O Sr. Geraldo Caltabiano, dono das terras que cercavam a nossa chácara, afinal chegara a um acordo sobre a água que fora captada
por primeiro e por iniciativa dos nossos padres missionários antigos
desde a época da compra do terreno. Desistiu também de um rego
que ele já fizera paralelo e abaixo do nosso. Aceitou a situação já
costumeira: A água, depois de servir a nossa chácara (piscina e usina),continuaria correndo para ele, aquilo que sobrasse. Entrou em acordo sobre os limites atuais. E entrou em acordo também para que fosse cedido o terreno para a escola pública da Pedrinha na área que vai desde a divisa da nossa chácara até a rua ou estrada que corta o bairro da Pedrinha, incluindo, o rego d’água. O relacionamento com o Sr.Geraldo Caltabiano começou quente (difícil). Aos poucos se normalizou. A conselho o Pe. Pieroni, coloquei marcos de cimento nos limites do terreno. Pe. Oscar Brandão, Pe. Archimedes Zulian, Pe. Hilton Furlani haviam sofrido muito por causa das pretensões do Sr. Geraldo Caltabiano que queria mandar e desmandar sobre a água.
Ele queria também proibir a passagem dos juvenistas por um caminho já antigo que passava pela usina e saía na estrada. No começo de 1962 fiz-lhe uma visita quando ele morava ainda na sede da fazenda, casarão que existe ainda hoje (1998) à esquerda de quem sai da Pedrinha para Guaratinguetá, entre o bairro e o clube. Ele me recebeu muito bem. Pediu que me assentasse. Tratamos de vários assuntos, entre eles, o do terreno para a escola. A certa altura, ele gritou para a esposa: “Prepare um café para o padre”. Ela respondeu: “Não! Não dou café para “esses” padres”. Eu acrescentei: “Não tem importância, Sr. Geraldo.” Abreviei a conversa e me despedi.
Ainda em janeiro de l956, fizemos um passeio ao Pirutinga que ficava logo depois de passar pela Fazenda Monte Verde, antes de
iniciar o zig-zag para São Lázaro, ou para a “Pedrona”, como dizíamos.
Escolhemos o lugar para o acampamento. Muitos foram tomar banho no ribeirão. De repente alguém me avisa: “Didi saiu nadando para a caverna debaixo da pedra e não tem mais coragem de voltar. A água caía em abundância em forma de cachoeira na frente dele. De fato, lá estava o menino, encolhidinho, com medo! Vários seminaristas e eu fomos para a saída do poço na parte mais rasa. Fizemos sinal para que viesse nadando pela correnteza. Ele não quis de jeito nenhum. Então, saímos, cortamos vários cipós “S.João”, fizemos uma corda bem forte e jogamos da parte de cima para dentro da caverna. Ele corajosamente a agarrou. Nós o suspendemos. Foi um alívio. Trata-se do ex-seminarista Dirceu Tesoto. Esse mesmo Didi, um dia, estava trabalhando com o Pe. Furlani, abrindo o rego que traz a água do Geraldo Caltabiano (atualmente é do Carlos Bartelega, casado com a filha do Geraldo) para a nossa casa (água potável). Ambos estão descalços; Pe. Furlani, com a batina arregaçada. Um caboclo da redondeza se achega devagarinho, fica observando. Passado pouco tempo, exclama: “Puxa, seu Furlani, esse seu “filho” é bom no enxadão, hein?”
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