quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

1-A MISSÃO POPULAR E SUA ORIGEM ( dados históricos - Província de São Paulo )

PADRE LAURO MASSERANI (+) 
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
A itinerância é um laço que une a evangelização cristã desde seu começo e a missão popular. A missão popular se identifica com a evangelização itinerante. Sua origem mais remota chega aos profetas bíblicos. Uma das características que dava autoridade ao profeta era que ele andava, saia de sua terra para cumprir a missão à qual fora chamado. Basta lembrar Jeremias, Elias e suas viagens, Jonas levado à força para Nínive. Jesus Cristo o itinerante Sob este ponto de vista, Jesus é o perfeito evangelizador itinerante. No seio de sua mãe Maria "vai às pressas" visitar a sua prima Isabel. Nasce fora de casa, foge para o Egito, vai morar em Nazaré com medo do filho de Herodes. Sai de sua casa para ser batizado por João Batista e sua vida se transforma numa caminhada que só vai terminar no alto da cruz. Ele assume o envio do Pai e o passa para seus discípulos. "Assim como Tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei ao mundo" Jo 17,18. Essa frase dá o sentido todo da vida de Jesus e de sua maneira de evangelizar, do envio que faz dos seus discípulos e da própria Igreja, continuadora de sua missão. A missionariedade do mestre será a identidade de sua Igreja, dirá mais tarde Paulo VI ( E.N.14.)
A pregação itinerante e o cristianismo ocidental. 
O cristianismo primitivo não conhece outra forma de pregação. A pregação itinerante se identifica com a pregação apostólica. Esta tem por objetivo fundar e revigorar a Igreja, isto é, as comunidades espalhadas pelo Império Romano. ( Ego plantavi, Apolo rigavit...1Cor 3,6 ). A pregação itinerante permanece de certa maneira como o elemento fundante da comunidade cristã. Os Atos dos Apóstolos são uma testemunha clara desta pregação, uma espécie de crônica da missão de Paulo. Os Evangelhos Sinóticos não seriam justamente trechos dos evangelistas em suas viagens de pregadores ?
Século IV a XII. ( 300 a 1.100) 
Com a organização monárquica do episcopado ( tempo de Constantino Magno) e definição dos territórios de sua jurisdição, a pregação se torna parte integrante e fundamental da cura de almas e da pastoral episcopal. Basta um lance de olhos sobre a Patrística e vamos encontrar grandes pregadores bispos. Agostinho de Hipona, Ambrósio de Milão, Leão Magno, Gregório Nazianzeno e muitos outros. Não nos esqueçamos de S. Pedro Crisólogo ( palavra de ouro) e João Crisóstomo, o Boca de Ouro. Encontraremos mais tarde São Bernardo de Claraval, pregador e monge, uma exceção. Numa palavra, para uma Igreja estruturada a palavra está ligada à Hierarquia e a quem ela designa, tais como teólogos, párocos e outros dignatários com provisão do respectivo bispo para pregar. A pregação itinerante na alta idade média se configura geralmente com a missão ad gentes. É assunto para os monges, principalmente irlandeses, escoceses e anglo-saxões que se lançam na Evangelização da Europa do Norte e do Leste. e não é por acaso que esses monges se tornem, antes ou depois, bispos dos lugares onde evangelizaram. Bonifácio, monge irlandês, que evangelizou a Europa do Norte, Alemanha e países baixos, morreu assassinado na Frisia, norte da Holanda, pois contara o carvalho sagrado. (5 de junho de 745) Bispo de Mogúncia. Viliborde, bispo de Utrecht.Anscário, bispo de Hamburgo e evangelizador da Dinamarca e Suécia. É uma lista enorme de monges evangelizadores entre o século sétimo e doze.

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