Certa feita, lá no seminário, foi encontrado, na Fazendinha, um tronco milenar, postado no fundo do Ribeirão do Sá. Retirado e trabalhado, resultou em mesas e cadeiras aproveitadas nas sete salas de aula. Escuras, feito ébano, serviram de apoio aos professores . Pediram uma redação-composição que relatasse a vida , a queda e o tempo de espera daquela madeira que vivera imponente e caira ao sabor de tempestades, imersa ficara, molhada no leito, aguardando quieta seu nobre destino em salas de aula, escondendo sua nobre trajetória na natureza selvagem, imponente, soberana, dominando arbustos, fazendo sombra às feras, agora, passiva, servindo de apoio a livros, ouvindo outras histórias. Fiz a redação, contei sua saga, minha composição perdeu -se no tempo, padre Pereira dificilmente me atribuía um dez. Desta vez, consegui. Alexandre Dumas
De fato nas salas de aula havia umas mesas de uma madeira preta que diziam ser pau ferro, mas nunca soube da história dessa madeira. Só sei que uma vez o Padre Viesse, meio nervoso, deu um murro na mesinha que rachou uma das tábuas duríssima, e ficou na história. Diziam que foi um soco igual o da história do filho do gaúcho que matou um cavalo com um soco na cabeça do animal. Abner Ferraz de Campos
O Abner falou do padre Viesse. Eu o conheci em Tietê. Alto, bom camarada, fazia parte do corpo missionário juntamente com Dom Carlinhos, pe. Copetti e outros. Lembrar é algo difícil.Adilson José Cunha
Abner, duvido, ele deve ter quebrado os dedos. Certa ocasião, numa missa solene na basílica, o coro de oito vozes desafinou, ele jogou a batuta e deixou-nos ao leo, fomos socorridos pelo maestro, talvez o Toninho Maciel, ele era dócil, mas intolerante a erros musicais.Alexandre Dumas
Alexandre Dumas, verdade, eu não fui testemunha ocular do caso da mesa, mas diziam muito. Nos ensaios do coral ele quebrava uma estante por ensaio.Abner Ferraz de Campos
Alexandre Dumas, sobre o Padre Viesse, tenho esta lembrança:
CAI A TARDE, TANGEM SINOS
DESCE O SOL, ALÉM DO MAR
ALMAS MIL ,SAUDOSOS HINOS
PÕEM-SE PRESTES A CANTAR
QUANDO VEM O FIM DO DIA
SANTA VIRGEM, MÃE MARIA
VÓS , ESTRELAS, LÁ DO CÉU
LÁ DO CÉU, LÁ DO CÉU
VÓS ESTRELAS, LÁ DO CÉU
CONDUZI-NOS AOS CÉUS
CONDUZI-NOS ATÉ DEUS
"Grande músico, compôs muita coisa, mas destruiu quase tudo!....
A poesia-oração acima não foi destruída...
Um dia ele a cantarolou perto de mim e em mim ficou....
Foi o meu maestro no coral, quando com 13 anos tinha voz de soprano e aos 18, ao ter mudado de voz, passou-me a segundo tenor.
Quantas músicas aquele coral cantou, inclusive na basílica velha de Nossa Senhora Aparecida.
Num dia de ensaios o Pe.Viesse pacientemente conduzia o coral no palco do salão de festas do seminário. Estava nos preparando para as solenidades do dia 1ºde Agosto, Santo Afonso Maria de Ligório, o fundador dos redentoristas!
O coral compunha-se das vozes soprano, alto, 1ºtenor, 2ºtenor e baixo. Geralmente a turma dos menores fazia o soprano e o alto e os maiores faziam os tenores e baixo.
A turma dos médios ficava fora, pois estavam mudando de voz e o seu som era de “taquara rachada”.....
De repente, dei um tremendo fora num estridente agudo totalmente alheio à boa harmonia dos demais.
-VOCÊ ESTÁ MALUCO, TAMPINHA! – gritou o Padre Maestro, sem parar de reger...
Naquele momento fiquei totalmente irritado, sentia frio por dentro e tremor por fora.....Calei-me....Não cantei mais, ainda que estivesse bem ao lado dele....Fiquei calado até o fim do ensaio...
Antes de dispensar a turma, o Pe.Viesse voltou-se para mim e publicamente, em alto tom, mas sem gritar, falou:
-O que aconteceu, Tampinha? Por que parou de cantar?
Permaneci calado, por dentro mais frio e por fora mais tremedeira.....e ele continuou:
-Isso não é próprio de um seminarista! Olhe você é um “olha-eu” desgraçado, precisa saber que sua voz, ainda que bonita deve harmonizar-se com as outras...-e voltando-se para todos :
-Estão dispensados!
Esse fato foi muito importante na minha existência! Se não fosse assim não sei a que pináculo da minha vida teria tentado galgar e que tremenda queda um dia poderia vir a ter....
Ele me mostrou naquele momento, quando procurava o caminho do ideal: “Padre, Missionário, Redentorista, Santo”, que estava, ainda precocemente, vagando pela vaidade e desconhecendo a verdadeira humildade.
Isso serviu para toda a minha vida." Ierárdi
O Ierardi falou sobre o Padre Delcio Viesse e o coral do Seminário. O Abner falou que o Padre Viesse teria dado um murro em uma mesa da sala de aula. Foi provavelmente no ano de 1957. O Padre Viesse era o maestro do Coral do qual eu também participava como soprano e depois ao passar para os médios como alto. Em um dos ensaios, não sei se o Ierardi estava presente e se lembra, em consequência de uma pequena falta disciplinar de alguns alunos, o padre irritado perdeu a paciência e deu realmente um murro na estante de partituras a sua frente quebrando-a e encerrando o ensaio.Esse fato aconteceu no palco do auditório.Nelson Vianna
Nelson Félix Vianna , quebrou a estante, mas nunca a mesa dita de pau ferro, aquela tirada do ribeirão do Sá, teria quebrado os dedos. Grande padre Viesse, de uma humildade descomunal, impaciente com os desafinados.
Caros amigos Cel.Nelson e Dumas, de fato o palco do auditório era o lugar onde ensaiávamos com o nosso estimado e temperamental maestro tanto o coral como a bandinha, onde também participei ativamente e em progresso de carreira, primeiro na bateria, com o triângulo, depois na harmonia com o Sax-Trompa e finalmente na melodia com o Piston! Amigo Nelson, lembro-me muito bem... e sempre saíamos dali quietinhos sem qualquer pio!!!! Ierárdi
Já que vcs mencionaram o pe. Viesse , aqui vai uma foto do grande coral do SRSA de 1963 (?) e , claro , incluindo o maior soprano do coral , este que lhes escreve . Boas lembranças !"Vagner Gaspar
Eu era uma taquara rachada, acho que não estou na foto.Olavo Caramori
Tinha também o padre Zômpero, que me fez cantar um solo, quase tive um troço.Natanael Criado
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