terça-feira, 27 de outubro de 2020

NOSSO SEMINÁRIO E A REVOLUÇÃO PAULISTA, SEGUNDO PADRE MORGADO CSsR

PADRE ALFREDO DA SILVA MORGADO
REDENTORISTA
Existe uma história contada pelo Padre Morgado, que viveu a revolução constitucionalista, era seminarista em 1932 e frequentava a Casa de Nossa Senhora, Colegião . As forças paulistas, descendo para o Vale do Paraíba, estabeleceram fronteiras na região do Engenheiro Neiva em Guaratinguetá. Na falta de um quartel general que abrigasse um número grande de combatentes, requisitaram o seminário e ali acamparam. Por algum tempo, houve uma convivência entre soldados e seminaristas, as perguntas maliciosas originadas dos combatentes obrigaram os padres alemães a levarem seus pupilos para o convento da Penha. A Central do Brasil levou os meninos, a bagagem foi de caminhão pela São Paulo Rio. A Revolução chegou ao fim, o seminário foi desocupado, os seminaristas voltaram. Quanta coisa foi deixada lá, mochilas, perneiras, bonés, capacetes de aço, baionetas. O mais significante foi encontrado no refeitório, duas ou três toneladas de carne seca, coisa que não poderia ser jogada fora. Foram meses e meses de única mistura, carne seca. Começou uma desinteria geral, vômitos e outras coisas. Padre Agostinho, diretor, providenciou uma vala para enterrar aquele precioso acervo. Em 1949, quando ingressei no seminário, recebi um enxoval no qual constavam uma mochila de guerra, duas perneiras e um boné militar, não lutei na revolução, mas vesti a farda do ideal paulista.Alexandre Dumas
Essas mochilas duraram, pelo menos até os anos sessenta! Quantas subidas aos campos levando tutu nessas mochilas!Thozzi
Agora sei o motivo da existência das mochilas que usávamos nos passeios! O que sempre recusávamos nela levar eram as caixas de goiabada que machucavam as nossas costas!!!!!Ierárdi
Já tinha ouvido a história das mochilas mas não com tantos detalhes . Valeu! Abner
Chegamos a conhecer essas mochilas.Antônio de Lima
O tutu era acondicionado em latões, era pesado e destinado aos mais fortes, eu, o máximo que levei foi pão. Certa feita, subindo a Pedrona, um seminarista goiano, acredito que o Ubenai Fleury, depois padre, levou em sua mochila uma lata de doce de leite recebida de seus pais, por volta de de dois quilos. Não querendo dividir com todos, selecionou um pequeno grupo que se refestelou fartamente com aquela iguaria. Descendo a serra, fomos acometidos de uma desinteria que nos obrigava, de tempo em tempo, a nos esconder no mato, foi uma tragédia, chegamos no seminário três quilômetros atrás dos primeiros. A gula é um pecado capital. Alexandre Dumas
Tenho também a minha história. Passeio aos Campos... Subida íngreme, dura e em zigue-zagues.... Finalmente lá... Finalmente hora do almoço...Fila... de prato em mãos fui completando... arroz, tutu...e finalmente um pedaço de goiabada... Uma canequinha de groselha... "UFA! PEGUEI TUDO!" Assim que falei, tropecei e caí....fila de novo!!! Ierardi
Num de nossos passeios aos Campos, um garoto novo de Aparecida, o Coelho, recebeu uma mochila, colocou, mas costas e bem cedo começamos nossa caminhada. O Coelho junto com a gente. Fizemos o passeio, tudo normal, mas quando chegou à noite, cadê o Coelho? Notamos que não tinha chegado aos Campos nem voltado para casa. O Coelho tinha sumido. Oração de a noite dormir e outro dia, e o Coelho? Nada de Coelho. Reunimos alguns, entre eles estava eu, o Bicarão, o Libardi, o Nero, e com licença do Padre, fomos atrás do Coelho. O Bicarato acho que era o mais experiente, dizia olhem os urubus, em círculos, vamos ver lá ele deve estar morto nessas alturas. Subimos a serra novamente, andamos pelos arredores, e picadas que existiam e nada de Coelho. Quando vínhamos voltando já bem tardinha, cansados e sem o Coelho, vimos um vulto que subia a serra. Adivinhem quem era. O Coelho com a mochilinha nas costas, em vez de descer a serra, subia. Nós: Coelho, Coelho, Coelho. Vamos para casa. O que aconteceu? Ele já falava pouco e assustado nem tinha palavras. Conseguiu dizer que caiu num buraco e dormiu e bem cedo se levantou e morto de fome, começou a caminhar. Encontrou uma casinha de uma e senhora que lhe deu café e ele tentando voltar para casa. Felizes, voltamos para casa, O Coelho estava vivo e só meio assustado e com muita fome e nem olhou o que tinha na mochila, eram pães.Abner
Abner Ferraz de Campos, grandes histórias de idas e sumidas naquela região do Gomeral, eu mesmo, certa ocasião, estando nos Campos, resolvi fazer uma aventura, descer a serra pelo Cachoeirão, formamos uma turma e padre Ângelo consentiu. Não deu outra, a noite nos surpreendeu e pernoitamos no meio do Mato. Dia seguinte, chegando ao seminário, fomos bem recebidos, comida e cama. Castigo, um dia de retiro, sem comunicação direta com nossos colegas. No dia seguinte, relatamos, inventamos, aumentamos, colocamos onça em nossa história. O frio que passamos, o medo que tomou conta de nós, omitimos. Heróis ! Alexandre Dumas

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