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| PADRE WALMIR GARCIA DOS SANTOS CSsR |
Eloísa Madeira: Cansados da exclusão religiosa, os homossexuais criam suas próprias igrejas e inventam novas formas de interpretar as proibições da Bíblia. É possível ser gay e cristão?
Claro que é possível ser homossexual e ser cristão, o problemas não está na condição sexual de uma pessoa, mas sim, na sua prática desenfreada do sexo, isso vale para homossexuais e para heterossexuais. Cada um, independente de sua condição, seja, social, racial, sexual pode e deve ser cristão e praticar os ensinamentos de Cristo que vale para todos. Deus não faz acepção de pessoas.
Vera Rita: Pessoas que são contra o sexo antes do casamento dizem que “é um relacionamento mentiroso, porque divide o corpo e a alma”. No dia seguinte, cada um vai para sua casa. Se existe essa divisão, pode significar morte prematura do relacionamento, porque Deus fez o sexo para quando há compromisso. Qual a sua opinião a respeito?
Eu considero que cada um deve procurar valorizar o seu corpo como Templo de Deus e não desrespeitá-lo. Não vejo o sexo como um pecado, mas sim a falta de compromisso que as pessoas praticam as relações sexuais, não por amor, mas por simples prazer, explorando o seu corpo e do outro. O sexo antes do casamento não pode ser visto só como pecado, mas como exploração do prazer pelo prazer, sem o compromisso do amor. As pessoas deveriam se preservar mais e não se expor, como vemos em nossos dias.
Elizabete Ferreira: Será um dia permitido ao homem compreender os mistérios de Deus? E se fosse permitido, quem seria capaz de obter esta compreensão seria o Papa?
Todos nós podemos compreender os mistérios de Deus, desde que nos aprofundemos no conhecimento e na prática do amor a Ele e aos outros, através da leitura assídua da Palavra de Deus, da prática sacramental e coerência de vida na justiça e no bem.
Vilma Elias: A gente passa por tantos problemas na vida que, quando vivemos um momento de grande felicidade, pensamos que não vai durar que logo acontecerá algo ruim. Isso faz parte da nossa falta de fé?
Não digo só falta de fé, mas falta de esperança, de convicção na busca e vivência da felicidade. Eu tenho o costume de dizer que a felicidade é uma questão de opção. Felicidade não é viver só as coisas boas e momentos felizes, mas uma opção de vida.
Não identificada: Meu irmão casou-se com uma pessoa muito boa, sempre se deram muito bem. Ambos são portadores de uma conduta impecável, tiveram três filhos, mas dois deles dão muito trabalho, o caráter desses dois adolescentes não tem nada a ver com o dos pais. Como explicar pais exemplares terem filhos problemáticos? Existe alguma explicação bíblica para isso?
Normalmente os filhos seguem a educação que os pais lhes proporcionam, mas muitas vezes podem se desviar devido a amizades e outras influências negativas que podem ter. Outras vezes os pais são exemplares, mas educam seus filhos numa falsa liberdade, deixando-os “livres” para suas escolhas antes da maturidade. A educação deve ser para a liberdade, mas os pais devem corrigir enquanto é tempo e colocar limites no uso dessa pseudo liberdade. Liberdade não é fazer o que eu quero e muito menos o que me der na cabeça, mas buscar a boa convivência consigo mesmo e com o mundo que o rodeia.
João Batista Azevedo: Por que Jesus Cristo agiu tão violentamente contra os vendilhões do Templo? Ele teria se sentido pessoalmente afrontado por eles?
Ele reagiu a uma afronta que os comerciantes estavam fazendo dentro do Templo, lugar de oração e não de comércio. A reação de Jesus foi um alerta para não fazer da casa de oração um lugar de exploração.
Não identificada: Não consigo me libertar dos meus erros, já cumpri a penitência, já fui perdoada, mas parece que tem uma voz me cobrando sempre pelos erros que cometi. Não sei mais o que fazer, não tenho paz. O que me aconselha?
Normalmente os erros devem ser reparados. Se você ofendeu alguém não basta se confessar pedindo perdão, é necessário reparar a ofensa cometida, pedindo perdão à pessoa ofendida e assim por diante. A voz da consciência nos cobra essa reparação.
Neide Aparecida: A santidade é para todos?
Claro que sim, Deus chama a todos a viverem a santidade e não só para alguns escolhidos. Deus nos criou a todos à sua “imagem e semelhança” (cf. Gn 1, 27).
Jovina Alencar: Uma mulher, antes de fazer uma cirurgia para retirar os dois seios, fez a equipe de médicos e auxiliares colocar uma música, na sala de cirurgia e dançou com eles. Será que, se todas as pessoas se comportassem com esse positivismo, sofreriam menos, ou seria este comportamento uma espécie de máscara para esconder o desespero?
Não considero como máscara, mas como uma forma de enfrentar, com esperança e alegria, os desafios da vida. Ela fez muito bem. A esperança nos dá vigor, nos faz viver de maneira mais saudável. É preciso ser positivo e não negativo.
Matilde Rocha Miranda: Enquanto tantas pessoas lutam contra as drogas, outros lutam para legalizá-la. Portugal, por exemplo, apesar de ser um país muito católico, tem leis bastante liberais em relação a isso. Eles acham que a dependência é um problema de saúde e não de segurança publica. O que pensa a respeito e o que a nossa Igreja pensa?
A dependência química, de fato, é um problema de saúde pública e não de polícia. O tráfico de drogas é que deve ser enfrentado com polícia. Não concordo com a liberação do uso de drogas e sua legalização, é preciso combater o que leva as pessoas a viverem mal.
Maria Aparecida: Em ano de eleições começam com a mesma ladainha de sempre e ninguém tem coragem de mostrar a realidade tenebrosa que o Brasil vive todos os dias com o descaso esmagador da maioria dos políticos, pois tudo continua cada vez pior. Estou muito indignada porque há alguns meses atrás, meu pai de 83 anos veio da roça para retirar uma pedra que parou no canal da uretra. Apenas colocaram uma sonda nele, ficou internado por 12 horas da famigerada Santa Casa sem misericórdia, que o mandou embora para casa, com a desculpa de não haver vaga para a cirurgia, conclusão, ele veio a falecer dez dias depois, com infecção generalizada. Agora ele espera pela vaga no céu não é? Será que a gente pode acreditar nessa política brasileira um dia?
Concordo com você sobre o descaso na saúde pública, que começa com a prática interesseira de alguns médicos. Não concordo quando você agride uma entidade como a Santa Casa, ou outro Hospital, pois não é a instituição que errou, mas quem atendeu mal o seu pai, deixando-o morrer assim. Ele não está esperando vaga no céu, pois lá não tem esse procedimento de “limite de vaga”. Procure viver sua indignação e continue lutando por um mundo melhor, isso faz bem, precisamos de pessoas assim, que lutem a favor da vida, com espírito de paz e nunca de ódio.
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