Quando menino me ensinaram que a ociosidade é a mãe de todos os vícios!
No entanto reli neste confinamento "ócio criativo" de Domenico de Masi.
Ganhei da Elisa,professora do Anália Franco.
Claro,reli pulando páginas.
No entanto essa leitura me levou a reler(melhor dizendo,devorar)"a misteriosa chama da rainha luana" de Domenico de Masi.
Se você ainda não leu vale a leitura.
O Livro, suas reminiscências acordaram as minhas!
Minha mulher diz que os padres que nos receberam no seminário da Pedrinha, em 1959, eram loucos!
Mais de sessenta meninos, todos muito jovens, eu cheguei lá no dia 25 de janeiro e no dia 27 fiz doze anos.
Não teve bolo, acho que ninguém soube, ninguém me cumprimentou.
Talvez nem eu mesmo tenha me lembrado!
Mas a gente era feliz... Sentia-se livre e liberto!
Não tinha a mãe pra nenhuma cobrança (imaginem uma mãe quase calabresa e severa).
Claro, era um ritmo exigente: levantar-se muito cedo, missa, café da manhã (com pão amanhecido, que a padaria ficava a 25km e entregava na véspera), um canecão de café com leite e muita alegria.
Vocês já viram como adolescente ri à toa?
Depois aulas, muitas aulas... Muitas lições...
Nenhum dos padres(eram três, jovens)tinha pedagogia ou formação específica para o magistério.
Mas eram pacientes e dedicados.
E, sobretudo, nos davam uma liberdade extrema.
Depois das aulas, futebol todo dia, banho no ribeirão (com qualquer tempo, frio ou calor). Cada um levava sua toalha e sabonete..
E ríamos de tudo e por nada!
Não havia luz elétrica: um pequeno gerador acendia umas lâmpadas "amarelas de fracas" quando escurecia, jantávamos, conversávamos, fazíamos a oração da noite, cantávamos "lenta e calma sobre a Terra,desce a noite,foge a luz!"
Dormir, muito cedo... Mas corpo cansado e coração feliz dorme fácil!
Costumamos dizer "O dia mais feliz da minha vida ".
Eu diria um ano inteiro de felicidade !
Hoje aquele espaço não existiria:"chuveiro frio,banho no ribeirão, professor sem formação específica, cardápios sem nutricionista, cozinheiros sem toca, nada disso!
60 meninos num grande dormitório, wc a 50 metros de distância?
Fechem o seminário,cadê laudo do corpo de bombeiros? Plano de evacuação, mangueiras, extintores?
Mas fomos felizes!
Um ano inteiro de felicidade!
A maioria não aguentou:saudades, outros caminhos...
4 desses meninos são padres.Quase cinquenta anos de sacerdócio.
Estão firmes e fortes!
Mas foi um ano inteiro de felicidade!
As amizades iniciadas neste ano se mantêm sólidas até hoje!
Nós nos falamos, nos escrevemos, nos encontramos neste mesmo local (que foi todo reformado, virou um quatro estrelas superior). Mas que pra nós guarda aquela áurea dourada dos doze anos!
Caçadores de rãs, colhedores de frutos no campo, banhos diários no rio, escalar montanhas descalços, pegar bagres à unha..
Foi um ano inteiro de felicidade!
Aqueles três padres heróis?Estão vivos, nonagenários e nós vamos visitá-los sempre que podemos e eles nos encaram felizes (acho que somos os filhos que não tiveram!).
Boa noite,gente amiga querida.
Que as notícias, amanhã, sejam boas pra todos!
Beijos e bênçãos!
Ah!É sábado...
ANTÔNIO JOÃO THOZZI (CONVERSANDO)
Caro amigo, brilhante dissertação da nossa memória... a Casa Bucólica da Pedrinha... os Sacerdotes que nos conduziam... os banhos no ribeirão e ainda às 5:30h(da manhã!!!!) em tempo de inverno na piscina de água natural(onde às vezes aparecia uma cobrinha d'água!)...4 colegas da sua turma consagrados...e mais ainda, seu Zoza, Dona Alzira...o Ico e a Ica.... o pudim mata-fome... e a lembrança dos saudosos Padre Borges(+) e Padre Fernandes(+)... Para finalizar, o Diretor que tivemos lá e em Aparecida, Padre Brandão, meu sempre pai espiritual! Obrigado amigo! Antônio Ierárdi (Tampinha)
Grandes lembranças de um espaço que já não é mais o mesmo, mas continua intacto em nossas lembranças. Às vezes para lá retornamos em nossos sonhos e o encontramos intacto, figuras vivas do padre Pereira, o Ribola, Brandão, Ângelo, Fernandes, Onofre, Marino, Matos e tantos outros. Nossos colegas, Gervásio, Daniel, Batistella, Carlinhos, Cabral, Clayton, Resende, Malman, Rodolfo, Viana, estes os mais velhos, na cambada de baixo, temos o Pelaquim, Kron, Libardi, Gui, Gil, Ney, Moacir, Geraldo Correia, Pedrotti, etc.. A figura do Zoza surgiu lá, acredito que no ano de 1952. Bebíamos garapa no Fazendão, do Geraldo Caltabiano, comprávamos cachaça no armazém do Vicente Bittencourt, missas solenes na igrejinha, com coro a oito vozes, procissões, missas no São Lázaro, peças teatrais, operetas (Yang Yoto), passeios nos Campos, Pedrona, Pilões, Ribeirão Grande, Grutas de São Pedro, Cachoeira de São Paulo, Poço do Ouriço, Cachoeirão. Lá pelo final de meu mandato, surge a ideia da piscina, roubamos a água do Geraldo Caltabiano, briga não programada e que durou muitos anos. São os lugares sagrados por onde passamos, Colegião, Pedrinha e Santo Afonso, sem ordem de preferência, ali moldamos nosso caráter, lutamos por um ideal que embora não alcançado, norteou nossos caminhos. Alexandre Dumas
Amigo Dumas, como sempre abrilhantando nossa memória e identificando fatos de diferentes épocas....Isso me deixa sempre muito orgulhoso até por ter gravado em minha mente e espírito a melhor orientação religiosa e cultural, fornecida por exímios orientadores e ao lado de colegas que hoje nos estão entrelaçados para sempre...Obrigado, amigo! Antônio Ierárdi - Tampinha
Amigo Dumas, como sempre abrilhantando nossa memória e identificando fatos de diferentes épocas....Isso me deixa sempre muito orgulhoso até por ter gravado em minha mente e espírito a melhor orientação religiosa e cultural, fornecida por exímios orientadores e ao lado de colegas que hoje nos estão entrelaçados para sempre...Obrigado, amigo! Antônio Ierárdi - Tampinha
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