terça-feira, 25 de maio de 2021

ELES VIVERAM CONOSCO - PE. GERALDO PIRES DE SOUZA CSsR

PE. GERALDO PIRES DE SOUZA CSsR
+25 de MAIO 1969 
Um confrade ao qual nossa Província muito ficou devendo, como missionário, superior, formador, e dono da pena mais fecunda que a província até hoje conheceu. Era de Guaratinguetá, onde nasceu a 22 de maio de 1895. Ingressou no Juvenato (Aparecida) em 1904, professando em 1911. Estudou, depois na Alemanha, e após a sua ordenação em São Paulo (1917) foi designado professor, e mais tarde, Prefeito do Juvenato. Em 1926 iniciou sua vida de missionário, distinguindo-se como exímio pregador de Retiros. No triênio 1947-1950 foi Vice e depois Provincial.P 1 P Deixando o cargo foi ainda Superior de São João da Boa Vista, casa que fundou,P 2 P e depois, mestre do segundo noviciado até 1964. Alegre, às vezes brincalhão, Pe. Pires sabia tratar com os mais simples e ignorantes, devido a sua bondade e compreensão. Mas era fino, delicado e vivo, quando devia tratar com autoridades ou pessoas mais graduadas. Como fundador, e, mais tarde, superior de São João da Boa Vista, soube desde o inicio, ganhar a amizade e simpatia do povo para a nossa obra. Como missionário não era orador de arrebatar multidões; era mais conferencista, falando às inteligências numa linguagem fluente, colorida e atraente. Como pregador de Retiros, principalmente para a juventude, era simples e claro na exposição dos temas, sem nunca abandonar a elegância e delicadeza do seu estilo. Bom observador, sabia colorir suas pregações e conferências com exemplos e comparações originais. Foi sempre um apaixonado pelos livros, e vivia vasculhando bibliotecas, lendo ou escrevendo por toda a parte. É de se admirar que em meio a toda a sua atividade como missionário, Superior e Formador, encontrasse tempo para escrever tanto como escreveu. Além de diversas traduções, mais de 13 obras originais, artigos para a “REB”, inúmeros programas para o rádio, diversos trabalhos para o segundo noviciado, contos e traduções para os Ecos Marianos. Um trabalho imenso que somente um grande zelo redentorista pôde realizar. Em sua ficha pessoal ele anotou: “Honra que reivindico (si tamen licet): com o falecido Pe. Nestor de Souza, escrevi o primeiro número do Almanaque de Nossa Senhora, depois mudado para Ecos Marianos. Isso no ano de 1926, em Cachoeira do Sul”. — Cheios, certamente, e bem aproveitados para as almas foram os 74 anos vividos pelo nosso Pe. Pires. Em 1968 ele ainda estava em São João da Boa Vista como simples auxiliar da Casa. Mas, por motivo de saúde, foi transferido para a casa do Potim. Durante muitos anos ele já vinha sofrendo de uma anormalidade na espinha. Não foi pequeno o seu martírio, embora continuasse trabalhando em seus escritos, ou como mestre do segundo noviciado. Nos últimos meses agravou-se o seu estado, com distúrbios cardíacos e circulatórios. Para tratamento foi internado na Santa Casa de Aparecida. Embora prevendo a morte, não se deixou impressionar: continuou, como sempre, calmo e até de bom humor. Mas a 25 de maio de 1969 sua vida chegou ao fim. Um colapso o deixou inconsciente por algumas horas. Foi quando a morte chegou, para levá-lo sem um gemido sequer. Antes de morrer quis ainda anotar um pedido ao Provincial: “Doar os restos de minha espinha doente a um ortopedista católico, para ele mostrar a seus clientes a anormalidade da espinha enferma.” 
P 1 P - Pe. Pires foi Vice Provincial de 1939 a 1944 e Superior Provincial de 1944 a 1947. Foi o primeiro brasileiro a ocupar esses cargos. (nota do editor) 
P 2 P - Pe. Pires foi também prefeito dos estudantes, em Tietê, por quase dois anos. Embora idoso, ainda soube conviver com nossos jovens. ( nota do editor)
CERESP-Centro Redentorista de Espiritualidade - Aparecida-SP
Pe.Isac Barreto Lorena C.Ss.R.(In memoriam)
Pe.Vitor Hugo Lapenta CSsR
Pe.Flávio Cavalca de Castro CSsR
Padre Pires era provincial em 1946 quando foi lançada a pedra fundamental da nova basílica, esteve presente e aparece em uma das fotografias que ilustram meu artigo sobre o evento, cheguei a ajudar missa celebrada por ele na basílica velha, eu tinha então 9 anos de idade. Alexandre Dumas
Quando o mundo vivia o flagelo da Segunda Guerra Mundial, o Governo Geral tornou a sede dos Missionários Redentoristas em São Paulo, a primeira província redentorista brasileira. Com esse fato, surgia a figura do primeiro superior provincial brasileiro que teria sobre si a responsabilidade de administrar de forma autônoma a representação de uma congregação religiosa em um país de grandes proporções e em meio a grandes dificuldades. Quem assumiu essa missão foi o padre Geraldo Pires de Souza e é sobre ele que queremos lembrar um pouco mais nesta publicação. Conheça mais sobre esse missionário alegre, bondoso e dono de uma inteligência que sabia dialogar com os simples e cultos logo abaixo da imagem. Quem chega ao Seminário Santo Afonso, em Aparecida (SP), encontra um auditório que homenageia o nome do padre Geraldo. É um espaço moderno que serve para os encontros dos missionários da província e de outras unidades em eventos de grande importância. Uma homenagem sutil para perpetuar a história e o papel relevante que esse missionário teve no desenvolvimento da nova província redentorista. A missão recebida pelo padre Geraldo aconteceu naturalmente porque ele já era o vice provincial de São Paulo. Padre Victor Hugo Lapenta ao relembrar o dia em que padre Geraldo comunicou a novidade para os confrades em 28 de outubro de 1944, durante as comemorações dos 50 anos de fundação da vice província, ele destaca que o superior a fez em tons emocionados, demonstrando ali o seu entusiasmo diante do novo desafio. Um gesto simbólico do padre Geraldo foi colocar o telegrama com a notícia da província alemã aos pés da imagem original de Nossa Senhora Aparecida que ainda ficava no altar da Basílica Velha, para que no momento oportuno fosse retirado e lido em frente de todos 
Ontem e hoje na Província Redentorista de São Paulo 
15 de outubro de 1944: nasce a Província Redentorista de São Paulo Províncias Redentoristas do Rio, Bahia e São Paulo unidas até 2022 Sobre si, padre Geraldo tomou a responsabilidade de conduzir os 64 padres, 37 irmãos, 60 clérigos, 20 noviços e 200 seminaristas menores que integravam a província. Um agradecimento foi feito aos missionários alemães que trouxeram consigo o dinamismo missionário herdado de Santo Afonso para essas terras. A história conta ainda mais fatos da vida de Padre Geraldo. Tido como um homem alegre e até brincalhão, ele possuía uma inteligência capaz de fazê-lo falar na linguagem de cultos, mas também do povo simples, sem muita instrução. Assim descrevem as crônicas históricas que preservam de forma muito viva a memória dos Missionários Redentoristas: “Como missionário não era orador de arrebatar multidões; era mais conferencista, falando às inteligências numa linguagem fluente, colorida e atraente. Como pregador de retiros, principalmente para a juventude, era simples e claro na exposição dos temas, sem nunca abandonar a elegância e delicadeza do seu estilo. Bom observador, sabia colorir suas pregações e conferências com exemplos e comparações originais”. 
Capelão na Revolução 
Padre Geraldo esteve nos campos de batalha durante a Revolução Constitucionalista de 1932 atuando como capelão militar. Seu capacete hoje está no Museu Nossa Senhora Aparecida. O missionário também foi um determinado escritor. Deixou muitas publicações escritas, entre elas, uma que ele recorda em suas anotações pessoais como uma grande conquista, a de ter escrito junto com o padre Nestor de Souza, o primeiro número do Almanaque de Nossa Senhora, em 1926. Depois de viver 74 anos, bem aproveitados, ele faleceu em 25 de maio de 1969, em Aparecida. Um gesto final curioso e generoso que ele deixou por escrito ao seu superior: “Doar os restos de minha espinha doente a um ortopedista católico, para ele mostrar a seus clientes a anormalidade da espinha enferma”.

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