A primeira ideia de transformar a Igreja Matriz em Basílica nasceu em 1972, após a inauguração de uma grande obra de reforma do templo, quando foram retiradas as colunas internas da igreja e construído um novo presbitério.
O então vigário, Pe. Gil Barreto Ribeiro, primeiro redentorista a assumir a Paróquia, após a aposentadoria de Mons. Saul Amaral, do clero diocesano, foi quem coordenou a empreitada, tendo como projetista, o engenheiro uberabense, Antônio Celso e, também, o apoio do prefeito da época, José Alberto Bernardes Borges.
Vindo especialmente de Goiânia (G0) para participar das cerimônias, o ainda hoje, sempre recebido carinhosamente pela comunidade como 'Padre' Gil, não pode estar presente na Basílica. Na véspera, foi acometido de uma pneumonia e foi internado na Santa Casa local. Recebido pelo ET falou sobre sua alegria e felicidade ao ver aquele antigo sonho realizado.
“- Não sei se houve alguma manifestação anterior nesse sentido. De nossa parte, eu me lembro que logo depois que inauguramos aquela grande reforma, em 1972, o então prefeito José Alberto (Bernardes Borges – 1971/1972 – mandato tampão – grifo nosso) foi quem me sugeriu de conversarmos com Dom José Pedro Costa, bispo da diocese, sobre a intenção de elevarmos à condição de Basílica nossa Igreja Matriz, tendo em vista a história da cidade, a devoção inédita ao Santíssimo Sacramento e à imagem de Nossa Senhora segurando o ostensório, uma imagem que só existe aqui.
Estivemos no palácio episcopal conversando com Dom José Pedro que acatou muito bem a ideia. E de fato foram tomadas algumas providências. Um fotógrafo de Uberaba esteve aqui fazendo os registros solicitados por Dom José – tenho ainda em casa, algumas fotos daquela época. O certo é que Dom José ficou sensibilizado com toda a história do município, de como nasceu a primeira capela dedicada ao Santíssimo Sacramento, Nossa Senhora com este título 'do Santíssimo Sacramento', padroeira da cidade, e atendendo àquele nosso apelo, fez o pedido a Roma solicitando essa elevação.
E houve uma coisa importante nisso aí. Em 1974, numa visita dos bispos da regional, visita Ad Límina (visita dos bispos diocesanos aos túmulos dos Apóstolos - grifo nosso) a Roma e ao Papa Paulo VI, Dom José Pedro disse que buscou informações sobre o trâmite e ouviu do próprio Papa que o processo estava passando pela análise das congregações.
De nossa parte, precisaria de um acompanhamento àquele processo. Só que, em 1975, fui transferido de Sacramento, veio o novo pároco, Pe. Júlio Negrizollo, e, em 1978, Dom José Pedro renunciou. E o processo, claro, ficou engavetado”, relata 'padre' Gil Ribeiro, ressaltando sua alegria em ver o sonho realizado’’, narrou, parabenizando o pároco Pe. Sérgio por concretizar esse sonho.
“- Uma iniciativa muita feliz do atual pároco, Pe. Sérgio com as lideranças de Sacramento e a arquidiocese, retomando um trabalho já iniciado por Pe. Valmir, o pároco antecessor, que resgatou a história com o apoio do escritor Amir. Todos agindo através de um canal muito certo, o cardeal Dom Damasceno, então presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida. E todo o processo foi muito rápido. Fico feliz, o que foi plantado frutificou”, destaca e acrescenta ainda um detalhe:
“- Outra coisa que me deixou muito feliz também foi a conservação de coisas originárias da reforma do nosso tempo: o piso, o forro de mogno, os lustres e, sobretudo, o Sacrário. Isso muito me alegrou. Parabéns a Pe. Sérgio e a toda comunidade sacramentana a quem tanto prezo!”.
Mons. Valmir retoma o projeto
A retomada do projeto só aconteceu quase 40 anos depois, quando o então pároco, Mons. Valmir Aparecido Ribeiro (foto), antes mesmo da posse, na então Paróquia de Na. Sra. do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, procurou conhecer a história do município, conforme relatou em entrevista ao ET, em 2012, quando três coisas o incomodaram:
a) Ao realizar a primeira Festa da Padroeira, em 2009, não encontrei nenhum documento canônico sobre a sua instituição, o que havia era um decreto civil, do então prefeito José Alberto Bernardes Borges;
b) o fato de não existir o título canônico de Na. Sra. do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, era um título local, original e único, não existe essa invocação em nenhum lugar do mundo, a não ser aqui;
c) a terceira coisa – disse na época Mons. Valmir – foi a questão do orago, do título canônico da paróquia. Por que a paróquia surgiu com um nome e, de repente, assumiu outro?
Foi correndo atrás dessa resposta que iniciou sua pesquisa nos arquivos de Goiás, na Cúria, aos historiadores da Diocese. “Incluindo várias conversas com o historiador da cidade, Dr. Amir Salomão Jacób, cujo trabalho respeito muito”.
Essa primeira iniciativa da mudança do orago da paróquia aconteceu com a expedição de um decreto oficial do arcebispo Dom Paulo Mendes Peixoto, cuja assinatura seria posta no documento, em cerimônia programada para ser realizada no dia 21 de dezembro de 2013, o que não aconteceu devido a intrigas políticas locais e de membros do próprio clero diocesano.
Mons. Valmir não termina o seu vicariato. É convidado pelo arcebispo para assumir a Paróquia de S. Sebastião, responsável pela Catedral Metropolitana da arquidiocese. Mas o seu trabalho encontra no novo pároco, Pe. Sérgio Márcio de Oliveira, um empenho a mesma altura. Em brevíssimo tempo, consegue, não apenas a assinatura de Dom Paulo no decreto episcopal, mudando o orago da paróquia, como a coroação pontifícia de Na. Sra. do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, o que lhe dá o reconhecimento canônico da Santa Sé e, ainda, a elevação da Igreja Matriz à condição de Basílica.
Fonte: O Estado do Triângulo
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