sábado, 31 de julho de 2021

Seminário Colegião - HEBDOMADÁRIOS - Dumas

Os hebdomadários, seminaristas indicados a conduzir orações nos vários segmentos de nosso dia a dia no seminário. Esta função durava uma semana, hebdoma, semana em grego. Aconteceu, certa feita, em nossas orações que precediam a dormida, o hebdomadário tossiu, falhou, tentou retornar, caiu em um riso inesperado, virou risada geral. Padre Ribolla censurou tal comportamento e nomeou outro seminarista para conduzir aquela oração. Mal começou, o novo escolhido titubeou, gaguejou e provocou nova risada geral. Padre Ribolla, indignado, tomou para si a iniciativa de conduzir aquele rito necessário ao nosso descanso usual. Recomeçou a oração, tossiu, pigarreou, tentou continuar, caiu em gargalhadas. Foi uma noite pandêga, digna de ser rememorada já passados 67 anos.Alexandre Dumas
Que memória, que bela lembrança! Caro Dumas, como agradeço pelos seus textos que nos levam aos tempos de SRSA. Hebdomadários....não me recordava disso e era normal e constante nos nossos tempos.... Obrigado, colega e amigo! Ierárdi

DIÁRIO DO PADRE ANTONIO BORGES DE SOUSA CSsR Outubro de 2008

A vivência da Palavra do mês de setembro, ofereceu-me muitas luzes. A conclusão é o seguinte: não podemos condenar ninguém; a ninguém podemos excluir do nosso coração. Estão todos eles dentro do Coração de Deus. Deus ama o pior dos pecadores do mundo e até morreu pela sua salvação. Se eu amo a Deus, seria uma incoerência não amá-los e perdoá-los. Deus tem caminhos diferentes para cada um. Num instante e pelo menos na última hora, Ele pode tudo reverter e dele fazer um Serafim. Para desfazer-se do mau juízo, a palavra de S. Francisco ajuda: Ele dizia: “Sou o pior dos pecadores”. O Irmão, seu companheiro, protestou: “Não é verdade, há tantos pecadores piores do que o senhor”. E S. Francisco: “Irmão, se o pior dos pecadores tivesse recebido as graças que eu recebo, seria melhor do que eu!”. Estou tranqüilo. Amo meus confrades e quero todo progresso e bem para eles. São escolhidos de Deus e não lhes faltarão as graças, em tempo oportuno, que os livrarão de todos os defeitos, que penso enxergar...

sexta-feira, 30 de julho de 2021

DIÁRIO DO PADRE ANTONIO BORGES DE SOUSA CSsR Junho de 2008

Detido pelo repouso, devido a uma cirurgia no fêmur da perna direita, o tempo foi passando. Não deixei de viver a Palavra. Pelo contrário, as oportunidades eram muitas de me entregar à obediência, paciência, confiança, vontade de Deus. A unidade com todos foi uma força! Já retomei minhas atividades costumeiras. Estou quase completamente recuperado. Percebi as bênçãos, que Deus fez jorrar em tudo. O incidente da operação não foi um obstáculo às minhas atividades, mas estímulo para importantes realizações. Estou contente e animado. Li as revistas, contando notícias da morte de Chiara e dos frutos do seu Movimento no mundo. Isso me empolgou em demasia. Ela já está no céu e, agora, mais perto de mim. Invoco-a constantemente e peço-lhe que me ajude a viver a plena unidade, que ela ensinou; o amor ao crucificado e entrega perfeita a Ele. Mais do que nunca, Deus amor se implantou no fundo de meu coração.

quinta-feira, 29 de julho de 2021

DIÁRIO DO PADRE ANTONIO BORGES DE SOUSA CSsR Março de 2008

Em janeiro fui de repente, acometido por uma fratura na cabeça do femur da perna direita. Consequência: uma cirurgia. Colhido e podado nas minhas atividades, tive belas oportunidades de me unir a a Jesus crucificado. E o fiz, com grande amor. No hospital me identifiquei com Jesus na cruz, obedecendo em tudo aos carrascos. E eu, aos enfermeiros. Tudo correu sem complicação. Estou tranquilo nas mãos do Pai, que é toda ternura e tudo determina e prevê, com a maxima Sabedoria e inesgotável Misericórdia. Preso em casa, aproveito a oportunidade para me comportar como criança. Estou usando um andador, aprendendo novamente a andar. A Mãe do céu me ensinará, como o fez com o pequeno Menino Deus. A recuperação está sendo rápida, causando muita surpresa nos fisioterapeutas. As obras continuam. Elas são de Deus, não dependem nem precisam de mim. Santa Terezinha, Padroeira das obras, mandou-me os espinhos. Espero, em breve, também as rosas.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

DIÁRIO DO PADRE ANTONIO BORGES DE SOUSA CSsR Dezembro de 2007

Fiz um retiro de cinco dias, terminando com uma confissão geral. E grande foi o meu esforço, animado pela oração, em melhor cumprir a vontade de Deus em tudo, principalmente no trabalho, que diz respeito a mim, no encargo a mim confiado pelos meus superiores na igreja, da qual sou o reitor. Confissões caprichadas. Pregações preparadas. Obras sociais somente com o intuito da gloria de Deus e bem estar das almas. Imbuir, meus passos e ações do amor a Deus e ao proximo. Tirei uns dias, simplificando e arrumando meu quarto, onde já se tinham acumulado coisas supérfluas, fazendo melhor resplandecer a simplicidade e a pobreza de Maria. Isto me fez muito bem, me predispôs para tudo melhorar na vida. Tudo farei para comparecer ao encontró dos religiosos e consagrados no centro nacional dos focolares.

UNESER = SEMPRE MANÉ

MANUEL HILDEGARDO DE ALMEIDA(MANÉ) 
(*) 28/07/1954
(+) 17/01/2015 
ANTIGO SEMINARISTA
No dia 17 de janeiro de 2015 seguiu desta vida este nosso estimado colega.
Neste mês de julho, em 28, estaria ele comemorando 67 anos de idade se ainda aqui estivesse.
O Mané, o que dizer sobre o Mané!!!!!
Sempre vi nele alguém apegado à sua obra! 
Qual foi sua obra?
Sem dúvida sua grande obra foi a UNESER. A entidade que viria reunir os antigos seminaristas redentoristas, cujo início aconteceu em um churrasco na casa do Bode, pai da Diva, nossa Lili, em Tietê, no ano de 1994. 
De lá até 2014 manteve sob sua responsabilidade e empenho a condução daquela associação que ajudara a fundar e, com o apoio sem limites do estimado Padre Libárdi CSsR(+), ainda que não dando muita atenção aos trâmites burocráticos, fez evoluir os projetos durante 20 anos de sua permanência, conduzindo 18 encontros oficiais em Aparecida-SP(ENESER) e ainda 8 Retiros na Pedrinha-SP.(Embora tenha discordado de que os encontros na Pedrinha fossem retiro e debatido essa questão com o Mané, hoje, em tributo ao reconhecimento que lhe tenho, aceito a nomenclatura do ilustre e perene presidente da UNESER a respeito!)
Assim, aproveito este momento para externar os fatos que presenciei e reconhecer que o Mané era determinadamente apegado à sua obra e essa obra, a UNESER, lhe deve muito!!!!!ANTONIO IERÁRDI NETO
Muito obrigado!
Que esteja em Deus.
Um abraço
João Loch
Só isso tinha o Mané ? Foi embora sem dizer adeus, mas está presente no meio de nós. Alegre, sorridente, amável e cordial como sempre. Grande Mané. Vamos fazê-lo patrono da Uneser. Quem não gosta da Uneser ! Até Você está lá para interceder por todos nós, como são os outros que nos precederam. Diácono Adilson


terça-feira, 27 de julho de 2021

DIÁRIO DO PADRE ANTONIO BORGES DE SOUSA CSsR Agosto de 2007

“Procurando viver a unidade, meu empenho, minhas reflexões se pautaram pelas palavras: “Somos livres, quando por amor nos colocamos a serviço dos outros, quando nos esquecemos de nós mesmos e estamos atentos às necessitades do próximo. Aquilo que nos torna ecravos é o nosso eu. Pensando sempre nos outros, ou na vontade de Deus, somos livres”(Chiara Lubich). Santo Afonso, nos ensina: “Não só nos conformar com a Vontade de Deus, mas nos identificar com ela”. Nos trabalhos que realizo, procuro empregar todo o esforço para querer só o que Deus quer, como Deus quer, porque Deus quer. Assim, eliminar todo amor próprio. Pelo contrário, colher como louros todo insucesso e dificuldades surgidas. Outro dia, voltei de uma campanha, sem ter obtido o resultado que esperava. Vim agradecendo e louvando a Deus!

ELES VIVERAM CONOSCO -PADRE NAZARETH MAGALHÃES CSsR


PE. NAZARETH MAGALHÃES, CSsR
1925 - 2016

Origens  
Nasceu em Pratápolis (MG) a 29 de agosto de 1925, filho de Horácio Carlos de Magalhães e Maria Conceição Magalhães, como 12º de uma família de 15 irmãos. Lá mesmo em Pratápolis foi batizado e lá viveu até entrar no seminário.
A Vocação
Entrou para o Seminário Santo Afonso, em Aparecida, no dia 31 de maio de 1939, onde concluiu seus estudos em dezembro de 1945. Durante o ano de 1946, fez o Noviciado em Pindamonhangaba SP, onde professou na Congregação a 02 de fevereiro de 1947.
Os estudos de Filosofia e Teologia foram realizados no Seminário Maior Santa Teresinha, em Tietê. Durante três anos esteve fazendo estágio fora do Seminário e isso provocou um atraso em sua Ordenação Sacerdotal. Seus companheiros de curso foram ordenados a 27 de dezembro de 1951. Pe. Magalhães foi ordenado Sacerdote a 27 de dezembro de 1954, em Tietê, por Dom José Carlos de Aguirre, Bispo de Sorocaba. Celebrou a primeira missa em Passos (MG) no dia 01 de janeiro de 1955.
Atividades pastorais
Padre Magalhães começou seu apostolado como Vigário Paroquial em 1955, na Paróquia da Imaculada Conceição, em Campinas (GO) onde ficou até 1956. Depois, de 1957 a 1959, trabalhou na Igreja de Santa Cruz, em Araraquara (SP). Foi ainda professor no Seminário Santo Afonso, em Aparecida (1960-1967) e Diretor do Seminário do Santíssimo Redentor, em Sacramento (MG) a partir deste ano. Em 1971 começou a trabalhar como Vigário Paroquial na Paróquia de Sacramento. Por um breve tempo, entre 1979 e 1981, esteve também nas Missões Populares, morando nas casas missionárias da Província.
Em 1980, quando morava em Tietê (SP) ofereceu-se para trabalhar em Angola, na África para onde partiu no dia 04 de janeiro de 1982. Foi adscrito temporariamente na Vice-Província de Luanda, morando em Huambo, no interior do país. Em 1989, foi nomeado Pároco de nossa Paróquia da Sagrada Família, em Luanda, por três anos.
Durante os anos que passou em Angola sofreu muito por causa  da guerra civil e por causa disso Pe. Magalhães voltou ao Brasil de férias em 1992, por alguns anos não pode mais voltar àquele país.
Cessada a guerra interna, Pe. Magalhães retornou para Angola, em 1995, indo morar em Huambo e depois em Menongue. Voltando ao Brasil, em 1999, foi morar por pouco tempo na Comunidade do Jardim Paulistano, depois no Santuário, em Aparecida. Em 2009, transferiu-se para o Seminário Santo Afonso trabalhando no atendimento e aconselhamento de pessoas e como capelão na Santa Casa de Misericórdia.
Padre Magalhães foi um confrade de profunda espiritualidade e austeridade de vida. Sabia aproveitar o tempo na oração, nas leituras e estudos. Tinha especial carisma para o atendimento das pessoas, através do aconselhamento espiritual. Tendo grande apreço pelo hábito religioso; não deixou de usar a batina redentorista um dia sequer.
Caridoso, sempre preocupado com o bem dos confrades, disposto a ajudá-los, relacionava-se bem com todos, sabia na hora certa contar alguma anedota para divertir a comunidade.
Depois de mais de dois meses hospitalizado em Guaratinguetá, veio a falecer no dia 27 de julho de 2016, contando 90 anos de idade, 69 anos de consagração religiosa e 62 anos de vida sacerdotal.

CONGREGAÇÃO DO SANTÍSSIMO REDENTOR
Pe. Inácio Medeiros
Secretaria Provincial
pe.inacio@gmail.com

Tel. 11 4890-2980


Algo que me fascinava no Pe. Magalhães, era a sua prontidão. Não tinha hora para ir ao hospital Frei Galvão dar o sacramento da Unção dos Enfermos. Não tinha hora para ir à Casa do Sol Nascente, para atender os aidéticos em fase terminal. Não tinha hora para atender uma confissão. Não tinha hora para fazer um atendimento e reconciliar muitos casais. Não tinha hora para dormir, nem hora para descansar. Foram tantas as vezes que saia de sua salinha de atendimento e já ia direto para a capela, rezar sua oração pessoal e logo em seguida rezar com a comunidade religiosa. Para isso ele tinha hora. Tinha hora para viver em comunidade, para estar com a comunidade e para atender à todos os que dele esperavam uma bênção, um aconselhamento e uma confissão. Aquela luz de sua salinha que as madrugadas presenciou acesas, hoje se apagam perpetuamente. E na salinha que Jesus o preparou, ela será e permanecerá acesa por toda a eternidade. Obrigado pelos puxões de orelhas e pelos chocolates, e pelas vezes que nos deixava entrar escondidos na clausura para comer chocolates e tomar guaraná. Tenho a certeza que será a luz que nunca se apagará na salinha que muitos de nós chamamos de coração.Jorge Oliveira(Facebook)
Faleceu na tarde de hoje, aos 90 anos,o nosso confrade Pe. Nazaret Magalhães. Ele morava no Seminário Santo, Afonso em Aparecida e estava há mais de dois meses hospitalizado. Sua vida de santidade é inquestionável. Homem de convivência agradável, missionário de grandes experiências de missão, com grandioso senso de justiça e fidelíssimo à Igreja e à sua vocação Redentorista. Voltou hoje para o Coração do Pai, de onde rezará sorrindo por todos nós. Abaixo,um dos momentos de agradável convivência em que ele sempre fazia a diferença em nossa Comunidade Redentorista. José Torres (facebook)
https://www.facebook.com/torresminho/videos/10206916412535148/
Quando ele retornou de Angola, foi nosso exímio Professor de Latim! De suas aulas, ainda lembro bem da "Regular primae latinitatis precípua" e da "Paraphrasis poetica primae philosophiae" Inesquecível pessoa, querida pessoa que marcou positivamente a nossa juventude! Deus o receba em seu Reino! Padre Júlio Rodrigues (Facebook)
"A gratidão é o único tesouro dos humildes", por isso não posso deixar de manifestar o sentimento de saudade e tristeza que hoje tocou o coração ao saber do falecimento deste grande Missionário Redentorista Padre Magalhães. Nos anos 2005 e 2006 foi nosso professor de latim no Seminário Redentorista Santo Afonso em Aparecida - SP. Obrigado Pai por nos doar sacerdotes segundo o teu coração. "In Paradisum deducant te Angeli; in tuo adventu suscipiant te Martyres, et perducant te in civitatem sanctam Jerusalem Chorus Angelorum te suscipiat, et cum Lazaro quondam paupere, aeternam habeas requiem " Que os Anjos te conduzam ao Paraíso; que os Mártires te acolham à tua chegada, e te introduzam na cidade santa de Jerusalém. O Coro de Anjos te receba, e com Lázaro, outrora pobre, tenhas um descanso eterno. Fábio Heliodoro (Facebook)
"Primeiro o útil, depois o necessário e, se der tempo, o agradável" era o que nos dizia o Padre Magalhães em suas aulas de latim no meu tempo de colegial no Seminário Redentorista Santo Afonso. Ele sempre vinha depressa pelos longos corredores. Com o tronco inclinado para frente e olhos atentos por onde andava. O único da velha guarda que nunca tirava a batina preta. Entrava na sala de aula (chamava-se sala da física, o que fora num tempo mais passado ainda). De sua bolsa, também preta, tirava seu material, os exercícios corrigidos P-L e L-P (as traduções entre português e latim), um relógio tipo despertador, que botava sobre a mesa, para anunciar o final da aula e, o mais esperado por nós, uma maçã. Suculenta maçã, tipo argentina. A vermelha maçã era para premiar um de nós ao final da aula... de modo que no decorrer do semestre todos fossem contemplados. Entre as declinações do latim, ele nos contava trechos de sua vida, de quando plantaram eucaliptos no morro do cruzeiro em Aparecida e que cada uma das mudas "seria uma alma a ser salva". Para chamar nossa atenção era apenas um assovio seguido de "zé olha para a pedra" e apontava para a lousa... E tudo era de uma riqueza tão simples. Enfim, o que ficou? "Brasilia terra est" -o Brasil é um país- pequenas frases? Anedotas? Ouso dizer, o latim era só uma desculpa para que aprendêssemos a ser um grande homem, como era este eterno missionário. É isso. Foram 90 anos de vida muito bem gasta a favor da redenção. Que sua missão permaneça viva! Cristiano Souza (Facebook)
Pe. Magalhães - Professor de Latim. Quem não se lembra daquela aula: Scudeler. Scudeleris, Scudeletur, Scudelemur, Scudelemini, Scudelentur. Acho que era assim o tempo do verbo. Eu posso ter esquecido, mas o Scudeler, tenho certeza, nunca esqueceu.Olavo Caramori Borges(Facebook)
O sonho do Pe.Magalhães sempre foi o Seminário Menor Santo Afonso em Aparecida-SP....ali ele viveu a maior parte de sua vida....ali ele esperou que o SRSA viesse novamente tornar-se um seminário para pré-jovens e jovens, os chamados juvenistas, ali ele deu aulas de latim e religião, ali ele foi o orientador de jovens, ali ele foi o confessor, ali ele percorria com sua desgastada mas inseparável batina os místicos corredores e hoje, 28 de julho de 2016, o dia seguinte de sua morte, seu corpo está presente na saudosa e tradicional capela do Seminário Menor Santo Afonso onde ele pretendeu fazer sua despedida daqui desta terra. Requiescat in pace, Padre Nazareth Magalhães, sempre missionário redentorista! Antônio Ierárdi Neto (SRSA 1957/1962)
Lembram-se da "poeira medicinal de Minas Gerais? Padre Magalhães não perdia a chance de enaltecê-la.José Morelli
Caro Dr.Morelli, estou curioso com essa "poeira medicinal de Minas Gerais"...pode esclarecer um pouquinho para meu conhecimento.....????Antônio Ierárdi Ierárdi.
Era uma forma do Padre Magalhães rebater às brincadeiras que os paulistas, principalmente, faziam relacionadas à poeira das estradas em Minas. Talvez algum dia descobrirão que perdemos muito com tanto asfalto nas estradas. José Morelli 
Obrigado!Entendi bem! De fato o Pe.Magalhães dizia muita verdade com espiritualidade....Em todos os momentos que convivi ou estive com ele percebi uma pessoa inquieta com a vontade de ajudar a todas as pessoas...Sei que alguns, inclusive nossos colegas, não entenderam isso muito bem e guardaram até rancor por procedimentos dele às vezes severos e rigorosos....mas ele foi um perfeito orientador.....Ele faz muita falta para os vocacionados de hoje!!!! Padre Magalhães nunca se apresentou sem a sotaina redentorista... ele era aficionado pelos SEMINÁRIOS MENORES, que lamentavlmente deixaram de existir! Ierardi
Após o funesto Vaticano II , sofreu muito, pois, foi um dos poucos que conseguia ver o desastre que se iniciava na vida religiosa e sacerdotal e a ruína que se abateria sobre a Igreja. Por ser muito escrupuloso, teve que engolir muito sapo... sofreu calado. Sebastian Baldi
Prefecti classis, quis abest? Nemo, pater! respondia o Décio Brites.Também era especialista em suas aulas de latim passar o filminho, juntando o polegar com o indicador à altura dos olhos deslizando os dedos para direita e esquerda enquanto dizia: FIXAR TODA ATENÇÃO POSSÍVEL NAQUILO QUE ESTÁ FAZENDO. O pe. Magalhães foi um exemplo pra mim em busca de santidade todos os dias, em consagração a Deus como todo ministro (servidor) de Deus deve ser... exemplo para todos que viveram na época mas precisariam estagiar com ele... sozinho, com sua batina preta e colarinho branco, com sua rotina de louvores e hinarios em latim, no seu missal romano e na sua demorada, mas profunda celebração da santa missa... todos os dias.... se consagrando conscientemente a Deus... um grande líder, ativamente quieto, dando exemplo... e que belo exemplo... Elberto Mello
Padre Magalhães. Ele que nos acompanhou em nosso passeio de sétimo ano. No último encontro ele lembrou tudo comigo. Uns dos padres que foi muito amigo. Ele foi um dos padres do seminário com quem mais me entrosei. Gostava muito dele. No nosso passeio de fim do ano, encerramento da sétima série e preparação para o Noviciado, passamos alguns dias no parque do Itatiaia e ele que nos acompanhou e assim estreitou muito mais a nossa amizade. A última vez que o vi, foi num dos encontros dos ex-seminaristas, e batemos um grande papo. lembrando do nosso passeio no Parque do Itatiaia. Eu nem preciso desejar que esteja bem junto de Deus, porque tenho certeza de que está. Abner
Ele me ensinou a importância de estudar Português e o domínio do vocabulário...
“Ó etíope, podes me informar qual a cidade mais propínqua?”...João Aparecido de Lima

...ou...Etíope, qual a urbe mais propínqua ? Grande sacerdote, ajudou-nos muito a aprender latim e, de lambuja, o português. Após o funesto Vaticano II , viveu anos de angústia ao presenciar a vida religiosa ir para o vinagre. Foi muitas vezes ridicularizado por não querer se despir do Homem Novo e voltar a ser o Homem Velho, sem a sagrada batina, manto revelador da presença de Nosso Senhor Jesus Cristo na pessoa do Sacerdote e sinal visível da morte do religioso para a vida mundana. Sebastian Baldi
 Sebastian Baldi, me esqueci da urbe! Dos mais íntegros, consistentes e coerentes que conheci. Duro mas humorado. Bom mineiro!João Aparecido de Lima


ELES NOS PRECEDERAM - PE. JOSÉ BENEDICTO DA SILVA CSsR

PE. JOSÉ BENEDICTO DA SILVA CSsR
+27 de JULHO 1945 
Com os Padres Oscar Chagas, Orlando Morais e José Lopes, Pe. Silva formou a primeira turma de padres brasileiros da nossa Província. A respeito dele um cronista escreveu o que todos já diziam: “Um Israelita autêntico, sem uma sombra de maldade”. ( Jo 1, 47 ). Pe. Silva nasceu em São Luiz do Paraitinga, a 1º de novembro de 1886, e seus pais, muito pobres, eram caboclos da roça. Desde criança vivia pensando em ser padre. Tanto insistiu que, um dia, sua mãe resolveu tentar o que lhe parecia impossível. Pôs o filho num jacá e, a cavalo, foi a Aparecida saber se os padres aceitavam o seu garoto. Ao entrar na cidade (narrava o Pe. Silva) ficou tão amedrontado que, quase chorando, tratou de se “afundar” no jacá, e não quis mais olhar para fora... Mirabilis Deus! O garoto foi aceito no Colégio Santo Afonso. Embora fosse um caipirinha tímido, de inteligência mais pobre do que remediada, à custa de esforço e aplicação deu conta dos estudos e chegou ao noviciado em 1906. Professando em 1908, foi cursar Filosofia e Teologia na Alemanha. Ao voltar, trabalhou sempre como missionário, ou como professor. Nas missões era muito estimado pela simplicidade no seu modo de tratar com o povo. Sempre atrás das expressões e piadas caipiras, não deixava de contar também as suas. Pregava com clareza e naturalidade, podendo ser compreendido facilmente por todos. Como religioso era exato, e por vezes, escrupuloso na observância regu199 lar. Edificava os juvenistas com sua piedade simples e sincera, mostrando-se entusiasmado quando lhes falava da vocação e da vida redentorista. Ótimo confrade, era de uma prosa agradável e alegre, interessante para todos. Estava ele em Pinheiro Marcado (RS) como professor do Juvenato, quando começou a declinar a sua saúde: rigores do clima, aliados a uma grande saudade de São Paulo, onde crescera e trabalhara sempre. Adoecendo gravemente, precisou ser levado para o hospital de Boa Esperança. De nada valeram os cuidados médicos, e a 27 de junho de 1945, ele trocou esta vida por outra infinitamente melhor.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

segunda-feira, 26 de julho de 2021

DIÁRIO DO PADRE ANTONIO BORGES DE SOUSA CSsR Junho de 2007

O grande acontecimento deste mês: a vinda do Papa. Tive a honra e o privilégio de estar presente na Fazenda da Esperança, por ocasião da sua visita. Fui com outros companheiros de Trindade e de Goiânia, como representantes da Pastoral da Sobriedade do Centro Oeste, aqui instalada. Fiquei super-feliz e, para mim, foi uma graça extraordinária. Parecia que o céu tinha tocado com a terra. Deus se deslocou e se colocou entre nós. Exultei e dei infinitas graças a Deus por esta Obra divina, realizada pelo nosso caríssimo irmão e colega, Frei Hans. Voltei mais firme e decidido a viver a espiritualidade de comunhão e a continuar a minúscula e humilde obra similar, que já iniciei, entre os trabalhos da Igreja do Servo de Deus, Padre Pelágio Sauter, verdadeiro Homem de Deus, que durante 50 anos, aqui no Brasil, se dedicou ao serviço dos mais necessitados e abandonados. É contando com Deus, com a sua e nossa Mãe, a Santíssima Virgem Maria, reforçado pela nossa unidade, que irei em frente!

ELES VIVERAM CONOSCO - IR. PEDRO (ATANÁSIO KULURAS)CSsR

IR. PEDRO (ATANÁSIO KULURAS)CSsR 
+26 de JULHO 1949 
Avis rara! um grego redentorista. Irmão Pedro nasceu em Galípoli, perto de Atenas, a 8 de dezembro de 1881. Filho de pai marinheiro, ele também conheceu a vida no mar, viajando meio mundo, como cozinheiro de navios em diversas Companhias. Embora batizado, e tendo feito a sua primeira comunhão, ele era grego cismático, e foi em 1900 (com 19 anos) que ele se converteu para o catolicismo. Esta sua decisão foi amargamente chorada pela sua mãe, cismática de profundas convicções religiosas. A 21 de junho de 1908 casou-se em Tergesti (Itália) com Da. Eufrásia Ermelanda; e a certidão de casamento o dá como “guarda noturno”. Não sabemos, porém, quando enviuvou. Aí pelo ano de 1901 vamos encontrá-lo em Constantinopla, trabalhando por uns meses para os Padres Assuncionistas franceses. Afinal, nosso Pedro Kuluras foi parar na Argentina, de onde veio para o Brasil, em 1922. Sempre como cozinheiro, trabalhou no Rio, Paquetá, Belo Horizonte, e, por fim, não sabemos como, veio para Aparecida, em 1926, resolvido a ingressar na C.Ss.R. Foi aceito como candidato a Irmão Leigo, fazendo seu noviciado e profissão em Pindamonhangaba. Trabalhou em Araraquara, Aparecida, Penha., Pinda, Cachoeira do Sul, e finalmente em Araraquara; já não era marinheiro, mas um bom viajante. Sempre dedicado a sua arte culinária, que dominava com perfeição, Irmão Pedro não deixava de ser um homem recolhido, e de vida interior. O convertido aparecia em todo o seu modo de pensar e agir. Se não estava trabalhando na cozinha, era na capela que ele se recolhia para rezar. Suas mortificações chamavam a atenção dos confrades, pelo rigor, e, às vezes, até pelo exagero. Seus últimos anos ele os viveu em Araraquara, trabalhando enquanto teve forças. A 26 de julho de 1949 fez sua última viagem, e essa para a eternidade.
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

domingo, 25 de julho de 2021

DIÁRIO DO PADRE ANTONIO BORGES DE SOUSA CSsR Maio de 2007

“Eu estou no meio de vós, como aquele que serve.” Amar quer dizer servir. Devo sair de mim mesmo, desprender-me de toda vontade própria, despir-me de mim mesmo. Obedecer a Deus, obedecer meus superiores, obedecer a todos, de todos ser súdito. Foi assunto freqüente de minhas orações e meditações... Encontrei duas velhinhas, com muita dificuldade para andar. Uma delas me conheceu e pediu: “O senhor me dá carona?”. Eu estava com pressa. Mil coisas pra resolver. O caminho era diferente. Engoli um pouco de saliva e mansamente, mostrando disposição, deixei que as duas entrassem no carro e obedeci. Atravessei boa parte da cidade pra chegar onde moravam. Voltei exultante e satisfeito.

ELES VIVERAM CONOSCO - IR. JOAQUIM (JORGE WÖLFL) CSsR e PE. OSVALDO ANTÔNIO ARRIGHI CSsR

IR. JOAQUIM (JORGE WÖLFL) CSsR
+25 de JULHO 1957 
“Rezador e trabalhador” — nisto se resume a sua vida. Assim escreveu o Cronista a respeito do nosso Irmão Joaquim. Nascido a 26 de abril de 1881, ele era um bávaro de acordo com o figurino. Piedoso, calmo, trabalhador incansável, e sempre de bom humor. Ainda garoto, aprendeu com seu pai o ofício de sapateiro. Em Setembro de 1905 professou na C.Ss.R. e em 1908 veio para o Brasil, permanecendo em Aparecida, como sapateiro, até 1915. De 1917 até a morte, ele trabalhou sempre como chacareiro, em Aparecida, Trindade e Campinas (GO). Dirigindo a chácara de Aparecida durante 26 anos, foi um exímio fabricante de vinhos. Era sempre com muito prazer que oferecia um bom copo dos seus produtos vinícolas aos confrades que o visitavam no seu centro de trabalho. Em Goiás teve a seus cuidados a nossa fazenda, com muitos camaradas, grandes plantações de arroz, feijão, milho e cana, bem como a criação de porcos, galinhas, vacas e abelhas. Em 1957 sofreu horrores, quando se viu atacado de câncer; e o que mais o martirizava era a sua inatividade. Com muita humildade recebia as visitas dos confrades, sempre pedindo perdão ao Provincial por não poder trabalhar mais. Consolava-se, porém, sabendo que estava trabalhando no campo do sofrimento, onde ninguém gosta de trabalhar. Reduzido a pele e ossos, faleceu a 25 de julho de 1957, suportando com edificante paciência o câncer que o foi consumindo aos poucos — diz o seu Necrológio. A vida do Irmão Joaquim é uma recordação de humildade, oração e trabalho, coroada com uma morte heróica.
PE. OSVALDO ANTÔNIO ARRIGHI CSsR
+25 de JULHO 1986 
Nasceu em Tambaú-SP a 24 de julho de 1920. Eram seus pais Colombo José Arrighi e Vitória Valezin. Tiveram 10 filhos e o Pe. Arrighi era o terceiro. Com 4 anos seus pais mudaram-se para Vargem Grande do Sul, onde cresceu. Em 8 de fevereiro de 1934 entrou para o Pré-Juvenato de Pindamonhangaba, passando no fim do mesmo ano para o Seminário de Santo Afonso de Aparecida. Professou na C.Ss.R. a 2 de fevereiro de 1942, em Pindamonhangaba. Fez seus estudos de filosofia e teologia em Tietê, de 1942 a 1947. Foi ordenado sacerdote a 6 de janeiro de 1947, em Tietê, por Dom José Carlos de Aguirre, bispo de Sorocaba-SP. Celebrou sua primeira missa solene a 12 de janeiro de 1947, em Vargem Grande do Sul. Trabalhou alguns anos como cooperador em nossas paróquias. Em 1951 fez o 2.º Noviciado em Pindamonhangaba. A maior parte de sua vida foi missionário. Trabalhou nos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Goiás. Em Garça-SP construiu uma igreja em formato de barco. Era músico, escritor, poeta. Possuía uma capacidade extraordinária de trabalho. Escreveu e musicou “Brasília - Melodrama do século XX” como homenagem pela construção da nova capital. Era bom confrade, embora... falasse bastante! Seus últimos anos passou em São João da Boa Vista, como cooperador em nossa igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Sua saúde já não estava boa: passava o dia praticamente no quarto. Sofria problemas mentais. No dia 27 de março de 1986 teve um derrame, caiu no quarto e fraturou o fêmur. A operação na perna correu bem, mas, devido ao derrame, ficou com o lado esquerdo paralisado. Não andou mais. A 13 de julho de 1986 teve um novo derrame e já não falou mais, embora ouvisse e entendesse tudo. No dia 25 de julho de 1986, um dia depois de completar 66 anos, às 22h50, voltou para o Pai e foi receber o prêmio eterno prometido aos servos fiéis. Estava com 66 anos de idade e 39 de sacerdócio. (Comunicado do Governo Provincial)
CERESP
Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR

sábado, 24 de julho de 2021

DIÁRIO DO PADRE ANTONIO BORGES DE SOUSA CSsR Abril de 2007

Meditando um dos salmos do breviário e detendo-me nas palavras: “Feliz de quem pensa nos pobres e fracos”, “O Senhor o liberta de todo o mal”, vi que minha vida, atualmente, é toda ocupada na construção do Convento das Irmãs, com o centro de recuperação, para meninas em situação de risco. Isso trás para mim realização, satisfação; vejo que as paredes estão subindo e o serviço vai para frente. Mas, este amor próprio e egoísmo não podem dominar e absorver a genuína e verdadeira finalidade da obra. O motivo fundamental e exclusivo é o amor de Deus e o socorro aos necessitados, pobres e desamparados. O resto é descartável e indiferente. Firmei-me neste propósito e tomei a resolução concreta, nos meus contatos e trabalhos pastorais, procurar mais os pobres, necessitados e humildes. Também isso é carisma da nossa Congregação, fundada por Santo Afonso. Que Maria e a Unidade ajudem-me a conseguir esta pureza de intenção.

sexta-feira, 23 de julho de 2021

DIÁRIO DO PADRE ANTONIO BORGES DE SOUSA CSsR Março de 2007

A Palavra de vida lançou uma luz bem forte na minha alma. Sob o peso de minhas fraquezas, incapacidade, carregando o peso das obras do Servo de Deus, Padre Pelágio, que pretendemos levar as glórias do altar, esta Palavra, além de luz, veio me trazer conforto, libertação e grandíssima esperança. A minha vida veio de Deus, pertence a Deus, está nas mãos de Deus. As obras de meu empenho também pertencem a Deus. Nada mais acertado: devo confiar cegamente. Não devo enxergar, nem ligar para outras sugestões, resistências, temores, oriundos de minha natureza defeituosa e pecaminosa. De outro lado, esta confiança é bendita, traz alegria, plena realização, jogando-me na comunhão com Deus. Fiz inúmeras jaculatórias, exprimindo confiança, mesmo formando um verdadeiro rosário.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

DIÁRIO DO PADRE ANTONIO BORGES DE SOUSA CSsR Fevereiro de 2007

Como um relâmpago de luz, caiu na terra a Palavra deste mês. Foi assunto de várias meditações minhas e pregações. Procurei deixar-me guiar pela trajetória da vontade de Deus. Descobri-la e fazer cumpri-la, foi objeto de muitas e fervorosas orações. Ao despertar-me de manhã, ao som do despertador, me arrancava imediatamente da cama e rezava uma “AVE MARIA”, pedindo à Maria, que me levasse pela mão, fazendo-me trilhar somente pela trajetória da vontade de Deus. Descobri uma coisa: amo em geral a todos e procuro ser bom e amável. Isso, com os olhos em Maria e por ela impulsionado. Para mim, já com os meus 85 anos, a morte não é mais para se temer! E, sim, um desejável encontro com Deus, infinitamente amável e de inesgotável misericórdia. Recebi as notícias da encontro nacional dos religiosos e consagrados, a que, infelizmente, não pude comparecer. Foi um banho de luz e de graça. Deleitei-me com as impressões e feliz resultado. Caíram na minha alma os frutos de unidade, nela contidos. Viver o ideal da comunhão, dentro das circunstâncias, em que me encontro, faz parte da essência da minha vida.

ELES VIVERAM CONOSCO - PE.ANTÔNIO RICIERI BARIANI CSsR


Padre Antonio Ricieri Bariani
+22 DE JULHO DE 2019
“Para mim a época em que passei pregando as Santas Missões Populares foi o tempo mais empolgante, mais envolvente e que me deixou muita saudade”
Padre Antonio Ricieri Bariani morreu nesta segunda-feira, 22 de julho-2019, aos 102 anos, e era considerado o missionário redentorista mais velho do Brasil. Padre Bariani nasceu no dia 24 de dezembro de 1916, em um povoado chamado Guaxima, que fica em Conquista (MG).Completamente lúcido, lançou um livro de poesias. Ele conta desde sua infância, estudos, como se tornou padre redentorista, seus tempos de missionário e muito mais.
Família e infância
“Nasci em 24 de dezembro de 1916, em Guaxima, Município de Conquista, no Triângulo mineiro. Meu pai era italiano, Joseph Fioravante Bariani e minha mãe brasileira, Maria da Loka. Éramos 10 irmãos, hoje só eu estou vivo. Fui batizado no mesmo dia em que nasci. Ainda pequeno, minha família se mudou para Igarapava (SP). Ali fiz meus primeiros estudos. Depois fui estudar em Ribeirão Preto, onde cursei Escola de Comércio por três anos. Vim para Goiás em 1939. Trabalhava numa serraria com a minha família. Em 1939 eu frequentei, à noite, aulas no Liceu de Goiás”.
Igreja e fé
“Sempre fui da Igreja. Quando era pequenino eu ia à missa levado pela mão de minha mãe, e foi nas missas que eu aprendi o gosto pelas coisas de Deus. Mais tarde, já rapaz, eu pertenci à Congregação Mariana, lá em São Paulo ainda. E me fizeram diversos convites para ser padre. Falavam que faltavam padres, que estava faltando missionário. Lembro que, quando eu era coroinha, na sacristia da Catedral de Ribeirão Preto, perguntei ao padre José, um Estigmatino: “E eu presto para ser padre? Mas eu posso ser um?”. Ele apontou o dedo pra mim e falou: “Se você quiser, você presta, você pode!” E eu respondi: “Eu vou querer! Eu quero!”
No Seminário
“Até chegar ir para o Seminário foi um processo longo. Quando morava no Estado de São Paulo quis entrar para um seminário mas não foi possível. Então aconteceu que, vindo para Goiás, conheci os Redentoristas e senti que minha vocação tinha se firmado e resolvi segui-la. Conversei com o Padre Fernando Albertini, de quem tenho muita saudade. Naquela época os redentoristas de Goiás não tinham Seminário aqui. Eram unidos com São Paulo. O superior de São Paulo, padre Geraldo Pires de Souza veio fazer uma visita a Goiás. Padre Albertini, de moto, foi depressa para a serraria onde meu pai, eu e meus irmãos trabalhávamos e foi logo dizendo: “Olha, eu falei com o superior e ele quer falar com você”. Fui falar com o Padre Geraldo Pires de Souza e nós acertamos minha ida para Aparecida (SP). Depois fiz o Noviciado em Pindamonhangaba (SP), e os estudos de Filosofia e Teologia em Tietê (SP).”
 Ordenação
“Minha ordenação sacerdotal aconteceu no dia 06 de janeiro de 1949, junto com meu companheiro padre Leodônio Marques, já falecido. Aconteceu na Igreja São João Bosco, dos padres Salesianos, em Goiânia. Tenho a glória de ser o primeiro padre a ser ordenado em Goiânia. E cantei a primeira missa solene no dia 09, na Matriz de Campinas, Paróquia Nossa Senhora da Conceição, ainda na igreja antiga que, infelizmente, foi demolida. Sobre a ordenação eu digo que é um momento muito forte e marcante com a infusão do Espírito Santo...
Trabalhos
“Meus primeiros anos de sacerdócio foram em Araraquara (SP) e Aparecida (SP). Depois vim para Goiás, morando em Trindade, Brasília, e na Prelazia de Rubiataba, trabalhando com Dom Juvenal Roriz. Houve um período de dois anos que fui professor no Seminário São José, no atual Setor São José. O menino Ney Barreto, hoje padre Ney, era um dos meus alunos. Mas o tempo mais forte e marcante para mim foram os muitos anos que pertenci à equipe missionária, pregando as Santas Missões Populares. Nossa equipe pregou Missões em Goiás e em muitas cidades de outros estados brasileiros. Estivemos no Paraná (Curitiba, Londrina), em Santa Catarina (Joinvile), em muitas cidades da Bahia, do Piauí, Maranhão, Pará, Tocantins. Por isso eu digo que a época das Santas Missões, para mim, foi o tempo mais empolgante, mais envolvente e que deixou muita saudade”.
Desobrigas
“Quando morei em Trindade, nos anos de 1951/52, eu viajava de caminhão ou jardineirinhas até Aurilândia ou até Moitu, e de lá ia, à cavalo, rodando uns 15 dias fazendo desobrigas pelas fazendas, pelos povoados até as margens do Rio Caiapó. O povo tem necessidade dos sacramentos, da santa missa, da confissão, da comunhão, da catequese. Mas quem mora longe não tem como receber... então o padre vai até ele. Porque o povo tem a obrigação de confessar e receber a comunhão ao menos uma vez por ano... Então o padre vai lá para desobrigar o povo. Atende o povo... faz a catequese.. confessa... E aí o povo participa da santa missa, da comunhão... e são realizados os batizados e os casamentos. Eu fui o último padre que fez esse trabalho de desobrigas lá nos sertões daqueles tempos”.
“Falo com muita satisfação e com muita alegria da convivência com o Servo de Deus padre Pelágio Sauter. Convivi com o padre Pelágio vários anos na casa missionária de Trindade. Eu me confessava com ele, ele também se confessava comigo. Era uma maravilha a convivência com os padres antigos. Padre Pelágio era o confrade mais velho, o mais antigo de Goiás e que conhecia todo mundo. Alemão, mas conhecia os costumes de Goiás. E naquele tempo nós fazíamos três meditações por dia, e de joelhos na capela. Padre Pelágio junto, sempre junto com a comunidade. Depois, Padre Pelágio passou a ir, nas quartas-feiras, para Campinas, onde atendia o povo na Igreja Matriz, Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição”.
Trindade II
“Trabalhei nas periferias de Goiânia e Trindade, residindo no Parque Buriti e Setor Maysa III, durante vinte e seis anos. Quando cheguei para fazer parte da equipe, não havia mais espaço no casebre pequenino onde já se alojam três confrades, em três cômodos que serviam de quarto, sala de recepção/refeição e cozinha. Então morei sete anos na sacristia da Igreja Nossa Senhora da Guia, e fiquei 13 anos no apartamentinho que foi construído pra mim entre a igreja e a nova casa que hoje é a secretaria da paróquia. Depois fui para o Maysa III. O carisma da Congregação é missionário, e fiquei na região Trindade II, nesses vinte e seis anos, como missionário. Se eu pudesse voltar para as missões eu voltaria! Oh, Santas Missões Populares! Quem não esteve nas Santas Missões, não participou bastante tempo das Missões, não viveu as Missões, não sabe o que é... o que são as Santas Missões! Santo Afonso tinha muita razão em pregar Missões”.
Para quem passou por duas Guerras Mundiais, vivenciou grandes transformações na sociedade brasileira e pode ver sua província redentorista crescer e ganhar repercussão nacional com o Santuário do Divino Pai Eterno, padre Bariani sempre tinha muita história para contar.
Padre Bariani conheceu a Congregação do Santíssimo Redentor em Trindade (GO), e sentindo que sua vocação era ser um missionário de Santo Afonso foi ordenado no dia 6 de janeiro de 1949, na Igreja São João Bosco, em Goiânia, o que o identifica como o primeiro padre ordenado na capital de Goiás. O missionário chegou a viver o início de seu ministério em Araraquara e em Aparecida, no Estado de São Paulo.
Padre Bariani foi um dos desbravadores da fé em terras goianas, sendo um dos colonizadores de Campininhas das Flores, que é hoje o bairro de Campinas, em Goiânia. Ele também contribuiu pessoalmente para o desenvolvimento de Trindade. Ao longo de décadas acompanhando, de perto, a devoção ao Divino Pai Eterno, o sacerdote viu a Romaria de Trindade tomar as proporções que tem hoje e foi um dos responsáveis diretos pelo início da disseminação dessa fé.
Integrou a equipe das Santas Missões Populares, pregando em comunidades de Goiás, Paraná, Santa Catarina, Bahia, Piauí, Maranhão, Pará e Tocantins. Por muitos anos, residiu na periferia de Goiânia, atendendo as comunidades da região missionária “Trindade 2”, hoje paróquia Nossa Senhora da Guia, bem como celebrando a missa na Capela Nossa Senhora das Graças, no centro da capital.
Província de Goiás
Pioneiro no mundo das comunicações montou o serviço de alto-falante e som e foi responsável também por levar, pela primeira vez, o cinema à Capital da Fé de Goiás, por meio de uma máquina portátil. Além disso, trabalhou ainda pela consolidação da Vila São José Bento Cottolengo, uma das maiores obras sociais da Região Centro-Oeste.
Ele residia atualmente no Convento Santíssima Trindade, junto à igreja Matriz de Trindade. Na última romaria, padre Bariani acompanhou toda a novena das nove da manhã na igreja Matriz. Celebrava a eucaristia diariamente e dedicava-se à literatura, tendo publicado recentemente um livro de memórias: “Meus 100 anos com Jesus Menino”.