Entre as maiores bênçãos que, nestes anos de Pré-Seminário, eu
recebi lá na Pedrinha, enumero a graça de ter tido comigo a presença
de bons confrades, bons e compreensivos, compreensivos e amigos.
Primeiramente, lembro o Pe. Fernandes e o “Pe. Borginho”, como
era conhecido. Junto com o Pe. Sônego, eles fizeram parte do grupo
fundador do então Pré-Seminário da Pedrinha.
1º) O Pe. Fernandes deu grande parte de sua vida à formação. Alto,
moreno, de fala mansa. Simples. Alegre. Brincalhão. Bondoso. Bom
professor. Os “meninos da Pedrinha” (nossos seminaristas) gostavam
das aulas dele, porque ele costumava ler, para eles, as “Histórias de
Joaquim Bentinho”, livro de Cornélio Pires, escritor tieteense. Sofria
de escrúpulos (inquietação de consciência) principalmente na Missa,
ao pronunciar as palavras da consagração (em latim)... Porém, foi um
sacerdote piedoso, “exatíssimo” e bom confrade para mim e para o
Pré-Seminário daqueles velhos tempos. - Que descanse em paz!
2º) O Pe. Antônio Borges de Souza, o “Pe. Borginho”, era professor,
confessor dos padres e dos seminaristas, o Diretor Espiritual do Pré-
Seminário. Era o “santo missionário da casa”, que saía para Missões e
trabalhos de evangelização. Era também “o Cura da Pedrinha”, como
a gente dizia. Cuidava da Vila da Pedrinha, das capelas vizinhas e,
em particular, da capela de São Lázaro que ele reformou, aumentou e
aprimorou, lá no alto da Serra da Mantiqueira. Também era o Diretor
da “Cruzadinha Eucarística Infantil” dos seminaristas. Foi um
elemento de espiritualidade para nós, padres e alunos.
3º) Algum tempo depois, no triênio de 1957-1959, houve mudanças
e transferências. Recebi como novos confrades, amigos, professores
e eficientes colaboradores, o Pe. Archimedes Zulian e o Pe. Hilton
Furlani. Antes, os três padres que residiam na Pedrinha pertenciam
juridicamente à comunidade do Seminário de Santo Afonso, em
Aparecida. A partir de 1957, foi criada e instalada a Comunidade
Religiosa, da Pedrinha. Fui nomeado o seu primeiro Reitor (Superior).
Era o Diretor do Pré-Seminário e o Superior da Comunidade.
4º) O Pe. Zulian era professor, Diretor Espiritual dos seminaristas
e o responsável pelo Povo de Deus da Vila da Pedrinha. Outro “Cura”
zeloso. Bom professor. Bom amigo para compartilhar os sofrimentos
que eu enfrentava “quando não havia sol”, ou quando a falta de
recursos, naqueles tempos, pesava bastante. Sem dúvida, foi o melhor
cronista que a Pedrinha teve. Cronista exato, honesto, preciso.
5º) Quanto ao Pe. Furlani, quem não o conhece? Esse era o nosso
“factótum”... Era pau para toda obra. Indispensável para a nossa vida
na Pedrinha. Um homem simples, humilde. Capaz de trabalhar o dia
inteiro, quando era preciso. Todas as semanas, pelo menos uma vez,
ia às cidades de Guaratinguetá e Aparecida, para todas as necessidades:
Santa Casa, médico, dentista, compras, visitas, consertos e outras
coisas mais. E quantas vezes, voltava para a Pedrinha, noite adentro
e naquelas estradas da roça! Era professor, construtor, mecânico,
motorista, eletricista... “Um homem certo no lugar certo”.
6º) Outra bênção que o Senhor Deus me concedeu, naqueles anos
difíceis e gloriosos do Pré-Seminário, foi a presença da família do
Zosa, entre nós. Este nome é bastante conhecido também entre os
que passaram um ou dois anos, pela Pedrinha. O nome dele é Josino
Ribeiro da Silva, o “Zosa da Pedrinha”. Seu nome aparece algumas
vezes nas crônicas da casa. Contudo, só Deus sabe o que ele e a sua
família fizeram por nós, naqueles primeiros tempos saudosos do Pré-
Seminário. O Zosa fazia parte da nossa família redentorista. Foi um
grande herói. Dizer que ele foi “um empregado nosso” e “um bom
empregado” é muito pouco. O Zosa era de pouco estudo. Porém, era
um homem vivo, esperto, alegre, brincalhão, otimista, animado. Foi
um amigo, irmão, servidor, lutador, trabalhador. Um cabloco que não
tinha preguiça de trabalhar. Alma simples e derramada que se
manifestava na cozinha, na roça, no jogo de baralho, na conversa
com os padres e com os seminaristas. O Zosa, sua esposa Alzira e os
filhos Ico, Expedito, Joãozinho, Neuza (falecida) e Ica, participavam
de nossos sofrimentos e alegrias, de nossas lutas e esperanças. Eles
marcaram os padres, os seminaristas e todos os que lá viviam...
SEGUE AMANHÃ
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