A vida do nosso Pré-Seminário de Santo Afonso, na Pedrinha, não
foi muito comprida. Durou 12 anos e meio. Contudo, não é fácil colher
os momentos mais significativos que marcaram sua História. Tenho e
carrego comigo muitas lembranças, muitas saudades, muitas
memórias... Parece até que o tempo não passou.. O tempo, porém,
passa, passa depressa e a gente fica a pensar: “Como Deus é bom!”
As graças e as misericórdias do Senhor Deus são incontáveis!.
Nosso falecido confrade e Superior Geral dos Redentoristas emérito,
Dom Tarcísio Ariovaldo Amaral, escreveu estas palavras: “Ninguém
pode se esquecer nunca de que o presente é herança do passado... A
messe de hoje é crescimento e maturação da semeadura de ontem”.
Eu não saberia citar todos os acontecimentos marcantes daqueles
meus tempos passados no Pré-Seminário. Há muitos, é claro, também
aqueles que não “viraram manchete”, mas ajudaram a nossa vida, o
nosso crescimento, os nossos alunos.
Eu vou citar e evocar apenas os seguintes:
1º) A Visita do Pe. Geral Redentorista à “nossa pequena, mas santa”
Comunidade da Pedrinha (Pré-Seminário). Padre Guilherme
Gaudreau. 9 de setembro de 1961. Acompanhado do Conselheiro
Geral, Pe. Afonso Schwind. Eu me lembro perfeitamente... O Geral,
Pe. Gaudreau, era um homem simples, compreensivo, falando bastante
em Português, embora misturasse com o Italiano, com o Espanhol e
até com o Francês. Conversou comigo, com o Pe. Zulian e com o Pe.
Furlani. Achou que “a Pedrinha estava fora de mão”, e que “o trabalho
lá era muito”. No dia seguinte, celebrou para os seminaristas e partiu
para visitar o Seminário de São Geraldo, no Potim (SP). Foi a primeira
visita de Geral à Pedrinha. Fato marcante. 2º) Outro fato que
muito nos marcou e nos fez sofrer (e quanto) foi a desavença, um
processo entre a família Caltabiano, de Guaratinguetá e a Congregação
Redentorista. Tudo por questões de divisa do nosso terreno e de terras,
quando o córrego de água, que alimentava nossa usina elétrica,
desmoronou. Este córrego, comum, que servia à nossa usina e à nossa
piscina, servia também à fazenda e às terras da família Caltabiano.
Ele foi o pivô de tudo. Ficamos sem água, sem luz e com muito
incômodo para nós, para os seminaristas e para a Igrejinha do bairro.
Foi uma verdadeira via-sacra! Durante bastante tempo. Outro fato
marcante. Ainda bem que o Pe. Pieroni, abençoado Pe. Pieroni,
assumiu “a briga”, enfrentou a causa, não teve medo nem do juiz
nem dos poderosos, nem de aborrecimentos!
3º) Não posso deixar de mencionar também, como fatos marcantes,
os Retiros Espirituais que anualmente eram pregados aos nossos
seminaristas da Pedrinha. Geralmente, após as férias de julho. Eram
três dias de absoluto silêncio, de oração e de pregação. Eram dias
ansiosamente esperados, pois tudo era novidade, em especial para os
novatos. Todavia, eles gostavam muito destes Retiros, que ficavam
gravados nos seus corações e eram dirigidos por redentoristas
convidados, como o Pe. Marino Plentz, o Pe. Artur Bonotti, o Pe.
Orlando Gambi e outros. Como foram felizes, bonitos e
gostosos, aqueles anos do Pré-Seminário da Pedrinha! Ao relatar aqui
estas minhas memórias, eu o faço unicamente para manifestar minha
gratidão aos confrades que, naqueles anos, estiveram comigo, lado a
lado, no fogaréu das batalhas. E aproveito para pedir a eles perdão de
minhas falhas e de meus erros.
Os primeiros 10 anos de minha vida sacerdotal foram doados à
formação na Província. Houve desafios. Houve preocupações, lutas,
angústias, sonhos e anseios. Houve dificuldades, houve falta de
recursos, naquele início do Pré-Seminário. Confesso publicamente: -
na minha caminhada de Diretor do Pré-Seminário, meu maior medo
era pensar na possibilidade da morte de algum daqueles pequenos
seminaristas, lá, na Pedrinha, à noite, naquelas distâncias, eu sem
telefone, sem, médico, sem condução, longe das famílias dos alunos...
Deus, porém, foi o parceiro de minha vida, nunca nos abandonou.
Todos os dias, duas vezes, a gente rezava, em comum, a oração ao
Santo Anjo da Guarda: “Santo Anjo do Senhor, meu zeloso
guardador...” - Conhece? Outra herança que nós recebemos dos
redentoristas alemães, é o amor, o carinho, a devoção a Nossa Senhora.
Nas mãos de Nossa Senhora Aparecida nasceu o Seminário de Santo
Afonso, em Aparecida, no dia 3 de outubro de 1898, exatamente há
cem anos. Nas mãos de Nossa Senhora Aparecida nasceu também o
nosso Pré-Seminário de Santo Afonso, na Pedrinha. Com muito ciúme,
nós guardamos e transmitimos, aos nossos seminaristas, esta herança
preciosa. Por isso, duas vezes por dia, em comum, os alunos se
consagravam a Deus, pela intercessão de Maria, rezando aquela outra
oração: “Ó Senhora minha, ó minha mãe, eu me ofereço todo a vós...”
Hoje, 1998, a Pedrinha não é mais a Pedrinha, verde, sossegada,
daqueles tempos. Nossa casa não é mais Seminário. O prédio tem
outra destinação. Hoje, a casa ainda é nossa, sim, mas acolhe os
Capítulos, os Encontros, as Reuniões, as férias da Província e de leigos
também. Hoje, as estradas, lá, rasgaram a serra da Mantiqueira. As
águas diminuíram. O bairro tem telefone, médico, luz, ônibus, bar,
clube, televisão, celular, asfalto e até droga, na praça...
Os tempos passaram. Recordar é viver. Mas não basta só olhar o
passado. O ano 2000 está chegando. Nós temos esperança. Deus
caminha conosco. Os 100 anos de existência e de caminhada do
Seminário de Santo Afonso, e a História do Pré-Seminário de Santo
Afonso, da Pedrinha, manifestam claramente a presença do Santíssimo
Redentor no meio de nós e são um convite a caminhar, a ir adiante...
e a sonhar sempre com “a Copiosa Redenção”.
Fui da última turma que passou na Pedrinhas (66 até junho) O diretor pe Marcos Mosser teve que ir estudar na Gregoriana em Roma. Pe furlan ou furlani iria pras missões. Primeira turma ter férias em julho! Agosto...Santo Afonso. Essa turma em 68 foi para Tietê! O pe Marcos Mooser voltou em 68 em Tietê! Turma terrível...fui o último a sair do seminário em 76. Os repetentes que alcançamos foram ordenados ( pé. Coutinho e pe Renato Savassa...).José Antônio Dias Filho
Caro amigo e colega de hoje, importante lembrança dos nossos saudosos tempos da bucólica Casa da Pedrinha! Veja o registro do estimado Padre Pexoto, prefeitão do nosso tempo:
"6º DIRETOR : Pe. Marcos Mooser = 25.12.1964 A 17.10.1966-Superior da Comunidade e Diretor do Seminário
Auxiliares : Pe. Hilton Furlani
Pe. Rodolfo Gerhard Anderer
Ir. Vitor Sacramento
Só a 1ª série.
Em começo de 1966, Ir. Vitor foi transferido para Goiânia.
Em 1966, o Pré-Seminário S.Afonso foi adscrito ao Seminário Santo Afonso, de Aparecida. Portanto o Superior Canônico da Comunidade será o Superior do Seminário Santo Afonso. O Pe. Marcos continua
como Superior Substituto.
Em julho de 1966, Pe. Rodolfo foi nomeado Diretor Espiritual do Seminário Santo Afonso, de Aparecida.
Em seu lugar, foi nomeado para a Pedrinha o Pe. Luiz Antônio Pedrotti. Este nem chegou a exercer o cargo, pois o PRÉ-SEMINÁRIO SANTO AFONSO, praticamente deixou de existir a 01.08.1966, quando os seminaristas vieram para o Seminário Santo Afonso, em Aparecida.
Com a data de 17.10.1966, foi publicado o documento provincial que declarava a supressão do Pré-Seminário da Pedrinha."
Esperamos outras lembranças de mais colegas que passaram por lá! Um abraço! Ierárdi
Belas palavras, grandes momentos, sublime lembrança, fatos que não se apagam, o presente é herança do passado, muita verdade, a Pedrinha nos marcou, temos histórias. Certa ocasião, tomando uma cervejinha com amigos, um Caltabiano, filho de Geraldo Caltabiano, abordou essa querela da água que se destinava e foi dirigida, através de um canal, à sede de sua propriedade. O espaço do seminário foi doação de sua família aos padres alemães, liberando a água às necessidades da casa. A celeuma surgiu com a construção da piscina, que desviava grande volume, prejudicando o destino principal. Conheço os dois lados. No caso específico, fico com uma citação espírita:- " Dê graças ao que de graça recebes"Alexandre Dumas
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