Naqueles tempos idos, a vida do nosso Pré-Seminário, na Pedrinha,
era a tradicional. Era a vida de um seminário-internato. Todavia, para
aquela criançada, a vida, lá era uma beleza! Lembro-me, ainda hoje,
de uma frase que um seminarista escreveu na “Cartinha”: Eu gosto
do Pré-Seminário da Pedrinha. Aqui tudo é bom, e também porque
eu quero ser padre, missionário, redentorista santo.... (A “Cartinha”
era o jornalzinho do Seminário de Santo Afonso, em Aparecida,
Naquela época, estava com uma tiragem de 1000 exemplares).
Nossos seminaristas, antes de aceitos, passavam por uma “triagem”
bem razoável, ainda que não científica. Eram jovens alegres, vivos,
saudáveis. Logo de manhã cedinho, iam para a Capela, para a meditação
feita pelos padres, participavam da Santa Missa e da Comunhão,
diariamente. Rezavam. Estudavam. Trabalhavam. E se divertiam muito.
Muito mesmo. Nosso regime era exigente, e eu, como Diretor, fazia
questão, com muita responsabilidade e amor aos nossos jovens, de exigir
e seguir um horário que combinava tempo para a oração, estudo e
brinquedo. Mas, apesar da disciplina e do horário que era exigido, já
naqueles anos (1955-1961) nós começamos uma grande, mas tímida
abertura pedagógica. Lenta, gradual, compreensiva e “paternal”. Apesar
de “não se romper” totalmente com a severidade dos educadores
alemães, a vida daqueles garotos nossos era muito familiar.
Havia muitos recreios, jogos, esportes e brinquedos divertidos. Uma
gostosura! A gostosa piscina, quando estava limpa e cheia com aquela
água geladinha do ribeirão, era outra delícia! Nem se fale! A gente criava
também muitíssimas oportunidades para os seminaristas, em pequenos
grupos, saírem caçando e pescando no ribeirão e nos lagos.... Como eles
gostavam de “fazer aventuras!” Quantos passeios coletivos e animados!
Como era gostoso sair de madrugada, com estrelas ainda no céu, e subir
as montanhas da serra da Mantiqueira, subir, subir até lá aos “Campos”,
a 2000 metros acima do mar! E lá em cima, quando o tempo estava bom,
a gente podia ver lá em baixo 6 ou 7 cidades do Vale do Paraíba.
Quantas excursões, de dia inteiro, à “Pedrinha” (que dá o nome ao
bairro), ao “Tijuco Preto”, à “Pedrona” (um colosso imenso de granito),
ao “Pirutinga” (uma pequena cachoeira cheia de verde, cheia de águas
inquietas que desciam a serra) e a outros lugares!
Eu me lembro também dos teatros, das festinhas com declamações
e com cânticos e brincadeiras. E quem não se lembra do nosso cinema,
com a técnica improvisada do Padre Furlani e com aqueles filmes de
“mocinho” ou do Consulado Americano, que o operador Padre Furlani
conseguia gratuitamente?
Havia também a nossa pequena-grande Biblioteca. Estava repleta
de livros de Histórias, de livos bons que deleitam, sem deixar de
formar e de instruir.
Herança recebida dos antigos redentoristas da Alemanha, eu
procurava junto com meus auxiliares formar jovens fortes, corajosos,
destemidos e viris. Por isso também, em muitas ocasiões nossos
seminaristas deviam trabalhar com a vassoura, com pá, com picareta,
com enxada, com carrinho de mão. De pequeno é que se aprende. Eles
deviam também ser capazes de longas caminhadas, com mochila nas
costas, subindo e descendo as montanhas da bela Serra da Mantiqueira.
SEGUE AMANHÃ
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