quinta-feira, 1 de setembro de 2022

NÃO SE MATE A PRIMAVERA

Há um ar de tristeza no castanho dos campos e dos morros, e mais que tristeza no carvão das queimadas. 
Há muita cinza deixada pela política dos poderosos, muitas raízes retorcidas do que era o sonho do povo. 
Só nos resta a esperança da volta da primavera. 
Só nos resta – além de Deus – a esperança da primavera quando vemos a terra coberta de escombros e sangue da pobreza da guerra e da guerra da pobreza. 
Não se mate a primavera da esperança apesar de tudo, da certeza que é preciso continuar sonhando e trabalhando, certos que o bem, a verdade, o amor e a paz chegarão afinal.
Não se mate a primavera, nem se abra espaço para o desânimo, o medo e a fuga. 
A chuva haverá de chegar, como já chegaram os ipês teimosos, que nunca deixam de voltar a cobrir a cinza das queimadas que teimamos acender.

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