quarta-feira, 2 de junho de 2021

“O MEU PRÉ - SEMINÁRIO DA PEDRINHA” (MINHAS MEMÓRIAS) CONTINUAÇÃO 5

PADRE JOSÉ OSCAR BRANDÃO CSsR
5. Nossos estudos – nossos passeios – nossas alegrias! 
Naqueles tempos idos, a vida do nosso Pré-Seminário, na Pedrinha, era a tradicional. Era a vida de um seminário-internato. Todavia, para aquela criançada, a vida, lá era uma beleza! Lembro-me, ainda hoje, de uma frase que um seminarista escreveu na “Cartinha”: Eu gosto do Pré-Seminário da Pedrinha. Aqui tudo é bom, e também porque eu quero ser padre, missionário, redentorista santo.... (A “Cartinha” era o jornalzinho do Seminário de Santo Afonso, em Aparecida, Naquela época, estava com uma tiragem de 1000 exemplares). Nossos seminaristas, antes de aceitos, passavam por uma “triagem” bem razoável, ainda que não científica. Eram jovens alegres, vivos, saudáveis. Logo de manhã cedinho, iam para a Capela, para a meditação feita pelos padres, participavam da Santa Missa e da Comunhão, diariamente. Rezavam. Estudavam. Trabalhavam. E se divertiam muito. Muito mesmo. Nosso regime era exigente, e eu, como Diretor, fazia questão, com muita responsabilidade e amor aos nossos jovens, de exigir e seguir um horário que combinava tempo para a oração, estudo e brinquedo. Mas, apesar da disciplina e do horário que era exigido, já naqueles anos (1955-1961) nós começamos uma grande, mas tímida abertura pedagógica. Lenta, gradual, compreensiva e “paternal”. Apesar de “não se romper” totalmente com a severidade dos educadores alemães, a vida daqueles garotos nossos era muito familiar. Havia muitos recreios, jogos, esportes e brinquedos divertidos. Uma gostosura! A gostosa piscina, quando estava limpa e cheia com aquela água geladinha do ribeirão, era outra delícia! Nem se fale! A gente criava também muitíssimas oportunidades para os seminaristas, em pequenos grupos, saírem caçando e pescando no ribeirão e nos lagos.... Como eles gostavam de “fazer aventuras!” Quantos passeios coletivos e animados! Como era gostoso sair de madrugada, com estrelas ainda no céu, e subir as montanhas da serra da Mantiqueira, subir, subir até lá aos “Campos”, a 2000 metros acima do mar! E lá em cima, quando o tempo estava bom, a gente podia ver lá em baixo 6 ou 7 cidades do Vale do Paraíba. Quantas excursões, de dia inteiro, à “Pedrinha” (que dá o nome ao bairro), ao “Tijuco Preto”, à “Pedrona” (um colosso imenso de granito), ao “Pirutinga” (uma pequena cachoeira cheia de verde, cheia de águas inquietas que desciam a serra) e a outros lugares! Eu me lembro também dos teatros, das festinhas com declamações e com cânticos e brincadeiras. E quem não se lembra do nosso cinema, com a técnica improvisada do Padre Furlani e com aqueles filmes de “mocinho” ou do Consulado Americano, que o operador Padre Furlani conseguia gratuitamente? Havia também a nossa pequena-grande Biblioteca. Estava repleta de livros de Histórias, de livos bons que deleitam, sem deixar de formar e de instruir. Herança recebida dos antigos redentoristas da Alemanha, eu procurava junto com meus auxiliares formar jovens fortes, corajosos, destemidos e viris. Por isso também, em muitas ocasiões nossos seminaristas deviam trabalhar com a vassoura, com pá, com picareta, com enxada, com carrinho de mão. De pequeno é que se aprende. Eles deviam também ser capazes de longas caminhadas, com mochila nas costas, subindo e descendo as montanhas da bela Serra da Mantiqueira.
SEGUE AMANHÃ

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