terça-feira, 23 de agosto de 2022

CASEBRE ABANDONADO - DA CRÔNICA DIÁRIA DO THOZZI

O casebre assombrado existiu, não era imaginação. Agora que o querido padre Brandão já morreu posso contar! Era 1960. Férias de julho. Um frio congelante lá na Pedrinha. Do prédio do seminário nós avistávamos a imensidão da Serra da Mantiqueira: Os Campos, a Pedrona, a Pedrinha, lá em baixo no pé do Morro do Gigante corria barulhento Ribeirão: gelado! Nosso lugar de banho cotidiano, qualquer tempo! No entanto, do outro lado da casa, um Morro quase pelado... Muito capim gordura, sapê e muitas moitas de gravatá. No meio da encosta um casebre abandonado ! Dois cômodos, de barro e capim...chão cheio de bosta de vaca... As vacas que pastavam ali transformaram o casebre em banheiro... De repente, à noite, algumas noites, havia luz no casebre! Não havia luz elétrica na região! O seminário tinha um pequeno gerador: luz por duas ou três horas: do escurecer até a hora de dormir, às 21 horas! E a luz no casebre? Assombração? Até que Bicicleta, Mazzaropi ( alguém lembra os nomes?) e eu( eu tinha uma lanterna) resolvemos desvendar o mistério ! Um pedaço de pau, um canivete, uma lanterna e um crucifixo "emprestado " da capela... E fomos.. Luz fraca, bruxuleante... Subimos o morro... Descalços... Cortei o pé no sapê... Mazzaropi pisou num monte de bosta de vaca... Chegamos perto... Um preto de metro e meio, bêbado, sai ao nosso encontro com um bambu na mão... Sem brigas, mistério desfeito, voltamos! Era Expedito... Bebia, brigava com a mulher, ia se esconder no casebre! Pra aquecer queimava a bosta de vaca já seca! A luz tênue e bruxuleante ! Limpamos os pés no capacho da entrada e nuns trapos(não eram trapos, eram toalhas secando, mas fazia uma escuridão!) Confesso, 60 anos depois! Mas não fui sozinho, não teria essa coragem toda! Expedito sumiu... Boa noite gente amiga querida, menos frio mas ainda frio... Hoje é canja de galinha. Meu amigo Maurício Ferreira sugere merlot que não passou por barrica ou, se seu bolso permitir, um Dolcetto italiano... Vou de merlot chileno 30 reais! Beijos e bênçãos pra todos nós especiais para você que lê minhas crônicas ! Prof.Antônio João Thozzi
Caro amigo e colega daqueles bons tempos. Estive na casa ainda bucólica da Pedrinha em 1957! Lembram-me: Padre Brandão(+), Padre Borges(+), Padre Furlani, Padre Fernandes(+)! "Seu" Zoza, Dona Alzira, o Ico, a Ica! Falando em gerador, suplício dos Caltabiano (retinha em conjunto com a piscina a água que ia para sua fazenda!) tenho boas recordações em se lembrando o frio daquela região. Acordávamos as 05:30h, seguíamos em corrida para a piscina, ao chegar, jogávamos ao lado a trouxa da nossa roupa do dia e mergulhávamos sem considerar o baixo grau de temperatura daquele momento. Depois, em camisas de manga curta estávamos prontos para o dia que sempre se iniciava com uma missa naquela saudosa capelinha! Bons tempos aqueles! Passeios, histórias do Joaquim Bentinho de Cornélio Pires lidas pelo Padre Fernandes(+) nos recreios e sem dúvidas o famoso mata-fome, pudim de pão amanhecido do "Seu"Zoza! Um abraço! Antônio Ierárdi
Estive antes de vocês, 1949, o dormitório tinha um nome sugestivo, purgatório. Alexandre Dumas
Ierárdi Neto Lembrei do mata-fome. O pudim ruim que era aquilo, se é que se pode chamar mesmo de pudim. Só passei um período de férias na Pedrinha. Lembro de pouca coisa. Hum... acho que ainda tem coisa para se contar dessa aventura. O que aconteceu quando descobriram as toalhas?
Bela crônica, jovem Thozzi. Abraço Hércio Afonso
Hércio Afonso
, nunca descobriram os autores!
Agora me confessei! Thozzi

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