando o cargo foi ainda Superior de São João da Boa Vista, casa que fundou,P 2 P e depois, mestre do segundo noviciado até 1964. Alegre, às vezes brincalhão, Pe. Pires sabia tratar com os mais simples e ignorantes, devido a sua bondade e compreensão. Mas era fino, delicado e vivo, quando devia tratar com autoridades ou pessoas mais graduadas. Como fundador, e, mais tarde, superior de São João da Boa Vista, soube desde o inicio, ganhar a amizade e simpatia do povo para a nossa obra. Como missionário não era orador de arrebatar multidões; era mais conferencista, falando às inteligências numa linguagem fluente, colorida e atraente. Como pregador de Retiros, principalmente para a juventude, era simples e claro na exposição dos temas, sem nunca abandonar a elegância e delicadeza do seu estilo. Bom observador, sabia colorir suas pregações e conferências com exemplos e comparações originais. Foi sempre um apaixonado pelos livros, e vivia vasculhando bibliotecas, lendo ou escrevendo por toda a parte. É de se admirar que em meio a toda a sua atividade como missionário, Superior e Formador, encontrasse tempo para escrever tanto como escreveu. Além de diversas traduções, mais de 13 obras originais, artigos para a “REB”, inúmeros programas para o rádio, diversos trabalhos para o segundo noviciado, contos e traduções para os Ecos Marianos. Um trabalho imenso que somente um grande zelo redentorista pôde realizar. Em sua ficha pessoal ele anotou: “Honra que reivindico (si tamen licet): com o falecido Pe. Nestor de Souza, escrevi o primeiro número do Almanaque de Nossa Senhora, depois mudado para Ecos Marianos. Isso no ano de 1926, em Cachoeira do Sul”. — Cheios, certamente, e bem aproveitados para as almas foram os 74 anos vividos pelo nosso Pe. Pires. Em 1968 ele ainda estava em São João da Boa Vista como simples auxiliar da Casa. Mas, por motivo de saúde, foi transferido para a casa do Potim. Durante muitos anos ele já vinha sofrendo de uma anormalidade na espinha. Não foi pequeno o seu martírio, embora continuasse trabalhando em seus escritos, ou como mestre do segundo noviciado. Nos últimos meses agravou-se o seu estado, com distúrbios cardíacos e circulatórios. Para tratamento foi internado na Santa Casa de Aparecida. Embora prevendo a morte, não se deixou impressionar: continuou, como sempre, calmo e até de bom humor. Mas a 25 de maio de 1969 sua vida chegou ao fim. Um colapso o deixou inconsciente por algumas horas. Foi quando a morte chegou, para levá-lo sem um gemido sequer. Antes de morrer quis ainda anotar um pedido ao Provincial: “Doar os restos de minha espinha doente a um ortopedista católico, para ele mostrar a seus clientes a anormalidade da espinha enferma.” 
P 1 P - Pe. Pires foi Vice Provincial de 1939 a 1944 e Superior Provincial de 1944 a 1947. Foi o primeiro brasileiro a ocupar esses cargos. (nota do editor) 
P 2 P - Pe. Pires foi também prefeito dos estudantes, em Tietê, por quase dois anos. Embora idoso, ainda soube conviver com nossos jovens. ( nota do editor)
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

segunda-feira, 23 de maio de 2016

O Retiro Espiritual

Abner Ferraz de Campos
Padre Sidney ouvindo as Quatro Estações de Vivaldi para acalmar a mente, dormir, descansar e poder enfrentar um novo dia cheio de problemas e incertezas. O telefone o tira dos devaneios. Deixando tudo de lado, sai correndo para a pequena capela ao lado. Toma o Santo Viático nas mãos, cobre-o com uma toalha de linho branco e sai em disparada. Ele precisa correr. Tem que ser mais rápido que a morte, Só Cristo venceu a morte. Embora preocupado, segue seu caminho, orgulhoso por poder andar pela rua com um Deus mais vivo que nunca em suas mãos. Sentia-se um Deus e poderoso como Deus.  E ter o poder de curar uma alma e coloca-la sã e salva nos braços do Pai. É aqui a casa, pensou e entrou sem tocar a campaninha ou bater. Se a morte entra sem bater, padre Sidney também entra, ainda mais se estiver com o Deus vivo. Uma voz de um quarto em penumbra disse: “é você, padre Sidney? Entre.” Ele entra, mas a cena é bem diferente. Um quarto todo perfumado, flores vermelhas, musica suave, em fim uma armadilha muito bem preparada. Preparada para acabar com ele e com o Deus vivo que sempre morou em seu coração.
Padre Sidney era jovem, bonito por dentro e por fora, e com um vigor físico bem maior do que os homens de sua idade. Enquanto milhões de coisas passavam pela sua cabeça, a voz continuava, “entre, não tenha medo, estou sozinha lhe esperando. Meu marido viajou e só voltará daqui três dias; Venha, dê-me as mãos que vou conduzi-lo para um céu nunca imaginado” Padre Sidney apavorado, chocado, sem saber o que fazer, ou falar, apertou com força no peito o Cristo. Sufocados.  O quarto e a cama arrumada. O vaso de rosas vermelhas no criado mudo. O champanha e duas taças de cristal. O castiçal com velas vivas. A música suave e o cheiro do pecado inundando tudo, principalmente a alma do padre. A camisola cor de rosa, diáfana, quase transparente, insinuando as formas de uma mulher linda, cabelos longos, negros e sedosos caindo sobre os ombros desnudos, pronta para acolhê-lo em seus braços. Linda como nunca e tentadora como o próprio diabo, e num clima que só um diabo muito astuto podia criar.
Padre Sidney, suando frio, sai em disparada, apertando com mais força ainda o Viático contra o peito, tentando transferir a força do coração de Jesus para o seu, enfraquecido como nunca. Sentia-se como um Tarcísio, fugindo dos soldados romanos. O coração em brasa. O desejo e o medo o devorando, arrancando a sua carne jovem aos nacos, como um monstro insaciável. Não parava de cheirar, lamber o sangue que fervia em seu corpo quente. A alma imortal agonizando, correndo pela rua deserta, cambaleando e morrendo aos poucos no resfolegar da boca seca.
Três dias de retiro espiritual, três dias de silencio. Só assim se pode ver e sentir bem de perto o Deus todo poderoso. Todos têm um dia a sua Sarça Ardente. É só querer. Silêncio, silêncio. Oração, meditação. Mas o silêncio e o retiro também podem preparar um cantinho no seu pensamento onde a maldade se instala e se aflora.  O desejo e o pecado passeando de mãos dadas pelos corredores intermináveis do seminário se insinuando aos incautos retirantes. O que mais se ouvia era inferno, inferno, pecado mortal, aquele que mata e condena a alma para o fogo eterno, se não tiver o arrependimento. Como se arrepender de um pecado sabendo que ele vai voltar com toda sua força? Como saber se realmente eu me arrependi e não foi só um fingimento por medo de Deus e do inferno? Como saber se fui perdoado? Que seria do diabo se nós não tivéssemos mais pecados?  A morte e o sangue de Cristo perderiam o sentido. Tudo era silêncio, nas gramas dos jardins, nem os insetos falavam. As rosas pareciam mais tristes, nem uma brisa soprava. Apenas os Jabotis se espreguiçavam ao sol e aproveitavam o silencio para se amarem Não pensavam em Deus, diabo, pecados, essas coisas que afligiam a cabeça de um menino de doze anos; Os Jabotis se amando. Sem presa, e sem medo. Casco contra casco. O diabo de camisola cor de rosa tentando o padre Sidney. Formas lindas, macias como pétalas de rosas. E se colocarem uma camisola no jaboti? Acho que não ia dar certo. Tinha que ser mesmo casco contra casco, era a natureza. A mulher é o instrumento do diabo! Por que o diabo tinha que usar justamente a mulher para nos tentar e levar-nos para o inferno? Mas Deus não fez a mulher para ser companheira do homem? Mas ela fez uma aliança com o diabo, pecou e levou seu companheiro também para o pecado. Está aí a explicação. A impressão é que o resgate da mulher e do  homem não foi aceito nem assimilado pelos padres educadores. As mulheres continuavam sendo aquela ameaça de perigo permanente, vista pelos clérigos medievais. A mulher continuava sendo o instrumento melhor que o Diabo tinha para nos fazer pecar. Nada mais lógico para os clérigos antigos e modernos com cabeças antigas. O maior perigo para a castidade e a pureza era a mulher, um mal necessário, necessário porque paria e paria também homens. Houve até um religioso da Reforma que disse,  ser melhor que a mulher parisse um homem e morresse no parto. A diferença da mulher e o homem, é que ela foi feita, não criada, de uma costela falsa do primeiro homem, falsa e de carne, ligada à  concupiscência e  à tagarelice. Se ela não fosse tagarela, não conversaria com a serpente. A mulher era um mal necessário.   
Pela atitude dos seminaristas, compenetrados, parece que ninguém naquela casa tinha desejos impuros nem maus pensamentos nem pecados. Todos eram santos do modo de cada um.  Que vontade que dava de ser um cágado e não passar por essas de pecado e inferno. Não seria mais interessante ter vindo ao mundo como um bicho qualquer e viver conforme a programação do Criador, prestando toda honra e gloria sem lhe dar dor de cabeça e trabalho para o diabo? Não sei. ABNER

Meu grande amigo, Abner, também a todos os nossos coetâneos dos áureos tempos de seminário, Dumas, Bené et caterva, dispomos aqui, tanto pelo Facebook como pelos blogs grande oportunidade de mostrarmos a todas as pessoas aqueles tempos que ajudaram na construção de nossas vidas. Assim, continuem sempre relatando todas as REMINISCÊNCIAS possíveis de se lembrar...Isso é uma forma grandemente positiva de veicular mensagens!!!!Um grande abraço! A.Ierárdi


No seminário, eu criança e rapazola, detestava ficar três dias totalmente calado. Estive um pouco com os beneditinos e sai rápido, pois lá só falava com o abade..Benedito Franco
Rapaz, consegui ler todo o libelo. Sexo, pecado, inferno, eram temas constantes no seminário, não gosto de abordar esse assunto, minhas reminiscências abrangem somente o lado bom, que me traz prazer e saudades. A despeito , algumas vezes, me vejo envolto em tudo isso nos meus sonhos, melhor, pesadelos. Quando saí do seminário, rompi com o pecado, nunca mais me confessei ou procurei a ajuda de um padre para esse assunto. Aboli também o inferno de minha vida, rompi com o diabo, me confesso a Deus e nele coloco toda a minha confiança, não tenho escrúpulos ao me aproximar da eucaristia, quando a instituiu, Cristo a distribuiu indistintamente, sem prévias condições, aos apóstolos e conclamou-os a continuar fazendo isso em sua memória.Alexandre Dumas Pasin de Menezes
Olha Alexandre, o meu problema é 90% como os seus. Desde bem pequeno eu fui aterrorizado com o pecado pecado, com diabo e com o inferno lugar que me esperava se não fosse bom.Entre no seminário, mas o problema aumentou ainda mais. Fui torturado durante todo meu período de seminário, e acabei saindo, mas a tortura continuou até pouco tempo. Eu via o diabo em todo lugar onde ia, quando dormia acordava com o coração na boca, luzes piscavam no meu quarto que eu até caia da cama e acordava e tinha medo de dormir novamente. Aos 65 eu tive um filho e vendo aquela criança sem proteção nenhuma que dependia de outros para viver, caso contrário morreria, questionei tudo e comecei abolindo o diabo de minha vida de uma vez por toda, nunca mais pensei nele, como repentinamente parei de rezar, eu rezava terços e mais terços. Parei com tudo, faz uns 15 anos, até hoje não rezei mais. Rezo apenas quando alguém pede uma oração para alguém que está doente. Então eu rezo um pouco, mas não sei se vale alguma coisa.Acredito em Deus, mas não naquele que me mostraram a quase toda a vida. Hoje sou tranquilo, e acho oque me encontrei. Eu tenho escrito umas 150 páginas com análises de vários acontecimentos do seminário, como esse do Retiro. Escrevi sobre os passeios na serra, sobre o três a três depois do jantar, sobre o recreio da noite e outros. Sobre os colóquios que fazíamos com o diretor espiritual, sobre a amizade particular, separação de turma e outros. Mas é isso. É bom conversar com você. Escrevi muito, me desculpe , mas já que está escrito, está. "Quod scripsi, scriptum est." rsrsrsr .  Abner Ferraz de Campos
Meus amigos Abner, Dumas...que grata surpresa vocês me mostram...Tudo como vocês dizem aconteceu comigo no SRSA e hoje acontece na minha vida...Também distanciei-me das praticas católicas....Lembro-me que quando estávamos no seminário o silêncio, principalmente na capela, era obrigatório...nada de acenos e palmas...apenas mãos postas....Há uma igreja ao lado de minha casa...simplesmente não consigo suportar o show de bateria e as cantoras salmistas fífias que se apresentam em três missas nos domingos... No nosso tempo existia todo cuidado na preparação para o voto do celibato....Hoje nas tvs vejo sacerdotes abraçados sempre com mocinhas bonitas...e os padres da basílica de Aparecida até participaram no enredo de escola de samba no carnaval levando Nossa Senhora para o desfile carnavalesco aqui de São Paulo...(Pe.Vitor Coelho deve ter se remexido nas cinzas...) Por fim, não consigo me conformar com o fato de padres católicos aliarem-se a comunistas ateus a título de defesa dos mais necessitados...Por todas essas razões...e ainda tenho outras que gostaria de ter mostrado em fórum nos encontros da UNESER e nunca me foi possível fazer, é que também me afastei desse pessoal hoje que não está preparado para fazer um sermão...apenas homilias...Dumas você disse bem, Cristo repartiu o pão com Judas e com Pedro...este iria negá-Lo em seguida e depois ficou Papa!!! Abner...tenho ainda mais alguns textos seus...se não achar inconveniente vou publicá-los....aliás devo ter mais uns dois ou três que me mandou...vc fala em 150...mande para mim!!!!Um abraço a ambos!!!! Ierárdi
Gostei, é por aí mesmo, a diferença entre nós é que abandonei tudo muito antes, aproveitei conselhos de meu espiritual, padre Rodrigues, saí do seminário por já estar em estado crítico em relação ao pecado, acordava esse padre às duas, três ou outra hora da madrugada em função de meus hipotéticos pecados, iria para o inferno se não me confessasse, ele, quando me dispensou de ir para o noviciado, aconselhou que me afastasse um pouco dos sacramentos e me restringisse somente a ir à missa aos domingos, fiz isso por trinta e cinco anos, depois me reconciliei com a eucaristia, confessionário, nunca mais, assim mesmo, sinto-me integrado à igreja, despida, é lógico de dogmas e outras verdades impostas, o catecismo dizia em sua introdução que a fé é uma graça divina, creio, pois, na medida exata da graça recebida e me convenci que não existe pecado contra a fé. Alexandre Dumas Pasin de Menezes
O meu problema se alongou porque não tive um conselheiro ou alguém que me orientasse. Descobri tudo sozinho e resolvi o problema embora bem tarde, mas melhor tarde do que nunca. abraços! Abner Ferraz de Campos

domingo, 22 de maio de 2016

C O N G O N H A S Juvenato e Juniorato

BENEDITO FRANCO
Meus contos são verdadeiros, mas narro-os da maneira que os senti, vi ou ouvi no momento do acontecido – mesmo que posteriormente contaram-me diferente.

NB.: Pode ser distribuído para os colegas, se assim o desejar. 

Juvenato e Juniorato 

061 – Coroinha
         * Mamãe, muito religiosa, ia a todas as missas possíveis e impossíveis também. Nos meus oitos  anos, encaminhou-me para ser coroinha - falava em eu ser padre. Aliás, meu irmão mais velho, o Pedro Célio, estudou no histórico Caraça, um seminário dos Irmãos Maristas - no meio de uma grande serra de minério de ferro, no município de Catas Altas, perto das também históricas Santa Bárbara e Barão de Cocais, MG. Aliás, há uma ferrenha briga entre Santa Bárbara e Barão, os dois reivindicando a posse do Caraça para seu município.
          Além de proporcionar bolsas de estudos para alguns seminaristas, minha mãe ficava de olho nos padres:
          - Zé Franco, o padre tal está com o sapato velho, compre um para ele. Ou:
          - Zé Franco, o outro está com a batina desbotada e o paramento não está bom...
          - Zé Franco... a camisa do padre...
          Nas grandes festas, como a do padroeiro São Sebastião, havia os festeiros - o cargo mais importante do lugarejo. Papai e mamãe festeiros, poder-se-ia esperar festa de arromba - o dinamismo, a vivacidade e a liderança de mamãe, mais o apoio de papai, abrilhantavam quaisquer festas.
         Sonho maior de mamãe: um filho padre. Mais tarde realizado - o nono dos doze filhos ordenou-se - Padre Geraldo Ildeo Franco.
          O Padre Deolindo ensinou-me as respostas que o coroinha respondia durante a missa, em latim. Como é complicado decorar algo que você não entende - para dizer a verdade, nem sabia o que era o latim ou que existia outra língua que não a nossa.
          É... mas acabei aprendendo e papagaiando meu latinorum todos os dias na capelinha de Nossa Senhora Auxiliadora, do Hospital Siderúrgica, ao lado da casa paroquial de Fabriciano, ou na capela de São Sebastião, no alto do morro, entre a matriz de São Sebastião e a casa paroquial atuais. Ainda me lembro: "Confiteor Deo omnipotenti..." (eu me confesso a Deus Onipotente). Interessante que papagaiava o latinorum todo errado e no seminário, apesar de saber bem o latim, falava as respostas da missa todas erradas, como aprendi.
          Quando Dom Helvécio aparecia, arcebispo de Mariana, sede do arcebispado a que Fabriciano pertencia, chegava em um carro especial da Estrada de Ferro Vitória Minas - carro lindo e de luxo. Recebido pelo Dr. Joaquim, o Coronel Silvino Pereira, o vigário e as pessoas mais importantes de lugarejo - eu olhava o carro, com toda sua eminência e imponência, com olhos arregalados!... Mas um dia consegui entrar naquele carro, decorado por dentro com cetim e babados, tudo branco – fiquei extasiado! É! O Arcebispo... Sua Excelência Reverendíssima era muito importante mesmo!... Já não se fazem mais bispos como antigamente!
          Ajudava a missa do arcebispo e depois era convidado para tomar café, na mesa, junto com ele, na casa onde se hospedava, do Dr. Joaquim, Superintendente da Belgo Mineira na região. Num desses cafés, presenteou-me com um seu retrato, igual ao colocado em todas as paróquias da arquidiocese, como os do Presidente da República e do Governador nas repartições públicas. 
          Dom Helvécio idealizou, lutou e concretizou, o Parque Florestal, assim como o caminho pela ponte velha, atravessando Fabriciano e indo para Ipatinga, passando pelo Caladinho.
          Comentava-se que Dom Helvécio recebera o título de General, conferido pelo Presidente Getúlio Vargas; tinha também um irmão bispo; faleceu em um colégio de Fabriciano, o Angélica, onde mais tarde fui professor de matemática, e onde se fez um desenho de seu perfil, riscado por uma irmã, sobre a sombra de seu rosto, na parede ao lado da cama onde morreu. 
O Superintendente da Belgo Mineira era o rei da região. Rei nada... Imperador! Mandava e desmandava. Colocava-se o delegado numa ótima casa da Belgo, principalmente para resolver questões de terra - da Belgo contra os fazendeiros... Perceberam quem ganhava - é o que se comentava. Um fazendeiro me disse que defendeu, a bala, uma invasão do pessoal da Belgo, de um pedaço de terreno de uma de suas fazendas. Quando pequeno, ouvia cada barbaridade...

        Minha mãe, orgulhosa de minhas funções de coroinha, não me deixava ajudar a missa sem sapato - nem que fosse só com um - até criticavam dizendo que usava um pé de sapato para poder economizar - andando sempre descalço eu machucava muito os pés, pois gostava muito de jogar bola, correr e brincar nos campos. Na época, todo menino andava sem sapatos - a não ser para ir à missa - até mesmo na escola ia descalço – e como os sapatos eram duros e desconfortáveis... Quando não eram os machucados, eram os calos...

          Os meninos andávamos de calças bem curtas - hoje seria um short curtíssimo. Como coroinha, usava uma batina preta e sobrepeliz branca - os padres, de batina preta constantemente, recebiam a tonsura - uma coroinha na cabeça (raspavam, no alto da cabeça, uma roda de uns quatro a cinco centímetros de diâmetro). As missas em latim, com o padre virado para o altar e não para o povo e em jejum absoluto; as missas obrigatórias aos domingos; a comunhão dos fiéis também em jejum absoluto.

          Quando Fabriciano lutava para se emancipar de Antônio Dias, donde era Distrito, uma comissão de moradores ilustres fabricianenses - entre eles papai, Dr. Rubens, Dr. Albeny, Dr. Joaquim, Coronel Sylvino Pereira, Sr. Lauro Pereira, Sr. Raimundo Alves, João Bragança, Claudiano, e o vigário Padre Deolindo - foi a Belo Horizonte conversar e convencer o Secretário de Governo encarregado do caso. Expôs ele a impossibilidade de Fabriciano passar a cidade, por não haver um documento demonstrando a quantidade de moradores da área a ser emancipada - englobava os municípios de hoje:
Timóteo, Ipatinga e Fabriciano.
Toda a comissão apavorada! Mas, Padre Deolindo, nosso humilde e pacato vigário, dirigiu-se ao Secretário:
           - Um levantamento de batizados que acabo de fazer, acho preencher a exigência; nele constam um pouco mais pessoas do que Vossa Excelência exige. Serviria? Retirou do bolso da batina alguns papéis embolados, desamassou-os, acertou-os e os mostrou ao Secretário. Este leu - expectativa geral e comoveu a todos - e bradou:
   -Isto serve! Fabriciano será emancipado! Euforia incontida!
          Papai, como Juiz de Paz, assinou a Ata de Instalação do Município de Cel. Fabriciano. Dr. Rubens foi o primeiro Prefeito. Mais tarde, papai como Juiz de Paz assinou a elevação de Fabriciano a Comarca.
CONTINUA EM MAIS INFORMAÇÕES:

"Licor Caseiro" , sabor "Pequi"

Alexandre Dumas Pasin de Menezes 
Hoje, a Lucy pediu para que eu retirasse garrafas de bebidas de uma prateleira que pretendia limpar. Fazendo isso, me deparei com uma pequena garrafa intitulada "Licor Caseiro" , sabor "Pequi", produção de "Artesanal Maciel", Veio me à lembrança o dia em que a recebi de presente. Foi em Silveiras, cidade próxima de Guaratinguetá, onde fui almoçar e aproveitei para visitar o "Tereso", meu ex-colega de seminário. Esse codinome lhe foi atribuído pelo padre Pereira quando de sua entrada no seminário, seu nome sugeria isso "Antônio de Santa Teresinha Maciel". Foi a última vez que nos encontramos, Tereso, infelizmente já falecido, era de minha sala e convivemos por sete anos. Saindo do seminário, entrou na Faculdade Salesiana de Lorena, estudou Letras, se formou e foi ser professor em Silveiras, casou-se com Teresinha, também professora, e fizeram a vida naquela pequena cidade. Foi vereador, organista da igreja, organizador das festas Tropeiras, dedicava-se ao artesanato e fabricava licores diversos, era uma figura ímpar, alegre, debochado e bebedor de uma boa cachaça. Quando eu participava das Semanas Tropeiras, lá chegava e já deparava com ele no microfone animando a festa. Do palanque, mais alto, ele me reconhecia de longe e anunciava meu nome e de Lucy : 
 -"Estão chegando o meu grande amigo Dumas, meu colega de seminário, e Lucy, sua esposa, minha conterrânea de Morrinhos”. 
Era sempre uma festa e um prazer encontrar o Tereso e a Teresinha. Morrinhos foi a terra onde ele nasceu, terra também do Gui, Gil e Nei, padres redentoristas, meus contemporâneos no seminário. Coincidentemente Tereso tinha dois irmãos, Alonso e Getulino, igualmente seminaristas, o primeiro no Santo Afonso e o segundo no Bom Jesus. Vejam só, seis seminaristas, todos de Morrinhos, terra onde fui encontrar a Lucy, filha do Sr. Lucicílio, amigo chegado dos pais dessa turma , Antônio Maciel e Antonio Cândido. Coincidentemente também, esses dois"Antônios" vieram morar em Lorena em razão da proximidade de seus filhos seminaristas que estudavam em Aparecida. Velhas lembranças em função do encontro casual de uma garrafa de licor de pequi, fabricação artesanal do grande amigo Antônio de Santa Teresinha Maciel, a quem eu presto essa homenagem.
Descanse em paz , TERESO !!
Caro amigo Dumas, sem qualquer pretensão de minha parte, você poderia pelo menos ter um apelido como: ANTÔNIO, pois estou percebendo que os ANTÔNIOS têm lhe feito muito bem!!!!(Esse texto vai para o meu ficheiro!!!!!) Ierárdi

ELES VIVERAM CONOSCO - PE. ANTÔNIO BIBIANO DE SIQUEIRA CSsR

PE. ANTÔNIO BIBIANO DE SIQUEIRA CSsR
+22 de MAIO 1991 
Era mineiro de Lambari, em Minas Gerais. Nasceu a 9 de outubro de 1910. Entrou para o então "Colégio Santo Afonso" (hoje Hotel Recreio) a 10 de agosto de 1922. "O Mineiro" - foi esse o seu apelido durante todo o tempo de Seminário Menor - era inteligente, vivo, brincalhão, e ... cavador que sempre saía ganhando. Durante os anos de estudo, foi um dos melhores do curso. Iniciou seu Noviciado em Aparecida, continuando-o depois em Pindamonhangaba, cuja casa ainda estava em construo. Professou a 26 de abril de 1930, indo fazer seus estudos superiores na Alemanha (Província Mãe) já que ainda não tínhamos o nosso Seminário Maior. A 5 de maio de 1935 foi ordenado, voltando para o Brasil em janeiro de 1936. Seus timos meses de estudos, ele os fez em Tietê cujo Seminário estava ainda em construo. Em maio de 1936, iniciou a sua vida apostólica. Para começar, foi nomeado professor do nosso Seminário Menor de Aparecida, passando depois a lecionar no nosso Seminário de Pinheiro Marcado, no Rio Grande do Sul. De lá voltou, indo para Campinas de Goiás como Cooperador; e em 1941 fez o seu segundo Noviciado em Aparecida, para iniciar a sua vida que foi sempre missionária. Durante os quase cinqüenta anos seguintes (1941 - 1991) Pe. Siqueira foi sempre o Missionário da ativa. Tinha verdadeiro carisma para tratar com o povo: seu porte, sua voz, seu desembaraço e disposição, tudo o convidava para a atividade das Missões. Daí porque não se tenha dedicado à pregação de Retiros e semelhantes. Trabalhar fechado em casa não era para ele; motivo pelo qual os superiores logo perceberam que ele não era homem para ocupar cargos na Província. Foi Superior apenas duas vezes: em Porto Alegre e em Tietê e, mesmo assim, sempre que possível não dispensava uma saída para alguma missão. Sem dúvida, um dos maiores Missionários que a Província conheceu, após as figuras de um Pe. Pelágio, Pe. Afonso, ou Pe. Conrado. Sem exagero: Se admitirmos uma média de 8 a 10 missões por ano, em quase 50 anos... que o digam os "Livros das Missões" de nossas Casas.P 1 P
Nos últimos anos, não podendo mais trabalhar diretamente nas missões, continuou ocupado com Novenas, Tríduos paroquiais, e principalmente com as famosas Novenas Missionárias. E, durante esses anos já estava usando marca-passo. Em 1988 foi transferido para Aparecida, onde celebrou o Jubileu Áureo de sua Ordenação; e em 1960 ainda celebrou os 60 anos de sua Profissão religiosa. Embora sempre cuidadoso da própria saúde, a princípios de 1981 foi surpreendido por um câncer nos rins. Operação. Tratamentos pareciam acender a esperança do doente. Mas tudo foi inútil. Internado no Hospital Frei Galvão de Guaratinguetá, Pe. Siqueira viu chegar a morte que o levou para a Casa do Pai, na tarde do dia 22 de maio de 1991. Foi sepultado em Aparecida, no dia seguinte. RI.P. (Pe. Isac Lorena) 
P 1 P Pe. Siqueira liderou por muitos anos as equipes missionárias da Província. Era organizado e se dedicava com muito amor às missões, esperando sempre e cobrando dos companheiros o mesmo zelo missionário. Tinha brilhantes dotes oratórios e encantava os auditórios, tanto nos sermões, como nas conferências e até nos avisos ao povo. A voz muito clara e metálica modulava as palavras numa pronúncia interiorana cheia de graça e de vibração. Sabia como ninguém manipular e empolgar as multidões. Concentrações nas praças, procissões e passeatas eram magníficas quando contavam com o toque do "Siqueirão". Outro nome pelo qual era conhecido e do qual gostava muito foi "Dom Camilo". Ganhou-o pela semelhança com a figura do ator que nas comédias cinematográficas desempenhava o papel do cura italiano que vivia às turras com o Pepone, o prefeito comunista da aldeia. (Vejam a seguir!)(nota do editor)
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

PADRE SIQUEIRA, O “DOM CAMILO”!



PADRE SIQUEIRA
Neste 22 de maio, rememoramos o dia final neste mundo do PADRE SIQUEIRAo redentorista que teve o apelido de DOM CAMILO, por ter a mesma aparência do ator FERNANDEL que viveu nas telas do cinema o papel do solerte pároco em constante pugna com o Prefeito Sr.Peppone da Aldeia de Reggio, na Itália.
Ao repassar os artigos publicados no Site Zenit, surgiu-me a história, relatada pela articulista Elizabeth Lev, sobre o livro de contos de Giovannino Guareschi que nos traz as peripécias dos dois rivais, um, católico e outro, comunista em uma região onde todos participavam de tudo...Lembrei-me ainda que esse livro era "deglutido" no silêncio das refeições que fazíamos no seminário....Aproveitem e relembrem...

SUPERANDO AS DIFERENÇAS

O mundo de Don Camillo, de Giovannino Guareschi

   
  ATOR FERNANDEL
Por Elizabeth Lev
ROMA, quinta-feira, 6 de agosto de 2009 (ZENIT.org).- O poeta romano Horácio registrou em sua lírica o tempo mágico do “otium”, um período de pacífica ociosidade e descanso que permite o fortalecimento espiritual para o dia-a-dia. Pretendo usar este tempo de tranquilidade para a leitura, e, nestas férias de verão europeu, eu felizmente abri o primeiro livro que despertou minha paixão pela Itália.
“Don Camillo e o seu pequeno mundo”, escrito pelo italiano Giovannino Guareschi, oferece uma refrescante perspectiva da política, religião e amizade em uma idade em que estes três campos parecem irreconciliáveis. As histórias de Guareschi, escritas quando as paixões eram fortes e as barreiras eram mais altas do que hoje, refletem a forma como o direito somado à esperança, à humanidade e ao humor pode vencer qualquer ideologia.
Guareschi nasceu na região italiana da Emilia Romagna, no início do século XX. Sua vida atravessou as duas Guerras Mundiais, assim como a ascensão do comunismo e do fascismo. Foi um provocador. Suas críticas ao governo Mussolini lhe renderam o ingresso forçado no exército italiano e três anos em uma prisão polonesa.
Retornou ao norte da Itália justamente no ápice dos embates entre os comunistas e os democrata-cristãos pelo controle da Itália. As tensões eram fortes entre as duas partes, os democrata-cristãos afirmando que os filhos dos comunistas tinha sido apropriados pelo Estado, enquanto os extremistas da esquerda atacavam os sacerdotes e proprietários de terra, seus maiores inimigos de classe.
Nesse clima volátil, Guareschi lançou suas sátiras tanto ao primeiro grupo quanto ao segundo, expondo os pontos fracos de ambos lados. Com isso, ajudou a diminuir as tensões entre as violentas oposições. As obras de Guareschi foram vitais para a derrota do Partido Comunista na histórica eleição de 1948. Essas histórias se tornaram extremamente populares e beneficiaram ensinamentos como os do Papa João XXIII, cujo tom pastoral refletia uma presença paternal amorosa em um mundo repleto de ódio.
As mais famosas histórias de Guareschi foram as de Don Camillo, um pároco na pequena aldeia de Reggio, em Emilia Romagna, e seu rival Peppone, o prefeito comunista da cidade. Este contraste é o ambiente de confrontos políticos e calorosos momentos de cumplicidade guiados pelo Cristo crucificado que do altar serve de moderador de consciência para Don Camillo e o tolo Peppone.
DOM CAMILO E O PREFEITO PEPPONE

Don Camillo e Peppone formam a profunda fronteira do movimento da resistência italiana durante a Segunda Guerra. Peppone representa os "partigiani", enquanto Don Camillo encarna o capelão. O ódio pós-guerra contra os fascistas (Mussolini foi de Emilia Romagna) empurraram a região para um triângulo comunista entre Parma, Bolonha e Ferrara. Don Camillo e Peppone chocam-se constantemente, em confrontos que às vezes escapam do verbal para o físico. Mas apesar das suas diferenças, quando confrontados com questões fundamentais como a vida e a morte, o verdadeiro e o falso, eles acabam ficando do mesmo lado.
Don Camillo é frequentemente tentado pelo orgulho de permitir que a política possa ultrapassar o seu dever com as almas, mas, felizmente, Cristo está sempre lá para chamá-lo de volta ao caminho certo. Em um memorável episódio, Don Camillo tenta justificar o seu comportamento pecaminoso, usando uma inteligente retórica familiar com muitos políticos. Cristo o repreende dizendo: "Estas são as sutilezas dos sofistas... sem você perceber o diabo ganhou vida em ti e mistura suas palavras com as dele". Um breve período de jejum restaura a saúde espiritual de Don Camillo.
Minha história favorita está próxima do final do livro. No Natal que se aproxima, os comunistas estão-se tornando mais intolerantes com Don Camillo, que acaba de escapar de um atentado a bala. A frágil fronteira respeitosa entre ambos lados parece estar prestes a ruir. Na véspera de Natal, um oprimido Peppone, sem saber para onde se dirigir, acaba por se encaminhar à casa de Don Camillo. Os dois homens sentam-se em lados opostos da mesa, as fortes mãos ocupadas ternamente com as figuras do presépio. Esta simples mas eficaz atividade lentamente cura as feridas entre os dois homens e pacifica os caminhos na pequena aldeia do rio Pó, trazendo esperança a todos aqueles que seguem o Príncipe da Paz.

GIOVANNINO GUARESCHI