Padre Brandão, meu primeiro mestre, depois de meus pais, quando cheguei aos 11 anos de idade no Seminário Santo Afonso da Pedrinha, a 13 km de Aparecida.
Além dele, o Pe. Furlani e o Pe. Zulian, e na cozinha, Sr. Zoza e sua esposa Alzira, para cuidarem de aproximadamente 100 crianças!
Na época, eu era "pavio curto", bastava qualquer indício de provocação para responder de imediato.
Meu irmão, que tinha entrado um ano antes, em uma das cartas aos pais, que sempre enviávamos, (WhatsApp daquele tempo), reportou que eu brigava, no mínimo, uma vez por dia.
De imediato, meu pai viajou para o seminário, conversou com o padre Brandão, um pouco conosco, e foi embora.
Pe. Brandão me chamou para conversar em sua sala. Mostrou um saquinho com bastante bolinhas de gude coloridas, dizendo: cada dia que você passar sem brigar, vou lhe dar uma bolinha destas.
O jogo de bolinha de gude era quase todo dia e embaixo do quarto do Pe. Brandão, do lado de fora, na terra.
Foi a motivação para entender que precisava aprender a pensar antes de reagir.
Não cheguei a ganhar muitas bolinhas, mas pude compreender a mensagem.
Foi uma semente plantada para me esforçar, durante toda vida, a fazer com que a emoção fosse subordinada à razão e não o contrário!
Pensar, antes de reagir por impulso.
Obrigado, Pe. Brandão por ter sido uma das pessoas mais importantes na formação do caráter de tantos homens! José Carlos Criado
Caro colega J.Criado, quanta emoção! Padre Brandão, por duas vezes, na Pedrinha e em Aparecida, meu diretor. Quando no final de 1962 estava por orientação do Pe.Azevedo Toffuli, meu confessor, deixando o seminário, Pe.Brandão estranhou muito minha atitude demissionária e apenas convenceu-se quando lhe disse que era por sugestão do confessor! Pe.Brandão recebeu-me na Pedrinha em 1957 e lá, na presença de mais três sacerdotes, Pe.Borges, Pe.Furlani e Pe.Fernandes, iniciei os primeiros passos na busca do ideal redentorista:"PADRE, MISSIONÁRIO, REDENTORISTA, SANTO". Pe.Brandão representa para mim o segundo pai!!!!Sempre cuidou dos meus dias de pré-jovem e jovem com muita dedicação! Deus o ajude sempre!!!! Antônio Ierárdi
O irmão que entrou um ano antes de você e que passou o "WhatsApp" para nosso pai fui eu. Devia me agradecer também, porque senão você não teria ficado nem mais um ano lá. Brincadeiras a parte, o Padre Brandão foi nosso diretor, que Deus lhe dê um pouco mais de saúde, para poder resistir melhor este momento. Natanael de Jesus Criado
Padre Brandão, aumentativo de Brando, fez jus ao nome. Chegou no Colegião em 1950, logo assumiu a função de prefeito, era novo e angariou nossa simpatia. Existe um assunto que nunca abordei, nunca senti necessidade, não guardei ressentimento, mas a realidade não pode ser escondida. Lamento, somente desta vez falarei sobre o assunto, é constrangedor, mas aconteceu ao longo dos anos, não pode ficar escondido. Padre Pedro, um alemão de estirpe, foi diretor do seminário por vários anos, sua fama correu em Aparecida, batia nos seminaristas, batia forte, isto contado por parentes meus que por lá passaram, não era segredo, educação tedesca. Mais tarde, cobrado, dizem que chorou. Sucedeu-o padre Pereira, não fez por menos, dava palmadas, eu também apanhei, foi um pouco mais brando. Outros padres, Lisboa, invoco o João De Deus Rezende Costa para testemunho, distribuía tapas em aulas de história sagrada. Padre Gomes, professor de história, aplicou uns tapas em mim e Rochinha em aula que percebeu-nos alheios ao seu ensinamento. Era rotina, alguns seminaristas ostentavam marcas dessa violência. O Ribolla, sucessor do Pereira, iniciou, surpreendentemente sua gestão que, depois se tornou democrática, numa violência não esperada, provocou o "DIES IRAE", nome que eu e o Bianor demos a uma sessão de figo em que um seminarista, espancado, urinou. Geraldo Correia, ex-padre, meu contemporâneo, cita este fato em seu livro "Manga Verde e Sal". Pois bem, nada disso é importante, não levo rancor, foi a época das palmatórias. Mas, vejam só, surge em nosso meio, um jovem padre chamado "BRANDÃO", "BRANDO" já seria suficiente, foi prefeito, diretor na Pedrinha, diretor no Santo Afonso. Duvido que algum de seus alunos relate um, somente um ato de mínima violência aplicado por esse homem justo, santo, amoroso, um pai que soube compreender mentes de jovens que procuravam um ideal não projetado em suas vidas, mas idealizados e conduzidos por mineradores de vocações que se gabavam de números, somente números de meninos garimpados nas missões, encaminhados ao seminário e depois descartados sem orientação nenhuma para um mundo desconhecido, acredito que eu tenha sido uma dessas vítimas. Nós temos vários lados, tenho o constrangimento de revelar aqui somente um deles. Tenho outros melhores. Que bom ! Alexandre Dumas
Oi, Dumas, gostaria de revelar aqui, aos amigos e ex-colegas, um fato marcante em minha vida profissional (magistério) : Eu deixei o seminário em 1959 . Em meu primeiro ano como professor (1961), fui autoritário no relacionamento com os alunos, mas , graças à intercessão de Nossa Senhora, no ano seguinte eu DEI UMA GUINADA de 180 graus , descobri como era maravilhoso dialogar e interagir com eles, a exemplo do Padre Brandão, que também deu uma belíssima reviravolta no militarismo alemão dos velhos tempos, lá no seminário Santo Afonso. Padre Onofre também era muito humano e amigo dos seminaristas. E outros que foram surgindo gradativamente . O Padre Carlinhos (hoje bispo emérito) era um verdadeiro palhaço, alegrando e descontraindo a turma. Padre Barbosa também era muito alegre. Nós, ex-seminaristas da congregação redentorista, somos privilegiados por termos desfrutado da convivência de verdadeiros santos. Deus seja louvado. João de Deus Rezende Costa
Conhecia parte da história, Nosso Saudoso Professor de Latim Sr.Zezé Braga que viveu momentos com Padre Pedro relatou vários acontecimentos da época. Muito bom Dumas, desta maneira vamos cada dia aprendendo mais. Grande abraço.José Vicente Naves
Conhecia parte da história, Nosso Saudoso Professor de Latim Sr.Zezé Braga que viveu momentos com Padre Pedro relatou vários acontecimentos da época. Muito bom Dumas, desta maneira vamos cada dia aprendendo mais. Grande abraço.José Vicente Naves
Saudades do padre Brandão. Joaquim Manoel Ferreira Filho
Meus amigos, ao ler esses ricos depoimentos sobre o Padre Brandão e na lembrança "BRANDO" do colega Dumas, recordo uma passagem que fiz à Pedrinha num dos Retiros da Uneser. Nesta ocasião encontrei o ICO, filho do Sr.Zoza e Da.Alzira, que me disse em letras garrafais:-" PADRE BRANDÃO É UM SANTO, ASSIM É RECONHECIDO AQUI NA VILA E ATÉ EM SÃO LÁZARO! Perguntei por que essa fama de santidade atribuída ao Padre ? E ele me disse que as pessoas todas sabiam de uma ocorrência que poderia estar ligada a ele. Falavam que o Sr.Caltabiano, que estava em constante contenda com os padres por causa daquele córrego que passava pelo gerador de energia e piscina, chegando com muito pouca água à sua fazenda, teria encomendado uma surra ao Padre Brandão pela contratação de 3 capangas. Isso nunca ocorreu e, como diziam na vila, os três tiveram desastres muito sérios, além da saúde do próprio Sr.Caltabiano que passou a definhar. Evidentemente, eram fatos inexplicáveis e até boatos, mas que tiveram uma ligação com o Padre Brandão por debater o problema na época com o fazendeiro. É uma historinha de santidade de alguém que nos é muito precioso!!!!! Antônio Ierárdi
Li os textos, belos depoimentos, belos tapas e dos quais não fiquei livre, tive a honra de ser tapeado pelo Padre Ribola, quando diretor. Quanto ao Padre Brandão, não tive contatos maiores com ele, não foi meu professor, nem diretor. Sei que ele cuidava dos meninos da pedrinha.Abner
Vamos continuar o assunto, guardo em mente um fato insólito. Na terceira série, 1951, no Colegião, padre Pereira ministrava uma aula sobre os répteis, com muita ilustração, característica sua, discorria sobre sua divisão, foi tempo suficiente para expor tema tão importante. Eu navegava no meu Deficit de atenção, não acompanhei a aula. Para minha surpresa, fui chamado à lousa para responder, em pormenores, a esse assunto tão importante para nossa formação religiosa, répteis. Reconheci que nada entendia dessa divisão de animais esquisitos. Padre Pereira aplicou-me tapas compassados acompanhando cada divisão:- "Quelônios, Sáurios, Hidrossáurios e Ofídios ". Repita ! Não obtendo resposta, aplicava mais tapas. Foram umas quatro sessões de espancamento. Minha tarefa foi escrever quatrocentas vezes, em meu caderno, tão importante divisão. Pois bem, estando em visita ao Colegião nos idos de 2010, fui recebido, eu, o Paulino e Dito Siqueira, pelo padre reitor do Seminário Bom Jesus, padre Matos, na verdade, Matusalém. Sabendo que éramos ex-alunos, liberou-nos o acesso ao prédio, onde visitamos e recordamos lugares importantes em nossa vida pregressa. Visitei a sala da terceira série, recordei-me do fato, comentei com meus colegas. Na saída, encontramos padre Matos, pessoa humilde, perguntou-nos de nossa satisfação em rever lugares tão importantes em nosso passado. Manifestamos uma imensa alegria em ter estado ali, agradecemos a acolhida. Não satisfeito ainda , quis terminar nossa visita, perguntando ao padre Matos :- "Você se lembra da divisão dos répteis?" Ele me olhou com curiosidade e estupefação. Disse-me que ignorava. Eu, então, marotamente, chamei-lhe a atenção :- "Porque você ignora assunto tão importante na formação sacerdotal ?"Alexandre Dumas
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