segunda-feira, 31 de maio de 2021

“O MEU PRÉ - SEMINÁRIO DA PEDRINHA” (MINHAS MEMÓRIAS) CONTINUAÇÃO 3

PADRE JOSÉ OSCAR BRANDÃO CSsR
3. Meus companheiros – Meus confrades 
Entre as maiores bênçãos que, nestes anos de Pré-Seminário, eu recebi lá na Pedrinha, enumero a graça de ter tido comigo a presença de bons confrades, bons e compreensivos, compreensivos e amigos. Primeiramente, lembro o Pe. Fernandes e o “Pe. Borginho”, como era conhecido. Junto com o Pe. Sônego, eles fizeram parte do grupo fundador do então Pré-Seminário da Pedrinha. 1º) O Pe. Fernandes deu grande parte de sua vida à formação. Alto, moreno, de fala mansa. Simples. Alegre. Brincalhão. Bondoso. Bom professor. Os “meninos da Pedrinha” (nossos seminaristas) gostavam das aulas dele, porque ele costumava ler, para eles, as “Histórias de Joaquim Bentinho”, livro de Cornélio Pires, escritor tieteense. Sofria de escrúpulos (inquietação de consciência) principalmente na Missa, ao pronunciar as palavras da consagração (em latim)... Porém, foi um sacerdote piedoso, “exatíssimo” e bom confrade para mim e para o Pré-Seminário daqueles velhos tempos. - Que descanse em paz! 2º) O Pe. Antônio Borges de Souza, o “Pe. Borginho”, era professor, confessor dos padres e dos seminaristas, o Diretor Espiritual do Pré- Seminário. Era o “santo missionário da casa”, que saía para Missões e trabalhos de evangelização. Era também “o Cura da Pedrinha”, como a gente dizia. Cuidava da Vila da Pedrinha, das capelas vizinhas e, em particular, da capela de São Lázaro que ele reformou, aumentou e aprimorou, lá no alto da Serra da Mantiqueira. Também era o Diretor da “Cruzadinha Eucarística Infantil” dos seminaristas. Foi um elemento de espiritualidade para nós, padres e alunos. 3º) Algum tempo depois, no triênio de 1957-1959, houve mudanças e transferências. Recebi como novos confrades, amigos, professores e eficientes colaboradores, o Pe. Archimedes Zulian e o Pe. Hilton Furlani. Antes, os três padres que residiam na Pedrinha pertenciam juridicamente à comunidade do Seminário de Santo Afonso, em Aparecida. A partir de 1957, foi criada e instalada a Comunidade Religiosa, da Pedrinha. Fui nomeado o seu primeiro Reitor (Superior). Era o Diretor do Pré-Seminário e o Superior da Comunidade. 4º) O Pe. Zulian era professor, Diretor Espiritual dos seminaristas e o responsável pelo Povo de Deus da Vila da Pedrinha. Outro “Cura” zeloso. Bom professor. Bom amigo para compartilhar os sofrimentos que eu enfrentava “quando não havia sol”, ou quando a falta de recursos, naqueles tempos, pesava bastante. Sem dúvida, foi o melhor cronista que a Pedrinha teve. Cronista exato, honesto, preciso. 5º) Quanto ao Pe. Furlani, quem não o conhece? Esse era o nosso “factótum”... Era pau para toda obra. Indispensável para a nossa vida na Pedrinha. Um homem simples, humilde. Capaz de trabalhar o dia inteiro, quando era preciso. Todas as semanas, pelo menos uma vez, ia às cidades de Guaratinguetá e Aparecida, para todas as necessidades: Santa Casa, médico, dentista, compras, visitas, consertos e outras coisas mais. E quantas vezes, voltava para a Pedrinha, noite adentro e naquelas estradas da roça! Era professor, construtor, mecânico, motorista, eletricista... “Um homem certo no lugar certo”. 6º) Outra bênção que o Senhor Deus me concedeu, naqueles anos difíceis e gloriosos do Pré-Seminário, foi a presença da família do Zosa, entre nós. Este nome é bastante conhecido também entre os que passaram um ou dois anos, pela Pedrinha. O nome dele é Josino Ribeiro da Silva, o “Zosa da Pedrinha”. Seu nome aparece algumas vezes nas crônicas da casa. Contudo, só Deus sabe o que ele e a sua família fizeram por nós, naqueles primeiros tempos saudosos do Pré- Seminário. O Zosa fazia parte da nossa família redentorista. Foi um grande herói. Dizer que ele foi “um empregado nosso” e “um bom empregado” é muito pouco. O Zosa era de pouco estudo. Porém, era um homem vivo, esperto, alegre, brincalhão, otimista, animado. Foi um amigo, irmão, servidor, lutador, trabalhador. Um cabloco que não tinha preguiça de trabalhar. Alma simples e derramada que se manifestava na cozinha, na roça, no jogo de baralho, na conversa com os padres e com os seminaristas. O Zosa, sua esposa Alzira e os filhos Ico, Expedito, Joãozinho, Neuza (falecida) e Ica, participavam de nossos sofrimentos e alegrias, de nossas lutas e esperanças. Eles marcaram os padres, os seminaristas e todos os que lá viviam...
SEGUE AMANHÃ

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