quarta-feira, 1 de novembro de 2023

SAUDADE QUE NÃO DÓI

Do outro lado da rua, o ipê era um milagre amarelo, um esplendor que só Deus lhe pode dar. 
Quatro ou cinco di-as depois, de novo olhei para o outro lado da rua, e todo o ouro alegre desaparecera, sobravam apenas saudades na calçada. 
Saudades na calçada, o que ainda sobra, quando penso em tantas pessoas amadas que aí já não estão. 
Há uma tristeza que vem de mansinho, e só se vai quando lembro e fecho os olhos, e elas ali estão numa saudade que não dói, porque é esperança, certeza que não se vê. 
Elas não se foram, apenas esperam um pouco mais adiante.
E, se a saudade aperta, é só esperar um pouco. 
O ouro do ipê florido no próximo ano estará de volta, é só olhar para o outro lado da rua onde o milagre da vida continua. 
É só lembrar que o milagre da vida é eterno, primavera que fica para sempre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário